"Sem dúvida, parece que o pior da crise já passou, mas que sirva de lição para todos, que as indústrias e a classe produtora aprendam com os momentos difíceis passados. Uma industria frigorifica forte é interessante para todos os segmentos, dos produtores aos supermercados, portanto vamos de uma vez por todas entender que frigoríficos e produtores tem que ser parceiros, tem que estar juntos pelos mesmos interresses."
O leitor do BeefPoint Renato Morbin, enviou um comentário muito interessante ao artigo “Especial frigoríficos: veja os resultados do 1º trimestre“. Abaixo leia a carta na íntegra.
“Sem dúvida, parece que o pior da crise já passou, mas que sirva de lição para todos, que as indústrias e a classe produtora aprendam com os momentos difíceis passados.
As indústrias viveram um momento, no ano passado, semelhante a bolha imobiliária americana, claro que nas devidas proporções. Muitos grupos sairam comprando Brasil a fora tudo o que achavam na frente, comprando indústrias que custam para construir 40 milhões pelo preço de 150 milhões, construindo frigorificos com capacidade exagerada sem se preocupar com o rebanho da região e assim por diante.
Temos hoje uma capacidade de abate instalada de quase 40% a mais de nosso abate efetivo. Isso é ruim, pois sabemos que a indústria trabalha com um custo fixo e se ela trabalhar abatendo somente 60% da sua capacidade nem com milagre conseguirá ser eficiente.
Por outro lado a indústria começa a perceber que tem que parar de vender “carne” e passar a vender “alimentos”, carnes industrializadas, porcionadas, temperadas, pratos prontos, etc., pois só assim fica menos vulnerável às turbulências do mercado.
A classe produtora está aprendendo de uma maneira dolorosa que uma industria frigorifica “fraca”, debilitada é ruim para ela também, quem pode falar melhor sobre isso são os credores do Margem, Estrela, Quatro Marcos, Arantes, Independência e outros por ai, que estão na melhor das hipóteses recebendo parceladamente os bois que venderam.
Quando em maio do ano passado comentávamos e tomávamos posição contrária sobre uma matéria de exportação de boi em pé, em desigualdade de carga tributária com relação aos frigoríficos no estado do Pará, era exatamente por causa disso, sem contar os produtos e os subprodutos que estamos deixando de processar aqui, e esse problema está cada dia pior e ninguém toma uma providência.
Estamos voltando várias décadas atrás sendo expotadores de matéria prima.
Uma industria frigorifica forte é interessante para todos os segmentos, dos produtores aos supermercados, portanto vamos de uma vez por todas entender que frigoríficos e produtores tem que ser parceiros, tem que estar juntos pelos mesmos interresses.”