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Pecuaristas se organizam para vender apenas à vista

Ontem, pecuaristas do Centro-Oeste fecharam um acordo para restringir as vendas de gado para os frigoríficos. Produtores de Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul decidiram que não venderão mais a prazo. A comercialização só ocorrerá mediante pagamento à vista. Além disso, os produtores decidiram que não venderão mais para os frigoríficos que estão em processo de recuperação judicial e que tenham dívidas com os pecuaristas. "Vamos parar de financiar as indústrias", disse Ademar Silva Júnior, presidente da Famasul.

Ontem, pecuaristas do Centro-Oeste fecharam um acordo para restringir as vendas de gado para os frigoríficos. Produtores de Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul decidiram que não venderão mais a prazo. A comercialização só ocorrerá mediante pagamento à vista. Além disso, os produtores decidiram que não venderão mais para os frigoríficos que estão em processo de recuperação judicial e que tenham dívidas com os pecuaristas.

Segundo o presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg), Mozart Carvalho de Assis, as duas medidas fazem parte de uma lista com seis pontos que foi criada ontem em um encontro que reuniu, além da Faeg, as federações de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, juntamente com o Fórum Permanente da Pecuária de Corte da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

“Além desses dois itens vamos nos reunir com os administradores judiciais de alguns frigoríficos para tentar acelerar os processos, trabalhar junto ao Senado para alterar a lei de recuperação judicial vigente, apresentar o problema para as entidades que representam os frigoríficos e criar um fundo garantidor da pecuária de corte”, disse Assis.

Apesar de a estratégia ter sido adotada pelos pecuaristas do Centro-Oeste, a ideia é levar as propostas para os produtores de outros Estados, especialmente Minas Gerais e São Paulo, que também são importantes no abastecimento das indústrias. “Vamos parar de financiar as indústrias e os frigoríficos que têm dívidas com os produtores terão que sair da cadeia”, disse Ademar Silva Júnior, presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul).

A proposta de criação do fundo garantidor também foi considerada pelos produtores como uma medida de longo prazo. A ideia foi apresentada pela Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e consiste em que os frigoríficos depositem uma determinada quantia em dinheiro em um fundo, que seria utilizado para pagar os pecuaristas em casos de dificuldades financeiras das indústrias.

Também participaram da reunião representantes da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de Goiás (Seagro), Associação Goiana de Novilho Precoce, Associação Goiana do Nelore, dos Criadores de Zebu, Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), Associação dos Produtores do Vale do Araguaia (Aprova) e Associação dos Fazendeiros do Alto do Xingu (Asfax).

A matéria é de Alexandre Inacio, da Agência Estado, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Anaurus Vinicius Vieira de Oliveira disse:

    Finalmente foram tomadas decisões relevantes e contundentes. E melhor ainda, demonstrativas de união de uma classe absolutamente importante no cenário sócio-econômico deste País que, até então, tinha na falta de união, um dos seus grandes problemas.
    Realmente não há como manter, nos tempos de hoje, onde a economia mundial atravessa séria crise, o sistema de comercialização de gado gordo a prazo, na maioria das vezes com trinta dias, do produtor rural com as indústrias frigoríficas, resultando isto sim, em um financiamento destas últimas pelos primeiros. E o que é ainda pior, uma venda a prazo sem quaisquer garantias legais de recebimento.
    Desejo, com ênfase e entusiasmo, que estas decisões tomadas pelos pecuaristas de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, sirvam de exemplo a toda a classe produtora rural deste imenso Brasil, e empresas afins, especialmente aos de Minas Gerais e Rondônia, onde a dissimulada empresa Independência ainda compra gado para abate sem pagar a sua dívida para com a sofrida classe daqueles que produzem de sol a sol.
    Não se pode realmente vender gado para quem têm dívidas gigantescas para com os pecuaristas, e ainda utiliza-se de leis benevolentes, para permitir a continuidade do calote, e para dar sustentabilidade na “QUEBRADEIRA DO FAZ DE CONTAS”.
    Parabéns a todos que se esforçaram na busca destas importantes decisões.

  2. Victor Cesar Aguiar disse:

    Gostaria de parabenizar o Sr. Mozart Carvalho de Assis, pela brilhante ação junto as Federações

  3. Marcelo de Souza Gomes e Silva disse:

    Boa medida. Os pecuaristas tem que fazer valer o poder que tem nas mãos, pois são eles que tem a matéria prima para que a indústri frigorífica movimente. deste modo, nada mais justo e saudável para o segmento, do que se unirem buscando um objetivo comum que é a garantia do recebimetno do gado fornecido para os referidos frigoríficos.

    Parabéns FAEG, SGPA, Federações parceiras de MT e MS pela iniciativa, um pouco tardia para alguns, mas que sem dúvida será benéfica, e muito, para todos.

  4. ODORICO PEREIRA DE ARAUJO disse:

    A quantidade de informações que hoje temos a respeito da crise dos frigorificos é muito grande. Há também uma grande quantidade de opiniões e sugestões. Vejo que cada setor tem buscado de certa forma proteger seus associados. Até ai concordo plenamente. Os sindicatos dos produtores rurais conjuntamente com suas federações estão criando mecanismos. Mecanismos estes até contraditorios. Por exemplo, exigir que os frigorificos criem um fundo garantidor e ao mesmo tempo pedindo para os mesmos venderem somente a vista, ai eu pergunto, vender somente a vista então para que criar um fundo?

    Fico aqui analisando tudo que tem aparecido em materia de jornais, internet, televisão e rádio. Chego a conclusão que infelizmente o caminho para uma solução vai ser muito longo e perigoso. Equanto todos os envolvidos na cadeia produtiva da carne bovina, desde o pecuarista até o varejista, estiverem olhando para seu umbigo não haverá uma solução. Em algumas matérias até sinalizam em falar da cadeia produtiva da carne bovina, e é só.

    Somente para pensar: diante da situação que a economia mundial vem passando, e que deva persistir ainda por alguns anos. Deve ocorrer ainda grandes ajustes, que podem afetar diretamente o setor. Pode colocar os pecuaristas e frigorificos principalmente os exportadores em situação de alto risco. Caso ocorra de um ou mais frigorifico de grande porte pedir falencia ou recuperação judicial. Seria impossível prever as consequencias. São muitas as variantes. Cada setor envolvido na cadeia produtiva da carne tem que observar e ficar atento, pois dependendo da situação alguem vai ficar falando sozinho. Portanto faço aos envolvidos na cadeia produtiva da carne bovina algumas sugestões:

    – primeiramente deverão olhar para o pequeno, medio e grande pecuarista, criando condições de igualdade a acesso a tecnologia de ponta, creditos a juros baratos e incentivos;
    – criar um mecanismo de retenção de matrizes;
    – tipificação de carcaças, diferenciação entre animais para carne e leite;
    – valorização, quer dizer diferenciar preço, quanto a carcaça, precocidade, raça, etc;
    – buscar a isonomia tributaria entre os pequenos, medios e grandes frigorificos;
    – criar mecanismo para sair da concentração do varejo, hoje a venda em supermercado representa mais de 70% das venda em varejo;
    – extinguir a cobrança do funrural;
    – buscar parcerias entre os envolvidos; produtor < > frigorifico < > varejo = mão dupla;

    Não acredito em solução enquanto os representantes dos setores envolvidos na cadeia produtiva da carne bovina estiverem visando o interesse próprio. Cada um dando tiro para todos os lados, e o pior com poucos resultado. Os envolvidos precisam sentar na mesa juntamente com o governo estadual e federal para buscar uma solução. Só assim acredito.

  5. Cristovao Gonçalves disse:

    Parabens pela reunião, que tem um objetivo,que é tentar que de hoje em diante nos os pecuarista não ficamos com o nosso dinheiro, na mão dos frogorificos.
    E vamos, nos pecuarista cumprir com as decisões tomadas nã reunião, não vendendo para as unidades em recuperação judicial, ou em debito com os produtores. Nos produtores tambem temos força, é uma questão de união, pois um frigorifico, sem boi sai do mercado, é a hora de união.
    Um Abraço as Associações que estaõ lutando em prol aos produtores de carne.

  6. Daniel Freire disse:

    Realmente concordo com essa decisão, na realidade o fato é que a classe pecuarista sempre foi muito desunida e por muitas vezes falta profissionalismo na comercialização de seus produtos. Os valores envolvidos são muito altos, não pode existir amadorismo na concessão de credito.
    Esse tema é antigo no Brasil, é só olharmos para o passado não tão distante, e veremos calotes similares.

  7. wilson tarciso giembinsky disse:

    Por que temos que financiar o capital de giro dos frigoríficos?
    Investimos no boi por dois ou tres anos e o frigorífico não investe no máximo 60 dias!
    Pior, só alguns frigoríficos mais sérios mandam a promissória junto com a pesagem e a nota de entrada do gado. Com isto ficamos sem garantias!

    Eu até hoje nunca tomei calote de frigorífico. Houve tempos que o frigorífico mandava o caminhão e eu só carregava depois que o dinheiro estivesse na minha conta e liberado, o boi ficava esperando no pasto e o caminhão parado, até que aprenderam e mandavam o dinheio antes do caminhão.
    Ficava apenas um pequeno acerto para depois, menos de 5%, e nesta época eu não tinha balança, era no olho.

    Esta deveria ser a norma! Mas precisamos que todos façam desta forma.

  8. NOE GRIMALDI disse:

    “PARABENS PECUARISTA” foi a melhor e mais logica ideia que eu ja vi nos ultimos trinta anos, nao só voces vao concertar vosso negocio, como por tabela concertam os proprios frigorificos, no qual estao perdidos, com tantos creditos na mao credito estes do PECUARISTA, do BNDS, BANCOS, EUROBONOS, ADIANTAMENTOS, ESTRANGEIROS PORCONTA DE CONTRATOS A CUMPRIR, e alguns, ainda com capital arrecadado da bolsa, vejam só com esta parafernalha de creditos a empresa nao tem tempo para pensar no negocio em SI. mas conseguir mais unidades que geram mais volume de producao, para que com isso consigam mais alguns mihoes em creditos. na logica do avista, tudo isso vai mudar, vao funcionar aqueles que tiverem condicoes, por outro lado os frigorificos vao concertar por tabela o mercado final, que estao cada vez com prazos mais dilatados, tipo supercados que mando no preco e prazo dos frig. volto a voces pecuarista, sigam firmes na ideia, e nao se assustem, no inicio vai ter um pouco de tumulto, mas o mercado vai se adequar, diz o ditado “NAO A PARTO SEM DOR”

  9. Paulo Westin Lemos disse:

    Nas crises se evolui. Nós produtores temos em nosso DNA, o gen da desunião e esse triste fato, que nos enfraquece tremendamente, é muito bem explorado há muitos anos pelos frigoríficos e pelo governo e os resultados estamos vendo sucessivamente em calotes, exploração, ocupação de terras produtivas, tributação incompatível. É alentador quando vemos o grau de mobilização da categoria, nas últimas reuniões em que são discutidas como vamos reagir diante das ameaças que nos cercam. Renasce até uma esperança. Se as crises têm a força de colocar na mesma mesa de negociação, até mesmo adversários históricos contra um inimigo comum, porque não teria para unir a classe produtora. É uma oportunidade fantástica para evoluirmos nosso pré-histórico sistema de comercialização (peso morto, venda a prazo, falta de garantias, etc), colocar um basta nos já tradicionais calotes de frigoríficos. Pecuarista não tem que dar crédito a frigorífico; não somos instituições financeiras, nosso negocio é produzir. Crédito é com Bancos e Financeiras que têm estrutura para isso, sabem fazer isso muito bem. Nós não. Um fundo garantidor, logicamente arcado pelos frigoríficos, devidamente auditado e fiscalizado, poderia preservar esse modo de venda a prazo, como opção, caso haja interesse em cada caso. Estaremos evoluindo, na medida que conseguirmos preservar o equilíbrio dos interesses entre todos os elos da cadeia, a visão de parceiros, do ganha-ganha, e não a visão de adversários ou inimigos. Temos ameaças e adversários fortíssimos no exterior e para enfrentá-los com sucesso, nossa cadeia produtiva tem que chegar num acordo para formar uma corrente forte o suficiente.

  10. Daniel Chramosta disse:

    Parabéns pecuaristas, pelo primeiro passo.
    A partir de agora é preciso valorizar nosso produto em geral, o boi, repassando para a carne e assim repassando para o varejo.
    Para conhecimento preço da carne do boi casado hoje em São Paulo está em R$5,00/kg e aqui numa das maiores regiões produtoras o boi está sendo vendido a R$75,00 /@, o que da exatamente os R$5,00 de carne em São Paulo, ou seja, o custo relacionado a todo processo como, transporte vivo, comissão do comprador, ICMS do Mato Grosso do Sul (absurdo) de 4% + 1%, transporte da carne para aquele mercado e comissão de venda da carne. Isso custa muito dinheiro e desanima.
    Peço a Deus para que o custo para engordar o boi não seja maior que o preço final da arroba e peço tambem que essa arroba não seja mais cara que a carne vendida. Precisamos valorizar a cadeia.
    Obrigado.

  11. Juan Paulo Medeiros dos Santos disse:

    Parabenizo os idealizadores das medidas que estão sendo adotadas, sugerindo ainda aos representantes de Sindicatos ou mesmo a Famasul, que viabilize meios de haver garantia real quando do abate de gado por parte dos produtores junto as empresas Frigoríficas, onde um dos meios mais simples, é haver uma garantia fidejussória, onde o garantidor deverá ter bens, isto comprovado documentalmente, onde o Sindicato ou Famasul, faria divulgação no sentido de que tal empresa é séria já que existe lastro para o pagamento de suas dívidas.

    O que não pode ocorrer, é os produtores continuarem se expondo a prejuízos já que todos sabemos que a grande maioria das empresas que atuam no ramo frigorífico não tem bens para garantir a compra mensal.
    Até mesmo junto ao Governo do Estado existe uma garantia para o pagamento de impostos, por que não haverá para garantir os produtores.

    Classe produtora seja organizada – representantes de sindicatos e federações façam algo pelos produtores de forma a atender os reclamos da classe.

  12. Rafael Henrique Ruzzon Scarpetta disse:

    A união faz a força, e nossa classe não sabe a força que tem se unida. Aqui na região onde trabalho (Camapuã), já está havendo um movimento similar de união de pecuaristas para a venda do boi ao frigorifico. Já estão aparecendo resultados positivos.

    Eu não considero que os pecuaristas sejam uma classe desunida. Pois é da natureza humana, cada um defender seu ganha-pão. É que até hoje não foi necessário esta união. Apartir deste momento começa a surgir esta necessidade, e a classe começa a perceber que a união é uma ótima alternativa para se proteger e continuar produzindo com lucro.

  13. Eugenio Mario Possamai disse:

    Posso até perder com outros, mas com os que estão quebrados não vendo de geito nenhum, não importa o valor que estão pagando, pois quando a esmola é muito o Santo deve desconfiar, que podemos ter calote mais na frente. Devemos estarmos mais atentos as informações existentes, pois quando tem fumaça tem fogo, pode até estar meio abafado, mas que tem tem.

  14. Antonio Luiz Junqueira Caldas Filho disse:

    Vamos ser fortes nesse processo de pagamento somente ´a vista a tal ponto que o mercado nem mais apresente cotações a prazo!!!
    Força pecuaristas, é para nosso próprio bem!!!
    Grande abraço ´a todos!
    Antonio Luiz

  15. CARLOS ROBERTO BRIGHENTI disse:

    Estou de pleno acordo. essa medida já deveria ter sido aplicada a mais tempo; parabéns pela iniciativa

  16. Marcelo Ribeiro Martins disse:

    Na minha regiao a 13 anos atras quando frigorificos e gado eram poucos eu vi um fazendeiro amigo meu vender uma boiada gorda de arrendamento da seguinte maneira ,no peso vivo,quando metade (180 cab)estava pesada nos caminhoes ,ai mandaram o dinheiro na conta e soltaram-se as gaiolas. E tempo baum!