Uruguai: exportações à Europa enfrentarão riscos

O Uruguai está bem “parado” diante dos embates da crise financeira internacional, mas seus mercados, sobretudo os de carne, estão fortemente ameaçados por uma mudança de regime na União Europeia (UE), o principal mercado comprador.

“Não falo só de seca, porque depois da seca podem vir chuvas intensas”, disse o economista e engenheiro agrônomo, Pablo Caputi, do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC), ao falar no 92º Congresso da Federação Rural sobre “O Uruguai pós-crise”. “O pior já passou. A forma da atual crise mundial pegará o país de forma atenuada, porque o sistema financeiro, hipotecário e o mercado de seguros não correm maiores riscos. É muito diferente da crise de 2002, quando os efeitos vieram muito fortes da Argentina e estávamos vulneráveis em todas as frentes”.

Em contrapartida, ele reconheceu que a indústria de couro é o setor que está mais fortemente afetado. “Aí sim a crise pegou no coração”, porque como no mundo não se vendem automóveis, não há demanda por couros.

Caputi informou que o mercado de bovinos está “em situação estável a melhorando”. O rebanho nacional está em 12 milhões de cabeças e a taxa de extração oscila em torno de 20%. Ele disse que a indústria uruguaia está sólida e em condições de processar 3 milhões de cabeças de gado.

Capuri disse que a UE duplicou sua participação no mercado (19%), mas deixou claro que isso “preocupa” porque “somos muito dependentes” e prognosticou uma luta difícil porque a Europa outorgou vantagens ao Brasil, que terá acesso a uma cota Hilton adicional, além dos Estados Unidos, que poderão exportar 20 mil toneladas e depois essa cota se ampliará para chegar a 45 mil toneladas. “É necessário agir rápido”, alertou ele, sugerindo inclusive que o presidente uruguaio viaje à Europa.

A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.