Com o uso de tecnologia, a pecuária pode dobrar ou triplicar a produção sem derrubar uma árvore nem na Amazônia nem em outro lugar. E ao se intensificar, a pecuária gera áreas excedentes para a agricultura, diminuindo a pressão sobre a floresta. É desta forma que a pecuária que vai salvar a Amazônia.
Vamos aos fatos. O agronegócio é a força motriz da economia brasileira. A pecuária, parte fundamental do setor do agronegócio, avançou na Amazônia Legal, não por diversão mas porque as condições edafo-climáticas são extrememente adequadas à prática desta atividade. A ocupação da Amazônia, antes incentivada pelo governo hoje é criminalizada pelo mesmo. O relatório do Greenpeace que colocou os pecuaristas como os culpados da devastação da Amazônia foi de uma estupidez lamentável ao ignorar a história da ocupação da região.
Ora, não se pode defender a sustentabilidade da produção na Amazônia sem antes resolvermos os dois principais problemas da região, a legalização da posse de terras e a reforma do código florestal. Os dois temas foram alvo das críticas da turma melancia, aquela verde por fora e vermelha por dentro.
Acusaram a legalização de terras de oficialização da grilagem e agora opõem-se à reforma de um código criado em 1965 com mais de 60 modificações.
O Código atualmente prevê reservas florestais em cada propriedade e áreas de preservação (APP’s) permanente em beiras de rios, encostas e topos de morro por exemplo. Na Amazônia, a reserva legal era de 50% da propriedade até 1989, depois passou a 80%. Hoje os ambientalistas exijem que os fazendeiros que desmataram antes de 89 passem a recompor os 30% que faltam para se enquadrarem na lei, como se alguma lei pudesse ter efeito retroativo.
No Sul e Sudeste, onde a ocupação é bem mais antiga a coisa é bem pior. Poucos tem a reserva exigida de 20%. Praticamente todos os agricultores de São Paulo são ilegais. Os cafezais dos morros de Minas e o Vale dos Vinhedos no Rio Grande do Sul por exemplo teriam que desaparecer para dar lugar a APP’s. O pior é que a legislação não distingue área urbana de área rural. A marginal do Tietê, o Cristo Redentor e o Palácio da Alvorada às margens do Paranoá estão todos em situação ilegal por serem APP’s. Pela lei, se você tem uma piscina em casa, você tem que plantar 20 metros de bosque ao redor dela. O Dr. Assuero Veronez da CNA define a situação citando o jurista francês Georges Ripert: “Quando o Direito ignora a realidade, a realidade se vinga ignorando o Direito”.
Se fosse cumprido o Código ao pé da letra e se fossem ouvidas as reivindicações dos ambientalistas, 70% da superfície do país estariam imobilizados em reservas, parques, terras indígenas e quilombolas e outras. Apesar disso o Brasil ainda possui mais de 69% de sua cobertura florestal nativa intacta.
Pecuaristas estão tomando iniciativas em relação à sustentabilidade da própria atividade. Projetos como o da Aliança da Terra, da Pecuária Orgânica do Pantanal, do Novilho Precoce do MS e do Estado de Rondônia todos incluem as questões ambientais e sociais em suas atividades, não por obrigação mas por terem consciência de que o próprio mercado vai exigir que isso aconteça.
Com o uso de tecnologia, a pecuária pode dobrar ou triplicar a produção sem derrubar uma árvore nem na Amazônia nem em outro lugar. E ao se intensificar, a pecuária gera áreas excedentes para a agricultura, diminuindo a pressão sobre a floresta. É desta forma que a pecuária que vai salvar a Amazônia.
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Boa matéria Fernando. Obrigado.
John Carter
Esta de parabéns… ótimo artigo e diz tudo em poucas palavras!!!!!
Caro Sampaio,
Este é o conceito que temos que adotar. Os métodos usados até agora não servem mais, apesar de terem produzido esta magnifica pecuária e agricultura que temos. Os tempos mudaram, nossos clientes mudaram, temos que participar deste novo mundo globalizado, querendo ou não.
Produção e meio ambiente, é o novo enfoque.
Parabéns.
Com o uso da tecnologia a pecuária pode dobrar, talvez triplicar a produção sem derrubar uma árvore, estaria o mercado disposto a pagar esse custo? é bonito falar em pecuária sustentavel, mas a verdade é que isso vai gerar um aumento de custo, estaria o nosso mercado pronto para aceitar isso ?
Talvez isso tudo traga uma depuração no setor, inclusive com uma diminuição nos volumes praticados, e aí sim uma valorização do produto final .
Com o uso de tecnologia, a pecuária pode dobrar ou triplicar a produção sem derrubar uma árvore.´
Sem dúvidas isso é possível, agora não podemos nos iludir que isso tem um custo !
Estaria nosso mercado pronto a aceitar e pagar por esse custo ?
No meu modo de ver sim, porém em volumes muito menores que os praticados hj, só assim será possivel uma valorização do produto final e consequentemente um pagamento justo ao investimento que será necessário por parte dos produtores.
Prezado Fernando,
Boa matéria, a questão é como gerar desenvolvimento econômico e sustentabilidade ao mesmo tempo.
Muita bom artigo…
Entretanto acredito que só seremos OUVIDOS E ENTENDIDOS pela sociedade em geral (…digo aquela que não acessa eta site periodicamente, e que só enxerga a pecuária “purpurinada” de vacas de $$$ MILHÕES $$$) quando paramos de vender carne de boi (ou vaca/novilha) em SAQUINHOS PLÁSTICOS AMARRADOS NA PONTA….
OBS: a qto tempo nosso consumo per capita está estacionado…(36 kg) ??
ABRAÇOS… E VÂMO EM FRENTE
Caro Fernando, estavamos precisando visualizar os absurdos do código florestal fora do meio rural, que é onde mora os grandes problemas ambientais, industrias, esgotos, carros , caminhões, lixos,: Mas com esta persseguição para com os produtores a grande poluição das cidades ficam encobertas;
Parabéns pela matéria, muito boa.
Não podemos esquecer hoje da sustentabilidade ambiental, mais tambem não podemos parar de produzir, como muitos ambientalistas querem.
Nossa meta é colocar pra produzir as áreas improdutivas, aumentando a unidade animal por hectare que hoje é bem abaixo do considerado bom.
O nascimento de uma vida é uma obra divina, e produzir alimento para manter a vida também.
João Guilherme estudante de zootecnia.
Excelente matéria.
Devemos pelo menos tentar mudar e se adaptar aos novos conceitos,visando principalmente cuidar do que nos é fundamental para a produção como um todo,nosso solo abençõado onde tudo que se planta,se colhe e não podemos deixar essa realidade virar um mito.
Graças a inovação e novas atitudes vamos conseguir unir nossas forças em favor de um futuro melhor em relação ao meio ambiente.
Fabiana Seixas
Caro amigo Eloy concordo com você em genero número e grau. Quem vai pagar a conta? O governo? O consumidor? Pois ecologia e custo sao palavras diretamente proporcionais.
Certa vez recebi em minha propriedade a visita de um alemão. Embora fosse jovem e morador de cidade, pode notar que as minha vacas e novilhas estavam mais feias (leia-se magras) que as do seu país. Ao ouvir seu comentario lhe fiz a seguinte pergunta: quanto custa um quilo de carne na Alemanha? Ele disse: Custa 70 reais ( ja feito o cambio). Na epoca o quilo de carne era vendido na minha regiao por algo em torno de 9 reais. Quase oito vezes mais caro que o nosso produto. Enquanto isso for praticado nunca teremos condição de aumentarmos nossa area de reserva.
Agora senhores imagine se a arroba estivesse valendo oito veses mais, com certeza poderiamos reduzir a areas de pastagens ou intensificar muito mais.
Caro Fernado,
O setor produtivo, aliado à parte do Governo que tem olhos voltados para o futuro e para o bem-estar de nossa população, não podem perder esse momento para discutir e aprovar no âmbito do Congresso Nacional e das Câmaras de Deputados nos estados, uma legislação ambiental que realmente cumpra a função de viabilizar o chamado desenvolvimento sustentável. Sem ideologias, sem partidarismos enferrujados, mas com base em ciência, com base no conhecimento, capaz de melhorar a sustentabilidade do agronegócio, seja ele pequeno, médio ou grande empreendimento rural.
Essa é a vez do setor produtivo se livrar de amarras inconcebíveis, como ter que arcar com custos de preservação, para a sociedade como um todo, sem receber nada para cuidar de áreas gravadas à margem de escritura, entre outros abusos impostos de goela a baixo a uma categoria de homens que fazem a riqueza desse país. Os produtores rurais são os verdadeiros guardiãos dos recursos naturais. Vamos rever esse frankenstein ambiental, vamos construir um ambiente para produzir em paz e falar com orgulho com o homem urbano: o agronegócio é que garante a segurança alimentar dos povos.