Os grupos ambientais saudaram a decisão, nesta semana, de quatro dos maiores produtores de carne do Brasil de proibir a compra de gado de áreas recém-desmatadas da Amazônia brasileira.
Os grupos ambientais saudaram a decisão, nesta semana, de quatro dos maiores produtores de carne do Brasil de proibir a compra de gado de áreas recém-desmatadas da Amazônia brasileira.
Em uma reunião na segunda-feira, em São Paulo, organizada pelo Greenpeace, os quatro frigoríficos – Bertin, JBS-Friboi, Marfrig e Minerva – concordaram em apoiar o pedido do Greenpeace para colocar um fim ao desmatamento.
O Brasil conta com o maior rebanho bovino do mundo e é o maior exportador de carne bovina do mundo, mas também é o quarto maior produtor de gases responsáveis pelo efeito estufa. Estima-se que a destruição das florestas tropicais ao redor do mundo sejam responsáveis por cerca de 20% das emissões globais de gases do efeito estufa.
O Greenpeace argumenta que a indústria de carne bovina na Amazônia é a maior responsável pelo desmatamento global. Mas o governo brasileiro, ao mesmo tempo que busca metas ambiciosas para deter o desmatamento na Amazônia, também é um grande financiador e acionista das empresas de carne bovina e couro que lucram com o gado criado nas áreas da Amazônia que foram destruídas, frequentemente de forma ilegal, segundo o Greenpeace.
Os quatro frigoríficos concordaram na segunda-feira em monitorar suas cadeias de fornecedores e estabelecer metas claras para o registro das fazendas que fornecem o gado, tanto direta quanto indiretamente. Eles também disseram que conceberão medidas para colocar um fim à compra de gado de áreas indígenas ou protegidas, e de fazendas que usam o trabalho escravo.
Grupos ambientais chamaram a decisão de um grande passo à frente para a proteção climática.
“Este acordo mostra que no mundo atual, alguém que deseja ser um agente global não pode ser associado ao desmatamento e ao trabalho escravo”, disse Marcelo Furtado, diretor executivo do Greenpeace no Brasil.
O acordo ocorreu após a divulgação, em junho, de um relatório do Greenpeace, “A Farra do Boi na Amazônia”, que detalhava a ligação entre a destruição da floresta e a expansão da criação de gado na Amazônia.
O relatório levou algumas empresas multinacionais, incluindo fabricantes de calçados como Adidas, Nike e Timberland, a prometer o cancelamento de contratos a menos que recebessem garantias de que seus produtos não estavam associados ao gado ou trabalho escravo na Amazônia. Empresas que compram carne bovina como McDonald´s e Wal-Mart também pressionaram os produtores a mudarem suas práticas na Amazônia, disse Furtado.
Blairo Maggi, o governador do Mato Grosso, o Estado brasileiro com taxa mais alta de desmatamento da Amazônia e o maior rebanho bovino do país, disse na segunda-feira que apoiaria os esforços para proteger a Amazônia e forneceria imagens de alta resolução por satélite para ajudar a monitorar a região.
Furtado disse que a Associação Brasileira dos Supermercados também assinou o acordo, assegurando ainda mais o cumprimento por parte dos frigoríficos.
O governo do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, estava notadamente ausente do anúncio de segunda-feira. O governo está lutando para conciliar suas metas sociais e de desenvolvimento na Amazônia com seu desejo de ser um membro importante nas negociações sobre a mudança climática global.
As informações são do The New York Times, traduzidas por George El Khouri Andolfato, publicadas no Uol Notícias, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.
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Com todo respeito, é vergonhoso ver outros países querer e conseguir intervir em nosso desenvolvimento, porque não fazem e exigem reflorestamento nesses países já desenvolvidos (eua, paises da europa e asia), lá as ongs não tem força de inibir e coibir o agronegócio.
O interesse dos países é manter a gente subdesenvolvidos sempre na dependência deles, isso é um colonialismo moderno, mas não deixa de ser, falta coragem ao nosso governo de impedir qualquer interferencia em nossas legislações.
Porque os paises já desenvolvidos não fazem reflorestamento lá???????
A segunda sem carne ou a segunda do churrasco são manifestações muito pequenas e sem repercussão comparadas à medida que consta neste artigo.
A preocupação ambiental é recorrente e inevitável.
A seriedade do produtor -e do consumidor- em relação às novas necessidades que o mercado e o meio ambiente impulsionam atualmente depende de valores que vão muito além de escolher se a segunda será sem carne ou o domingo sem verduras.
Que todos nós consigamos tomar medidas favoráveis ao meio ambiente e ao produtor agropecuário simultaneamente.
Prezado Michel,
Concordo em parte com vossos argumentos. Embora corretos, eles seriam realmente aplicáveis se as áreas de produção disponíveis no país estivessem próximas ä capacidade máxima produtiva e de lotação, o que infelizmente está longe do real potencial.
Ainda hoje impera o crescimento horizontal e a abertura de novas áreas, enquanto não cuidamos das que se encontram abertas, em estado de degradação.
Vale lembrar que o que resta de floresta nativa é derrubado para extração de madeira, esse sim o real agente devastador. A pecuária é o veículo de ocupação das áreas recém derrubadas.