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Deu no NYTimes…

Os grupos ambientais saudaram a decisão, nesta semana, de quatro dos maiores produtores de carne do Brasil de proibir a compra de gado de áreas recém-desmatadas da Amazônia brasileira.

Os grupos ambientais saudaram a decisão, nesta semana, de quatro dos maiores produtores de carne do Brasil de proibir a compra de gado de áreas recém-desmatadas da Amazônia brasileira.

Em uma reunião na segunda-feira, em São Paulo, organizada pelo Greenpeace, os quatro frigoríficos – Bertin, JBS-Friboi, Marfrig e Minerva – concordaram em apoiar o pedido do Greenpeace para colocar um fim ao desmatamento.

O Brasil conta com o maior rebanho bovino do mundo e é o maior exportador de carne bovina do mundo, mas também é o quarto maior produtor de gases responsáveis pelo efeito estufa. Estima-se que a destruição das florestas tropicais ao redor do mundo sejam responsáveis por cerca de 20% das emissões globais de gases do efeito estufa.

O Greenpeace argumenta que a indústria de carne bovina na Amazônia é a maior responsável pelo desmatamento global. Mas o governo brasileiro, ao mesmo tempo que busca metas ambiciosas para deter o desmatamento na Amazônia, também é um grande financiador e acionista das empresas de carne bovina e couro que lucram com o gado criado nas áreas da Amazônia que foram destruídas, frequentemente de forma ilegal, segundo o Greenpeace.

Os quatro frigoríficos concordaram na segunda-feira em monitorar suas cadeias de fornecedores e estabelecer metas claras para o registro das fazendas que fornecem o gado, tanto direta quanto indiretamente. Eles também disseram que conceberão medidas para colocar um fim à compra de gado de áreas indígenas ou protegidas, e de fazendas que usam o trabalho escravo.

Grupos ambientais chamaram a decisão de um grande passo à frente para a proteção climática.

“Este acordo mostra que no mundo atual, alguém que deseja ser um agente global não pode ser associado ao desmatamento e ao trabalho escravo”, disse Marcelo Furtado, diretor executivo do Greenpeace no Brasil.

O acordo ocorreu após a divulgação, em junho, de um relatório do Greenpeace, “A Farra do Boi na Amazônia”, que detalhava a ligação entre a destruição da floresta e a expansão da criação de gado na Amazônia.

O relatório levou algumas empresas multinacionais, incluindo fabricantes de calçados como Adidas, Nike e Timberland, a prometer o cancelamento de contratos a menos que recebessem garantias de que seus produtos não estavam associados ao gado ou trabalho escravo na Amazônia. Empresas que compram carne bovina como McDonald´s e Wal-Mart também pressionaram os produtores a mudarem suas práticas na Amazônia, disse Furtado.

Blairo Maggi, o governador do Mato Grosso, o Estado brasileiro com taxa mais alta de desmatamento da Amazônia e o maior rebanho bovino do país, disse na segunda-feira que apoiaria os esforços para proteger a Amazônia e forneceria imagens de alta resolução por satélite para ajudar a monitorar a região.

Furtado disse que a Associação Brasileira dos Supermercados também assinou o acordo, assegurando ainda mais o cumprimento por parte dos frigoríficos.

O governo do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, estava notadamente ausente do anúncio de segunda-feira. O governo está lutando para conciliar suas metas sociais e de desenvolvimento na Amazônia com seu desejo de ser um membro importante nas negociações sobre a mudança climática global.

As informações são do The New York Times, traduzidas por George El Khouri Andolfato, publicadas no Uol Notícias, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. michel haddad neto disse:

    Com todo respeito, é vergonhoso ver outros países querer e conseguir intervir em nosso desenvolvimento, porque não fazem e exigem reflorestamento nesses países já desenvolvidos (eua, paises da europa e asia), lá as ongs não tem força de inibir e coibir o agronegócio.

    O interesse dos países é manter a gente subdesenvolvidos sempre na dependência deles, isso é um colonialismo moderno, mas não deixa de ser, falta coragem ao nosso governo de impedir qualquer interferencia em nossas legislações.

    Porque os paises já desenvolvidos não fazem reflorestamento lá???????

  2. silvia corbucci disse:

    A segunda sem carne ou a segunda do churrasco são manifestações muito pequenas e sem repercussão comparadas à medida que consta neste artigo.
    A preocupação ambiental é recorrente e inevitável.
    A seriedade do produtor -e do consumidor- em relação às novas necessidades que o mercado e o meio ambiente impulsionam atualmente depende de valores que vão muito além de escolher se a segunda será sem carne ou o domingo sem verduras.
    Que todos nós consigamos tomar medidas favoráveis ao meio ambiente e ao produtor agropecuário simultaneamente.

  3. Patrick Schmidt disse:

    Prezado Michel,

    Concordo em parte com vossos argumentos. Embora corretos, eles seriam realmente aplicáveis se as áreas de produção disponíveis no país estivessem próximas ä capacidade máxima produtiva e de lotação, o que infelizmente está longe do real potencial.

    Ainda hoje impera o crescimento horizontal e a abertura de novas áreas, enquanto não cuidamos das que se encontram abertas, em estado de degradação.

    Vale lembrar que o que resta de floresta nativa é derrubado para extração de madeira, esse sim o real agente devastador. A pecuária é o veículo de ocupação das áreas recém derrubadas.