"Sem o Fefa, cada um vai ter de fazer sua parte sozinho. O risco para a pecuária será muito grande. Acreditamos que os maiores prejudicados com a paralisação do Fefa são os pequenos produtores, que terão de se deslocar até às cidades para adquirir as vacinas e ainda não contarão com a assistência dos nossos vacinadores", observa o gerente executivo do Fefa, Antônio Carlos Carvalho de Souza.
Cerca de 10 mil pequenos produtores – com rebanho estimado de 150 mil animais – que estão sem a cobertura do Fundo Emergencial para a Febre Aftosa (Fefa) – poderão encontrar dificuldades para vacinar os animais e com isso perderem prazos e até mesmo, desistir da última etapa de vacinação que se encerra no Estado no dia 30.
“Sem o Fefa, cada um vai ter de fazer sua parte sozinho. O risco para a pecuária será muito grande. Acreditamos que os maiores prejudicados com a paralisação do Fefa são os pequenos produtores, que terão de se deslocar até às cidades para adquirir as vacinas e ainda não contarão com a assistência dos nossos vacinadores”, observa o gerente executivo do Fefa, Antônio Carlos Carvalho de Souza.
Com a paralisação das atividades do Fundo, o Estado perdeu um importante instrumento de apoio na luta contra a aftosa. “Continuamos aliados e, na medida do possível, apoiando os órgãos de defesa agropecuária no propósito de eliminar a aftosa do nosso rebanho, porém, estamos sem recursos para gerir este trabalho”, avisa o gerente executivo.
Antônio Carlos de Souza, teme, entretanto, que com a saída do fundo ocorra uma queda no índice de vacinação. “A cada 1% de queda no percentual de cobertura, temos 260 mil animais sem receber a vacina contra a aftosa. Isso é muito preocupante e pode repercutir nos mercados abastecidos por Mato Grosso”.
O presidente do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea), Décio Coutinho, garantiu que mesmo sem a participação dos vacinadores do Fefa, o trabalho de vacinação contra a febre aftosa, em Mato Grosso, “segue tranqüilo”.
Coutinho informou que todos os postos estão funcionando normalmente. Ao todo são sete interestaduais e quatro na fronteira com a Bolívia.
Com a ausência dos vacinadores do Fefa nesta campanha, o Indea foi obrigado a contratar emergencialmente 180 técnicos para desenvolver o trabalho. O contrato tem validade até à posse dos aprovados no concurso a ser realizado pelo governo do Estado.
O Fefa foi criado em 1994 por produtores, indústrias frigoríficas, empresas de leilões rurais, Indea e Ministério da Agricultura para desenvolver as ações do programa de erradicação da febre aftosa no Estado.
Ao longo desses anos, foram arrecadados R$ 33 milhões e investidos mais de R$ 36 milhões em campanhas de vacinação, aquisições de vacina, combustíveis, vigilância na fronteira e outras ações.
A “morte” do Fefa foi decretada pela Justiça ao suspender a exigência do pagamento da taxa de contribuição para a emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA) em toda a movimentação de gado destinado ao abate, a partir de abril deste ano. Os pecuaristas estão temerosos de que a paralisação do programa interrompa os trabalhos de vigilância sanitária na fronteira com a Bolívia, comprometendo as ações e a credibilidade do Estado no mercado internacional.
Sem dinheiro, o Fefa fica também impossibilitado de apoiar o Indea nas ações voltadas ao trabalho de vacinação e controle sanitário em Mato Grosso.
Mesmo sem arrecadação desde abril, mas com as reservas que ainda disponibilizava em seu caixa, o Fefa aplicou R$ 860 mil na etapa de vacinação do mês de maio. Na fronteira com a Bolívia, foram empregados mais R$ 200 mil para o treinamento de técnicos e vacinadores.
Para a campanha deste mês de novembro o Fefa utilizou suas últimas reservas, adquirindo 50 mil doses de vacina para a Bolívia e 15 mil doses para aldeias indígenas – investimento de R$ 64 mil – além de desenvolver ações pontuais como reunião com produtores e trabalho educativo.
“Fazemos um trabalho educativo e preventivo contra doenças que possam afetar o rebanho bovino e damos apoio a todas as atividades desenvolvidas pelo Indea”, afirma Antônio Carlos. Para ele, o reflexo da paralisação deste trabalho é a ameaça de embargos da comunidade internacional.
A matéria é de Marcondes Maciel, publicada no Diário de Cuiabá, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
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A FEFA foi implantada com o propósito de indenizar os proprietários com animais infectados com a aftosa. E acredito, por mais que queiram justificar, que foi arrecadados bilhões de reais, e gastos não sei quantos com outras atividades. É lógico que com esta fortuna da pra fazer algo em pról da pecuaria, mas não justifica este ônus ao pecuarista. Chega de sair tudo do pecuarista. Não temos financiamentos por ter fazendas irregulares perante o governo. Os figoríficos estão em cartel. As pastagens sendo degradadas por falta de recursos. As pastagens sendo atacadas por lagartas e sigarrinhas desimando os lucros mais ainda. Pergunto, quando vamos ter ajuda de alguém?
Clédio. Pecuarista em Tapurah – MT.