A cadeia de carnes da Argentina coloca em dúvida o prognóstico de redução na produção de carnes divulgado pelo USDA e confia que, com um conjunto de estratégias produtivas e de mercado, somadas a uma adequada política oficial, o atual desempenho poderá ser mantido. Para o presidente do Instituto de Promoção da Carne Bovina Argentina (IPCVA), Dardo Chiesa "pode-se ter um desequilíbrio na oferta e demanda e se os preços subirem, teremos que ver qual será a reação do Governo: começar com políticas para melhorar a produção e o abastecimento ou proibir a exportação, como fez outras vezes". Diante da segunda opção, o diagnóstico de Chiesa é de que faltará carne.
De acordo com as últimas estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as exportações de carne bovina da Argentina cairiam em 30% em 2020. O órgão norte-americano afirma que no próximo ano, a Argentina exportará 390.000 toneladas de carcaça com osso, frente as 560.000 toneladas previstas para 2009. No entanto, a cadeia de carnes da Argentina coloca em dúvida esse prognóstico e confia que, com um conjunto de estratégias produtivas e de mercado, somadas a uma adequada política oficial, o atual desempenho poderá ser mantido.
Porém, apesar do otimismo, o presente ciclo deixou algumas luzes amarelas acesas. Para o presidente do Instituto de Promoção da Carne Bovina Argentina (IPCVA), Dardo Chiesa, “em 2009 as vendas externas vão estar firmes, ajudadas por uma forte liquidação de vacas, o que leva a uma diminuição do rebanho que provocará uma falta de bezerros em 2010”.
Chiesa estima que essa situação gerará “uma colisão de preços e quando esses tendem a subir, terá que ver qual será a reação do Governo: começar com políticas para melhorar a produção e o abastecimento ou proibir a exportação, como fez outras vezes”. Diante da segunda opção, o diagnóstico de Chiesa é de que faltará carne.
Para o presidente do Consórcio de Exportadores ABC, Mario Ravettino, se está fechando um ano “muito interessante em volumes de exportação, mas não em matéria de preços”, devido à crise global desencadeada no último quadrimestre de 2008. “Com essa perspectiva, estaríamos pensando em um 2010 onde podemos manter os níveis de exportação em volumes e aspirar a recuperação em valor nos diferentes destinos internacionais”.
Com esse objetivo, os exportadores trabalham com o Governo para continuar com o modelo atual de abastecimento do mercado local, que, por sua vez, leve a obter permissões de exportação de maneira fluida.
Quanto aos clientes internacionais, encararão uma agenda de negociações com o objetivo de gerar maior valor. “Buscamos trabalhar com a União Europeia (UE) no aumento da cota Hilton pela inclusão dos países extra-comunitários, a participação na cota concedida aos Estados Unidos no marco da disputa por hormônios e a modificação do biótipo Hilton”, disse Ravettino. Além disso, as negociações incluem viajar ao Canadá e aos Estados Unidos para reativar a reabertura de ambos os destinos.
Tanto produtores como industriais concordam que o maior inconveniente em 2010 pode ser o fornecimento de animais. “As sequelas da seca demorarão muito tempo para se reverter. Isso se soma a políticas desacertadas consecutivas há quatro ou cinco anos”.
Os industriais também olham com atenção o fornecimento de matéria-prima. “Podemos chegar a ver algum tipo de diminuição da oferta de novilho pesado. Para isso, é importante a recuperação dos níveis de preços, o único incentivo que serve ao produtor”.
A reportagem é do Infocampo, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.