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Mercado esfria e arroba começa 2010 em baixa

Na semana, o indicador a prazo foi cotado a R$ 77,18/@, com retração de 1,19% na semana. Apesar da queda registrada nesse início de semana e dos valores ainda estarem abaixo do registrado no final de 2008 e início de 2009, o preço da arroba do boi gordo a prazo, levantado pelo Cepea nesta quarta-feira está 2,02% acima da média do mês de dezembro, que é de R$75,66/@.

Após os feriados do Natal e Réveillon, o mercado do boi gordo ainda caminha a passos lentos com baixo volume de negócios e efetivados e compradores e vendedores cautelosos tentando sentir como será o mercado nesse começo de 2010.

Na semana (30/12/2009 a 06/01/2010), que praticamente começou só na última segunda-feira, o indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à apresentou desvalorização de 1,01%, sendo cotado a R$ 76,25/@, nesta quarta-feira. O indicador a prazo foi cotado a R$ 77,18/@, com retração de 1,19% na semana.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

Apesar da queda registrada nesse início de semana e dos valores ainda estarem abaixo do registrado no final de 2008 e início de 2009, o preço da arroba do boi gordo a prazo, levantado pelo Cepea nesta quarta-feira está 2,02% acima da média do mês de dezembro, que é de R$75,66/@.

Gráfico 1. Médias do indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo a prazo

A BM&FBovespa teve uma semana de baixa. O primeiro vencimento, janeiro/10, fechou a R$ 73,91/@ na última quarta-feira, com variação negativa de R$ 1,76. Os contratos com vencimento em fevereiro/10 foram os que registraram a maior variação, -R$ 2,11, fechando a R$ 73,40/@. Outubro/10 fechou a R$ 77,70/@, com recuo de R$ 1,69 na semana.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 30/12/09 e 06/01/09

No mercado físico a semana começou com os negócios em ritmo lento, mas os frigoríficos conseguem manter suas escalas e em algumas regiões existe até o sentimento de oferta maior. A maioria dos compradores trabalha com cautela, esperando que na próxima semana todos os agentes que atuam no mercado do boi gordo voltem dos feriados e retomem suas operações.

O leitor do BeefPoint, Newton Naves Paiva, informou através do formulário de cotações, que na região de Nova Crixás/GO os frigoríficos estão ofertando R$ 70,00 na arroba do boi gordo e R$ 66,00 pela arroba de fêmeas para o abate, ambos com prazo de 30 dias para pagamento.

De Itajá, no sul de Goiás, Cesar German Garcia informa que frigoríficos paulistas que atuam na região estão comprando boi gordo a R$ 68,00/@ à vista e vacas a R$ 65,00/@.

Como está o mercado na sua região? Utilize o formulário para troca de informações sobre o mercado do boi gordo e reposição – uma iniciativa do BeefPoint em parceria com a Bayer – para informar preços e o que está acontecendo no mercado de sua região.

O indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista teve forte valorização neste início de ano, registrando uma variação acumulada de -4,39% na semana. Nesta quarta-feira o levantamento do Cepea indicou o preço de R$ 578,95/cabeça para o bezerro do MS e a relação de troca subiu para 1:2,17.

Segundo o Boletim Intercarnes, contrariando as expectativas, o mercado da carne se mostra indefinido e bastante instável com relação a preços. No contexto geral, as ofertas não são excessivas. A tendência para a carne bovina continua de estabilidade, mesmo verificando-se o quadro atual de mercado.

No atacado paulista, o traseiro foi cotado a R$ 6,70 (-R$ 0,10), o dianteiro a R$ 3,50 e a ponta de agulha a R$ 3,30. Assim o equivalente físico apresentou queda de 0,95%, sendo calculado em R$ 75,15/@. O spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente está em R$ 1,10/@, em dezembro esse indicador fechou com a média de R$ 0,81/@.

Tabela 2. Atacado da carne bovina

Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico

Em dezembro, as exportações brasileiras de carne bovina in natura atingiram a marca de 78.000 toneladas, uma redução de 0,9% em relação ao mês de novembro, mas uma evolução de 26,7% quando comparada ao mesmo período de 2008 e evidenciando recuperação nas vendas no final de 2009.

A receita das exportações em dezembro foi de US$ 283,6 milhões, registrando leve aumento de 0,39% em relação ao mês anterior e crescimento de 32,24% em relação a dezembro de 2008, quando tradicionais clientes estavam com as compras retraídas devido ao agravamento da crise econômica.

Apesar da recuperação, no acumulado do ano, os exportadores brasileiros amargam reduções tanto no volume quanto na receita das exportações em 2009. Quando comparado com o resultado de 2008 o volume do ano passado (926.048 toneladas) foi 9,47% menor. A receita (US$ 3,02 bilhões) apresentou queda de 24,55% na mesma comparação.

Tabela 1. Exportações brasileiras de carne bovina in natura

Gráfico 1. Exportações brasileiras de carne bovina in natura

Apesar das exportações de carnes estarem se recuperando em ritmo mais lento do que o esperado, especialistas do setor estão otimistas para 2010. Para representantes da indústria, associações e analistas, é possível que as exportações retornem a níveis pré-crise neste ano, pelo menos em volume. Quanto à receita, o câmbio apreciado deve dificultar uma recuperação mais significativa.

O dólar baixo, que em alguns momentos de 2009 chegou a ameaçar a excelência brasileira no segmento, não deve ser suficiente para afetar a competitividade do País a ponto de retirá-lo da primeira posição como maior fornecedor mundial de carne de frango e de carne bovina.

A impossibilidade de expansão da oferta local na Europa deve resultar em um aumento das exportações brasileiras, beneficiadas também por um número cada vez maior de fazendas habilitadas a exportar para a União Europeia. Roberto Giannetti da Fonseca, presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec), lembra que em 2009 diversas missões europeias estiveram no Brasil para avaliar a qualidade do rebanho brasileiro. Nos emergentes, especialmente asiáticos e países do Oriente Médio, a expectativa também é de continuidade do aumento na procura por carne bovina. ´´Vamos atingir níveis parecidos com os de 2008, se não em preço, em volume com certeza´´, garante Gianetti.

“O ideal para a exportação da nossa carne é o dólar ser de R$ 2,20 para cima”, afirmou Otávio Cançado, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).

José Vicente Ferraz, diretor da AgraFNP, avalia que o mercado consumidor possa se recuperar neste ano, com crescimento da economia nos principais países compradores do Brasil. “Mas o câmbio segue como condicionante para muitos produtos, entre eles as carnes; se houver mais desvalorização, poderemos ter problemas sérios para o setor”.

O pecuarista Ricardo de Castro Merola, presidente da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), avalia que o dólar desvalorizado tornou a carne brasileira muito cara. Segundo ele, a conquista de novos mercados, como Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos, que pagam preços melhores, seria uma saída para compensar as perdas com o câmbio. Mas as barreiras sanitárias impostas por esses países inviabilizam a exportação da carne brasileira.

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