A composição química da espécie forrageira a ser ensilada, principalmente no que se refere ao teor de umidade associado à concentração de açúcares solúveis (substrato da fermentação), pode influenciar decisivamente na qualidade da forragem. A alta umidade e a baixa concentração de açúcares solúveis colocam em risco a conservação da forragem, com probabilidade de surgir fermentações indesejáveis, refletindo acentuadamente nas perdas.
A composição química da espécie forrageira a ser ensilada, principalmente no que se refere ao teor de umidade associado à concentração de açúcares solúveis (substrato da fermentação), pode influenciar decisivamente na qualidade da forragem. A alta umidade e a baixa concentração de açúcares solúveis colocam em risco a conservação da forragem, com probabilidade de surgir fermentações indesejáveis, refletindo acentuadamente nas perdas.
Mesmo que o conteúdo de açúcares seja adequado para assegurar fermentação desejável, silagens excessivamente úmidas podem ser nutricionalmente indesejáveis devido ao baixo consumo voluntário de matéria seca. Além destes aspectos, a ensilagem de forragem úmida resulta na produção de grandes volumes de efluente, levando a perda de nutrientes digestíveis (conteúdo celular) e a poluição ambiental.
Com a finalidade de aliviar todos esses problemas, há muitos anos, em diversas partes do mundo, tem sido adotada a técnica da pré-secagem (emurchecimento). O emurchecimento possibilita a ensilagem de plantas com baixo conteúdo de matéria seca (MS), como é o caso das forrageiras tropicais, num processo relativamente simples em que as fermentações indesejáveis e a produção de efluente são facilmente controladas.
Como estratégia do manejo do campo de feno, essa técnica tem funcionado muito bem por aqui, pois a época propícia para a produção de feno é aquela que vai de outubro a março (época de chuvas), coincidindo, portanto, com o máximo crescimento vegetativo da forrageira, bem como com o seu melhor valor nutritivo.
Entretanto, o processo tradicional de obtenção de feno consiste no corte e exposição da forrageira ao sol por um período de dois ou mais dias consecutivos, submetendo a forragem à viragens sucessivas para uniformizar e acelerar a desidratação. Considerando que existe a necessidade de se contar com dias abertos e ensolarados para a secagem, o processo de fenação apresenta um sério entrave, uma vez que o momento ideal para o corte das forrageiras é coincidente com a época de chuvas.
Neste contexto, sugere-se que na iminência de ocorrência de chuvas intercaladas e estiada, mas com dias nublados, a forragem seja armazenada na forma de silagem pré-secada. Com a adoção dessa estratégia de manejo do campo de feno, evita-se a presença de forragem envelhecida e aumenta a quantidade de alimento volumoso de qualidade satisfatória. Caso contrário, a forragem passada do ponto presente no campo de feno tem que ser cortada e retirada da área, na maioria das vezes sendo descartada.
Fora do âmbito “campo de feno” o uso de silagem de gramíneas tropicais emurchecidas tem sido muito tímido. A ausência de equipamentos capazes de ceifar plantas altamente produtivas e promover o recolhimento da forragem após o processo de perda de água é apontado como um dos principais entraves.
As empresas brasileiras desenvolveram modelos baseado em protótipos de outros países, onde as plantas são menos “rústicas”, desse modo, os equipamentos comercializados atualmente aqui, são capazes de cortar e recolher espécies como aveia, azevém e alfafa (utilizados principalmente na Região Sul) e gramíneas do gênero Cynodom (Coastcross; Tifton 85).
Contudo, quando essas máquinas são desafiadas a trabalhar em glebas onde estão presentes os gêneros Brachiaria e Panicum, por exemplo, o processo é pouco eficiente.
Apoiados nessa dificuldade, nós partimos para a estratégia do uso de aditivos absorventes (farelos e subprodutos) como controladores da elevada umidade nestas plantas, para que a fermentação não seja traduzida em elevadas perdas. Porém, o uso dessa classe de aditivos esbarra na logística das propriedades rurais, principalmente naquelas de médio e grande porte. Aplicar aditivos secos não é tarefa fácil, devido principalmente à falta de homogeneidade na distribuição do material.
A literatura nacional se esgotou no sentido de mostrar que a aditivação melhora a fermentação e reduz perdas. Bibliotecas estão abarrotadas desse tipo de estudo. Contudo, o grande entrave continua sendo a operacionalidade do sistema.
No final da década de 90 nós assistimos a um cenário de crescimento exorbitante no uso de capins tropicais como silagem, pois até aquele momento somente o capim-Elefante era usado para tal fim, pois as colhedoras de uma linha utilizadas na colheita do milho e do sorgo eram aproveitadas na ensilagem dessa espécie. No final daquela década, colhedoras surgiram no mercado com o propósito de ensilar capim-Tanzânia, capim-Mombaça e Braquiarião. Contudo, o uso de silagem de gramíneas entrou em declínio, pois os pecuaristas perceberam que o problema da colheita havia sido sanado, entretanto o fator umidade da forragem impactava negativamente.
Atualmente, a silagem de capins tropicais tem sido substituída por alternativas (principalmente cana-de-açúcar), as quais o manejo da ensilagem é mais simplificado e de menor risco. Colhedoras de cana-de-açúcar foram trabalhadas dentro das indústrias com o objetivo de diminuir o desgaste das peças e aumentar a vida útil do equipamento. Os pesquisadores se debruçaram sobre o assunto aditivos para cana-de-açúcar e, nos dias atuais, nós temos opções que são capazes de controlar a fermentação alcoólica, típica para essa cultura.
Portanto, permanecem as perguntas: nós ficaremos de braços cruzados observando este cenário? Será que a silagem emurchecida de gramíneas tropicais não poderia ser estrategicamente viável para determinados grupos de fazendas? Ou não vale apena investir em equipamentos que possam trazer benefícios ao processo de ensilagem dessas plantas?
Nós devemos compreender que os recursos forrageiros não competem entre si (milho vs cana; cana vs capim; milho vs sorgo). Basta surgir uma “moda” que nós abandonamos as outras opções. A ensilagem de plantas com alto teor de umidade necessita ser mais bem trabalhada em nosso país.
Nós poderíamos usar o modelo americano e europeu (como é de praxe): Naqueles países, com a crescente evolução da pesquisa científica, espécies forrageiras que tinham como limitação principal o reduzido teor de matéria seca no momento do corte, como no caso das gramíneas, e elevado poder tamponante, no caso das leguminosas, se mostraram aptas ao processo através da técnica da pré-secagem. Desse modo, os sistemas de produção, seja para produção de leite ou para carne lá fora, sobrevivem da associação entre volumosos suplementares garantindo menor risco, receita e desempenho animal satisfatório.
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Srs.
Existe no Brasil a empresa Agroforn que tem toda a linha da implementos para produção de silagem pré-secada.
Os equipamentos são muito resistentes.
Temos trabalhado a 3 anos com produção de pré-secado e feno em Paragominas no PA.
As maquinas conseguem trabalhar areas com produção de 16 a 20 toneladas de materia natural de mombaça por ha sem problemas.
O que precisamos é de maquinas para desensilar os fardos de 400 kg para uso em dietas servidas no cocho. Existem equipamentos importados para esta função.
O uso dos fardos para servir aos animais diretamente no campo são extremamente eficientes.
Abraço
Leonardo Hudson
Exagro.