Na última sexta-feira (7), o secretário de Comércio da Argentina, Guillermo Moreno, avisou aos supermercadistas argentinos que, a partir de 1º de junho, estará proibida a importação de alimentos processados que também sejam feitos localmente. Se a medida realmente entrar em vigor, uma alta fonte do governo brasileiro já avisou que vai retaliar a Argentina em alimentos similares aos que forem atingidos. No 1º trimestre do ano, o país vizinho importou US$ 81 milhões em alimentos processados brasileiros e vendeu US$ 190 milhões para o Brasil.
Na última sexta-feira (7), o secretário de Comércio da Argentina, Guillermo Moreno, avisou aos supermercadistas argentinos que, a partir de 1º de junho, estará proibida a importação de alimentos processados que também sejam feitos localmente. Em 10 de junho, fiscais da secretaria prometem percorrer as gôndolas dos supermercados em busca de infrações.
Se a medida realmente entrar em vigor, uma alta fonte do governo brasileiro já avisou que vai retaliar a Argentina em alimentos similares aos que forem atingidos. Oficialmente, o Ministério do Desenvolvimento, da Agricultura e Itamaraty informaram que não foram notificados sobre o assunto.
Se insistir em um conflito com o Brasil, a Argentina tem mais a perder do que a ganhar. No primeiro trimestre do ano, o país vizinho importou US$ 81 milhões em alimentos processados dos produtores brasileiros, quase metade do total que adquiriu do mundo. Em contrapartida, vendeu US$ 190 milhões para o país, um quinto de suas vendas totais desse grupo de produtos.
As estimativas de impacto no comércio bilateral foram feitas pela consultoria Abeceb.com, sediada em Buenos Aires. Os produtos mais afetados são cacau e chocolate, preparações alimentícias diversas (molho de tomate, entre outros), café e chá, e preparações de hortaliças e frutas. O Brasil fornece 82% do cacau e chocolate e 74% do café e chá importados pelos argentinos. Esses dados ainda são preliminares porque o governo argentino não divulgou oficialmente a lista de produtos que serão barrados. O aviso feito por Moreno foi apenas verbal. Os supermercadistas pedem ao governo informações mais precisas para se planejar.
“Dificilmente o governo conseguirá mobilizar os produtores argentinos, porque essa medida não os beneficia. Uma grande quantidade de empresas de alimentos estão situadas no Brasil e na Argentina, com produtos complementares para atender os dois países”, avaliou o economista da consultoria Abeceb.com, Maurício Claverí.
No Brasil, o setor de alimentos está preocupado e pede uma reação do governo. “É um atentado contra as regras do Mercosul. O setor de alimentos é o principal gerador de superávit para a balança comercial brasileira e merece uma atenção especial do governo”, disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), Edmundo Klotz. Ele informou o Ministério do Desenvolvimento do problema na última sexta-feira (7), e está confiante que o assunto será resolvido por meio de negociação ou que o governo tomará uma atitude enérgica. “Nós estamos espalhados pelo mundo, vendemos para mais de 120 países. A Argentina é que precisa aumentar suas vendas para o Brasil para sair da crise”, completou.
Para o diretor de relações internacionais da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Carlos Sperotto, “se a Argentina seguir em frente com essa medida, será uma aberração no Mercosul”. Ele também acredita que, se o Brasil retaliar, o impacto é muito maior para os argentinos que para os brasileiros. “A Argentina vende trigo e milho para o Brasil na mesma época em que nossos produtores estão colhendo a safra. Temos trigo estocado aqui e continuamos importando deles”, disse Sperotto, que também é presidente da Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).
A matéria é de Raquel Landim, publicada no jornal O Estado de São Paulo, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.