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O agronegócio e o futuro do Brasil e dos agricultores frente às eleições

O processo eleitoral se aproxima com a maioria dos candidatos já definidos e outros também vindo a tomar seus espaços diante das alianças partidárias que vão sendo formadas. E nós, agricultores, pecuaristas e entidades classistas, temos algo a ver com isso?

Primeiramente antes de aprofundarmos o assunto a que nos inspirou o título deste artigo, vamos entender que o AGRONEGÓCIO é todo o complexo agropecuário de produção, sem distinção de espaço físico das propriedades, ou seja, se ela é agricultura familiar, agricultura de porte médio ou agricultura empresarial, pois é de nosso entendimento que cada uma delas possui a sua função dentro do tripé social – econômico – ambiental dentro e fora da porteira.

O processo eleitoral se aproxima com a maioria dos candidatos já definidos e outros também vindo a tomar seus espaços diante das alianças partidárias que vão sendo formadas. E nós, agricultores, pecuaristas e entidades classistas temos algo a ver com isso?

Como extensionista rural ouvi inúmeras vezes esta interrogação pelas andanças interior afora e, nos centros urbanos também. Será que não temos realmente nada a ver com esse processo, essa movimentação toda? Será que também não temos que ocupar o nosso espaço? Cabe a nós fazermos nossa interpretação e agir.

Quando ouço críticas a classe política, ao sistema político com que o país, estados ou municípios são geridos, penso comigo: tais críticas a problemas que ganham destaque na imprensa nacional, como escândalos nas diferentes esferas governamentais acontecem porque ainda há muito desinteresse de nossa parte pela política, pois pessoas de capacidade, pessoas que atuam na sociedade civil nas diferentes áreas são capazes de contribuir para acontecimentos melhoradores desta mesma sociedade.

No agronegócio tivemos ao longo dos anos grandes avanços e diga-se de passagem, em algumas regiões tais avanços “peitados” por arrojados agricultores que punham sua própria mão-de-obra e suas máquinas para poder ter acesso e escoar suas produções. Mas como podemos ver via TV, revistas e jornais ainda há gargalos que estrangulam o fluxo deste pujante de riquezas que vem do campo.

Só para lembrarmos, temos sérios problemas de logística, carência de assistência técnica pública e gratuita de qualidade e em quantidade suficiente para atender os agricultores, problemas portuários que causam prejuízos no bolso do agricultor, porque aquele navio que fica dias parado esperando para atracar no porto está gerando demurrage pelo tempo além do previsto no contrato de arrendamento. Não vamos ser ingênuos de acreditar que essa multa não é paga pelos agricultores, pois no final das contas esse valor sai sim da safra do próprio produtor rural.

Quanto ao crédito rural oficial, sabemos da burocracia para acessá-lo. Prova disso é que a cada Plano Safra é disponibilizado “X” valores e no final, após o balanço dos recursos captados, chega-se a conclusão que foi tomado por empréstimo para custeio e investimentos um teto menor do que foi disponibilizado.

Ainda, no outro ano o governo enche a boca para falar que está renegociando as dívidas para ajudar os agricultores. Ora, será que o agricultor precisa de ajuda? Se ele está renegociando as dívidas, algo está errado, ou o recurso está mal investido, ou houve frustração de safra ou o sistema creditício é falho. Independente do que acontece, o que não pode é o agricultor todo ano correr ao agente financeiro para apagar o incêndio de suas contas.

Neste sentido, podemos e devemos aproveitar o momento que a democracia nos oferece e participar do processo eleitoral com sugestões aos candidatos, cobranças de propostas sólidas capazes de serem realizadas (o candidato que tem 15 prioridades num determinado setor, ao mesmo tempo não possui nenhuma, pois perde o foco, não tem nada de concreto não tendo um plano enxuto com objetivos e metas).

Acreditem, nós agropecuaristas, cooperativistas, sindicatos rurais e entidades de classe, bem como profissionais ligados ao agro, temos “cancha” suficiente para darmos a nossa contribuição e poder cobrar depois.

O nosso futuro, o futuro de nossas próximas gerações, nossas empresas rurais e nosso país tem o seu destino traçado por nós mesmos. Tudo está em nossas mãos agora com o poder do voto.

0 Comments

  1. Evándro d. Sàmtos. disse:

    Muito bom!

    Desejo parabenizar o autor,senhor Nei Antônio Kukla.
    Porém,também desejo cobrar maior participação das associações,cooperativas e sindicatos já existentes,nos setores de abrangência do artigo.
    As atitudes destas entidades,bem como dos empresários,agro pecuaristas,no país é de uma pusilanimidade tamanha de causar estranheza.
    Estes,na maioria,jogam apenas para si mesmos.Este é sem duvidas o pior dos caminhos.
    E necessário,cada vez mais a união destas pessoas e entidades,as empresas bem constituídas e com looby bem montado junto e governos de políticos,de atitudes no mínimo duvidosas,para não falar outra coisa vão crescendo,agigantando-se,de forma vertiginosa com o dinheiro barato via BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL,entidade que também poderia mudar de nome,porque social passou longe.
    É verdade,as eleições estão ai,e até agora não encontro em nenhum dos candidatos,o candidato ideal.Até porque ideal utopia.
    Mas haveremos de ter cuidado para não premia-los com votos úteis.
    Pessoas com maior discernimento deveriam ter a preocupação de enganjare-se ,neste momento e buscar elucidar aqueles de maior dificuldade de entendimento,a fim podermos ter uma eleição mais equilibrada,para que o candidato que tenha o melhor projeto,que reúna as melhores condições de colocá-los em pratica,visto que muitas das promessas,são apenas promessas,outras promessas mal estudadas,outras bem estudadas,fundamentadas,mas que sem apoio político não vão para frente,e outros ainda porque o político em questão é fraco ou esta enfraquecido o suficiente para a maquina publicar emperrar este ou aquele projeto.
    Não vejo outro caminho,sobre tudo para os pecuaristas,a não ser se unirem em associações ou cooperativas,uma vez que sindicato no Brasil é sempre mais uma objeto de político,nada bem intencionados.
    Saudações,
    EVÁNDRO D. SÀMTOS.

  2. José Manuel de Mesquita disse:

    Prezado Nei Antônio Kukla,

    Não nos iludamos… nada há a fazer, está tudo dominado…

    Transcrevo abaixo, Título sobre matéria similar já publicado aqui mesmo no BeefPoint, em “22/02/2010 Reflexões para antes das eleições de 2010.
    Sem candidatos, para Presidente e Governador, identificados com os anseios e ideais de nós produtores, vejo como de grande importância nos preocuparmos com o Legislativo”, artigo do Sr. José da Rocha Cavalcanti.
    ———————————————————————————————
    Meus comentários feitos para o artigo do Sr. José da Rocha Cavalcanti cabem perfeitamente em seu artigo:

    Pois é… Sr. José da Rocha Cavalcante, o problema do tipo de educação e cultura que definiram para o país, se reflete no poder de discernimento dos futuros eleitores, turbinado diariamente pelos exemplos que nos chegam (por todos os meios de comunicação existentes) dados pelos poderes da república (executivo, legislativo ou judiciário).

    Olhemos somente o último grande escândalo: exemplo dado pelos acontecimentos em Brasília… O tipo de procedimento empregado, é o modelo utilizado por todos os partidos políticos que detém o governo, em qualquer cidade ou estado do Brasil.
    Tal sistema não foi inventado por quem “está governo” e sim por todos os governos anteriormente existentes (talvez desde D. Pedro I ou mesmo de seu Pai).

    Difícil encontrar pessoas comprometidas com o bem público (Educação, Saúde, Segurança) dentro de qualquer partido político hoje existente.
    Posso estar radicalizando, então, acredito que possa ser encontrado um ou outro cidadão com sólidos princípios republicanos, filiado a algum partido político, mas tal tipo de cidadão dificilmente encontrará vaga para se candidatar a qualquer cargo eletivo…

    Os partidos estão controlados por estruturas de poder instaladas há muito tempo, e seguem uma hierarquia militar: obediência cega aos “coronéis” que detem o controle sobre os delegados… e aí se inicia a prática de defesa dos próprios interesses…
    É impossível um cidadão comum, ter alguma chance dentro da estrutura partidária hoje existente…

    No final, votamos em quem eles nos permitem votar, não temos poder de escolha alguma, no máximo votar em um partido que até o momento ainda não votamos…

    Infelizmente também de nada adiantará, pois o funcionamento interno dos partidos é o mesmo, e a conduta de seus integrantes também… Veja o exemplo do PT (republicano ao extremo enquanto oposição, e igualmente voraz como todos os outros após a conquista do poder)

    Talvez se anulássemos nossos votos, pelo menos mostraríamos que não concordamos com nenhum dos candidatos a nós oferecido… independente da filiação partidária de cada um deles… É provável que também de nada adiante, mas pelo menos deixaremos registrado nosso protesto contra a forma de se fazer política empregada no Brasil…

    Ta tudo dominado…

  3. Nei Antonio Kukla disse:

    Prezado José Manuel de Mesquita
    Prezado Evándro d. Samtos:

    Acredito que ambos vcs são empresários do ramo pecuário e em seua comentários falam com grande conhecimento de causa, pois devem sentir na pele com suas empresas os problemas por nós enfrentados hoje no que diz respeito aos gargalos existentes (citados no artigo) para se conseguir produzir neste país. Somos grandes responsáveis pelo exuberante PIB nacional e a nós pouco, muito pouco é feito. Acredito que as palavras de vcs é o que pensam inúmeros agropecuaristas deste Brasil, de não querer nenhuma esmola governamental mas sim o devido respeito como geradores de riquezas.
    As associações e outras entidades devem sim participar mais do processo eleitoral, pois é dentro destas organizações que temos pessoas de quilate para nos representar frente aos Poderes existentes.
    O caminho é árduo, mas creio que a nossa participação, como o que está ocorrendo aqui neste “bate-papo” entre nós serve para amadurecermos idéias e deixarmos os “maus políticos” de barba de molho, por que estamos atentos e talvez eles possam ainda enganar alguns, mas estão sentindo, tenham certeza, a necessidade urgente de eles mudar seus discursos.