A China poderá aumentar suas importações de milho, oferecendo aos produtores rurais dos Estados Unidos a chance de obter maiores lucros, mas aumentando as chances de os produtores de carne do país, que usam o grão para alimentar os gados, terem que aumentar seus custos.
A China poderá aumentar suas importações de milho, oferecendo aos produtores rurais dos Estados Unidos a chance de obter maiores lucros, mas aumentando as chances de os produtores de carne do país, que usam o grão para alimentar os gados, terem que aumentar seus custos.
Os produtores dos Estados Unidos disseram que estavam receosos, mas esperançosos, com a possibilidade de fazer mais negócios com a China, que precisa de mais milho para alimentar seus rebanhos em expansão, que fornecem carne para sua crescente classe média. O presidente da Shanghai JC Intelligence Co. Ltd., que faz pesquisas de mercado, Hanver Li, estimou no mês passado que as importações de milho da China aumentariam de 1,7 milhões de toneladas esse ano para 15 milhões de toneladas em 2015.
A China tem sido relutante em importar milho. No entanto, as faltas de terra e água, combinadas com a resistência ao uso de equipamentos mecanizados, que poderiam eliminar empregos, têm dificultado para os produtores rurais chineses produzirem todo o milho que o país precisa.
Falando na reunião anual do Conselho de Grãos dos Estados Unidos em Boston, Li disse que a produção está sendo rapidamente ultrapassada pela crescente demanda dos chineses por carne, leite e ovos. “Chegamos a um momento decisivo. Chegamos à conclusão de que uma nova era da China importando milho começou”.
Isso significaria uma boa notícia aos agricultores norte-americanos, disse o diretor de análises econômicas da Associação Nacional de Produtores de Milho, Paul Bertels, mas acrescentou que ainda não é o momento de comemorar. Ele disse que seu ceticismo está relacionado com a história e com a inconsistência da China nas importações.
O Ministério da Agricultura da China não respondeu imediatamente às questões sobre a demanda do país por milho. Entretanto, a agência de planejamento econômico da China, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, disse que o país pode aumentar suas demandas por milho, acrescentando que as maiores importações eram devido aos crescentes preços domésticos.
Apesar disso, se as importações aumentarem como o previsto, a China desafiará o Japão como o maior importador de milho dos Estados Unidos, disse Bertels. O Japão importa cerca de 15 milhões de toneladas por ano. Os Estados Unidos também fixaram novos recordes de exportação, disse ele, passando 2008, quando foram exportadas 61 milhões de toneladas de milho.
Para suprir essa demanda na China, os produtores dos Estados Unidos teriam que expandir a produção de milho em 4 milhões de acres (1,6 milhão de hectares), disse o economista agrícola da Universidade de Illinois, Darrel Good. Mesmo com isso, os preços permaneceriam relativamente altos, pressionando os custos dos alimentos animais e, no final, os preços das carnes e ovos, disse ele.
O produtor de milho de Iowa, Julius Schaaf, disse que espera que as exportações para a China aumentem porque o Governo está agora enfatizando a segurança alimentar acima da auto-suficiência. Além disso, o país não vende mais o excedente de milho para os usuários industriais, como biocombustivel ou bioplástico, deixando esses consumidores precisando do milho dos Estados Unidos, disse Schaaf.
Os Estados Unidos produziram cerca de 13,2 bilhões de bushels de milho em 2009, com cerca de 2 bilhões de bushels exportados. Se as exportações não crescerem até 2,5 bilhões a 3 bilhões de bushels por ano, parte do milho ficará inutilizada devido à maior produtividade, disse Shcaaf.
O representante do Marubeni Research Institute, do Japão, Akio Shibata, disse que, embora os Estados Unidos provavelmente devam suprir as demandas da China por mais milho, o país terá que comprar de outras nações, como o Brasil. “Os preços globais do milho certamente aumentarão”.
O economista agrícola da Universidade do Estado de Kansas, Jay O’Neil, disse que a mudança da China de exportador de milho para importador pode levar a flutuações mais dramáticas nos preços, à medida que o mundo conta com menos países para fornecer milho. “Isso significa que existem menos países suprindo as demandas de um mundo crescente e o potencial de queda na produção é um risco maior para todos”.
A reportagem é do The Associated Press, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.