Mercado Físico da Vaca – 30/08/10
30 de agosto de 2010
Acompanhamento de abate: quem faz?
1 de setembro de 2010

Miguel Barbero, professor da USP e cirurgião do Instituto do Coração, fala sobre os benefícios da carne bovina

André Camargo conversa com Miguel Barbero Marcial, Professor Titular da Cirurgia Cardíaca Pediátrica e Membro do Conselho Diretor do Instituto do Coração Incor - HCFMUSP, sobre os benefícios da carne bovina para a saúde e a necessidade do consumo de uma dieta balanceada.

André Camargo conversa com Miguel Barbero Marcial, Professor Titular da Cirurgia Cardíaca Pediátrica e Membro do Conselho Diretor do Instituto do Coração Incor – HCFMUSP, sobre os benefícios da carne bovina para a saúde e a necessidade do consumo de uma dieta balanceada.

BeefPoint: Escutamos muitas discussões sobre a importância da dieta para a saúde. Como seria a dieta ideal e onde a carne se encaixa nela?

Miguel Barbero: Podemos entender a dieta ideal através do conceito de pirâmide. A pirâmide antiga, muito usada nos anos 90, praticamente copiava a dieta mediterrânea. Recentemente isso foi mudado e se criou uma nova pirâmide, podemos dizer que é a dieta colorida, que tem como base o consumo de cereais e vegetais e na qual foram incluídas as carnes em geral e até óleos saturados, que segundo estudos recentes são também importantes para a saúde.

O fundamental é que a dieta seja balanceada e não existam exageros. Não devemos nem tirar completamente a carne e nem comer carne demais. Comer um pouco de cada coisa traz benefícios para a saúde.

BeefPoint: Como o modo de preparo da carne pode influenciar na saúde?

Miguel Barbero: Recentemente foi descoberto que o excesso de cozimento da carne, por exemplo deixar a carne do churrasco muito tostada, produz substâncias que desencadeiam fatores cancerígenos. Ou seja esse equivoco no preparo pode causar o câncer ou doenças cardiovasculares.

Também é importante que a temperatura de cozimento não ultrapasse os 76ºC no centro da peça de carne, pois em temperaturas elevadas também são produzidos fatores maléficos para o organismo humano.

BeefPoint: Muitas pessoas defendem a substituição da carne bovina pela carne de frango ou pregam que o colesterol é o grande problema da carne bovina. O que é verdade e mito nessa questão?

Miguel Barbero: Por incrível que pareça os índices de colesterol da carne bovina são menores do que os da carne de frango. A quantidade de gordura também é menor.

Outro ponto interessante é que um pedaço de carne bovina magra nos satisfaz por muito mais tempo do que um pedaço de peixe, de frango ou de massa. Assim quando a pessoa deixa simplesmente de comer carne bovina e passa a comer outros alimentos em quantidade maior para se satisfazer ela acaba engordando e quando a pessoa engorda aparecem todos os problemas do mundo, isto é, diabetes, artroses, problema renal, etc.

Então uma dieta balanceada e com bastante exercício físico é sinônimo de uma vida saudável e longa e isso não é nenhuma novidade.

BeefPoint: E a dieta vegetariana? Ela pode trazer mais benefícios ou mais perigos?

Miguel Barbero: Está comprovado que a dieta vegetariana por um lado reduz problemas de coração, mas se compararmos esta dieta a uma dieta balanceada como descrevi, a balanceada é muito melhor.

A dieta vegetariana trás problemas, por isso o vegetariano puro precisa ser acompanhado por um médico, pois tem maior risco de ter anemia, acidente vascular cerebral, deficiência de vitaminas e ferro. Enfim podem aparecer problemas bastante sérios. Principalmente as crianças e as mulheres grávidas não podem adotar este tipo de dietas.

BeefPoint: Temos visto diversas organizações se pronunciando contra o consumo de carne bovina criando até campanhas como “Segunda-feira sem carne”. Como o senhor enxerga essas campanhas?

Miguel Barbero: Esse assunto é agravado por diversos fatores. Um deles é a falta de informação. Essas pessoas normalmente não tem informação sobre os benefícios que carne bovina pode gerar.

Outro fator é a questão ambiental, existem grandes empresas internacionais que querem manter sua hegemonia no comércio internacional, não querem importar carne brasileira e fazem um tipo de combate à carne brasileira através de leis ambientais querendo reduzir o espaço da carne brasileira. Isso não tem nada a ver com preservação ambiental, ou se tem é muito pouco. O mundo do norte é um desastre, praticamente não tem florestas preservadas, é praticamente um deserto, não existe mais nada. Não estou exagerando. Enquanto isso, nós que temos a maior floresta do mundo somos tão criticados.

Obviamente, esses interesses e a falta de informação criam essa opinião equivocada.

Mas como sempre a verdade não está nos extremos está no meio, então temos que buscar o balanceamento da alimentação e a manutenção do meio ambiente.

Nos EUA existe uma campanha “Farms here, forests there”, essa é a visão dos americanos. Com essa ideia eles ficam risco e nós não. Para evitar situações como esta precisamos buscar informações corretas e estarmos abertos a novos conhecimentos.

O desenvolvimento deste projeto só foi possível graças ao apoio da Allflex, In Vitro Brasil e Pioneer Sementes, que confiaram no trabalho da Equipe BeefPoint e viabilizaram a produção das entrevistas gravadas na Feicorte 2010.

4 Comments

  1. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Farms here, forest there & faça o que eu digo e não o que eu faço

  2. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Com todo respeito que devemos ao cirurgião que dedica sua vida à ciência e à saúde do coração das crianças, e mesmo concordando com o que respondeu a respeito da importância da carne bovina (para ser justo, deveria ter se referido às carnes vermelhas, de aves e pescados, mas entendo que quem formulava as perguntas era o Beefpoint), teria sido interessante esclarecer que nutrição humana não é o forte dos médicos em geral, nem mesmo dos cardiologistas. Claro que alguns médicos como o Dr. Barbero são muito bem informados sobre dietas equilibradas, mas poderiam esclarecer esse detalhe. Ainda mais importante que isso, na minha opinião, é a questão ambiental, que é muito séria para ser tratada de maneira superficial. Homens de ciência como o Dr. Barbero não podem ignorar todo o conhecimento acumulado sobre a necessidade de preservação dos recursos naturais só para agradar aqueles que nem precisam de estímulo para dar partida nas motosserras. Nem é preciso lembrar que a preservação da biodiversidade dará ao Brasil uma enorme vantagem na comercialização dos produtos da agropecuária no mercado internacional.

  3. renato amaral disse:

    Achei bastante interessante a entrevista com dr. miguel barbero e creio que seria de bom alvitre a divulgação de informações dessa qualidade com bastante intensidade, pois o que sempre ouvimos, e sempre de pessoas pouco informadas é de que o consumo da carne vermelha não é recomendável e que provoca vários problemas para a saúde humana.

  4. Ricardo Flores Bagolin disse:

    Bom dia pessoal.

    Normalmente não costumo emitir opiniões sobre os textos aqui publicados, mas hojeem especial, creio que defender pontos de vista nos faz mais interatos sobre o que acontece. Comer ou não comer carne vermelha (seja ela de boi, suíno, frango, ovelha, etc) é uma opção de cada um. Meu cardiologista defende que o consumo desta com gordura é prejudicial à saúde cardiaca e que pode acarretar em outros problemas mais graves pro futuro. Concordo em parte com ele pois tudo que é demais engorda ou mata. Mas me digam uma coisa… Será que um consumo de vegetais como soja, alface, tomate, maçãs que dependem de altas doses de venenos para poderem ser colhidos com eficiência não trazem maior quantidade de males do que o nosso sacrossanto churrasco de final de semana? Será que o óleo de soja não é mais prejudicial? Não tenho nada contra vegetarianismo, mas é só observarmos nossa anatomia digestória ( a começar por boca e dentição) que teremos mais um parâmetro de avaliação a respeito do consumo de carne ou vegetais.
    Parabéns ao autor da carta que elucidou algumas questões discutidas em prol de outras dietas não balanceadas que excluem a carne do cardápio em prol de vegetais não balanceados. Eu particularmente, vejo o óleo vegetal como maior vilão do que a carne vermelha.