Importância do custo de produção na pecuária de corte

Imagine uma conversa entre dois pecuaristas que vivem exclusivamente da atividade, com propriedades lindeiras e semelhantes em termos de tamanho e de características agronômicas. Um dos produtores se queixa que a pecuária de corte não é uma atividade rentável, que com os preços dos últimos anos não é possível sequer pagar as contas da atividade e que está tão desestimulado com o seu negócio que resolveu arrendar sua propriedade. O outro produtor concordou que a crise no setor é grande e os preços estão baixos, mas perguntou ao primeiro quanto ele queria pelo arrendamento da fazenda. Após ouvir a resposta, disse que tinha interesse no negócio mas queria um prazo até o dia seguinte para decidir. Indo para casa, pegou os dados do seu negócio, analisou o seu custo de produção, o quanto de dinheiro tinha disponível para investir, qual a rentabilidade do seu negócio e os dados de mercado para a sua atividade; comparou com outras aplicações que poderia fazer e decidiu arrendar a fazenda do seu vizinho.

Esta é uma historia fictícia, mas que ocorre diariamente nas mais diversas regiões do país. Sob as mesmas condições, um produtor não consegue rentabilidade do seu negócio, mesmo com terra própria, enquanto outro produtor consegue rentabilidade suficiente para pagar o arrendamento e ainda ter resultado da atividade. Fica a pergunta: o que diferencia estes dois produtores?

A resposta para esta pergunta é que motiva alguém a querer iniciar este curso, pois, apesar de compreender várias possíveis respostas, com certeza todas passam pela gestão do negócio. E é por isto que a administração rural ganhou tanta importância após a estabilização da economia. Em última instância são as pessoas que determinam o sucesso ou fracasso de um negócio.

Desde o começo da década de 90, com a abertura econômica do Brasil e a estabilização da economia e com a diminuição da intervenção do governo nos mercados agropecuários, a administração rural ou gestão das empresas rurais vem crescendo em importância e a palavra de ordem no setor é competitividade. Estas mudanças provocaram efeitos positivos e negativos, os quais podem ser ressaltados dependendo da ótica pela qual for analisado, mas o fato é que houve mudanças e quem não se adaptou ficou pelo caminho.

Uma das principais mudanças se deu com a percepção de que a atividade agropecuária deve ser administrada como uma empresa, mas que possui suas particularidades. Apesar disso, deve incorporar os indicadores de desempenho e de gestão que são utilizados nas empresas em geral.

Sendo assim, o produtor rural passou a ser chamado de empresário rural e, além da produção, passou a lidar com outras variáveis econômicas e financeiras, aumentando a complexidade do processo de tomada de decisão. Ao incorporar novas variáveis ao processo de tomada de decisão, aumenta a complexidade das decisões a serem tomadas e, paralelamente, aumenta a necessidade de informações para subsidiá-las. Nesta situação, muitas vezes ocorre de o gestor se concentrar nas decisões mais simples, gerenciais e operacionais, deixando de tomar ou adiando as decisões mais complexas, que são as estratégicas.

O nível de complexidade das decisões aumenta conforme se aproxima o pico da pirâmide assim como diminui o número de decisões a serem tomadas. As questões básicas do empresário rural: O que produzir? Como produzir? Quanto produzir? Quando produzir? Para quem produzir? São tomadas no nível estratégico e necessitam de amplo conhecimento da empresa e do ambiente em que a mesma está inserida para aumentar a probabilidade de sucesso.

Se gastamos tempo e dinheiro administrando os ativos físicos (terra, máquinas e insumos) porque não gastamos também tempo e dinheiro para analisarmos se estamos ganhando ou perdendo em nosso negócio?