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8 de novembro de 2010
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10 de novembro de 2010

USDA: mercados mundiais e comércio de carnes – Previsões para 2011

As exportações mundiais deverão aumentar, revertendo a tendência dos últimos anos. Entretanto, o crescimento no comércio mundial continua sendo restrito pelas ofertas escassas e restrições sanitárias. As importações em uma série de países deverão ser maiores, à medida que as ofertas domésticas são menores. Além disso, a contínua recuperação econômica deverá impulsionar as importações na Ásia. Entre os principais produtores, somente Brasil, Índia e México deverão expandir a produção de carne bovina. Entretanto, seu crescimento não excederá os declínios em outros países, resultando em outro ano de escassas ofertas globais previstas.


Elaboração BeefPoint.

Carne bovina

As exportações deverão aumentar, revertendo a tendência dos últimos anos. Entretanto, o crescimento no comércio mundial continua sendo restrito pelas ofertas escassas e restrições sanitárias. As importações em uma série de países deverão ser maiores, à medida que as ofertas domésticas são menores. Além disso, a contínua recuperação econômica deverá impulsionar as importações na Ásia.

Tabela 1. Comércio de carne bovina e de vitelo dos principais comerciantes e dos EUA (1000 toneladas equivalente peso-carcaça)


Elaboração BeefPoint.

Carne bovina e de vitelo: previsões gerais sobre rebanhos

Entre os principais exportadores de carne bovina, uma significante expansão no rebanho é prevista somente no Brasil (3%), Austrália (2%) e Argentina (2%) em 2011, com ganhos moderados na Nova Zelândia (1%) e Uruguai (1%). O total dos rebanhos globais aumentará à medida que ganhos significantes nesses importantes mercados excederão declínios moderados em muitos, mas não todos, os outros países. Os principais importadores de carne bovina, com exceção da Coreia do Sul, deverão continuar sua tendência de longo prazo de declínio nos rebanhos bovinos.


Elaboração BeefPoint.


Elaboração BeefPoint.

América do sul

A expansão histórica nos rebanhos da América do Sul continua sendo liderada pelo Brasil e pela Colômbia, que pesaram mais do que as recentes contrações na Argentina e na Venezuela. Durante a última década, o rebanho bovino brasileiro expandiu-se para suportar a maior demanda doméstica e de exportação. Entretanto, o declínio nas exportações à União Europeia (UE) em 2008, do qual o Brasil ainda precisa se recuperar, e as reduções nos envios para a Rússia têm impactado na demanda por carne bovina e a taxa de aumento na produção de bezerros desacelerou.


Elaboração BeefPoint.

Os atuais e esperados preços firmes do gado deverão encorajar os produtores da Argentina a começar a reconstruir seus rebanhos, que foram reduzidos, em 2011. Apesar de as atuais previsões serem de um aumento na produção de bezerros, os menores estoques iniciais e a retenção de vacas contribuirão para uma queda nos abates, que reduzirão as ofertas para o mercado de exportação e para o consumo doméstico em 2011.

Embora condições climáticas mais normais tenham retornado, políticas governamentais continuam a reduzir investimentos no setor, cortando uma expansão mais forte. A Argentina começou 2010 com estoques bem menores após uma reduzida safra de bezerros e maiores abates em 2009 devido à seca (que perpetuou as contínuas altas taxas de abates de vacas) e as políticas governamentais (que desestimularam investimentos). A alta lucratividade das colheitas agrícolas resultou uma conversão de milhares de hectares de pastagem durante os últimos cinco anos e, consequentemente, a produção em confinamentos expandiu para, atualmente, representar cerca de 40% dos abates. Entretanto, os menores retornos esperados devido à capacidade não utilizada e um aumento nos pesos mínimos de abate exigidos pelo Governo, além do término dos subsídios, deverão impactar adversamente na produção em estabelecimentos de engorda comerciais em 2011.


Elaboração BeefPoint.

Oceania

Austrália e Nova Zelândia estão se recuperando da seca apoiando a maior produção de bovinos.

Os rebanhos na Nova Zelândia deverão aumentar após um declínio no ano anterior. As fortes previsões de preços de lácteos e carne bovina em 2010 deverão suportar retornos aos produtores, levando a uma maior retenção do rebanho de cria.

Similarmente, as previsões para a indústria australiana de bovinos têm sido consideravelmente transformadas devido às melhores condições climáticas registradas durante o ano até agora. As fortes chuvas melhoraram dramaticamente a umidade do solo e as condições de pastagens, bem como os níveis de armazenamento de água. Desde que retornaram condições climáticas mais normais, já foi registrado um aumento nos estoques de bovinos. Aumentos nos estoques finais para 2010 e 2011 foram previstos, à medida que os produtores retiveram animais do abate para propostas de cria. Essa retenção pressionará os abates e, consequentemente, a produção de carne bovina e as exportações; ainda que um pouco restrito por maiores pesos devido às melhores condições. Os estoques finais para 2011 serão os mais altos desde 1977.

América do norte

Os estoques dos Estados Unidos deverão declinar novamente em 2011. O rebanho do país vem declinando desde 2007 e os maiores abates de vacas somados à menor retenção de rebanho para cria têm evitado a expansão.

Apesar da previsão de que os abates de vacas deverão declinar em 2011, atuais incentivos para colocar novilhas em estabelecimentos de engorda ao invés de retê-las para cria deverão impedir o crescimento da produção de bezerros em 2011.

Os estoques de bovinos deverão declinar para 92 milhões de cabeças até o final de 2011. Continuando a tendência de queda dos últimos anos, o rebanho canadense deverá terminar 2011 com menos animais devido ao menor número de vacas de corte e a uma retenção relativamente menor de novilhas. A safra de bezerros deverá declinar pelo sexto ano consecutivo.

Outros importantes exportadores de carne bovina

O rebanho da Índia permanecerá relativamente estável em 2011, apesar dos abates marginalmente maiores, devido à crescente produção de bezerros à medida que os produtores mantêm as vacas na produção de leite.

A produção leiteira é o principal direcionador do setor pecuário e sua crescente escassez de produtos lácteos está estimulando o crescimento em médio prazo dos estoques de bovinos e búfalos.

Produção mundial virtualmente sem mudanças; marcada por menores ofertas

Entre os principais produtores, somente Brasil, Índia e México deverão expandir a produção de carne bovina. Entretanto, seu crescimento, de 2% a 3%, não excederá os declínios em outros países, resultando em outro ano de escassas ofertas globais previstas. Para muitos dos principais produtores, os menores rebanhos deverão reduzir os abates, resultando em uma produção menor ou sem mudanças de carne bovina.

Uma previsão de aumento nos abates e tendência em direção a maiores pesos deverá aumentar a produção do Brasil. O País, assim como a Índia, é um dos poucos com rebanhos em expansão disponível para abate. Ambos são também países que têm uma forte e/ou crescente demanda doméstica, embora em 2011, as exportações representarão 19% a 25% da produção, respectivamente.

Nos casos dos Estados Unidos (maior produtor de carne bovina do mundo) e Canadá, o declínio nos rebanhos e nas safras de bezerros durante os últimos anos deverá resultar em menor quantidade de animais disponíveis para abate. As importações de bovinos nos Estados Unidos também deverão ser menores, o que reduzirá os abates. Entretanto, a produção mexicana, direcionada por uma recuperação no consumo, não excederá as quedas de estoques em outros países do NAFTA.

Na Oceania, a produção deverá ser menor devido ao declínio nos abates na Austrália e na Nova Zelândia, combinado com menores pesos médios de carcaças esperados, à medida que a composição dos abates de bovinos muda.

Os maiores custos dos alimentos animais e a lenta recuperação da economia da União Europeia (UE) deverão manter a produção sem mudanças. Similarmente, os altos custos dos alimentos animais e outros insumos continuarão prejudicando a produção chinesa. A seca e os elevados custos/escassez de alimentos animais também deverão restringir a produção russa.

A produção no Japão deverá se manter relativamente estável devido a uma taxa levemente menor de abates pela fraca demanda por carne bovina doméstica, de maior preço, em uma economia de lenta recuperação. O surto de febre aftosa em Miyazaki não terá nenhum impacto significante no próximo ano.

A produção na Coreia deverá ser significantemente maior, em 11%. Os preços do gado Hanwoo vivo deverão continuar declinando, apesar de estarem ainda altos comparados com 2008 e a maioria de 2009. Os preços do gado doméstico estão baixos à medida que as incertezas econômicas impactam no consumo, a confiança na carne bovina importada é alta e o setor de carnes em restaurantes desacelerou. Em resposta aos menores preços, os abates deverão ser maiores à medida que os produtores reduzem os estoques. Apesar do aumento esperado nos abates, os estoques finais de bovinos serão maiores devido ao forte crescimento na produção de bezerros.

Comércio: demanda maior, mas escassas ofertas exportáveis limitam o crescimento

As exportações em 2011 deverão aumentar em 2%, revertendo a tendência de baixa dos últimos anos. A demanda está, de forma geral, aumentando levemente na maioria dos principais mercados, mas está limitada pelas baixas ofertas exportáveis, altos preços e restrições por questões sanitárias.

Importações

O consumo na Coreia deverá aumentar, gerando oportunidades para importações, mas os altos preços domésticos e internacionais deverão prejudicar maiores crescimentos. A contínua recuperação econômica está forçando os consumidores a aumentar o consumo de cortes importados. Os preços locais da carne bovina no varejo estão de forma geral duas a duas vezes e meia mais caros do que os da carne bovina importada, o que deverá favorecer a demanda por carne importada.

Além disso, preocupações sobre a carne bovina importada dos Estados Unidos se dissiparam, com os Estados Unidos atualmente mantendo cerca de 30% do mercado. A implementação do sistema de rastreabilidade e de requerimentos estritos de rotulagem do país de origem em restaurantes, bem como na comercialização, tem ajudado a restaurar a confiança dos consumidores nos produtos importados.

Com o consumo no Japão e a produção doméstica devendo se manter sem mudanças, pouco crescimento nas importações é previsto. O aumento pode ser em grande parte capturado pela Austrália devido, em parte, a seus preços competitivos. As ofertas dos Estados Unidos estão limitadas pelas restrições impostas pelo Japão à idade do gado devido à Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) ou doença da “vaca louca”.

Devido à redução na produção, importações levemente maiores são necessárias para manter o consumo russo, que deverá se manter abaixo do nível de 2008. Os envios deverão exceder a cota sujeita à tarifa.

Com a produção devendo declinar e o forte dólar em comparação ao dólar dos Estados Unidos, as importações do Canadá deverão ser maiores. Entretanto, as importações mexicanas deverão ser menores, à medida que a maior produção excederá levemente o maior consumo. O declínio na produção dos Estados Unidos e a recuperação econômica pressionarão as importações para cima, apesar de severamente limitadas pelas escassas ofertas da Oceania e do Canadá.

As importações da Venezuela permanecem fortes e deverão aumentar levemente à medida que a produção continua declinando, ainda que a uma taxa mais lenta. A insegurança pessoal e legal, a alta inflação (dos custos dos insumos), os baixos preços controlados das carnes e os menores investimentos limitam a produção. Consequentemente, as carnes importadas representam cerca de um terço das ofertas domésticas. Isso não inclui as importações de gado vivo, que representam cerca de dois terços dos abates domésticos. Assim, a carne importada e o gado importado são responsáveis por cerca de 75% das ofertas de carne da Venezuela. Como resultado, mesmo pequenas mudanças no consumo, relações bilaterais e preços podem ter um impacto significante na previsão de importação.

As importações iranianas, principalmente do Brasil apesar de também terem algumas pequenas compras da Índia, mais que dobraram em 2010. O crescimento em 2011 deverá ser relativamente pequeno, com um consumo modestamente maior. As importações estão aumentando não devido à menor produção, mas sim, como resultado de um maior consumo.

As importações do Egito deverão continuar crescendo, à medida que a melhora na economia estimula o consumo de carnes a retornar a expandir e a produção doméstica é incapaz de acompanhar. Os maiores preços da carne bovina estimularam abates de bovinos em 2010, reduzindo as ofertas de gado disponíveis para abate, que não serão substituídos por maiores importações de gado vivo. Apesar de os consumidores preferirem carne bovina a outras carnes, eles também preferem carne fresca doméstica. Entretanto, como grande parte é consumida em pratos estilo cozido, o preço é frequentemente um fator direcionador nas decisões de compras. Além disso, os consumidores de menor renda estão mais dispostos a consumir carne bovina congelada importada.

Mesmo com a produção de carne bovina da União Europeia (UE) declinando um pouco, as importações não mudarão, pois estão limitadas pelas escassas ofertas dos maiores comerciantes e pelo fraco Euro. Os maiores preços domésticos e a recessão levaram a uma redução, com o consumo sendo substituído para cortes mais baratos, como carne moída, e carnes alternativas, como frango.

Exportações

Como resultado dos declínios na produção em muitos dos principais exportadores, somente o Brasil e, em uma extensão bem menor, Índia, Paraguai e Uruguai, têm ofertas disponíveis para expandir as exportações.

O Brasil deverá aumentar as exportações em 8%, beneficiando-se de pequenos aumentos em uma ampla faixa e países, incluindo UE, Egito, Rússia e Venezuela. Como o único importante comerciante com maiores ofertas disponíveis, o País pode capturar o aumento da demanda em grande parte do mundo, bem como se beneficiar das ofertas estáveis ou menores de importantes comerciantes, como a Argentina.

As situações do Paraguai e do Uruguai são paralelas, mas com rebanhos substancialmente menores que não são capazes de aumentar os envios de forma tão significante. As exportações da Índia deverão ser levemente maiores em 2011, mas estão limitadas em grande parte pelo acesso restrito a mercados, comparado com a América do Sul, e também por exportar carne de búfalo, comparado com a tradicional carne bovina.

Os Estados Unidos, com uma produção significantemente reduzida (2%), deverão apresentar seu primeiro declínio nas exportações desde 2004. Entretanto, as exportações como parte da produção, permanecerão em cerca de 9%. As exportações para a Ásia deverão se manter fortes.

Embora as exportações australianas devam se manter sem mudanças, os envios aos principais mercados asiáticos permanecerão no mesmo nível ou em um nível maior. As exportações da Nova Zelândia deverão cair devido às menores ofertas, provavelmente resultando em menores envios ao Japão e Coreia, apesar dos maiores envios aos Estados Unidos.

As exportações do Canadá deverão apresentar um modesto aumento de 1%, à medida que as menores ofertas nos Estados Unidos, somadas com a recuperação econômica, demanda resistente na Ásia e altos preços mundiais suportam o maior comércio. Entretanto, a menor produção de carne e o forte dólar poderão prejudicar sua vantagem comparativa.

Tabela 2. Sumário de carne bovina e de vitelo em países selecionados – 1000 toneladas (equivalente peso-carcaça)


Elaboração BeefPoint.

Tabela 3. Sumário de bovinos vivos em países selecionados – 1000 cabeças


Elaboração BeefPoint.

Tabela 4. Consumo per capita de carne bovina e de vitelo em países selecionados – Kg por pessoa


Elaboração BeefPoint.

Fonte: Livestock and Poultry: World Markets and Trade, Foreign Agricultural Service/USDA (http://www.fas.usda.gov/dlp/circular/2010/livestock_poultryfull101510.pdf), traduzido e adaptado pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. francisco abrao disse:

    parabens pelo artigo!, o que o mercado esta dizendo hoje è que economias mundiais estao em recuperacao ,aumentando o consumo de carnes,e que este aumento tera que ser suprido pelos paises da america do sul, especialmente o brasil,teremos uns anos bons para a pecuaria!, abraco.

  2. Luiz Rodolfo Riccelli Galante disse:

    A arroba do boi passando dos R$110,00. Será que volta para uns 90,00 em 2011?
    O pecuarista aceita inúmeras altas, mas não suporta uma baixa. Será que é nossa tradição de não planejar as coisas, talvez porque aqui a gente não tenha inverno de -20ºC?

    A Argentina que, convenhamos, entende tudo de carne, e é o maior consumidor per capita do mundo. Tá voltando devagar, mas quem é o maior frigorífico por lá hoje? JBS. (não preciso falar mais nada, né)

    Pessoal, desejo sorte aos produtores de frango que, pelo visto, estes sim mais organizados, num ambiente mais competitivo, de ciclo curtíssimo, vão se dar muito bem em 2011.

  3. Luciano Guimaraes disse:

    Parabéns pelo artigo. se não tivermos problemas de ordem política ou sanitária, com certeza teremos bons anos pela frente. quando o agronegócio vai bem, o país como um todo também vai.