JBS e Dantas disputam fazenda de Wagner Canhedo

Dois grandes grupos da área de agronegócios, o JBS-Friboi e a Fazenda Santa Bárbara, do empresário Daniel Dantas, disputam a compra da Fazenda Piratininga, do empresário Wagner Canhedo, ex-dono da falida Vasp. As ofertas apresentadas ontem não foram aceitas, mas hoje são esperadas novas propostas dos interessados.

Nas propostas apresentadas à juíza do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, Elisa Maria Secco Andreoni, o grupo Santa Elisa ofereceu R$ 214 milhões e o JBS, R$ 200 milhões. Como a fazenda é avaliada em R$ 615 milhões, os sindicatos dos aeroviários e dos aeronautas, que representam os cerca de 8 mil trabalhadores que serão beneficiados pela venda, não aceitaram.

“Nossa meta é de no mínimo R$ 300 milhões”, disse o advogado do Sindicato dos Aeroviários do Estado de São Paulo, Francisco Gonçalves Martins. “Os valores apresentados são irrisórios, diante do valor do bem.” Segundo ele, as duas partes, ou mesmo outros interessados, poderão apresentar novas ofertas até as 17h30 de hoje.

Caso nenhum grupo faça uma oferta melhor, os sindicatos e a juíza Elisa vão definir os próximos passos do processo que se arrasta há mais de cinco anos. Os advogados poderão pedir a nomeação de um administrador para a fazenda que poderia facilitar as negociações para uma nova tentativa de venda.

Leilão anulado

A Fazenda Piratininga, em São Miguel do Araguaia (GO), tem 130 mil hectares e foi a leilão para pagamento de dívidas trabalhistas da Vasp que chegam a R$ 1,5 bilhão, segundo cálculos dos advogados que representam os ex-funcionários da companhia.

No leilão realizado no dia 24 de novembro, o empresário Francisco Gerval Garcia Vivone, dono de um desconhecido grupo agropecuário denominado Conagro, arrematou o imóvel pelo valor mínimo estabelecido pela Justiça, de R$ 430 milhões.

Dois dias depois, ele sustou o cheque dado como entrada, no valor de R$ 63,5 milhões. O leilão foi cancelado e a juíza optou por nova tentativa de venda por meio de propostas a serem entregues ao TRT até ontem, quando os envelopes foram abertos.

Por causa de sua atitude, Vivone está sendo investigado pelo Ministério Público Federal e pela Superintendência da Polícia Federal, a pedido da juíza Elisa. A Justiça também determinou a quebra dos sigilos bancários do empresário, de sua sócia Andrea Cristina Nalim Garcia e das empresas coligadas ao grupo, como Conagro Investment LLP e AFGV Participações Ltda. Na data do bloqueio, não havia mais do que R$ 1,4 mil nas contas.

A fazenda Piratininga tem duas casas principais, piscinas, garagem para barcos, pomar, igreja, salão de festas, clube, quadras e um estádio de futebol. Tem ainda pista de pouso, hangares, duas fábricas de pré-moldados e 70 mil cabeças de gado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.