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O bom tamanho da bovinocultura de corte brasileira

No terceiro quadrimestre, como resposta às ameaças externas e internas, a bovinocultura brasileira apresentou o tamanho ideal para atender a demanda de carne. A estatística oficial de 2009 aponta para 205 milhões de bovinos, dos quais 22 milhões são vacas leiteiras em ordenha. Contudo a estatística não informa quantos são animais exclusivos para abate. Dessa forma, intui-se que o gado de corte com diferentes idades não alcance 170 milhões de cabeças. Mas a imprensa também considera vacas matrizes e animais ao pé como sendo boi pronto para abate. Ao falsear acabam afirmando que no Brasil existe um boi para cada habitante. Os consumidores de carne são ainda mais confundidos com notícias de departamentos e organizações que, avessos a bovinocultura nacional, propõem mudanças nos índices de produtividade sem conhecer o verdadeiro tamanho do rebanho de corte. Mas o papel mais importante no controle da oferta de animais prontos foi a forma inteligente de efetuar a terminação no coxo.

No terceiro quadrimestre, como resposta às ameaças externas e internas, a bovinocultura brasileira apresentou o tamanho ideal para atender a demanda de carne. A estatística oficial de 2009 aponta para 205 milhões de cabeças de bovinos, dos quais 22 milhões são vacas leiteiras em ordenha. Contudo, dos 183 milhões restantes, a estatística não informa quantos são animais exclusivos para abate. Para obter o número exato, falta saber do quantitativo leiteiro: quantas são as vacas secas e as fêmeas jovens. Dessa forma, intui-se que o gado de corte com diferentes idades, incluindo matrizes de corte (vacas secas e fêmeas com bezerros ao pé), não alcance 170 milhões de cabeças. Mas a imprensa também considera vacas matrizes e animais ao pé como sendo boi pronto para abate. Ao falsear acabam afirmando que no Brasil existe um boi para cada habitante. Os consumidores de carne são ainda mais confundidos com notícias de departamentos e organizações que, avessos a bovinocultura nacional, propõem mudanças nos índices de produtividade sem conhecer o verdadeiro tamanho do rebanho de corte.

Mas o papel mais importante no controle da oferta de animais prontos foi a forma inteligente de efetuar a terminação no coxo, no terceiro quadrimestre de 2010.

Espera-se agora que o setor de criação de animais faça pequenos ajustes, sem abarrotar o mercado com animais jovens, evitando um novo ciclo de desvalorização nos preços dos bovinos. O mercado externo se aprumará com o padrão brasileiro de carne e não ao contrário. O meio ambiente deve incluir sistemas produtivos, como o pastoril, associados ás áreas de florestas por exigência interna e nunca por submissão às normas internacionais. E isso também é valido para a segurança alimentar. O ideal é criar um padrão nacional de carne bovina para ofertar a todos os mercados, sem negociar detalhes com o importador, que faz jogo de cena para adquirir por preços menores.

Ressalta-se que a criação de bezerros para corte deverá ser ajustada de maneira comedida, para não ocasionar superoferta. A aposta, no momento, está nessa fase com o fim de estabilizar os preços em certo patamar, remunerando o trabalho e a propriedade e não somente suprindo os custos de produção. Assim sendo, a solução seria ensejar poupança de capital e aumentar a capacidade de investimento para todas as fases do ciclo produtivo de bovinos de corte.

Como a demanda não deve sofrer grandes oscilações, o real está valorizado, a tributação está muito elevada e há falta de elasticidade econômica do preço da carne, não se deve aumentar o grau tecnológico e nem fomentar a intensificação produtiva. Exemplo disso é a alta nos preços dos fertilizantes e das sementes. Com isso, por certo período, deve ser protelado o seu uso nas pastagens e quem estiver programando usar adubo ou renovar os pastos, deve primeiro observar se o mercado do boi se manterá nos patamares atuais.

O projeto do código florestal do deputado Moacir Micheletto merece atenção se, quando aprovado, causar dificuldade no campo. Como resposta, o produtor deve protelar, por até três meses, a recomposição do estoque em cada venda, resguardado as possibilidades e as liberdades individuais. O projeto de lei que recebe o nome do relator, e que na introdução faz uma apologia doutrinária ideológica sem necessidade, deve ser revisto pelo produtor rural e substituído, no congresso, por outro realmente inserido no atual contexto. Ações como essas são necessárias para podermos continuar produzindo carne e, ao mesmo tempo, mantermos o tamanho do rebanho de bovinos de corte no Brasil.

0 Comments

  1. Ricardo Cauduro disse:

    Abraço e parabéns ao amigo Celso Gaudencio pela
    perfeita “Leitura”de todo o contesto da pecuária nacional,
    que passa por um momento muito bom para se adequar
    a realidade tanto interna quanto externa em relação a
    oferta e demanda. Tambem vejo a ocasião semelhante
    ao ocorrido ao da agricultura da década de 90 onde se
    iniciou a tecnificação e a profissionalização deste setor
    do agronegócio brasileiro cujos resultados “de produtividade”
    estamos vendo sendo superandos dia a dia.
    Att.
    Ricardo Cauduro.

  2. celso de almeida gaudencio disse:

    Ricardo Cauduro com certeza a década de 90 foi fulgurante. Mas tudo iniciou na reestruturação do Ministério da Agricultura em 1934 (até hoje estão em vigor normas criadas nos sete meses do ministro que revolucionou tudo). Onde se criou o fundo de pesquisa, com qual se instalou as estações experimentais, trabalhei em duas delas. A bovinocultura brasileira em 1961 já era a segunda do mundo. Em 1964 instalava experimentos de soja, onde não havia nenhuma cultura com essa espécie. Em 1973 estudei orientado por professor do departamento de genética, criado pelo evolucionista Dobzhanski (Evolução é a mudança na composição genética de uma população). Com a criação do sistema de pesquisa da Embrapa em 1974, dentro o enfoque sistêmico, tudo tomou vulto e os ecossistemas rurais, com a criação da soja com período juvenil longo adaptado as baixas latitudes, prosperou culminando na década de 90.