Neste início de ano, diversas manchetes comunicaram que os alimentos foram os vilões da inflação de 2010. A sociedade que leu essas notícias tendeu imediatamente a culpar os produtores rurais, agroindústrias e indústrias de alimentos pela valorização desses produtos. Na verdade, o agricultor atuou justamente do lado oposto, pois controlou a inflação.
Neste início de ano, diversas manchetes comunicaram que os alimentos foram os vilões da inflação de 2010. A sociedade que leu essas notícias tendeu imediatamente a culpar os produtores rurais, agroindústrias e indústrias de alimentos pela valorização desses produtos.
Na verdade, o agricultor atuou justamente do lado oposto, pois controlou a inflação. A época é de crise alimentar (preços mundiais recordes) por diversos fatores já discutidos e até antecipados há mais de dois anos. Os produtos da agricultura finalmente se valorizaram e nós, como grandes exportadores, estamos nos beneficiando economicamente desse valor, dessa renda gerada. E o mundo cada vez mais reconhece o Brasil como “fornecedor mundial de alimentos”.
As produções do horticultor dos cinturões das cidades, do citricultor de São Paulo, do produtor de frangos e suínos em Santa Catarina, de grãos na Bahia, de arroz no Rio Grande do Sul, de frutas e cana no Nordeste, de papel e celulose no Mato Grosso do Sul, e de gado no Tocantins, entre outros, ajudaram a segurar a inflação.
Nossos produtores de alimentos abasteceram o mercado brasileiro, competiram com os produtos importados que invadiram as gôndolas devido ao real valorizado e, ao proporcionarem uma exportação recorde de US$ 76 bilhões, permitiram grande ingresso de recursos no país.
A receita com exportações atuou como força propulsora da valorização do real, que ajuda no controle da inflação. Alguém poderia calcular quanto seria a inflação sem a presença do agronegócio?
Então, de salvador da pátria, o agronegócio passou a ser o vilão de 2010.
Esse caso é um exemplo de que a comunicação com os mais diversos públicos-alvo é a batalha deste século.
O agronegócio -tirando uma ou outra boa ação das associações, sindicatos e outras organizações- não se comunica adequadamente. A imagem do setor na sociedade não representa seu grande trabalho e êxito.
É preciso romper a passividade. Comunicar-se com as novas gerações, que são mais sensíveis às causas ambientais, sociais, da inclusão e da tolerância, usando as novas formas de mídia digital, que é o que elas assistem.
Produtores rurais e industriais também devem fazer programas de relacionamento com palestras em escolas, organizar programas de visitas para as crianças nas fábricas e nas fazendas.
São muitas as ações necessárias para mostrar à sociedade brasileira o valor do agronegócio na geração de exportações, de empregos, de impostos, no controle da inflação, e mostrar que é o setor mais respeitado do Brasil no exterior.
É necessário o esforço de todos para reverter essa imagem do agronegócio.
O artigo foi publicado inicialmente no jornal Folha de São Paulo.
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Prezado Prof. Marcus:
Felizmente alguém decidiu fazer um contraponto ao noticiário referido, inverídico e injurioso ao produtor rural brasileiro. Inclusive nós, modestamente, começamos uma ação visando esclarecer a sociedade. Há poucos dias, nos jornais aqui de Porto Alegre apareceu uma notícia falando da alta da inflação e referindo que em 2010 o arroz teve um aumento de preço da ordem de 19,2% e seria, juntamente com outros produtos agrícolas, o vilão da inflação! Absurdo, ignorância, má-fé, ou tudo junto, pois no período em questão o preço do arroz caiu muito abaixo dos custos de produção calculados pelo IRGA – Instituto Riograndense do Arroz e do próprio preço mínimo. Hoje, em Dom Pedrito,RS a saca de 50 kg está sendo negociada na base de R$21,50. Na verdade, uma das explicações para tudo isto, pode ser o comprometimento da grande imprensa que não tem interesse em apontar os que ficam com a grande fatia dos lucros da atividade rural e que, obviamente, não são os produtores. Assim, concordo integralmente que devamos buscar por todas as maneiras esclarecer a sociedade urbana. Desta forma, reitero meus parabéns pela manifestação.
Tem um ditado que representa bem esta situação; ” Não podemos matar o veado, nem deixar a onça com fome. “
É claro que o controle da inflação é supra importante, e que os preços de alimentos devem ser monitorados.
Más é tão quanto importante, que os produtores tenham suas rendas mínimas garantidas.
O governo,provavelmente , não está fazendo sua parte. Os produtores e os consumidores, estão expostos às ações dos ; especuladores, industriais,comerciantes, entre outros que se colocam no meio da produção e do consumo. Fazendo com que os preços tenham influências de acordo com fatores que não dependem do produtor.
Resumindo; O produtor deveria ter direito à preços mínimos. Pelo outro lado, o consumidor poderia estar protegido, por estoques reguladores.
Acredito que somente esta ferramenta, poderá amenizar a volatilidade dos preços dos alimentos.
Futuramente,poderia se pensar em controle de áreas de produção e estímulos quando forem necessários.
Não esquecendo do que o professor marcos salientou, a comunicação é por nossa parte.
Abraço.