O Brasil poderá assumir a vacinação dos países do Cone Sul onde a febre aftosa ainda é problema. O assunto será discutido no próximo dia 28, em Buenos Aires, durante a reunião do Comitê Veterinário Permanente do Conselho Agropecuário do Sul. Discute-se no governo um projeto de ampliação das ações brasileiras junto aos dois países. A proposta é apoiada pelo setor produtivo e as indústrias nacionais já estariam aptas a atender a essa demanda adicional.
Nos últimos anos, o Brasil investiu R$ 1,5 milhão para o controle da doença na fronteira com o Paraguai e a Bolívia. No entanto, os recentes casos de aftosa nesses países, no mês passado, preocuparam o setor produtivo quanto a uma ação mais efetiva no combate à doença. Atualmente, o País doa vacinas apenas para a fronteira.
O projeto para a erradicação da febre aftosa nesses dois países demandaria investimentos anuais de US$ 10 milhões. A proposta, discutida no Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (Mapa), é que parte desse valor seja aplicado pelo Brasil em vacinação, na realização de inquéritos soroepidemiológicos e na organização da estrutura veterinária dos vizinhos do Cone Sul.
“O valor é pequeno perto das perdas incalculáveis que o Brasil teria com a volta da aftosa”, disse o diretor do Departamento de Defesa Animal do ministério, João Mauad Cavallero. Ele acredita que em três anos, com os investimentos, a doença seria eliminada, uma vez que o plantel da Bolívia e do Paraguai é pequeno, próximo de 15 milhões.
O ministério fez uma consulta ao Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan) sobre a possibilidade de o Brasil assumir a vacinação dos demais países. Pelos cálculos da indústria, a capacidade atual de produção, 500 milhões de doses, seria suficiente para os três países. Além disso, estima-se que este ano haverá um estoque de passagem de 80 milhões de doses. “É salutar que o Brasil estude a possibilidade de cobrir a vacinação dos demais países”, avaliou o presidente do Sindan, Emílio Salani.
No Cone Sul, apenas o Chile é livre da enfermidade sem vacinação. Uruguai, Argentina e parte do Brasil são considerados livres com vacinação. A Bolívia só tem uma região declarada sem a doença e o Paraguai perdeu o status.
Na avaliação da coordenadora do departamento técnico da Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul), Teresa Correa da Costa, um dos problemas enfrentados pelo País é o calendário de vacinação do Paraguai, que não segue o brasileiro. Em acordo, as etapas de imunização devem seguir as do Circuito Pecuário Centro-Oeste.
A Bolívia já acompanha o calendário nacional. Para o presidente do Fórum Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, um dos pontos vulneráveis do Brasil é a fronteira seca próximo aos estados do Acre e Rondônia, que ainda precisariam melhorar nos controles e cadastramento.
O diretor do Centro Panamericano de Febre Aftosa (Panaftosa), Eduardo Correa Melo, disse que os principais problemas enfrentados pelos países do Cone Sul são a reorganização da atenção veterinária local, com a participação do setor privado e o fortalecimento dos programas de fronteira. “É importante a estreita colaboração entre os serviços oficiais dos países e o intercâmbio de informações”.
“É natural que ocorram episódios, mas a solução é o Brasil incorporar a vacinação dos demais países”, avaliou o secretário-executivo do Fundo Emergencial de Combate à Febre Aftosa de Mato Grosso (Fefa/MT), Antônio Carvalho de Sousa. Para Nogueira, enquanto o governo brasileiro não der apoio maciço em conjunto com os demais e a iniciativa privada, não vai conseguir erradicar a doença no Hemisfério Sul.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Neila Baldi), adaptado por Equipe BeefPoint
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A análise econômica da sanidade é algo que deve extrapolar os países. Gostei muito da possibilidade do Brasil participar da vacinação no Paraguai, acho que o Brasil irá pelo caminho certo se pensar assim.
Duas questões são fundamentais para futuras posições que visam manter e fortalecer o status sanitário dos nossos estados e país: Solidificar as estruturas de defesa agropecuária nos estados e eliminar o vírus no Continente. Pois, alcançar o status sanitário foi muito difícil, para mantê-lo é preciso competência.
Apoiamos iniciativas como estas e o Paraná, com ceteza, estará junto no que for possível.
Obrigado
Um forte abraço