Um dos principais desafios é que, por um lado, os pecuaristas deverão quebrar seus paradigmas, principalmente os relacionados ao conceito extrativista e começar a acreditar nos técnicos e na tecnologia, e nós técnicos e pesquisadores, por outro, temos que demonstrar que eficiência e economicidade podem caminhar junto, para que a lucratividade seja da cadeia produtiva e não concentrada e setorizada. A agricultura optou pela precisão na produção há alguns anos, enquanto que a pecuária continua imprecisa, ou seja, teremos que acreditar que a zootecnia de precisão deva ser adotada e que a qualidade não necessariamente representará em aumentos de custos da atividade. Manejo de pasto, programa de melhoramento genético e boa gestão, provavelmente serão a diferença para os pecuaristas empreendedores.
Entrevistamos Mário De Beni Arrigoni, perguntando sobre o que ele pensa dos principais desafios da pecuária de corte e o que deve ser feito para garantir o sucesso da atividade. Ele é zootecnista pela UNESP, possui mestrado em Nutrição Animal e Pastagem pela ESALQ-USP e doutorado em Zootecnia pela UNESP. Atualmente é professor adjunto (livre docente) de Nutrição Animal do Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal da FMVZ, Câmpus de Botucatu/UNESP e Coordenador Executivo (Diretor) da Unidade Experimental – Curso de Zootecnia- Unesp- Dracena-SP(2005-2013). Mário participará do Curso Online Produção de Gado de Corte: conceitos técnicos e econômicos, como convidado especial, participando das conferências Online.
BeefPoint: Em sua opinião quais os principais desafios para a pecuária de corte atualmente?
Mário De Beni Arrigoni: Um dos principais é que, por um lado, os pecuaristas deverão quebrar seus paradigmas, principalmente os relacionados ao conceito extrativista e começar a acreditar nos técnicos e na tecnologia, e nós técnicos e pesquisadores, por outro, temos que demonstrar que eficiência e economicidade podem caminhar junto, para que a lucratividade seja da cadeia produtiva e não concentrada e setorizada. O desafio do setor continuará sendo o cumprimento da lição básica de melhorar os índices zootécnicos acreditando que significará bons resultados econômicos. Outro desafio é continuar sobrevivendo em uma atividade sem representação política séria, o que repercutiria em melhores apoios e aberturas de mercados.
BeefPoint: Qual a importância de se compreender as fases produtivas da pecuária de corte?
Mário De Beni Arrigoni: Fundamental para que tenhamos o real diagnóstico dos custos de produção e horizontes de investimentos. De qualquer forma, as tomadas de decisões para a implantação de projetos de qualidade utilizam como pano de fundo o preço do boi gordo, mas as fases são interdependentes e podem auxiliar nas tomadas de decisão, pois seus resultados podem diagnosticar os potenciais reais de cada propriedade. Por exemplo: podemos ter propriedades que com manejos adequados podem produzir o ciclo completo, outras, só recria, ou somente cria, dependendo de cada região e seu histórico com a agricultura.
BeefPoint: Que impactos produtivos o manejo adequado em cada fase pode gerar?
Mário De Beni Arrigoni: A redução a idade ao primeiro parto e todos os índices que compõem a eficiência reprodutiva. A recria, encurtá-la e dependendo das propriedades (alimento e genética) eliminá-la fazendo cria-engorda. Na terminação acreditar que o confinamento é mais uma ferramenta para a produção de animais a pasto.
BeefPoint: Na sua opinião quais são as principais frentes que o pecuarista deve atuar para aumentar sua produtividade?
Mário De Beni Arrigoni: Duas frentes: genética e correção “histórica do solo e do pasto”, uma vez que a extração secular não foi se quer parcialmente reposta até os dias atuais, portanto manejo de pasto, programa de melhoramento genético e boa gestão, provavelmente serão a diferença para os pecuaristas empreendedores.
BeefPoint: Muito tem se discutido em relação à melhoria na gestão da propriedade. Na sua opinião quais são os principais índices que devem ser acompanhados pelos pecuaristas?
Mário De Beni Arrigoni: Costumamos manifestar que a agricultura optou pela precisão na produção há alguns anos, enquanto que a pecuária continua imprecisa, ou seja, teremos que acreditar que a zootecnia de precisão deva ser adotada e que a qualidade não necessariamente representará em aumentos de custos da atividade. Uma boa gestão, além de englobar todas as atividades de rotina, responde e responderá pelo planejamento minucioso e com capricho em cada dia do ano, o que engloba desde a compra de materiais rotineiros de consumo até a simulação de retornos com aquisição de equipamentos sofisticados e precisos, que provavelmente se pagarão em curto espaço de tempo pela economia que propiciarão. A gestão terá que ter os pés no hoje e os olhos no futuro para qualquer decisão tomada, tendo as estratégias de mercado futuro e riscos de investimentos bem domados, utilizando os resultados históricos da propriedade.
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Grande prof. Mário…uma visão diferenciada e eficaz da cadeia produtiva !!
parabens!
grande abraço!