Até o fim do ano, o governo deve finalizar o projeto do Sistema Nacional de Classificação de Carcaças Bovinas. Elaborada por técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a proposta está sendo analisada por representantes da câmara setorial da Cadeia Produtiva da Carne Bovina e deve passar a vigorar em 2004.
De acordo com o projeto, o setor terá de seguir critérios definidos por uma portaria, que vai classificar as carcaças dos animais abatidos segundo a qualidade da carne.
Na região de Uberlândia (MG), a possibilidade de aprovação da medida anima os produtores ligados ao Núcleo do Novilho Precoce. A entidade há mais de cinco anos utiliza um programa semelhante ao de classificação de carcaças proposto pelo governo na hora de negociar com frigoríficos e redes varejistas. O produtor ligado ao núcleo recebe uma bonificação, que em alguns contratos pode ser superior a 3% sobre o valor da arroba cotado no mercado.
Ontem (04) pecuaristas da região reuniram-se para o primeiro Simpósio Sobre Classificação e Tipificação de Carcaça do Triângulo Mineiro. O diretor do Núcleo, André Galassi Gargalhone, defendeu a publicação da portaria do Mapa. “Temos que nos adequar e fornecer ao consumidor interno e externo todas as informações que ele deseja”.
Independentemente da determinação do governo, Gargalhone advertiu que, para o Brasil continuar ampliando as exportações, é preciso investir continuamente na melhoria do setor. A classificação da carcaça, aliada a um programa de rastreabilidade, vai dar aos consumidores mais segurança na hora de consumir a carne produzida no País. Na ponta da cadeia, o produtor, segundo ele, também será beneficiado com a valorização do produto.
O pecuarista que quiser evitar prejuízos terá que se adequar às novas exigências do mercado, de acordo com o professor e médico veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Marcos Dias Moreira. Com mudanças simples no manejo dos animais, ele acredita que os pecuaristas poderão evitar prejuízos e conseguir classificações melhores para as carcaças de seus animais. “Não considero a medida excludente, pelo contrário, o pecuarista que trabalhar direito e se adequar aos padrões de qualidade poderá ser bonificado pela indústria”, justificou.
O cenário para pecuária de corte nacional pode ser beneficiado ainda mais com a definição de critérios para a classificação de carcaças. A medida, na opinião do diretor da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Nelson Pineda, resultará em incentivo econômico na produção de carne. “As propriedades preocupadas em produzir animais de qualidade vão ter seus produtos mais valorizados. Acredito que, com a aplicação desse novo sistema, os frigoríficos passarão a pagar mais pela carcaça de maior qualidade”.
Fonte: Jornal Correio/Uberlândia (por Rafael Godoi), adaptado por Equipe BeefPoint