Mercado Físico da Vaca – 12/04/11
12 de abril de 2011
Módulos mínimos de produção – custos da produção de gado de corte em pasto
14 de abril de 2011

Por que os frigoríficos estão “quebrando”?

Esta pergunta já vem me intrigando faz algum tempo. Nos últimos 3 anos, pelo menos uma dúzia de grupos de portes médio e grande que atuam no setor carne bovina entraram com pedidos de recuperação judicial ou "RJ", indicando que enfrentavam complicada situação financeira e impossibilidade de continuar com suas operações normalmente. Não sou defensor da indústria frigorífica tampouco me posiciono aqui como representante de qualquer classe de pecuaristas, ruralistas ou qualquer coisa parecida. Também não tenho intenção alguma de apontar defeitos, nem fazer prognósticos. Não sou especialista, analista, nem nada. Na verdade, sou um entusiasta da cadeia produtiva da carne bovina, admirador de sua complexidade e importância. O que quero mesmo é tentar entender os motivos e obter respostas para a pergunta acima. Queria tentar ir além da "versão oficial", da "nota na imprensa" ou das explicações que toda "RJ" de frigorífico traz.

Esta pergunta já vem me intrigando faz algum tempo. Nos últimos 3 anos, pelo menos uma dúzia de grupos de portes médio e grande que atuam no setor carne bovina entraram com pedidos de recuperação judicial ou “RJ”, indicando que enfrentavam complicada situação financeira e impossibilidade de continuar com suas operações normalmente.

Não sou defensor da indústria frigorífica tampouco me posiciono aqui como representante de qualquer classe de pecuaristas, ruralistas ou qualquer coisa parecida.

Também não tenho intenção alguma de apontar defeitos, nem fazer prognósticos. Não sou especialista, analista, nem nada. Na verdade, sou um entusiasta da cadeia produtiva da carne bovina, admirador de sua complexidade e importância. O que quero mesmo é tentar entender os motivos e obter respostas para a pergunta acima. Queria tentar ir além da “versão oficial”, da “nota na imprensa” ou das explicações que toda “RJ” de frigorífico traz.

Os frigoríficos, como nós sabemos, sempre foram uma caixinha de surpresas no Brasil. O tradicional setor de abatedouros frigoríficos, que apesar do tamanho e importância que tem na economia brasileira, fora sempre tachado pela ilegalidade, informalidade, falta de transparência, amadorismo, etc. Há alguns anos passa por um agudo processo de profissionalização e este na minha opinião é o principal motivo que responde a pergunta que coloquei como título deste post. Vocês concordam?

Antes de analisar os argumentos das explicações oficiais usados pela maioria das empresas do setor para justificar a situação, vamos esclarecer alguns fatos.

Somos os maiores fornecedores de carne bovina de qualidade e barata do mundo. Temos, seguramente, os menores custos mundiais de produção de carne bovina da “porteira pra dentro”. Nosso mercado interno é enorme e apresenta um do maiores consumos per capita de carne bovina no planeta. Os parque industriais são em sua maioria modernos, os CDs bem alocados e a força de trabalho capacitada. As barreiras de entrada no negócio são altas e o governo está razoavelmente promovendo esforços através de desonerações fiscais e outros mecanismos para equilibrar as forças do setor.

Dito isso, podemos destacar nos próximos parágrafos, alguns pontos levantados por várias empresas do setor para justificar a situação financeira complicada em que se encontram. Apesar de não ter tido acesso a todos os comunicados, eles são quase que na totalidade, generalistas e não apontam motivos específicos, salvos alguns casos, como por exemplo o último que li do Frigorífico Mataboi, de Araguari, MG, que apontou o fechamento de uma linha de crédito em um banco particular como um dos motivos para escassez no seu capital de giro.

“O mercado é competitivo e pulverizado, as margens do setor são baixíssimas.”

Concordo. Tudo bem, tenta-se resolver isso com aumento de escala, o que na verdade é o que foi feito pela maioria dos grandes players do setor. Mas ainda assim, muitos deles tombaram.

“A oferta de gado para abate, de uns anos pra cá foi diminuindo consideravelmente.”

Também verdade. Os preços da @ do boi, por anos depreciada, levaram a substituição da pecuária pelo cultivo da cana-de-açucar em áreas tradicionais de engorda devido a rentabilidade mais elevada. E causaram também as migrações dos rebanhos para áreas periféricas, mais distantes dos mercados consumidores. Porém, as plantas industriais migraram juntamente com os rebanhos. É forte a presença de grandes grupos do setor em todos os pontos de grande concentração de rebanhos de engorda no país. É fato também que muitos se endividaram nesta corrida por ocupação territorial.

“Devido a última crise financeira mundial, o crédito, praticamente secou.”

Nas expansões de suas capacidades produtivas, mercados e busca por ocupação territorial, as empresas, quase todas muito alavancadas, esqueceram-se de incluir em seus planejamentos duas coisas. Primeira e óbvia, que a “fonte de recursos um dia poderia secar.” Como secou. E segundo, e a que acho particularmente mais grave, que os custos dos serviços das dívidas contraídas estavam acima da capacidade de suas operações comerciais suportarem. É notório que a atividade de abate de bovinos e venda de carne, simplesmente não fecha a conta, como vai suportar pagar juros pra isso ainda.

“Com a estratégia de apoiar a criação de corporações globais, o governo brasileiro, apoiou financeiramente, através de empréstimos subsidiados pelo seu banco de fomento, algumas empresas em detrimento a outras.”

Sim, isso de fato ocorreu fortemente. Grandes somas foram injetadas em alguma empresas do setor, com o objetivo de promover o crescimento das mesmas e torna-las grandes players mundiais no negócio da carne. Sob este ponto de vista, a estratégia deu certo, alguns frigoríficos brasileiros dominam a produção e os mercados mundiais de proteína animal. Vale ressaltar também que estes grupos estavam, do ponto de vista organizacional, maduros e muito bem preparados para suportar o crescimento e contaram também com outros mecanismos de funding, como a abertura de capital, além dos oficiais.

Não irei me alongar muito, mas, como se pode notar, as afirmações contidas nos comunicados tiveram impacto em todo o setor, não foram pontuais, nem localizadas neste ou naquele grupo. As empresas que estavam mais expostas sofreram mais rapidamente e de forma mais aguda, outras sofreram de forma moderada e algumas ainda estão sofrendo. Eu ainda acho bem provável que a lista de empresas do setor envolvidas em recuperações judiciais vai crescer, daqui a pouco, os frigoríficos menores e de nichos específicos talvez comecem a ocupar vagas nesta lista.

O fato é que, como escrevi no inicio do texto, o setor atravessa uma fase de reestruturação e profissionalização. Talvez parecido com o que alguns setores da indústria brasileira passaram há algumas décadas atrás. Isso é um movimento sem volta, uma seleção natural de empresas e organizações. É por isso que volto a afirmar, que, para mim, apesar de todos os pontos citados acima como responsáveis pelos problemas financeiros das empresas, o maior motivador foi a má-gestão. Isso fez e faz a diferença. Eu disse má-gestão e não má-fé. Os grupos do setor que estão envolvidos em recuperações judiciais sempre foram tradicionais e tem históricos muito positivos de anos e anos no negócio da carne. Com certeza irão se recuperar e voltar as atividades assim que for possível. A lição que fica, ao meu ver, é que agora deverão entrar mais preparados, para uma nova realidade, que veio para ficar.

0 Comments

  1. Carlos Henrique Ribeiro Do Prado disse:

    Na verdade sua analise ficou incompleta , pois deve haver uma relação lucrativa entre a compra do animal vivo e a venda de seus produtos desmanchados . OA diferença do preço da carne entre o frigorifico e o supermercado é absurda , chega a passar de 100 por cento , e nenhum frigorifico tem como enfrentar empresas como CARREFOUR , PÃO DE AÇUCAR , WALL MART , etc . Se os frigorificos fossem menores e a venda de carnw fosse mais direcionada a pequenos açougues a relação de mercado seria mais favoravel ao frigorifico e ao produtor .Todos os fornecedores das grandes redes de supermercado tem dificuldade de negociação .Carlos Henrique

  2. Julio Cesar dos Santos disse:

    Prezado Otávio, voce pode nao ser um expert no setor e atividade, mas certamente é um bom observador, com elevada capacidade de diagnóstico. Concordo com suas argumentações e conclusão para as histórias mais recentes (até pela idade da lei de recuperação judicial, uma versão mais atualizada para o antigo instituto da concordata), mas certamente os casos de ´concordatas`, quebradeiras e outras tramóias típicas desse segmento tiveram origem em tudo que foi dito acima, porém o tempero principal foi má fé, informalidade e desvios que permitiram que muitos ficassem ricos na pessoa física e as empresas frigoríficas e fornecedores quebrados ou em muito más condiçoes financeiras.

    Aliás já que foi citado o Mata Boi de Araguari, conviria ouvir os mais antigos dessa bela cidade do Triângulo Mineiro para conhecer a sucessão de tramóias de frigoríficos locais. E já que voce estará por perto, não custa dar um pulo em Uberlândia, Ituiutaba e se não cansar muito vá seguindo as histórias que vão lhe contando pelo caminho.

    Portanto, foi um grande favor o governo ter selecionado uns privilegiados (com dinheiro público, taxas de juros bem adequadas ao negócio, que espero retorne aos cofres do BNDES e isso por si só já terá sido um grande marco na história moderna do setor no Brasil) com o objetivo de possibilitar essa modernização da indústria, que se tornaram companhias abertas, sujeitas às normas do orgãos reguladores, inicialmente aqui e logo logo no mercado americano. O mais difícil será encontrar o caminho de reduzir a informalidade do lado da cadeia fornecedora – incrível como muitos ainda gostam de fazer negócios com a indústria que ainda persiste assim operando. E já que existe, é porque há espaço também, SOBRETUDO, no pequeno varejo(que ainda domina grande parte desse negócio), para a continuidade de tamanha informalidade.

    Supresas? Absolutamente!

    Abraços e parabéns pela iniciativa do comentário e conclusões.
    JCS

  3. carlos massotti disse:

    Muito facil explicar – mesmo com todos os frigorficos que estao “fora de combate”, a capacidade ociosa da industria frigorifica ainda é de incriveis 40% (quarenta) -ora como pode uma industria pagar seus custos fixos e obter um minimo lucro com uma capacidade ociosa desta?

    Mas na há milagre que faca isto acontecer!!

    Imagine entao quanto era a capacidade ociosa antes do fechamento de todos as que se foram – é o que tenho dito – a capacidade de abate da industria frigorifica cresceu exponencialmente nos ultimos anos enquanto a oferta de bois diminuia – resultado nao há boi para todo mundo – por isto o preco do boi acabou ficando um dos mais caros do mundo -e para uma industria ter lucro existem 2 possibilidades – ou vende o produto final mais caro ou compra a materia prima mais barata – o que absolutamente nao está acontecendo por enquanto – o mercado está completamente distorcido – culpa dos frigorifricos? Claro e evidente que sim! – Sem duvida nenhuma!!Erraram e muito e estao pagando bem caro por isto –

    e nao existe formula para arrumar o que desarrumaram nos ultimos 10/15 anos – temos é que 1) esperar que o plantel cresca o suficiente para equilibrar a oferta e procura de materia prima (vai levar algum tempo algum tempo talvez 3 ou 4 anos??) boa pergunta..se alguem puder me responder agradeceria!!

    .ou reduzir a capacidade ociosa…..como? com o fechamento de mais plantas frigorificas -se a capacidade ociosa é realmente de 40% entao mais umas 10 plantas terao que fechar (ou serem fechadas)

    Pois hoje praticamente todos os frigorificos operam no vermelho – quem aí se habilita a prever qual das duas alternativas acima vira em primeiro?

  4. Mario Wolf Filho disse:

    Realmente é intrigante este assunto de quebra de grupos de Empresas Frigorificas. Mais um ponto de fundamental importância seria a garantia de recebimento pelo produtor, garantia real como carta de fiança junto as inst. finançeiras com uma conta rotativa onde fosse segurado a garnatia de recebimento pelo produtor, como isto seria feito, uma das opsões seria os proprietarios do frigorifico penhorar algum bem para a inst. finançeira. Insto ja faria a atividade ficar com pessoas mais responsaveis no setor, pois normalmente quando se entra em R J o capital do pecuarista ja fica servindo como capital de giro para o empresario irresponsavel, pois quem fica com o pprejuizo normalmente é o pecuarista, o empresario normalmente continua com sua vida particular normal, o mal administrador é o unico benficiado com a RJ.
    Outro assuto que normalmente quem fica com a parte maior do lucro dentro da cadeia é o mercado varegista como melhor distribuir este lucro seria outro desafio que melhoraria a saude finançeira da cadeia.

  5. eduardo ramalho disse:

    Caro Sr. Otavio,

    Acho interessante o sr. tentar entender uma cadeia tão complexa como a cadeia da carne bovina.Veja bem todos os pontos abordados pelo sr. estão relativamente corretos na interpretação,a questão do rebanho,concorrencia,baixas margens do setor,informalidade.
    Acho importante ressaltar que não vejo diminuição do credito a não ser aquela imposta pelo produtor,imenssamente cheio de razão em função das RJs,sendo que no resto do mercado financeiro nos ultimos tres anos, vimos uma forte expansão do credito ao contrario do que pensa.
    Vejo como a grande marca desse processo de RJs realmente a interferencia financeira indiscriminada do banco governamental em poucos grupos do setor que em menos de cinco anos cresceram ,com materia em revistas de renome,5000% a 8.000%,isso em detrimento de outros que nada cresceram ou quebraram.
    Gostaria de abordar alguns pontos para finalisar.
    Hoje para se construir uma industria frigorifica de grande porte (600 UA/DIA ) custa em torno de R$ 50.000.000,00 .Vide inclusive ter no mercado industria desse porte sem uso a venda por esse valor.Sendo assim como pode o banco de fomento viabilisar recursos acima de R$ 15.000.000.000,00 (bilhoes) para dois ou tres grupos ,o que daria para construir 300 plantas frigorificas ,e ser dono de apenas 15 a 30 % de cada grupo aportado.Isso na minha modesta opinião fere o setor causando desequilibrio financeiro,froçando essas empresas aportadas a abrirem mercados para a venda do seu produtos e compra de suas meterias primas .Consequentemente elevando o preço do BOI e insumos na cadeia produtiva e destruindo as margens de lucro na venda de seus produtos .
    Veja se qualquer empresario do setor alimenticio onde se pratica baixas margens de lucro ,tiver que crescer 5000% em poucos anos ,o que tera que fazer ?
    Pagar melhor para conseguir fazer escala em detrimento do seus concorrentes e principalmente vender mais barato(destruir mercados) senão como conseguira vender tantos produtos.Ate hoje eu não veja nenhum consumidor ou supermercadista comprar o coxão mole ,patinho,alcatra,ou qualquer outro corte da marca X ou Y estamos falando de commodite sendo assim a unica possibilidade de se crescer tanto assim e ofertando mais numa ponta da cadeia e vendendo por menos na outra ponta .
    Exatamente o que a meu ver ocorreu no setor destruindo o mercado de carne bovina!!!
    Veja em outros setores de proteina animal (aves e suinos ) não ocorreu a mesma destruição de mercado ,compoucas empresas recorrendo a RJ,pois se opera com margens positivas ,inclusive com os grupos patrocinados pelo banco de fomento tentando entrar no segmento.
    Espero que não destruam esse setor tambem.
    Essa é uma discussão muito complexa mas esse é o meu sentimento.
    Como conselho no momento acho que o produtor deva vender somente a vista pois se mais alguem quebrar ,que so sobre para os patrocinadores publicos de credito.
    ´´quem compra a vista não vende com prejuizo,consequentemente não prejudica o mercado”

  6. ROBERTO SCHROEDER disse:

    Faz muitos anos que eu vejo a mesma história se repetir. Os frigoríficos, por razões inúmeras, acabam quebrando e deixando de pagar os produtores que forneceram os bois. Depois, fica-se buscando as explicações para a quebra. Concordo com o Otávio, que a causa maior da quebra é a má gestão. Mas as outras causa citadas acima não tem o menor fundamento.
    Mercado pulverizado???? Mais pulverizado que a produção é impossível, quantos produtores de boi existem? O que os frigoríficos querem, monopólio?
    Oferta de gado para abate diminuindo???? Como, se o número de abates segue crescendo. Será que se abate menos bovinos no Brasil hoje, do que a 10 anos atrás.
    Falta de crédito, para o que? Para capital de giro? Compra-se boi a prazo. O crédito só serve para expansão ou pra quem inicia a atividade. Se foi por falta de crédito que quebraram, então a quebra era inevitável, mesmo com crédito, só levaria mais tempo.
    Quanto a questão do crédito governamental para poucos, este rumor é tão forte, que parece ser verdade. Quem se beneficia com isto? Temos hoje o preço do boi mais alto da história, chegando próximo dos valores pagos na Europa. Na Inglaterra, o boi bateu nas 3 libras por quilo de carcaça (“deadweight R4L steer price for Great Britain stood at 302.5p/kg”, http://www.thebeefsite.com) em média, ou R$ 8,10 por kg de carcaça, aprox. R$ 121,00 p/@. Na Australia, o boi vale em torno de 4 dólares australianos o quilo de carcaça (“410.25¢/kg cwt” http://www.thebeefsite.com), o que equivale a R$ 98,00 p/@, aproximadamente. Se meus cálculos não estão errados, por quanto tempo seremos competitivos? Será que esta injeção de recursos do BNDES pode ser responsável por este aumento de preço? Será este preço sustentável??
    Espero que sim, com o boi valorizado, o benefício atinge a um maior número de envolvidos na cadeia produtiva. Até, porque não adianta baixar o preço do boi, que a carne não baixa no supermercado.

  7. francisco eduardo de queiroz pereira calças disse:

    é dificil recuperar, os juros bancarios são muito altos,impagavel, vão ficar os que tem respaldo do bnds, e que não vão pagar, sómente rolar as dívidas

  8. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Capacidade instalada de abate maior que a oferta de animais acabados aliado a endividamento alto justamente decorrente desta ampliação exagerada gera disputa comercial entre os frigoríficos, tanto na compra dos bois / vacas gordos como na venda da carne, e redução de margens. No final alguns não suportam. Se alguém mais além dos frigoríficos que entraram nesta politica de expansão acelerada errou foram as instituições financeiras que concederam crédito para implantar esta estratégia. Melhor seria se o crédito tivesse sido concedido também a expansão da produção no campo.

  9. Otávio Hernandez Juliato disse:

    Prezado Carlos Henrique Ribeiro Do Prado,

    Realmente, a análise não contempla os subprodutos bovinos, que são regidos por suas próprias leis de oferta e demanda. O foco foi a carne, devido a sua representatividade de mais de 80% nos custos e receitas do boi. Se adicionarmos os demais subprodutos nesta conta, garanto a você que ela pode até fechar, mas dificilmente a ponto de remunerar de maneira justa o capital empregado e ainda mais o de terceiros (juros). O fato é que a conclusão do artigo, a má-gestão, inclui também a gestão comercial, justamente este ponto que você citou. É muito complicada a situação dos frigoríficos que precisam escoar parte ou quase toda sua produção no mercado interno via cadeias varejistas cada vez mais fortes e com maior poder de barganha. É uma situação complexa de ser analisada, se por um lado as redes varejistas representam garantia de pagamento em dia e compra de grandes volumes, por outro, elas achatam as margens da indústria e derrubam sua rentabilidade. Encontrar o equilíbrio, na carteira de clientes, a fim de garantir margens e volumes adequados ao negócio é um dos principais desafios de gestão das áreas comerciais das empresas, especificamente dos frigoríficos.

    Obrigado pela contribuição.
    Abraço.

  10. Otávio Hernandez Juliato disse:

    Prezado Júlio Cesar dos Santos,

    Obrigado pela contribuição e comentários.

    Já ouvimos muitas estórias a respeito da má utilização dos mecanismos de concordata e RJ no Brasil e por que não no mundo. Prefiro acreditar que as empresas, de maneira geral, os utilizam para o bem de todos os envolvidos e não simplesmente seu próprio, mas não nego que existam exceções e muitas, é uma pena.
    Dos pontos que você citou em sua carta, gosto muito de bater em um específico, o da informalidade. Concordo com você, este é um ponto que precisa ser corrigido na cadeia produtiva, embora o governo venha fazendo esforços nestes últimos anos via desonerações fiscais e etc. O problema é geral e não restrito aos fornecedores, existe todo uma via informal, literalmente do pasto ao prato, que escoa grande parte da produção nacional de carne bovina, infelizmente.

    Obrigado mais uma vez pela participação.

    Abraço.

  11. Evándro d. Sàmtos. disse:

    Caro senhor Otávio Hernandez Juliato,

    O setor de abates de bovinos é muito cheio de nuances,e situações impares.

    Concordo e discordo com o senhor quanto à profissionalização do setor,por um lado é verdade e foi bem vinda. Mas por outro lado,do ponto de vista comercial,em particular,o que ocorreu foi um verdadeiro desmonte.

    Vamos às contas: pessoa capacitada vende agregando e defendendo agregação com muito mais facilidade do quem não conhece nada,ou quase sobre o que esta vendendo.Então se em uma carreta (26.000 quilos) de cortes primários,um frigorífico perder em médio R$0,10,e em um dia,apenas,este frigorífico carrega e vende 7 carretas,o prejuízo é de R$ 18.200,00 por dia.Então em 25 dias úteis este frigorífico perde R$ 455.000,00.

    Se este mesmo frigorífico desossar 700 bois dia e perder em negociações pré maturas,ou ainda imaturas,R$0,25 em média por quilo desossado por dia,este frigorífico vai perder,ou deixar de ganhar por dia R$ 59.062,50. E por mês,considerando 25 dias úteis,o montante de R$ R$ 1.476.562,50.

    Ou seja um frigorífico que abate 1.440 animais dia perde,ou deixa de ganhar,em média, facilmente por mês R$ 1.931.562,50.

    Sabemos ainda que a crise em nosso setor inciou-se em 2.005,ano da aftosa em MS.

    Outro problema endêmico em nosso setor,é que os frigoríficos priorizavam apenas as exportações que davam acesso as tais ACCs,ou seja dividas roladas via adiantamentos de créditos de exportação.

    Ou seja,faz de contas que eu estou bem,que eu faço de contas que estou.

    Entre 2.006,2.008 e ainda parte de 2.009 o país virou um canteiro de obras,em todo o Brasil construíam-se frigoríficos.Outros mais apressadinhos e com dinheiro fácil e barato,tanto dentro do Brasil,mais principalmente nos exteriores,compravam e pagavam valores astronômicos por planta que na maioria das vezes não valiam aquilo que pediam,e pior,aquilo que pagavam.

    Neste ínterin,víamos os abates de fêmeas chegar a mais de 50% do volume total dos abates no Brasil,e sabemos bois não parem.

    Víamos também a insatisfação dos fazendeiros pecuaristas,víamos o governo incentivando o setor alcooleiro,víamos a incessante busca por alternativas de energias renováveis que pudessem fazer nossos carros se locomoverem:Mamona,algodão,milho,sebo de boi,e outro…

    A terra foi ficando disputada,e agora alguns dizem que para aumentar o plantel é necessário desmatar,discordo em numero,gênero e grau.Que ampliem semi confinado,confinando,melhorando a genética,melhorando as conformidades e acabamento dos animais.

    O digníssimo BNDEs em tempos de governo Petista alçou apenas algumas poucas empresas em detrimento de varias outras,e teve quem se utilizou deste dinheiro para fazer DUMPING de mercado,e muitos sabem disso,e não sei,não entendo porque não comentam tal fato.

    A crise mundial atrapalhou,por o capital se tronou muito mais caro,muito menos acessível,as dividas antes baratas tornaram-se caras,as especulações em dólares levaram muitos a banca rota,caso emblemático SADIA,dentre outros…

    O setor de abates bovinos é muito alavancado,e sempre foi.

    Importante dizer,quanto maior a capacidade de determinado frigorífico mais alavancado ele necessita ser,maior o risco intrínseco ele proporciona a todos,bancos,investidores,pecuaristas,trabalhadores e fornecedores em geral.

    Quando o BNDEs fomentou apenas alguns,o fez em interesse apenas de alguns,do próprio governo (leia-se,alguns políticos com interesses duvidosos),de alguns lobistas e mais meia dúzia,amigos do rei. Os frigoríficos não eleitos pelo BNDEs e acercas de plantão,queriam de todas as formas sobreviver,não queriam entregar suas “obras” aos eleitos canibalistas.
    Ai deu no que deu.

    Com a passar do tempo,e visto a crise internacional,alguns países deixaram de importar nossas carnes,por vários motivos: a crise e a falta de dinheiro circulando nestes países,os valores apreciados de nossas,isto porque nossas @s estavam e estão sobre apreciadas,especuladas,assim como todas as commodities mundo afora,existem commodities de papel para tudo que é gosto.

    Houve,então,a necessidade de vender grande parte da produção dos frigoríficos no mercado interno,e os frigoríficos,bem como seus comerciais não estavam preparados para competir num mercado onde os compradores,sobre tudo das redes,só aguardavam este acontecimento,ou seja estavam preparados para esta situação,de forma,como já disse,análoga aos frigoríficos.

    Além da desigualdade descomunal de concorrência por parte dos eleitos.

    Além disso,todos sempre apostaram apenas,e tão somente,em maiores volumes,nunca,mais nunca mesmo pesaram ou ouviram quem pensava em descommoditietizar os cortes de carnes bovinas.

    Agora de bico aberto alguns já falam em agregação de valor,mas muitos não fazem nem idéia de como fazer isto acontecer,estão perdidos.

    Apenas Marfrig,até agora apresentou para o mercado algo mais consistente,mas ainda incompleto.

    Senhor Massoti,

    Talvez o descrito acima possa explicar,em parte,suas colocações.

    Plantas frigoríficas precisam ser utilizadas de forma diferente,não dá mais para ser como sempre foi,é necessário buscar transformá-las em indústrias de alimentos.É necessário que se façam transformações e não apenas desmonte de carcaças nestas plantas.

    Muito mais do que volume é necessário transformar,agregar valor de marca e monetário aos produtos das indústrias de alimentos.

    Não é mais possível ser o que sempre foi,só sobreviverá quem se atentar a isto,não há mais duvidas quanto a isso.

    Saudações,

    EVÁNDRO D. SÀMTOS.

  12. Jose Jordano Bertini Junior disse:

    Muito simples essa questao, a quantos anos os frigorificos combinam o preco pago ao produtor?

    enquanto a oferta era maior eles pagavam o que bem entendiam, mas agora que a oferta esta bem reduzida eles tem que pagar mais caro pela materia prima, ou seja, eles nem quebram por ma administracao, mas pelo simples fato de nao saberem trabalhar com um lucro reduzido

    Aquela velha historia da pessoa que quebra financeiramente , mas nao baixa o padrao de vida, alguem vai ter que pagar pelo custo de vida dela!!!

    sds

  13. Ernesto Coser Netto disse:

    Comprar caro e vender barato em nada tem haver com credito e/ou ajuda do governo.

    Tem haver com capacidade profissional.

    Posso citar uma gama enorme de produtos que sao alimentos, só que os mais vendidos não são os alimentos sem marca, mas sim os mais trabalhados, promovidos e lógico, com qualidade reconhecida.

    Não vamos longe:

    Qual a cerveja mais vendida? a de marca ou a barata?

    Qual arroz mais vendidos ? o de marca ou o barato?

    Qual sal mineral mais vendido?o de marca ou o barato?

    Qual vermífugo bovino mais vendido?o de marca ou o barato?

    Portanto frigoríficos parem de chorar e deixem de ser descascadores de  bois e se transformem em industrias.

    A única mídia feita da carne bovina no Brasil é a feita por Assoc. de produtores.

    E não é função do produtor promover a carne.

    Quem já viu produtor de soja promover margarina Doriana?

    Quem já viu produtor de trigo promover pão Pulman?

    Quem já viu produtor de arroz promover Arroz Camil ou tio João?

    O dia em que marcas de carne vierem a cabeça tão fácil como estas marcas vieram a minha, talvez eles passem a vender mais caro sua carne e poderão pagar mais caro também seus fornecedores, sem quebrar ou pedir RJ.

  14. Luis Henrique Lopes Lyra disse:

    Organização, parceria e seriedade, dos empresários,  produtores e governo , pois só assim vamos enfrentar a eterna lei da “oferta” e “procura”, a demanda do mercado e as interpéries do processo, JUNTOS, pois do contrário continuaremos a ver mais empresas quebrando, milhares de funcionários demitidos e a “eterna distribuição de culpas” !

    Difícil isso ? com certeza !… mas é vitalmente necessário !

    Abraços a todos !

  15. Luis Henrique Lopes Lyra disse:

    Seriedade, parceria e organização de todos, empresários, produtores e governo, pois do contrário vamos continuar assistindo mais empresas fechando suas portas, demitindo milhares de funcionários e mostrando a fragilidade de um setor tão importante !

    Fácil ? não, pois há paradigmas poderosos à serem quebrados ! Ao meu ver a saida é essa, “dar as mãos” e pensar/trabalhar/agir pela ´CADEIA TODA´ !

    Abraços à todos !

  16. Otávio Hernandez Juliato disse:

    Prezado Henrique Lopes Lyra,

    Obrigado pela participação. Com certeza tudo isso que você disse é verdade, espero que possamos ser testemunhas disso, em tempo.

    Abraço.

  17. Louis Pascal de Geer disse:

    Mito 1: No frigorifico tudo é aproveitado de couro até os chifres.

    Quem faz um levantamento honesta sobre tudo que entre e sai dos frigorificos, comparando a situação existente nos anos quarenta a de hoje, pode ter a grande surpresa quando descobre que de fato muito pouco mudou que é uma historia parecida com as ferrovias brasileiras!

    Mito 2:No frigorifico produzimos que o consumidor final quer.

    Pelo que sei n inguem realmente perguntou o que o consumidor final quer, como pode evitar fritura, como evitar as oscilações em qualidade existentes no mercado interna que parecem ser pura acrobacia!

    Para mim temos que voltar a estaca zero!

  18. Otávio Hernandez Juliato disse:

    Prezado Eduardo Ramalho,

    Gostei muito de suas colocações, obrigado. Você chamou a atenção para o desequilíbrio causado pela “ajuda” do BNDES a alguns grupos e empresas do setor. Eu concordo, em termos. Não acredito em protecionismo ou apadrinhamento deste ou daquele grupo, eu acredito em profissionalismo e tudo aquilo que esta relacionado a este conceito dentro de uma empresa. É fato sim que alguns grupos foram privilegiados com injeção muito alta de capital, atuando em um setor que depende de quantidades altas de capital para funcionar, logicamente, estas empresas seriam fortificadas com isso. Mas vejo isso como mérito e não o contrário, sem fazer demagogia, sem que existem os lobistas e outros tipos de pressão e etc, mas você não acha que para uma empresa receber quantidades enormes de capital, tornar-se uma companhia de capital aberto, ser escolhida estrategicamente pelo governo federal para crescer e ganhar mercados internacionais, enfim, você não acha que ela deveria, sob o ponto de vista organizacional, merecer isso?

    Uma pergunta bacana pra gente raciocinar, você acha que as empresas cresceram porque receberam muito capital em pouco tempo, ou cresceram porque estavam preparadas e profissionalizadas suficientemente para lidar com o capital que de qualquer forma acabaria chegando, seja através de aportes de investidores individuais, governo, bolsa e etc.? Eu prefiro acreditar na segunda opção.

    Acredito também que a forma aguda como foi feita esta capitalização causou desequilíbrio no sistema, não poderia ser diferente. Para mim, o erro, foi cometido neste ponto, faltou mensurar isso nas planilhas do pessoal e para arrumar isso vai ser demorado, como você mesmo afirmou.

    Obrigado mais uma vez.

    Abraço.

  19. Otávio Hernandez Juliato disse:

    Prezado Roberto Schroeder,

    Muito bons seus comentários. É mais fácil apontar erros dos outros do que os próprios, concorda? Gostei do que escreveu no final da carta, sobre os preços no varejo, porque acha que isso ocorre? Altas margens dos varejistas, desequilíbrio fiscal?

    Obrigado.

    Abraço.

  20. Otávio Hernandez Juliato disse:

    Prezado Francisco Eduardo de Queiroz Pereira Calças,

    Sim, realmente os juros para empréstimos não subsidiados é muito alto e proibitivo para alguns setores da economia, frigoríficos se enquadram nesta situação. Quanto ao não pagamento e rolagem das dívidas, devemos sempre lembrar que dívida boa e administrada é benéfica para a empresa, há casos e casos.

    Obrigado pelo contato.

    Abraço.

  21. Otávio Hernandez Juliato disse:

    Prezado José Ricardo Skowronek Rezende,

    Muito boas suas colocações.

    Outro ponto que você citou, sobre os culpados serem também as instituições financeiras, você não acha que o negócio dos bancos é emprestar, digo, não estaríamos julgando-os por fazer seu trabalho? Logicamente que eles deveriam ter feito a lição de casa e se exposto menos, mas de quem é a responsabilidade de “pensar” o setor? Eu concordo com você que os aportes deveriam ter sido feitos sistematicamente em todos os elos da cadeia, uma estratégia pensada, com planejamento, para não causar desequilíbrio no sistema. Mas quem teria esta responsabilidade, de pensar isso, de forma macro? Se o próprio BNDES se baseou em estudos do Ministério do Planejamento para adotar sua política de financiamentos. Infelizmente, nota-se que estamos de novo sem lideranças, planejamentos e políticas macro para o setor.

    Obrigado pelo contato.

    Abraço.

  22. Otávio Hernandez Juliato disse:

    Prezado Evándro d. Sàmtos,

    Obrigado pelos comentários e pela análise, demonstrou muito conhecimento do funcionamento da cadeia produtiva da carne e toda a interação que existe nela. Você tem razão em muitos pontos abordados.

    Em meu artigo, quando usei o termo profissionalização, envolveu também a gestão comercial. Sabe-se que uns dos grandes desafios dos frigoríficos que atuam na desossa é conseguir maximizar os valores obtidos em cada corte especificamente, obtendo assim o valor necessário para a cobertura dos custos de aquisição e processamento da carcaça bovina. Poucas empresas estão preparadas para lidar de maneira profissional com isso, que deveria, ao meu ver, ser gerido por softwares e hardwares específicos que acompanhem o mercado diariamente e deveriam ponderar estes preços de acordo com ele, e não simples planilhas eletrônicas. De qualquer forma, isso é apenas umas das coisas que precisam ser melhoradas, o caminho é longo e os desafios imensos.

    Obrigado mais uma vez.

    Abraço.

  23. Otávio Hernandez Juliato disse:

    Prezado Jose Jordano Bertini Junior,

    Obrigado pelos comentários.

    Infelizmente, temo que a explicação não seja tão simples assim, pelo contrário, o setor é complexo demais, cheio de características distintas que o tornam personagem de diversos estudos, questionamentos e análises.

    Falando em estudos, recentemente, foi publicado um interessante, de pesquisadores da área de economia do Insper, SP. Trata-se de um estudo sobre a concentração do setor de frigoríficos e suas implicações nos diversos elos da cadeia da carne bovina, a jusante e montante. Concluiu-se que não houve prejuízos ao elo dos fornecedores de gado, os pecuaristas pelo fato de termos menos empresas compradoras do seu produto, ou seja, não deu a lógica, apesar de parecer o setor não está se transformando em um monopólio.

    Não farei demagogia, não digo que nunca houve combinação de preços ou divisão territorial, isso sempre existiu, fez ou faz parte dos negócios em diversos setores da economia. No caso específico da cadeia da carne, quando foi descoberto e provado, foi punido exemplarmente e creio que serviu de lição.

    Obrigado pela participação.

    Abraço.

  24. Evándro d. Sàmtos. disse:

    Prezado senhor Otavio Juliato,

    Concordo com o senhor que quanto mais ferramentas de gestão tipo:
    “softwares e hardwares específicos que acompanhem o mercado diariamente e deveriam ponderar estes preços de acordo com ele, e não simples planilhas eletrônicas.”

    Entretanto,é supra importante que os bons profissionais do setor comercial não sejam tão depreciados.

    Por que para vender agregando é necessário muito mais do que isso,é necessário feeling,conhecimento sobre o produto e como se produz,sobre as necessidades de cada cliente,como transformar (mudar) a visão comoditista de cada cliente,é necessário saber como e quando começar a agregar valores monetários,é necessário saber vender e saber consolidar inicialmente o valor de MARCA (antes de se agregar valores monetários).

    Quantos “vendedores” (destes que ai estão) sabem fazer isto?

    Gestão comercial é muito mais do programas de computadores,até porque a base é commoditie,ou seja é necessário saber como e quanto escalar,saber o que escalar…

    É muito trabalhoso,nem tanto complicado,trabalhoso,minimista.

    Acho ainda que em nosso setor,os nossos empresários demoram muito a se atentar as situações,e demoram ainda mais a fazer,as necessárias,mudanças de percursos.

    Nosso setor é muito praguimatico,pelos participantes relevantes,talvez ainda atuássemos como na época do descobrimento,todos são muito avessos as mudanças,sentem-se inseguros com isto.

    Engraçado,os caras morrem abraçados a suas convicções,por mais que elas se demonstrem equivocadas,estas mesmas pessoas não querem,e não gostam de quem mostre a situação de outra visão,quem os critique,não é engraçado?

    Saudações,

    EVÁNDRO D. SÀMTOS.

  25. Otávio Hernandez Juliato disse:

    Prezados Ernesto Coser Netto e Louis Pascal de Geer,

    Obrigado pela participação. Gostei muito das cartas, ótimas observações sobre a área comercial dos frigoríficos. Realmente, estamos muito atrasados comercialmente, como disse Louis, alguém vem perguntando o que o consumidor quer? Ou impondo produtos e padrões de consumo "importados"? Complexo mesmo. De fato mesmo, o que temos, são empresas comercialmente ineficientes, vendendo commodities e expostas aos riscos que este mercado apresenta.

    Abraço a todos.

  26. Rodrigo Pantaleão Moreira disse:

    Carne Bovina é uma refeição de luxo … basta ver quanto vale um kilo de carne em um pais desenvolvido. Henry Ford não gostava de bovino pela demora do retorno financeiro e nem permitia sua criação em sua lendária (e fracassada) fordlândia. Então é uma carne CARA para se produzir… Imagina que voce queira produzir sua PRÓPRIA CARNE BOVINA PARA CONSUMO, ae compra uma vaca vazia (sem estar prenhe) em idade reprodutiva (ou logo depois de parir). Ela manifesta um cio bom com uns 40 dias, vai mais quase um ano para um novo bezerro ( 01 bezerro ao ano) mais uns 8 meses para desmama e mais 2 anos para matar ele precoce, então ele te retorna 10 @ de carne (boi verde, criado a pasto). 1 ano gestando,   1 ano ate desmame   2 anos de engorda a pasto = 4 anos, assim ele te retorna 1060,60 (cotação de 25/05/2011). Lembre de descontar o pasto (em lugares barato a 16 reais por mês (4 anos = 48 meses vezes 16 = 768) sobrou 292,60 e ainda tem que descontar vacina, vermifugos… sobra alguma coisa??? vamos comer churrasco hoje porque talvez nossos filhos tenham caviar mais barato que picanha no futuro próximo….

  27. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Caro Otávio Juliato,

    Na verdade o que afirmei é que se alguém, além dos frigoríficos, errou feio nesta história foram as instituições financeiras que emprestaram dinheiro para frigoríficos que quebraram ou estão em recuperação judicial expandirem sua capacidade de abate.

    Falo portanto em erro não culpa. O papel dos bancos é sim emprestar / intermediar recursos, mas sempre em cima de análises criteriosas e boas garantias. Obviamente incluso o BNDES.

    E nestes casos dos frigoríficos em dificuldades o dinheiro emprestado não voltará ou ao menos não voltará como originalmente esperado e o prejuizo terá que ser absorvido da instituição financeira. Provavelmente a análise e as garantias não foram suficientes.

    Melhor seria as instituições financeiras terem emprestado parte deste dinheiro para expansão da atividade pecuária, que continua a mingua e com alavancagem rídicula. Não acredito que uma simples redistribuição dos recursos liberados pelo BNDES ao setor entre mais frigoríficos, ainda que desejável, evitaria o problema.

    Att,

  28. carlos massotti disse:

    Realmente um tema por demais polemico ! Falou-se em  má gestao , interferencia do BNDES ,o eterno conflito entre pecuaristas e frigorificos etc e tal ..ate orientacao de consultor sobre como operar uma complexa industria frigorifica – no fundo todos tem uma parcela de razao , pois foram todos – cada um destes fatores  mencionados nas opinioes acima – que de alguma forma  contribuiram e ainda contribuem para responder a questao do 0tavio Juliato – "Porque os frigorificos estao quebrando"-

    mas a minha pergunta nao foi respondida ou sequer comentada – nao sei se nao fui muito claro ou talvez tenha passado desapercebida por isto reitero a questao a seguir:

    temos é que 1) esperar que o plantel cresca o suficiente para equilibrar a oferta e procura de materia prima (vai levar algum tempo algum tempo talvez 3 ou 4 anos??) b

    .ou reduzir a capacidade ociosa…..como? com o fechamento de mais plantas frigorificas -se a capacidade ociosa é realmente de 40% entao mais umas 10 plantas terao que fechar (ou serem fechadas ou entrarem em RJ ou falencia etc…

    Pois hoje praticamente todos os frigorificos operam no vermelho – quem aí se habilita a prever qual das duas alternativas acima vira em primeiro?

  29. Paulo Cesar Bassan Goncalves disse:

    Este setor ficou muito pressionado nos ultimos anos. Os frigorificos chapa branca praticam o comercio predador, a carga tributária e os encargos trabalhistas são absurdos, o varejo se consolidou de forma perigosa, a produção pecuária vive momento de alta e a margem para o setor sempre foi pequena, diferentemente do que pensam muitos "entendidos". Some todos estes fatores e fique observando o que virá pela frente.

  30. Otávio Hernandez Juliato disse:

    Prezado Carlos Massotti,

    Não tenho a pretensão de responder sua pergunta, mas vou colocar meu ponto de vista. Você acha que 3 ou 4 anos seriam suficientes para recompor o rebanho a fim de ocupar tamanha capacidade ociosa da indústria? Eu não. Acho que demandaria mais tempo pra isso.

    Temo que ainda teremos que conviver com esta ociosidade por algum tempo. Até porque as plantas não deixarão de existir, alguém sempre vai carregar o custo de manutenção das mesmas, operando ou não, concorda?

    Olhando para as duas questões, eu apostaria em recomposição do rebanho, porém penso em um tempo maior para isso acontecer, pelos menos 1 ciclo pecuário, em torno de 6 a 8 anos.

    Abraço.

  31. Otávio Hernandez Juliato disse:

    Prezado Rodrigo Pantaleão Moreira.

    Com certeza, como você escreveu, carne de boi é um artigo de luxo sim! Nos países desenvolvidos ela é cara e seu consumo restrito a algumas vezes por mês ou ano.
    Por aqui, vivemos uma fase de demanda em alta e oferta em baixa, os preços vão subindo e tentando encontrar um novo ponto de equilíbrio. Creio que este movimento vai continuar por uns bons anos ainda, temos os ciclos pecuário e econômico para equilibrar esta equação, mas ainda assim, acho difícil afirmar que a carne vai ficar mais cara que o caviar. Vamos ver.

    Obrigado pela participação.
    Abraço.

  32. Otávio Hernandez Juliato disse:

    Prezado Paulo Cesar Bassan Goncalves,

    Obrigado pela participação. Ótima síntese, concordo com tudo que você escreveu e gostei especialmente dos termos "frigoríficos chapa branca" e "comércio predador" , se encaixam muito bem no contexto. Vou começar a usa-los.
    Obrigado.
    Abraço.

  33. Evándro d. Sàmtos. disse:

    Sabe senhor Massoti,eu tenho a impressão que o setor não aceitou bem as mega empresas.

    Por outro lado,quanto maiores os abates,maiores os riscos que estas empresas ofertam,simplesmente porque precisão ser MAIS ALAVANCADAS.

    As baixas taxas de ocupação de abates estão nestas grandes empresas,os menores frigoríficos estão dosando conforme suas expectativas de vendas,os volumes das escalas.

    O preço das @s estão fora da realidade para o poder de compra da maioria da nossa população,os aumentos de vendas de suínos já é da ordem 20%,e frangos algo em trono de 15% a mais do que antes das @s bovinas decolarem.

    Não creio que o desfrute aumente a curto prazo,visto que os volumes de abates de fêmeas estão se mantendo,como nos demais 5 anos anteriores.

    Creio que plantas vão desaparecer,como plantas que se prestam para abates de bovinos,a produção de animais vão para o norte do país e isso é indiscutível.

    Podemos estar diante a situação de regionalização de colocação dos produtos de certas plantas frigoríficas,MARCAS regionais,pode ser,não sei ao certo….

    Se os preços das @s não recuarem,também as exportações serão poucas,como as atuais,e ai esta o grande desequilíbrio do setor.

    Houve um considerável aumento do consumo interno,mas já se pode sentir o recuo.

    Ou seja,a reestruração ainda não terminou,mudou de foco,não é a maluquice do BNDEs o que o mercado deseja,isto me parece claro.

    Alias aquilo nunca me pareceu projeto do BNDEs,mas sim projeto de algumas pessoas que se deram muito bem,estão estufados de grana.

    Não devo lhe dado a explicação desejada pelo senhor,mas novas possibilidades para serem avaliadas estão postas.

    Saudações,

    EVÁNDRO D. SÀMTOS.

  34. carlos massotti disse:

    Prezado Otavio grato pela seu comentario – voce aposta em uma recuperacao do rebanho -na sua opiniao em um prazo de  6 a 8 anos  para chegar a um possivel equilibrio no mercado reduzindo entao a ainda imensa capacidade ociosa da industria -ociosidade esta repito hoje estimada em 40% – realmente é um tempo consideravel – e nao acredito que a industria consiga aguentar tanto tempo –

    E considerando este e outros fatores adversos a industria frigorifica ,  na minha modesta opiniao a alternativa de fechamento de mais frigorificos é a que vai realmente acontecer -e acredite nao vai demorar muito mais nao! – seja por uma decisao de enxugamento da capacidade de abate por parte dos gigantes do setor  como tambem de mais algumas quebras ou pedidos de RJ – portanto pecuaristas cuidem-se!

    e uma outra coisa que voce cita…."" as plantas nao deixarao de existir…" 0tavio deixarao de existir sim – quantas plantas no Brasil estao paralizadas sem operar? Sao muitas nao sei dizer quantas mas um numero perto de 50 plantas nao seria irreal – alias se alguem souber me responder esta pergunta agradeceria – Quantos frigorificos temos hoje no Brasil fechados sem operar?

    E sabes quanto vale uma planta frigorifica hoje? Zero!!!Se te darem gratuitamente uma planta .com uma capacidade de abate digamos de 800 bois dia ao final de alguns meses voce perderia uma fortuna mesmo sem haver  pago 1 centavo pela planta -Senhores acreditem a situacao da industria frigorifica é muito pior do que voces pensam!!!

  35. fernando alves disse:

    Que percentagem de  pecuaristas, considerando a baixa rentabilidade do setor, apesar do preço do boi ser considerado alto ( capaz de alimentar incorporaçoes de tecnologia), arriscaria , aproveitando o ensejo,  aonde  as açoes do JBS nao decolam e valem hoje menos que seu valor patromonial, investir nesse papel em detrimento  de repor seu rebanho`.   A voz do povo nem sempre representa a voz de Deus, mas quem sabe nao seria uma vozinha a soprar  nas mentes dos que detem poder pra deliberaçoes no BNDES!

  36. Edson Luiz Nunes disse:

    O Problema maior da quebradeira é do governo federeal, ele escolheu quem deveria ficar no mercado beneficiando com emprestimos altissimos alguns até como fundo perdido. Ai meu amigo quem é que aguenta concorrer com essa empresas..A verdade é uma só, dono de frigorifico é igual a um cavaleiro, aquele que ainda nao caiu um dia vai cair….

  37. Wagner Alexandre Gava disse:

    Sr. Juliato, as consderações do sr. José R. S. Rezende, e suas também, em relação ao erro cometido por instituições financeiras ao viabilizar recursos financeiros a frigorificos, são muito interessantes e instigadoras, levando ao questionamento de qual tipo de analise financeira/operacional/patrimonial estes "bancos" utilizam para estas empresas. Como produtor, só consigo um financiamento se der em garantia 120% do valor pleiteado, e meu rebanho não serve, somente a garantia real (terras). Faço uma pergunta aos Srs., estes ditos frigorificos tem solidez REAL em sua formação empresarial (capital social maior que a divida contraida), ou todo seu patrimonio é alienado? Quem conseguirá receber de uma empresa deste tipo? Bancos, com a finalidade de elevar seus ganhos, aplicam em RISCO, pois tem seguro, apoio do BC, que, DEUS me livre, não pode nem pensar em deixar acontecer um caos financeiro,portanto emprestar a frigorificos tudo bem, mas emprestar a quem vende aos frigorificos, tá louco? e se o frigorifico não pagar? ( Será que isto já aconteceu algum dia?) Pois é, esta é a situação do pecuarista brasileiro, o devedor tem crédito, o produtor, não. O Novo codigo civil diz que em caso de dificuldades financeiras, o patrimonio pessoal dos socios garante as diferença, ou o total das dividas da empresa, mas isto é real?

        Precisamos mudar o sistema de comercialização de produtos com margem de lucro muito baixa. Não é possivel continuarmos a trabalhar com "RECEBIVEIS" sem a minima garantia.

  38. Ernesto Coser Netto disse:

    Caro Otavio,

    Sou um eterno critico da máxima: "o mercado é quem dita as regras", ou:" temos que ver o que o consumidor quer".

    Se isto fosse verdade não haveria inovações no mercado.

    A verdade é que os frigoríficos erram nas duas pontas.

    -Nunca se importaram em desenvolver fornecedores e sim em extorquir, fazenda da atividade de compra algo semelhante ao extrativismo, consumindo até acabar.

    -E na outra ponta, nunca se preocupando em agregar valor e em desenvolver mercado e marcas com padrões estabelecidos.

    Portanto não vejo alternativa, senão, recomeçar e simplesmente fazer o que vários outros setores da industria fazem.

    Não é novidade nada disto, não consigo entender por que não se aplica a carne bovina.

    Ficar chorando e indicando culpados pela sua ineficiencia não os levará a lugar algum.

    Ernesto

  39. Otávio Hernandez Juliato disse:

    Prezado Fernando,

    Seu comentário foi muito oportuno, levantando a questão sobre o valor das ações do JBS. Qual sua opinião referente a isso, porque de maneira geral, as ações dos três frigoríficos negociadas em bolsa estão patinando e não decolam?
    Recentemente, Miguel Cavalcanti, especialista no mercado de carne bovina, em seu artigo "Analisando o JBS day", também levantou esta questão.
    Obrigado pelos comentários.
    Abraço.

  40. Otávio Hernandez Juliato disse:

    Prezado Edson Luiz Nunes,

    Espero que sua previsão não aconteça amigo! Já pensou, uma quebradeira geral no setor, estamos perdidos.
    De qualquer forma, o apadrinhamento do governo a alguns grupos, é um assunto hoje amplamente discutido, personagem inclusive de investigações por parte do Ministério Público, por toda a distorção e desequilíbrio que causou ao setor. É uma política de poucos prós e muitos contras, eu particularmente, não concordo com a maneira como foi conduzida.
    Vamos esperar pra ver.
    Obrigado.

  41. carlos massotti disse:

    Prezado Evandro grato  pela sua resposta…..e aí voce diz…..se o preco da arroba nao recuar…….entao voce acha que a unica forma deste mercado se ajustar é um recuo no preco da arroba?

    Eu diria a voce que partilho da sua opiniao pois o preco da arroba jamais poderia estar onde está hoje (pecuaristas perdoem-me mas é a mais pura realidade!!) mas o problema agora é como baixar este preco…..e é o que eu tenho dito – se os gigantes do setor – em especial o JBS – tomar a corajosa e necessaria decisao de fechar as plantas mais deficitarias (calculo umas 10 ou 12 por aí) aí sim o mercado vai poder pressionar o preco da arroba para baixo,  pela falta de opcao dos pecuaristas em leiloar o seu gado – seria a unica forma de ajustar este mercado e terminar com a quebra dos frigorificos…..outra forma seria a de vender a carne mais cara mas isto ja se sabe é impossivel….entao o possivel ajuste deste mercado está nas maos dos gigantes do setor – e acreditem cedo ou tarde esta decisao deverá ser tomada –

  42. Edio Gantois Junior disse:

    Caros Senhores,

    Muito foi dito, várias opiniões relevantes, pouco tenho a acrescentar. Vejo que tenho pouco a acrescentar. existe porém um ponto, um defeito sistêmico, histórico e hereditário a atravancar a  cadeia produtiva do boi brasileiro . Concordo com a opinião do colega de Rondônia, Luis Henrique L. Lopes, o setor precisa evoluir, amadurecer, trabalhar como um organismo sadio . Respeitando as especificidades e especialidades peculiares a cada instância, porteira adentro, porteira afora e mercado, interno (hedge) e externo . No entanto tem que trabalhar na mesma batida, como um time, vencedor . Diferente de hoje, pecuarista desmobilizados se submetem a realidade  imediata , o  atravessador  artista de circo,ora  morde, ora  assopra, e  a rede varejista , observa de camarote  manipulando os anteriores e sem arriscar sua margem diante do consumidor. Sem falar no governo, sócio compulsório e ausente a não ser no encontro de resultados . Há de se estabelecer uma relação mais respeitosa e compromissada entre os "players"  do contrario persistirá uma relação deletéria, tendenciosa e anacrônica .Notem com sérios riscos, cíclicos e cotudentes. cada vez mais  defasada da nova ordem  mundial exigente que é, no conhecimento não apenas da  origem dos produtos consumidos, mas também do "modus operandi" que agregou vlior no processo . Não importando de que natureza mas de maneira geral  . Diferencia-se sim, uma produção equilibrada social e ambientalmente, justa economicamente . Só assim teremos a tranqüilidade  perene e perpetuável, multiplicativa de padrão, que avance no tempo , e ainda enobrecendo a marca  do  produto "Brazilian Beef", ou seja a carne brasileira .

  43. Luiz Henrique da Silva Mussio disse:

    O fato de se pagar barato pela @ no passado foi uma jogada triste, afinal se não era uma relação em que ambos (produtor x frigorifico) estavam ganhando não era dificil prever que o produtor ia buscar outro tipo de atividade. Isso sozinho já ta pesando demais pros frigorificos.

  44. Luiz Henrique da Silva Mussio disse:

    Meu xará Luis Henrique Lyra falou muito bem. Enquanto houver uma competição entre os elos da cadeia vai ser assim mesmo, e isso não apenas no nosso setor. Basta ver a tendência mundial das fusões, o que isso mostra? Qual a lição? Que a unidade é a resposta pra todos os problemas de uma organização, no lugar de competir se absorve os rivais e adquire as vantagens de uma visão unica…Isso é bom? A longo prazo acho que não, o mundo todo ficará nas mãos de poucos donos, porém é uma tendência forte.

  45. Otávio Hernandez Juliato disse:

    Prezado Edio Gantois Junior,

    Ótimas reflexões. Gostei muito da síntese e conclusão.
    Obrigado pelo comentário.
    Abraço.

  46. Otávio Hernandez Juliato disse:

    Prezados Senhores,

    Estou gostando muito dos comentários, apesar do assunto ser polêmico, não sabia que o mesmo geraria tanto debate assim, obrigado pela participação de todos.
    De uma maneira geral, os comentários apontam diversos fatores e principalmente críticas as explicações fornecidas pelas empresas a respeito de suas RJs. A maioria das razões apontadas pelos senhores, diz respeito ao relacionamento frigorífico x pecuaristas, nota-se um descontentamento generalizado nesta questão. Lógico, isso seria normal de se esperar, já que pelo lado dos pecuaristas, tenta-se sempre vender pelo maior preço e do outro lado, dos frigoríficos, pagar o menor preço. Este é o funcionamento padrão de qualquer cadeia industrial, seja ela agroindustrial ou não.
    Sei que o foco da discussão não é este, mas vamos tentar nos concentrar neste tópico, tenho uma boa questão pra gente raciocinar. Pensando em que uma das razões apontadas exaustivamente pelos senhores como causas dos problemas financeiros dos frigoríficos, a relação frigos x pecuaristas, e pensando em uma relação onde um quer vender pelo máximo e outro comprar pelo mínimo, qual são, na opinião de vocês, as situações de desgaste que aconteceram e acontecem nesta relação entre as duas partes? Acho que isso é tema para outro artigo, concordam? Por favor, dêem a opinião de vocês.

  47. Evándro d. Sàmtos. disse:

    Prezado senhor Carlos Massotti,

    De forma alguma eu acho que a única forma de ajustar o mercado é diminuindo o valor da @,não apenas isto.E claro que a @ do bovino esta especulada,existe todo tipo de commodities de papel super ofertada,sem que a mesma exista fisicamente;existe pouca oferta também é verdade,mas faz falta?Acho que não.

    Durante toda a semana passada (de 25 a 29 de abril),o mercado abriu com a pedida de R$6,40 no quilo do boi casado,até quarta – feira de manhã praticamente não houve negócios Brasil a fora, nesta mesma quarta -feira a tarde já tinha boi ofertado,por grandes frigoríficos a R$6,20 e realizando até R$ 6,10 a vista.

    Detalhe a @ do boi estava cotada em São Paulo a R$ 99,00,como é faz para fechar esta conta?

    Hoje em dia,quando tudo dá absolutamente certo,o mercado é comprador,a oferta é curta em relação à demanda,quando o céu é de brigadeiro,o frigorífico quando vende carne com osso (cortes primários) o lucro raramente passa de 3,4% antes do imposto de renda.

    Mas ai,temos um frigorífico que tem capacidade instalada de 40.000 bois dia,sem muitas opções de exportação,necessitando colocar sua produção no mercado interno,um modelo de gestão dos mais arcaicos,aquele modelão que diz que tem que abater cheio,que as escalas precisam estar sempre,todos os dias completa,uma empresa que não tem nenhum padrão em seus produtos,seja esta carne com ou sem osso…O que pode acontecer com o mercado,se esta empresa manda para baixo seus preços,seus concorrentes diretos sentem-se obrigados a fazer o mesmo.

    Esta FEITO O MERCADO.

    Na outra ponta temos os supermercados,sobre tudo as grandes redes,que compram com descontos financeiros,rapel,contratos de “fidelidade”, que variam entre 10 e 22% (que são postos sobre os valores líquidos,mas apenas nas notas ficais,porque os boletos vão com os valores reais dos preços líquidos),este pessoal aplica suas margens sobre os valores de face das notas fiscais,e estas margens variam entre 30 e 100% (ou quase isso).

    Sendo,enquanto encararmos o boi e a carne meramente como commodities,só quem detém o maior poder,obterá o maior lucro,neste caso o maior poder é dos supermercados.

    Temos algumas sugestões para mudar isto em médio prazo:
    1)     Na fazenda,produzir animais mas bem acabados,padronizados: em peso,em cobertura,em idade (quantidade de dentes),se fêmeas,se machos,se nelores,se de outras raças,ou de cruzamentos industriais,se confinados,se precoces,se apenas jovens….Se desta forma ainda não é possível descommoditiezar o boi,que pelo menos ele possa agregar mais valor ao animal de melhor qualidade.

    2)     Transformar o frigorífico em INDÚSTRIA DE ALIMENTOS,fazendo com este deixe de ser apenas um mero agente desmontador de carcaças.Passando a ser também um agente transformador de matérias primas (carnes,miúdos,e outros…)

    3)     A INDÚSTRIA DE ALIMENTOS produzindo carnes com MARCA,maior mix de produtos além de apenas carnes,também semi processados,processados,industrializados,em fim…

    4)     A INDÚSTRIA DE ALIMENTOS saber o quanto é importante agregar VALOR de MARCA,que somente assim poderá agregar valores MONETÁRIOS.E que para ter MARCA é necessário ter produto ético,padronizados,confiável,constante,e muito mais do isso,e muito mais do que MARKETING também,é necessário PRESTAR SERVIÇO.Isto é que realmente difere um produto,uma empresa,uma MARCA.

    Ou seja,senhor Massotti,isto que conhecemos a vida toda como frigorífico ACABOU,e muitos fazem questão de se atentar para este fato inequívoco,irremediável,incontestável.

    Espero ter sido útil.

    Saudações,

    EVÁNDRO D. SÀMTOS.

  48. Ernesto Coser Netto disse:

    Otavio,

    Existem mais fatores levados em consideraçao quando uma industria desenvolve um fornecedor alem de preço.

    E na grande maioria dos casos que conheço(todos os seguimentos), nao é dos mais baratos que a industria compra,ela compra do fornecedor mais bem estruturado, que garante qualidade, que garante a entrega, que garante padrao,etc.

    Ainda vou ver acontecer isto na carne bovina,

  49. eduardo ramalho disse:

    Esse assunto esta longo.

    Como conselho para evitar desgastes reitero,vendam a sua produção a vista ,pois quem compra a vista não perde dinheiro nem deixa de pagar o fornecedor,nem teria como.

    Agora vejo muita critica aos frigorificos .Conheço inumeras fazendas ,muitas mesmo ,que valem milhões ,se o produtor pecuarista acha que a situação do frigorifico é privilegiada ,porque não vende parte de sua fazenda e compra ou constroe um frigorifico e ai vai ver como é facil administrar em tal seguimento.

    É muito facil criticar ,mas penso que tem muito poucos ou quase nenhum pecuarista que tem coragem de tocar frigorifico.

    Um abraço a todos .

    Ps. Eu acredito muito no mercado da bovinocultura só acho que estamos atravesando um momento muito dificil.VENDAM A VISTA !!!

  50. João Luiz C. Jatobá disse:

    Bom Topico do Sr.Otavio!

    Gostaria de salientar aqui que existem uma serie de fatores e medidas desastrosas,
    1.O setor já vem em crise a mais de uma decada,com desequilibrio de demanda e oferta, e consequente fluxo de caixa.
    2.Nos ultimos anos o setor resolveu entrar no mercado externo sem um previo planejamento e um melhor controle de qualidade e sanidade no rebanho.
    3.Nos ultimos anos vimos a agricultura avançando em tradicionais areas de pacuaria (oeste de SP e Minas,GO,MS),diminuido a oferta e fazendo com que grandes unidades migrassem ou fundassem novas plantas em novas fronteiras de pecuaria ao norte do pais, a custos financeiros elevados.
    4.Ao iniciar as atividades das novas plantas, estas unidades enfrentaram problemas de logisticas,ociosidade das plantas com as baixas ofertas e baixa qualidade no rebanho.
    5.Observamos tambem que apos periodos de crise do setor o pecuarista vende parte das matrizes(vacas e novilhas),para fazer caixa desequilibrando a oferta futura no mercado.
    6.O governo não regulamentou o setor, e quando resolveu "ajudar" na verdade prejudicou a pecuaria do pais,pois concentrou um alto montante de credito subisidiado nas maos de grande grupos, que poderia ter puverizado este credito para grande parte das unidades.
    7.Na ponta final do processo, vimos a entrada no mercado varejista,grandes grupos, concentrando boa parte da demanda de carne, e pressionando os preços e prazos nas unidades fornecedoras.

    Enquanto o setor e governo não sanarem estes problemas, sofreremos sempre com estas ocilações de preço e desajustes no mercado.

    Bons Negocios a Todos!!

  51. Pedro Alvise Caldart disse:

    Li alguns comentários, e muitos dizem também o que eu penso. Grandes redes de supermercados, estão estrangulando pequenos fornecedores, isso é um fato.

    BNDES, ajudando grandes corporações, (algo muito suspeito, por sinal),  outro fato.

    Incentivos fiscais entre os estados, e com barreiras sanitárias, também acho que  prejudicou muitos frigoríficos.

    Mas também acho que os pequenos frigoríficos bovinos (com excessões). foram muito mal administrados, com desvios e roubalheiras internas.

    Bom final de ano a todos!!