Apesar do número expressivo de empresas afetadas, a expectativa dos exportadores de carne bovina é de que o embargo não traga prejuízos ao setor. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec), Antônio Camardelli, não deve haver perdas pois as empresas atingidas vão exportar a partir de plantas localizadas em Estados não afetados pela medida.
Apesar do número expressivo de empresas afetadas, a expectativa dos exportadores de carne bovina é de que o embargo não traga prejuízos ao setor. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec), Antônio Camardelli, não deve haver perdas pois as empresas atingidas vão exportar a partir de plantas localizadas em Estados não afetados pela medida.
Ele disse que o governo está trabalhando para atender às demandas russas apresentadas após a missão veterinária que veio ao país. Segundo o executivo, o setor está ajudando o governo a dar “prontas respostas” aos questionamentos russos. Pedro Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), disse que o embargo russo surpreendeu porque há cerca de 15 dias, em reunião de representantes dos dois países em Moscou, ficou acertado que uma nova missão brasileira iria ao país para esclarecer questões técnicas apontadas pelos russos. “Não havia motivo para uma decisão como essa”, lamentou.
Camargo Neto evitou estimativas sobre perdas nas vendas. “Acreditamos que o embargo será revertido”, disse. Das 21 fábricas que estavam autorizadas a exportar carne suína para a Rússia, apenas uma unidade, em Santa Catarina, não foi afetada pela suspensão. No primeiro quadrimestre, a Rússia comprou 68,22 mil toneladas de carne suína do Brasil.
A Ubabef, que representa os exportadores de carne de frango, solicitou ao ministro da Agricultura, Wagner Rossi, “medidas urgentes com relação à decisão do governo da Rússia”.
Para os representantes das indústrias de carnes do Rio Grande do Sul, o embargo russo mais parece imposição de uma barreira comercial não tarifária do que uma questão sanitária. O setor mais afetado é o de carne suína. O Estado é o maior exportador brasileiro do produto, com 38,4% de participação sobre o volume de embarques totais do país em 2010, e destina para a Rússia metade de suas vendas externas.
“Nossa presença no mercado russo é pontuado de restrições a plantas específicas, mas o último embargo generalizado ocorreu em 2005 devido aos focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul e no Paraná”, disse o diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips), Rogério Kerber. Na época, o Estado ficou de dezembro daquele ano até o fim de março de 2006 sem poder exportar para a Rússia. Em 2010 as exportações gaúchas de carne suína totalizaram 207,6 mil toneladas e US$ 544,6 milhões, sendo 50% destinados para a Rússia.
Já as exportações das indústrias de produtos avícolas do Estado para o mercado russo somaram 22 mil toneladas e US$ 36 milhões em 2010, de um total embarcado de 840 mil toneladas e US$ 1,4 bilhão no período, segundo o diretor executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos. O Estado é o terceiro maior vendedor de carne de frango para a Rússia, atrás de Santa Catarina e do Paraná.
Conforme Santos, a decisão russa configura uma barreira não tarifária porque o sistema de inspeção veterinária no Brasil é “modelo” para muitos países. “As empresas brasileiras vendem para 154 países porque investem pesado em qualidade e certificação”, disse o executivo, que apesar do susto se diz “otimista” quanto à possibilidade de um acordo antes do dia 15.
Já os frigoríficos de carne bovina do Estado exportam apenas 400 a 500 toneladas por mês para a Rússia, que há alguns anos perdeu para o Irã e para a Venezuela a liderança entre os destinos do produto gaúcho, disse o presidente do Sindicato das Indústrias de Carne Bovina do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Ronei Lauxen.
O presidente-executivo da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, disse que “com os russos não há regras”. Segundo ele, não existem deficiências sanitárias nos três Estados. “Foi uma surpresa total e não entendemos as razões”, comentou. Salazar também é presidente do Sindicarne no Paraná e, de acordo com ele, se a proibição for mantida, o prejuízo para o Estado será de US$ 96 milhões por ano. Mas ele espera que o prazo para que a medida entre em vigor seja adiada e assim seja possível fazer contestações com informações técnicas.
As informações são do jornal Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.