Depois de atingir a posição de maior exportador mundial de carne no primeiro semestre de 2003, o Brasil tem que investir em qualidade para consolidar essa liderança. A opinião é do professor de zootecnia e engenharia de alimentos da Universidade de São Paulo (USP), Albino Luchiari Filho. Ele fez palestra ontem (02), em Londrina, no 1o Seminário Nacional da Produção de Carne com Qualidade. O evento, que termina hoje, integra a programação da Eurozebu, que acontece até domingo (05) no Parque de Exposições Governador Ney Braga.
Ao exportar 650 mil toneladas de equivalente carcaça nos primeiros seis meses do ano, o País ultrapassou os resultados da Austrália e dos Estados Unidos, além de atingir 65% da expectativa de vendas prevista até o final de 2003. Ganhos em eficiência e produtividade, aliados a um cenário internacional desfavorável, incentivaram as exportações. Segundo Luchiari, o mal da “vaca louca” na Europa, a seca na Austrália e a febre aftosa na Argentina reduziram mercados para esses países, beneficiando os negócios brasileiros.
”Até agora, o Brasil não vendeu carne. Ela apenas foi comprada lá fora”, considerou. Agora, é o momento de aproveitar as portas abertas para investir em qualidade e manter os mercados conquistados. Um dos caminhos para atingir essa meta é criar uma marca para a carne nacional, através da padronização dos cortes, da gordura e da idade dos animais.
Outro forte apelo, no mercado internacional, é o fato de o rebanho brasileiro ser criado a pasto, sem resíduos animais na alimentação. ”Essa característica precisa ser melhor explorada”, disse. O pesquisador também defendeu investimentos em qualidade para ampliar o mercado interno. Diante da redução do poder aquisitivo do consumidor, a melhoria das vendas depende da comercialização da carne a preços mais baixos. ”Isso só é possível com eficiência e melhor produtividade”, afirmou.
Qualidade
Conquistar consumidores internos que buscam qualidade, aliás, é o objetivo da Aliança Mercadológica Novilho Precoce, de Guarapuava. Formada por um grupo de 13 criadores, a Aliança produz novilhos precoces e super precoces, abatidos com até 24 ou 16 meses, respectivamente.
O objetivo é garantir carne mais macia ao mercado. O custo no varejo é de 5% a 10% maior que a carne convencional, informou o médico veterinário Marcelo Vezozzo, que representa a empresa em Londrina e região.
Ele comentou que os produtores se diferenciam porque, além de investirem em genética e manejo, fizeram parcerias com um frigorífico e com o varejo para garantir qualidade em toda a cadeia produtiva. A partir de 2005 deve começar a funcionar uma planta industrial para exportação da carne. ”A conquista do mercado externo depende da união dos produtores”.
Cadeia da Carne tem que se unir para vender mais
Oferecer ao consumidor informações sobre as vantagens do consumo da carne bovina é o objetivo do Serviço de Informação da Carne (SIC), organização sem fins lucrativos mantida por empresas interessadas em promover o marketing institucional do produto. A gerente de marketing da instituição, Carolina Porto Paes Barreto, participou ontem (02), em Londrina (PR), do Primeiro Seminário Nacional de Carne com Qualidade.
Segundo ela, há carência de informações sobre o tema. ”Muitas modelos e artistas declararam que não comem carne vermelha porque faz mal à saúde, influenciando o consumidor. Isso é um mito”, criticou. Por isso, o SIC desenvolve ações para atingir públicos-alvo específicos, como gestantes, idosos, atletas e crianças.
Para Carolina, a cadeia produtiva precisa ”falar a mesma língua”. Isso significa que todos os elos, desde o vendedor de insumos até o varejista, precisam se unir para vender mais carne.
Fonte: Folha de Londrina/PR (por Carolina Avansini), adaptado por Equipe BeefPoint