Aumento da produtividade, redução de emissão de Carbono, mitigação de riscos, comunicação e atuação governamental são fundamentais para aumentar em 70% a produção de alimentos e atender à demanda mundial.
Alimentar mais, emitir menos CO2. O conflito entre o aumento da produtividade e ambientalismo: a agropecuária é realmente inimiga da natureza, insensível, e criminosa? O agronegócio brasileiro é alvo de fantasias publicitárias e ataques sem nexos. Sem a conservação do solo praticada pelos próprios produtores a agropecuária não seria viável Além disso, o agronegócio brasileiro responde por 25% da economia do país e por 37% da geração de emprego.
Agropecuária e ambientalismo não passam de um conflito absurdo. O Brasil possui 60% de vegetação nativa (ou estoque de carbono), já a Europa possui 0,2%. Poupança ambiental e responsabilidade ao meio ambiente aliadas à tecnologia e produtividade é o caminho para alimentar nove bilhões de pessoas em 2050. A senadora Kátia Abreu argumenta em defesa ao agronegócio brasileiro no Fórum Internacional de Estudos estratégicos para o Desenvolvimento Agropecuário e Respeito ao Clima – FEED 2011, promovido pela Confederação da Agricultura e da Agropecuária do Brasil (CNA), nesta segunda-feira dia 05 de Setembro.
Estiveram presentes na mesma mesa redonda de abertura o representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO no Brasil, o moçambicano Hélder Muteia, Deborah La Franchi, presidente da empresa norte americana “Soluções Estratégicas para o Desenvolvimento” e o economista José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda.
Atualmente aproximadamente 925milhões de pessoas são vítimas da fome (FAO), concentradas na Ásia (580milhões), África (240milhões) e América Latina/Caribe (55milhões). Percebe-se que a pobreza é a mãe da fome. Fraca produção agrícola, desigualdade social, conflitos sociais, problemas econômicos, desastres naturais e pragas, desertificação e alta volatilidade dos preços são as principais causas da fome.
A FAO tem o objetivo de até 2050 reduzir pela metade o número de pessoas com fome e conhece as dificuldades presentes no contexto atual. Forte crescimento populacional, aumento da escassez de água doce (1,2bi pessoas não têm água para consumo e 2bi não têm saneamento básico), mudanças climáticas (aumento de incidentes de desastres naturais), degradação do solo (20% do solo mundial encontra-se em algum estágio de degradação), aumento da renda dos países emergentes e crescimento da demanda por alimentos (consumo está maior que produção, diminuindo os estoques mundiais de alimentos), aumento dos preços de combustíveis (fundamentalmente pelo aumento do preço do petróleo), urbanização e novos hábitos alimentares.
Como pilares chave para o futuro da agropecuária a FAO defende a facilidade de acesso a terra e água, à tecnologia, ao mercado e acesso a crédito e seguros agrícolas. Até 2050 a produção necessita aumentar em 70% ocupando praticamente a mesma área que a utilizada atualmente e curiosamente o capital mundial investido em pesquisa e desenvolvimento (P&D) está diminuindo.
É preciso combater a pobreza, formar fortes lideranças (o G20 é um começo), aumentar investimentos na agricultura, desenvolver a união por cooperação (no Brasil há bons exemplos) e mudar o quadro institucional criando políticas públicas favoráveis à produção agropecuária.
Na questão de disponibilidade de crédito e financiamento da produção agropecuária existem diversas fontes de recursos disponíveis, para serem aplicados em insumos, gestão de recursos hídricos, manejo de solo (Brasil é referência em plantio direto), infra-estrutura (fator crítico no Brasil), tecnologia, treinamento, P&D (Brasil também é referência no caso da soja) e mitigação de riscos e seguros agrícolas. Essas fontes de recursos estão mais desenvolvidas no exterior tanto para produção em larga escala quanto para média e pequena, são basicamente fundos de investimento e no Brasil é necessário maior envolvimento do governo para atrair tais fundos.
Podem ser citados três maiores desafios para o Brasil nesta jornada para o aumento da produção de alimentos até 2050. A doença dos custos altos que já é realidade na indústria brasileira está chegando ao setor agropecuário e precisa ser acompanhada de perto, pois o sintoma é o aumento do custo de produção, causado pela alta carga tributária, pela piora na qualidade da regulamentação do setor agro, pelo alto preço da energia elétrica e pelos problemas causados pela deficiente infra-estrutura do país. Os dois outros desafios são melhorar a eficiência média nacional da gestão “dentro da porteira”, (micro-economia) e avançar na implementação das questões ambientais.
O Brasil está abastecendo adequadamente o mercado interno e suas exportações estão permitindo bons resultados para a balança comercial, aumentar a produtividade sem aumentar áreas cultivadas é uma realidade, assim como é a transferência de tecnologia agropecuária (até para outros países). Agora o importante é aumentar ainda mais essa disseminação tecnológica de boas práticas e mostrar que não há contradição em aumentar a produção e ao mesmo tempo, atender às exigências ambientais.
Fonte: Equipe BeefPoint.
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a respeito deste artigo assisti a um informativo veiculado pela BASF no canal 11 AGROMIX que retrata fielmente e com riqueza de detalhes numeros e dados da agropecuaria brasileira,o melhor informativo ja feito ate hoje deveria ser veiculado em cadeia nacional.
Prezados colegas do BeefPoint,
Parabéns por mais uma matéria de excelente conteúdo destinada à população brasileira e principalmente aos produtores rurais. O sinal de alerta “amarelo” já foi ligado por várias instituições governamentais e privadas, e o BeefPoint sempre coloca em pauta este assunto de muita importância para todos nós do agronegócio.
Gostaria de emitir a minha percepção sobre o que o pecuarista de gado de corte pensa sobre o assunto.
Como técnico tive a oportunidade de conhecer e conversar com pecuaristas de gado de corte e leite por todo território brasileiro nos últimos 17 anos. Como produtor rural de gado de corte no Tocantins há 13 anos me vejo no direito de emitir tal opinião.
A matéria cita que a FAO sinaliza que a produção tem que aumentar 70% na mesma aréa e que o Brasil é e será o principal produtor de alimento no mundo.
Concordo totalmente, e da mesma forma que fomos alertados há 10 anos atrás de que faltaria água a partir de 2.020, e em 2.010 enfrentamos antecipadamente o problema, este alerta da necessidade do aumento de produção na mesma aréa também se antecipará.
A agricultura, a avicultura e a suinocultura estão preparadas tecnicamente para esta otimização, inclusive já mostraram resultados uniformes e em grande escala, apesar de todos os desafios enfrentados, principalmente econômicos.
A bovinocultura não está preparada, aliás está “culturalmente” travada no século passado, exceto uma minoria que apresentam ótimos resultados de produtividade, porém limitado a um pequeno número de produtores.
A maioria dos produtores não conseguem visualizar investimento x produtividade x lucratividade.
Um pé de milho sem adubo não produz em terra com PH ácido e pobre em nutrientes, mas um boi sobrevive e ganha em média 3 arrobas por ano em 01 hectare, para o produtor rural brasileiro está de bom tamanho.
Este mesmo produtor não busca técnicos habilitados para auxiliá-lo no “tal aumento de produtividade na mesma aréa” que a FAO cita. Ele nem sequer procura saber qual o tamanho do investimento e retorno para verticalizar a aréa de capim que ele tem disponível e sabe que está degradada.
Durante anos fiz inúmeras palestras pelo Brasil sempre com o objetivo de ensinar o produtor a incrementar índices de produtividade, e é claro que uma parcela deste produtores implementaram, mas a maioria tinha dificuldade de entender a mensagem porque sequer faziam controle de ganho de peso individual e anual no rebanho.
Se o produtor não sabe nem qual é a produtividade do seu rebanho em sua propriedade, para que então ele vai querer aumentar esta “bendita” produtividade que todo mundo fala?
O homem do gado tem uma trava psicológica com aumento de produtividade assim como nós brasileiros temos uma com políticos honestos, acreditem, o problema é cultural.
Não desanimei como técnico, ainda vou continuar incentivando os produtores a aumentarem produtividade a um custo de produção viável, como produtor faço a lição de casa e ganho dinheiro com gado.
Segue o vídeo:
http://youtu.be/fWHviDD9j_0
Abs, Miguel
´Muito boa a matéria,eliminar a fome no mundo esta muito mais para discurço que para soluções, o ambientalismo de modismo nuca mostra soluções,só alarmismo nada de projetos consistentes que tragam resultados concretos, hoje a produção brasileira pode ser três vezes maior só com novas tecnologias e melhor uso da terra o produtor rural sabe como produzir mas isto depende de grandes investimentos, que não estão a sua disposição porque o dinheiro no Brasil custa muito caro, invibializando os projetos, mas uma solução esta muito próximo, dando valor,(valor monetário) á nossas florestas, não só florestas publicas mas também todas as reservas dentro das propriedades e transformando estes recurços em fonte de financiamento para novas técnicas de produção, mas para isto acontecer precisamos que o governo brasileiro regulamente a valoração destas florestas, transformando preservação em commodity e seja negociado no mercado como compensação de empresas para seus impactos ambientais e neutralização de suas pegadas de carbono, que repartamos esta responssabilidade com todo o mundo não sendo um onus hoje só para os produtores rurais.
Prezado Benedito,
Concordo com sua opinião em gênero, número e grau! Basicamente são dois problemas; um governo ausente que fala demais, e executa de menos, e especificamente na nossa área, produtores de gado de corte pouco dispostos a investirem em tecnologia por não acreditarem nos resultados e nem conhecerem o custo de produção destas tecnologias, excetuando uma pequena parcela de produtores que de fato estão atualizados, implementam tecnologias viáveis economicamente e estão colhendo bons resultados. Muitos produtores de gado de corte desaparecerem nesta última década por ineficiência e por falta de apoio técnico, político e econômico. Prepare-se, quem profissionalizar e tiver recursos próprios ou mesmo do governo contará a história em 2.050, pecuária de corte vai dar muito dinheiro ainda!
Jean Vieira – Consultor pecuário e produtor rural
Caros Amigos do BeefPoint,
A alguns anos escrevi algo que entendo contribui com este artigo:
Qual será o futuro da produção de carne bovina, num universo de 40 anos?
Estima-se que a população mundial chegará a 9,2 bilhões de habitantes em 2050, ou seja, um aumento de aproximadamente 30% sobre o que somos hoje. Se o enriquecimento das nações mantiver a taxa positiva de crescimento, boa parte desta população terá acesso a alimentos, portanto a necessidade de produzi-lo de maneira eficiente será premente, neste sentido a utilização da terra com vistas a volume e qualidade dos alimentos passa uma preocupação importante para os produtores. Assim, se considerarmos as principais culturas agrícolas e a pecuária de corte, temos a soja produzindo 1500kg de proteína por ha, o milho 900 kg/ha e a pecuária de corte, se conseguisse 1000 kg/peso vivo/ há/ano teremos algo como 300 kg de proteína. Sendo assim o gado não pode ocupar terras com potencial agrícola.
Além disso, a pressão para que não se abram novas áreas de floresta, certamente deslocará a pecuária de corte para áreas de terras dobradas e pobres, o que já aconteceu nos estados do sul, o Paraná tem um bom exemplo, na região dos campos gerais, onde há 40 anos as terras eram exclusivamente de pecuária, hoje são terras agrícolas de alta produtividade, onde a pecuária só entra na forma de integração, não mais como ocupação principal.
Podemos concluir que a pecuária de corte vai se tornar uma atividade “marginal” (de a margem de) às áreas agrícolas e devemos nos preparar para isso, adaptando os atuais sistemas de produção de modo a manter bons níveis de produtividade e lucratividade na atividade, em terras dobradas e de baixa fertilidade. Alguns aspectos parecem ser prioritários, entre eles:
– estabelecimento de sistemas forrageiros eficientes para áreas de terras pobres e dobradas capazes de suportar lotações razoáveis e produções próximas a 500 kg/ha/ano;
– seleção de animais com melhor capacidade de conversão e capazes de produzir, sem a necessidade de suplementação de grãos, que serão prioritariamente utilizados na alimentação humana;
– mudança dos parâmetros de avaliação de desempenho dos rebanhos de ganho total por tempo, para eficiência na conversão das forragens.
– foco na produção da carne e não do boi, para atender as expectativas sensoriais do consumidor e assim garantir, maiores ganhos por animal.
Isto vai permitir que a pecuária se integre a agricultura, aumentando a produção de proteína por área, portanto contribuindo para a utilização social da terra.
Outro aspecto que temos que considerar como limitante da atividade são as questões ambientais, tanto no que diz respeito ao desmatamento quanto à produção de metano pelos ruminantes, que será cada vez mais explorado pelos ambientalistas, portanto aumentar a eficiência da produção é fundamental, para diminuir o impacto ambiental.
Felipe pohl é um prazer interagir com você, compartilhamos das mesmas idéias, nos produtores rurais primeiramente temos que orgulhar do nosso trabalho e conscientizarmos da importância do mesmo, porque trabalhamos em beneficio da preservação da vida, depois unirmos para trocar conhecimento e aumentar o poder de troca, somente alcançado com esta união. O mundo caminha por uma nova ordem econômica, social e ambiental, resumindo promoção da vida em que o homem é seu principal ator, e nos homens do campo o alicerce, porque alimento é a base da vida e caminha se não houver mudanças para a escassez e o Brasil é a grande fronteira agrícola e pode garantir o abastecimento do mundo, produzindo com mais tecnologia.