O Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca (MGAP) do Uruguai proibiu a entrada de produtos de origem animal do Paraguai diante da confirmação de um foco de aftosa e reativou medidas de desinfecção na fronteira.
O Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca (MGAP) do Uruguai proibiu a entrada de produtos de origem animal do Paraguai diante da confirmação de um foco de aftosa e reativou mais rodilúvios (para higienização de veículos) e arcos de desinfecção na fronteira.
“O foco pode gerar alarme, mas não é uma emergência e é importante que tenha sido detectado”, disse o diretor de Serviços Pecuários do MGAP do Uruguai, Francisco Muzio, que também preside o Comitê Veterinário Permanente (CVP).
A suspeita de um caso de febre aftosa em Sargento Loma, distrito de San Pedro de Ycuamandeyú, transformado em foco de aftosa, afetou 13 animais e análises de laboratório determinaram a presença do vírus tipo O. Trata-se de uma zona dedicada à invernada de bovinos que aporta, aproximadamente, 40% da carne exportada pelo Paraguai.
Os países da região já ofereceram ao Paraguai uma missão de cooperação técnica, à qual também se somará o Centro Panamericano de Febre Aftosa (Panaftosa). Enquanto isso, no Uruguai, Muzio disse que se continua trabalhando para fortalecer as barreiras sanitárias na fronteira para evitar a entrada do vírus no país. Na semana passada, o Governo reinstalou em todos os postos de fronteira com a Argentina pontos de desinfecção de veículos – rodilúvios e arcos de desinfecção – sob a premissa de que se tratava de “um projeto de fortalecimento das barreiras sanitárias”.
Agora, com o dado confirmado do Paraguai, o Governo uruguaio se dispôs a fortalecer também as barreiras sanitárias limítrofes com o Brasil, como é o caso de Curticeiras e se fará a desinfecção na Rota 27, km 1, que une Vichadero com Melo.
“Estamos avaliando a imunidade do rebanho bovino através de amostras sanguíneas feitas anualmente e os resultados estão dando uma boa imunidade. Até agora, todas as amostras confirmam que o rebanho está protegido”, disse Muzio.
“As desinfecções na fronteira vão sendo reativadas gradualmente”, disse Muzio. No mês passado, o MGAP comprou diretamente 350 litros de um novo desinfetante de origem espanhola que não causa corrosão dos veículos (pertencente ao grupo de amônio quaternário e que mata vários tipos de vírus e bactérias). Isso dá para manter ativos os rodilúvios durante várias semanas. “Paralelamente, planeja-se fazer uma compra maior através de licitação”.
Muzio admitiu que o foco no Paraguai “terá um impacto negativo na região e que é necessário trabalhar para que não exista circulação viral”. O estabelecimento afetado tem uma população susceptível de 819 bovinos, que serão abatidos e se assegura que estavam protegidos com vacinação.
No entanto, fontes da indústria frigorífica uruguaia disseram que a saída do Paraguai do circuito exportador de carnes “dificilmente poderá beneficiar o Uruguai em mercados como Rússia e Chile”. Isso porque o “Uruguai não tem carne para exportar porque caíram os abates”. Os destinos mais importantes da carne paraguaia são Chile, Rússia, Israel, Venezuela e Brasil, entre outros 44 países.
As fontes estimaram que, no caso da Rússia, o espaço será rapidamente ocupado pelo Brasil e, no caso do Chile, a forte demanda já passou. “A partir de 15 de setembro, data das festas chilenas, a demanda cai. O pico forte de compras é de julho até a primeira semana desse mês”.
A reportagem é do jornal espanhol El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.