Pois bem, no RS, a preocupação é produzir carne, agregando valor e buscando diferenciais, como bem foi relatado acima, pelo comprador Norueguês, a preocupação é produzir carne de qualidade, semelhante ao Uruguai e Argentina.
O leitor do BeefPoint Mario Saraiva Gomes de Macedo (Consultoria/extensão), de Bagé, Rio Grande do Sul, enviou um comentário ao artigo “Inteiro ou castrado?“. Abaixo leia a carta na íntegra.
“Lendo os comentários acima, observei vários comentários individualistas, imediatístas e sem visão de futuro. Também, muitos focados em mercado de qualidade e mercado futuro.
Gostaria de deixar aqui, um breve relato de minha experiência de mais de 20 anos, nos dois lados desta discussão.
Sou oriundo do campo, filho de fazendeiro e trabalhei 10 anos em Frigorífico. Como técnico trabalhei na elaboração de programa de carne de qualidade, como certificador de carne e posteriormente ligado a compra de bois em frigorífico.
Durante esse período, deu para constatar que como bem foi mencionado acima, é a briga do “quem veio primeiro o ovo ou a galinha”; “O couro, não pagam pela qualidade, produzimos sem qualidade” e assim a carne de qualidade.
Fica claro, que quem consome quer boi castrado (melhor qualidade), quem produz quer produzir inteiro(melhor produtividade). Ao centro ficam os frigoríficos, que primeiro preocupam-se em sobreviver, brigando com a ociosidade, por falta de bois, para suprir sua enorme sede de abater volumes.
Pois bem, no RS, a preocupação é produzir carne, agregando valor e buscando diferenciais, como bem foi relatado acima, pelo comprador Norueguês, a preocupação é produzir carne de qualidade, semelhante ao Uruguai e Argentina. Pois não temos condições climáticas de criar esta máquina de produção de carne, que é o Zebú Brasileiro. Que é dito animal de carne de baixa qualidade, justamente por ser em sua grande maioria abatido inteiro e sem as devidas condições de acabamento, pelas varias razões expostas acima.
O RS produz uma fatia mínima do que é produzido de carne no Brasil. Por consequência, produz um artigo para ser vendido em “boutique”, preocupa-se em produzir “CARNE”. Enquanto no restante do país, “Os produtores preocupam-se em vender o BOI”. O que, enquanto faltar boi, vai acontecer, fazendo com que a carne brasileira continue a ser conhecida como produto de baixa qualidade.
Vale salientar, que no RS, a bonificação pela qualidade do produto, muitas vezes superam os bônus da rastreabilidade. Isto por que nosso mercado interno paga mais ou igual a carne exportada, com um custo muito menor ao frigorífico.
Vale salientar, que um produto de qualidade deve ser de animal jovem e castrado, favorecendo a maciez e aparência e bem acabado de gordura, favorecendo a suculência.
Acredito que é chegada a hora da “Desescala”, pequenas empresas ou setorização das grandes, produzindo produtos de alta qualidade, para nichos de mercados específicos. Agregando valor ao produto e repassando a produtores parceiros.”
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Há estudos mostrando que o macho castrado na desmama tem produtividade menor em 10% comparado com o macho "inteiro"?
Olá Sr. Múcio,
Não pude entender se o Sr, quiz afirmar ou perguntar no seu comentário acima sobre os dez porcento, que o boi inteiro ganha do castrado. Realmente a estudo a respeito deste ganho, pois a profundidade do inteiro he maior e o pescoço tbm. A tempos atras quando o preço da vaca para abate tinha uma diferença superior a dez porcento, era necessário castrar, hoje com uma diferença de cinco a seis por cento, vale a pena vender o boi inteiro com preço de vaca, isto se ele não tiver uma cobertura desejada, porém estamos em nossas fazendas com acabamento desejado e vendendo por preço de boi castrado e rastreado.
Abraço
Através de praticas de manejo como reducao no tamanho de lotes, manejo de despnte repasse entre outros e possível produzir bois inteiros com bom rendimento e acabamento de carcaça
Thadeu H. Soares
Consultor sócio Exagro
Prezados. Pela experiência de pecuária no centro-oeste e também ter convivido com o manejo do RS, a minha opinião é que o boi mais tardio "que demora mais tempo para ser abatido," deve ser castrado. Os animais que terminarão mais cedo e discordando do comentário acima pois eles também tem acabamento de gordura, devem ou poderão ser vendidos inteiros. Difícil comparar, pois as raças criadas no sul como sabemos são diferentes das criadas no centro oeste que por sua vez é o responsável pela escala de suprimento do mercado interno e exportação para alguns países.
Abraços.
Essa discussão nem existia pra mim há pouco tempo atrás, quando vi esses debates até me impressionei pois achava que a castração era feita Brasil a fora também. Sou produtor de terneiros e faço inseminação com Angus e Devon. Após os primeiros 2 meses já castro o terneiro com borrachinha e não há nenhuma sequela. Se eu não castrar meus terneiros eu nem consigo envia-los para as feiras, não se comercializa terneiro inteiro aqui no RS a não ser que seja para touro. Se hipoteticamente eu pudesse levar um lote de terneiros inteiros Angus ou Devon para uma feira, eu passaria uma tremenda vergonha perante meus colegas produtores.
Cleiber de Cássio Horácio Pereira
Catalão – Goiás
Diante de situações de venda a varejo, é sofrível o comércio de cortes nobres diante da cobertura e marmoreio deficitários. Acredito que por questão cultural e não por dificuldade de manejo, a castração não é realizada de maneira mais abrangente. Se a rastreabilidade e bonificada em frigorifícos, porque não a carne de machos castrados. Isso traria melhor qualidade não a nichos de mercado com melhor poder aquisitivo, mas oferecendo carne de qualidade ao consumidor de maneira geral.
Abraço.
Acho que nao se pode comparar as diferenças dos sistemas de produçao do brasil, pois cada regiao do país tem suas caracteristicas , concordando com colega acima acho que temos que fazer o maximo para evitar o boi tardio e engordar bois inteiros de boa qualidade pelo fator de rendimento e produtividade , mas nem todos fazem isso e atrapalha quem engorda bois inteiros . para finalizar , com a minha vasta experiencia de 7 anos na pecuaria sei que na minha fazenda engordo boi nelore inteiro a pasto e em confinamento com excelente acabamento e rendimento de carcaça com 18 a 25 meses de idade e rendimento de 55 a 57% com sistema intensivo de uso de pastagem e boa nutriçao e acho que o bom zebu bem criado nao perde em qualidade para qualquer raça seja inteiro o castrado o zebu deixou o seu legado no brasil.
Esta forma de engordar boi sem castrar, no meu entendimento é mais pra aumentar o ganho do invernista. Eles sabem, e nós também, que o ganho de peso é maior e mais rápido. Não tão nem aí com a qualidade da carcaça. Eles querem é ganhar mais.
Até pouco tempo atraz, alguns frigorificos ameaçaram penalisar este tipo de animal, ficou só na ameça. Até porque, a classe é bem mais forte doque o setor industrial.
O que vale no ato da venda, é informar ao comprador do FRIGORIFICO que os bois são inteiros e estão bem gordos e com boa cobertura. Não importa, se é engordado a pasto, confinado ou semi confinado. Desta forma, muitos conseguem encaixar seus bois no mesmo preço do castrado.
Após o abate, é que vem a briga. Algumas carcaças são classificadas sem cobertura.
Aí o Frigorifico que quer levar vantagem, Ameaça descontar. O pecuarista não aceita, tinha avisado no ato da venda. O frigorifico com medo de perder o fornecedor, acaba cedendo.
Dai pra frente, tudo pode acontecer. Como o pecuarista já está com o dinheiro dos bois no bolso, cabe ao frigorifico se virar pra encaixar esta mercadoria no mercado da carne.
O pecuarista é o unico que não perde nesta jogada toda, exceto, quando o frigorifico quebra e não paga a ele. O resto, é historia pra boi durmir.
Um grande abraço a todos
Prezado Mario e Igor
Parabens pelas belas acoes e palavras, hoje temos que vender a carne brasileira apenas como opcao de preco, os Frigorificos sofrem muito com coloracao, ph e falta de acabamento, a qual coloca a carne brasileira no mercado como apenas uma opcao barata. Nossos cortes sao vendidos na europa com diferencas media de 4 Euros em relacao a carne Argentina, infelizmente, ate Paraguai tem um conceito melhor de qualidade em relacao a nossa carne.
Quem ganha com isso ?
Ninguem, pois ate nossos concorrentes se obrigam a baixar o preco por causa nossa
A discução é muito oportuna e deveremos mantê-la a cada dia mais intensa. Há prós e contras os dois modelos (castração x boi inteiro). É comprovado que os animais inteiros tem melhor ganhode peso, mas de igual modo o acabamento de carcaça dos animais castrados, bem como a facilidade de manejo em confinamento destes animais tem larga vantagem. O que necessita-se é encontrar um denominador para remunerar adequadamente o produtor que optar por fornecer ao mercado a carne de animais castrados.
No entando, quem define isto é o mercado e cabe aqui o meu questionamento: Quanto o mercado está disposto a pagar de premio ao animal castrado?
Sucesso a todos…
Produzo animais de cruzamento industrial e com terminação em confinamento e simplesmente quando o preço da @ esteve no ápice alguns frigoríficos da região, que dizem ter um programa exemplar de classificação e bonificação sumiram das compras e queriam pagar um preço de @ similar a um boi qualquer. Será isso justo? Será que o mercado some assim de repente?
Precisamos produzir carne de qualidade, isso é indiscutível.. Mas onde está a seriedade e a dita parceria que os frigorificos tanto fazem apologia?
esta troca de ideias é muito importante para o conhecimento geral.
eu só gostaria de saber, se na hora de abater para o consumo proprio quen defende o inteiro, abate o inteiro ou castrado?
eu sou mais o castrado!
Sebastiao Silverio Filho / Tiao Jiboia
Ariquemes – Ro
Tenho 25 anos de convivencia com essa briga, entre produtores e Frigorificos sobre este tema, foi a preimeira vez que alguem colocar com bastante clareza essa situaçao, acho como produtor visando somente ( lucros ) nao tenho duvida no inteiro, mais conhecendo um pouquinho do mercado de carnes e experiencias dentro de Frigorificos conheço muito este sofrimento na colocaçao da carnes, minha opinião é que devemos preocupar um pouco mais sobre a qualidade de nossa carnes e pensar mais longe valorizando o relaciomanento entre o produtor e a Industria sao duas coisa que precisão andar juntas se não vamos continuar vivendo esse dolorosso insucesso de nossas Industrias e quem vem pagando por isso são quem produz por isso devemos repensar o que é melhor para todos.
À Redação do Beefpoint.
Não sei porque meu comentário não foi publicado. Vocês tem prerrogativa de publicá-lo parcialmente se acharam alguma linguagem imprópria, ou então foi a pergunta que incomodou?
O boi inteiro confinado não dá acabamento?
Ou trata-se apenas de mais uma manobra marqueteira de frigoríficos?
Aliás vocês estão dando muito mais espaço para os comentários de quem está ligado a eles, frigoríficos, do que os pecuaristas.
Agora, eu pergunto. Quem dá mais audiência ao site os milhares de pecuaristas do país ou uma meia dúzia de frigoríficos. De qual lado querem ficar?
Desculpem a franquesa mas é que já estou esgotado com tanta pressão sobre nós produtores. É meio ambiente, ministério do trabalho, frigorífico com controle remoto de balança. Não estou desanimado mas decepcionado.
Boa sorte na sua estratégia, mas a situação dos frigoríficos está assim porque plantaram há 5 anos esguelando o produtor com a máfia das balanças e outra coisas. Cuidado pois este site pode estar no mesmo caminho…..
Olá sr.Sebastião ,
A briga como o sr. Disse esta no fim, acabamos de abater mil bois inteiros vacinados com bopriva da pfizer, engordado a campo com grande resultado, tanto em gordura como em acabamento.
Abraço.
O Sr.Manoel Vaz Theodoro Benelli tem toda a razão! O setor de frigoríficos está oligopolizado.Precisamos criar maneiras e organismos que defendam os direitos dos pecuaristas de corte.O Conselho Nacional da pecuária de Corte,do qual assinei a ata de fundação;parece que perdeu o rumo…
A taxação dos frigoríficos deve ser reduzida para que o governo não precise depois de subsidiar seus investimentos.
O incentivo à produção de carne bovina de qualidade deve começar pelo apoio financeiro,técnico e legislação que obrigue os abatedores a remunerar pela classificação de carcaça! Esta classificação deveria ser confirmada pelos técnicos fiscais do Ministério da Agricultura!
Múcio Paixão de Araújo-médico-veterinário aposentado e Produtor rural em Luz-MG
oi mario, acho que voce tem toda razão sobre o programa, mas por outro lado se voce
cria um animal diferenciado, automaticamente ja esta sendo melhor remurado pelo rendimento superior ao animal comun, é o tal negocio, a onde come um ruim come um bom,temos que ter qualidade no campo.