Os preços carne bovina e de animais serão maiores em 2012. A contínua fragilidade dos Estados Unidos, bem como da economia global tornam a demanda uma importante questão para a indústria de carne bovina nesse novo ano.
Os preços da carne bovina e do boi gordo aumentaram para novos níveis recordes em 2011 e deverão aumentar ainda mais em 2012 nos Estados Unidos. Vários anos de redução no rebanho culminaram no final de 2011 com uma queda de 3% nos abates que, combinada com os menores pesos das carcaças, resultaram em 3,8% menos carne bovina no quarto trimestre de 2011, comparado com o ano anterior.
Em 2012, os abates deverão cair outros 5% e, mesmo com um aumento esperado nos pesos das carcaças, resultará em uma queda de quase 4% na produção de carne bovina no ano.
A redução na produção de carne bovina garante que os preços atacadistas e varejistas da carne bovina serão pressionados ainda mais para cima em 2012. A oferta de gado restrita também assegura que o preço do boi gordo e para reposição serão pressionados até o limite e manterão pressão negativa nas margens dos confinamentos, frigoríficos e varejo.
Embora a oferta seja o principal direcionador dos preços do gado e da carne bovina, é a demanda pela carne que determinará quanto os preços aumentarão. Não se trata de uma questão de se os preços serão maiores, mas sim, uma questão do quanto serão maiores.
Ignorando o comércio por um momento, é a demanda doméstica (nos EUA) que é a mais desconhecida em 2012. A demanda dos consumidores por carne bovina é uma combinação de disposição e capacidade de compra. Tipicamente, os consumidores pagarão preços maiores quando a quantidade é menor e somente comprarão quantidades maiores a preços menores. A menor produção de carne bovina em 2012 já sugere preços maiores.
Entretanto, outros fatores podem mudar, afetando o nível da demanda. Entre os fatores “disposição” para a carne bovina, está o desejo inerente que os consumidores têm por esta carne, comumente referidos como de preferência. Não existe indicação de que a preferência dos consumidores por carne bovina diminuiu. Mesmo quando os consumidores foram forçados a ajustar padrões de gastos nos últimos anos, a preferência por carne bovina permaneceu forte.
Entretanto, a carne bovina não é um produto, mas muitos produtos diferentes e existem questões se a preferência dos consumidores mudou em termos de mix de produtos desejados. O steak, embora ainda popular, pode ser visto agora pelos consumidores como uma refeição de ocasião especial, enquanto a demanda por carne moída continua crescendo.
Outros fatores podem afetar a disposição para compra de produtos de carne bovina. As decisões dos consumidores são direcionadas pelo valor, que é uma combinação de preferências e preços de um produto com relação a outros produtos que podem ser substitutos. No caso da carne bovina, as substitutas são principalmente carne suína e de frango.
Então, a demanda por carne bovina será determinada em parte pelos preços da carne suína e de frango com relação à bovina. Em 2011, os preços da carne suína, bem como os da carne bovina, alcançaram níveis recordes, mantendo, assim, um equilíbrio relativo entre elas.
Durante os primeiros 11 meses de 2011, os preços da carne bovina e suína no varejo aumentaram cerca de 10% com relação ao ano anterior. Durante o mesmo período, os preços da carne de frango aumentaram cerca de 2%. Esse é outro sinal da forte preferência por carne bovina com relação à carne de frango nos Estados Unidos. Quedas antecipadas na produção de carne de frango em 2012 deverão suportar os preços desse produto e fornecer suporte para preços maiores da carne bovina.
Desde 2008, o fator capacidade da demanda por carne bovina tem um papel mais importante na demanda do que nos anos anteriores. A recessão de 2008 e de 2009 causou ajustes significantes nos gastos dos consumidores que podem ter mudado de forma permanente os padrões de consumo.
Medidas macroeconômicas fornecem um pano de fundo geral para a capacidade de gastos dos consumidores. O crescimento no Produto Interno Bruto (PIB) pós-recessão em 2010 foi seguido pelo crescimento mais fraco do que o esperado em 2011 na economia dos Estados Unidos e de muitos outros países. O tsunami no Japão e a contínua situação econômica frágil na zona do euro limitaram o crescimento global. As expectativas gerais para 2012 são de um contínuo baixo desempenho macroeconômico nos Estados Unidos e na maioria dos países desenvolvidos e em desenvolvimento.
O desemprego nos Estados Unidos, embora tenha reduzido em relação aos picos na época da recessão, permanece insistentemente alto, com pouca redução durante 2011. A renda pessoal disponível ajustada pela inflação caiu levemente com relação aos níveis de 2010 no segundo e terceiro trimestres de 2011. Os dados do quarto trimestre ainda não estão disponíveis.
Entretanto, as taxas de economia pessoal, que aumentaram bastante durante e imediatamente após a recessão, caíram para um nível mais modesto no final de 2011 e provavelmente suportaram gastos adicionais dos consumidores. Algumas indicações de fortes gastos nos feriados sugerem que os consumidores se ajustaram ao ambiente pós-recessão. Histórias recentes de grandes multidões em locais de férias como Disney World são indicações de que os consumidores estão saindo da redução induzida pela recessão para um consumo mais típico, apesar de continuarem “apertando o cinto”.
Os preços médios dos cortes de carne bovina aumentaram no último trimestre de 2011 e o Índice de Desempenho de Restaurantes se moveu em direção de alta para o ano com os últimos dados de novembro/11.
Os preços carne bovina e de animais serão maiores em 2012, mas o quanto maiores depende da demanda e consumo. A contínua fragilidade dos Estados Unidos, bem como da economia global tornam a demanda uma importante questão para a indústria de carne bovina nesse novo ano.
Apesar das preferências dos consumidores por carne bovina permanecerem fortes, elas podem ter mudado. A reação dos consumidores aos preços maiores pode resultar em mais mudanças na demanda por cortes tradicionais com relação aos cortes mais sofisticados e no consumo de carne dentro e fora de casa. Sobre o enfraquecimento macroeconômico nos Estados Unidos e global, a demanda por carne bovina será suficientemente forte para suportar os maiores preços da carne e dos gados em 2012.
Matéria de Darrell S. Peel (especialista em marketing da pecuária da Universidade Estadual de Oklahoma), publicada no site Cattlenetwork.com, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
0 Comments
A produção de carne bovina e seu consumo está, a meu ver, inversamente proporcional no mundo. É como o ITR, quanto menos produz mais se paga! O gosto do ser humano pela carne bovina não se questiona. O problema do boi é que não dá para guardar na gaveta, como papéis de bolsa de valores. O bicho come, e come muito. O espaço pecuário cada vez se torna menor. Na Europa já não existe, nos USA diminui ano a ano (vide matéria), Austrália, Japão e Canadá idem e a Argentina é um trauma só com aquela Presidente. E o Brasil? Estamos estacionados a 2 anos com o mesmo plantel em números,sinal claro de estabilização de rebanho. Com o etanol sufocado por espaço e a Amazônia literalmente bloqueada (moro aqui a 30 anos), a conclusão é simples: vai continuar a faltar carne bovina. Tem solução? Na minha opinião, tem sim. Explico no próximo comentário. Márcio