A cada dia, entende-se mais que quem determina o que e como produzir é o consumidor – Lucas Ferriani (Profissional MS)

O Prêmio AgroTalento 2013 é uma iniciativa ousada do BeefPoint, que visa identificar e reconhecer os talentos da pecuária brasileira com idade de 25 a 45 anos. São essas pessoas que estão construindo hoje a pecuária do futuro, são elas que fazem a diferença no nosso setor.

O prêmio foi dividido em três etapas. Na primeira, o leitor BeefPoint preencheu um formulário onde tinha que indicar um nome para cada categoria e justificando sua escolha. Após disso, foi feita uma curadoria pelo BeefPoint, selecionando os finalistas. A terceira etapa foi uma votação aberta ao público, que se encerrou no dia 2 de dezembro. A cerimônia de entrega dos prêmios e a divulgação dos ganhadores foi na véspera do BeefSummit Brasil, no dia 9 de dezembro, no restaurante Ranch Steak, no Shopping Iguatemi, em Ribeirão Preto – SP.

Saiba mais como vai funcionar e o que é o Movimento AgroTalento:

– Prêmio para celebrar os jovens talentos da pecuária brasileira (dezembro 2013)
– Portal com muitos conteúdos focados em desenvolvimento pessoal (durante todo ano de 2014)
– Plataforma de educação online com diversos cursos e treinamentos sobre desenvolvimento pessoal, gestão, liderança e auto-conhecimento (durante todo 2014)
– Curso intensivo estilo bootcamp de 5 dias fechado para convidados agrotalentos (primeiro semestre de 2014)

Para conhecer melhor os finalistas de cada categoria, o BeefPoint preparou uma série de entrevistas com cada um deles.

Confira abaixo a entrevista com Lucas Ferriani, um dos finalistas do Prêmio AgroTalento 2013, na categoria Profissional – Mato Grosso do Sul.

Lucas Ferriani é casado, pai de um menino e está esperando outro filho, que deve nascer em abril. Trabalha com pecuária há 14 anos, é zootecnista e mestre em genética e melhoramento animal pela Unesp Jaboticabal.

Foi gestor técnico administrativo da Nelore do Brasil, de compras e sustentabilidade no JBS e marketing na Dow AgroSciences.

Atualmente é gestor comercial na Minerva Foods, responsável pelo desenvolvimento do mercado das marcas Premium e nichos específicos.

BeefPoint: Qual atividade na pecuária mais te inspira?

Lucas Ferriani: A pecuária como um todo é inspiradora e muito desafiadora, mas desenvolver e implementar tecnologias para o dia a dia do campo em todas as fases do ciclo é fascinante.

Na faculdade, se falava em idade de abate dos animais em 5 e 6 anos. Estamos vivendo hoje uma realidade totalmente diferente, devido ao trabalho desenvolvido em Universidades e centros de pesquisa, difundido por empresas de insumo e utilizados pelos pecuaristas, que trouxeram esses resultados.

Ver tecnologias como braquiarias híbridas, IATF e DEP de diversas características e por fim poder vivenciar tudo isso no produto final, realmente me inspira. É um prazer sentar em uma excelente steak house e saber toda a história que se passou com aquela carne.

BeefPoint: Você poderia nos contar sobre os acertos? O que fez e deu certo em sua carreira? Qual a sua maior realização?

Lucas Ferriani: Todas as fases e empresas que passei, acredito terem sido acertadas, pois aprendi muito em cada uma delas.

Talvez não conseguimos enxergar isso enquanto estamos vivendo, mas com certeza depois de um tempo entendemos a importância de cada desafio.

Tive a oportunidade em participar de dois programas de carnes que estão em pleno funcionamento ate hoje, o Nelore Natural e o Swift Black, dois programas com estratégias de mercado diferente e que me ensinaram muito e acredito terem dado certo.

Outro fato interessante foi acompanhar o nascimento de um novo conceito em pastagens, a braquiaria híbrida.

Acho que fazer parte dos diversos elos da cadeia produtiva e entender um pouco mais a fundo de cada um deles, conseguindo transitar muito bem entre as partes, tenha sido uma grande realização.

BeefPoint: Em relação ao seu histórico profissional, porque você acha que foi indicado para o Prêmio AgroTalento? Das suas realizações profissionais, o que você tem mais orgulho até agora?

Lucas Ferriani: O fato de conseguir transitar entre os elos envolvidos, entendendo as dificuldades do processo de cada um e buscando o interesse comum entre as partes, talvez me deram essa indicação.

Tudo que foi feito com muito empenho e seja duradouro nos dá muito orgulho em participar. Sendo assim, as marcas de carne que citei me dão orgulho de ter feito parte dos processos.

A criação da Universidade do Boi e da Carne (UBC), juntamente com a Nelore e professor Pedro de Felício, realmente é de grande orgulho.

BeefPoint: Todos sabemos que aprendemos mais com nossos erros. O que fez e deu errado? Você poderia nos contar?

Lucas Ferriani: Os erros cometidos em processos anteriores são grandes lições realmente. Todos que cometi, procurei guardar bem para evita-los de cometer novamente.

Acho que o fato de não ter acompanhado mais de perto o desenvolvimento de um movimento como o da UBC, tenha sido um erro. Independente de ter deixado a associação, a formação de pessoas é essencial para o desenvolvimento e durabilidade dos processos. Poderia ter participado mais em após minha saída.

BeefPoint: O que você fez em 2013 que te trouxe mais resultados?

Lucas Ferriani: Como esse é um ano de mudanças para mim, divido em duas fases.

A primeira. Acho que colaborei bastante para o desenvolvimento e implementação de uma nova tecnologia no campo, buscando aplicar meus conhecimentos de outros elos produtivos nesse dia a dia (Dow AgroSciences).

Desde outubro vivo um novo começo no Minerva Foods, mas o uso de experiências anteriores tem me trazido bastante retorno em minhas atividades diárias.

BeefPoint: O que você pretende fazer em 2014? Quais são seus planos?

Lucas Ferriani: Criar uma linha de carne referência em qualidade. Não queremos reinventar a roda, simplesmente gostaria de aproveitar a oportunidade e experiências anteriores para buscar atender com maior transparência e clareza um mercado ávido por informações e qualidade, estamos caminhando para isso.

BeefPoint: Em sua opinião, o que deve ser feito para aumentar o envolvimento dos jovens na agropecuária?

Lucas Ferriani: A minha opinião é que falta informação em todo o processo, as pessoas na cidade desconhecem o dia a dia no campo e suas atividades e isso gera preconceito. Deveríamos fornecer mais informações às escolas e atuar no início do processo.

Como boa parte dos problemas do Brasil, esse é mais um que a falha está na educação e que depois vira cultural.

Outra fato é que nós, da área do agronegócio, deveríamos debater mais os nossos problemas e anseios com a sociedade como um todo e parar de debater somente entre nós mesmos.

BeefPoint: Qual o exemplo de pecuarista do futuro no Brasil hoje? Quem você mais admira?

Lucas Ferriani: Gosto muito do trabalho do André Bartocci, acredito que o pecuarista no futuro terá que ser ligado em tudo que envolve o seu processo e não mais só o dia a dia do boi, sendo mutável de acordo com as alternâncias de mercado, porém nunca deixando a sua essência.

BeefPoint: Qual tema você acredita que será um marco na pecuária do futuro?

Lucas Ferriani: A exigência e conhecimento do consumidor.

Cada dia que passa a cadeia entende mais que quem determina o que e como devemos produzir é o consumidor.

Já ouvi de empresas que conhecem bem o consumidor sinalizar exigências que muitos duvidavam e hoje se tornaram obrigatórias. Um exemplo é o bem estar animal. Essas e outras empresas hoje sinalizam, quanto ao sistema que criamos, recriamos e terminamos nossos animais. Diversas vezes vivenciei problemas com cheiros e sabor indesejados na carne e principalmente problemas com alteração de pH.

Como já ouvi de alguns amigos: precisamos ouvir mais o que o consumidor deseja!

BeefPoint: Em sua opinião, qual fazenda se destaca na pecuária hoje?

Lucas Ferriani: Várias, mas acho que o trabalho realizado pelo Mauro Lúcio, em Paragominas – PA realmente deve ser destacado.

BeefPoint: Que mensagem você deixaria para os pecuaristas?

Lucas Ferriani: Ao invés de responder com palavras, gostaria que colocassem o vídeo da propaganda da Dodge do intervalo do Super Bowl. Não foi feito por brasileiros, mas esse deveria ser o sentimento de nossa sociedade. Quem sabe nos próximos 15 anos vamos ver uma propaganda dessa sendo feita por uma empresa nacional, para veicular na final de algum campeonato.

Confira o vídeo abaixo: