Com surpresa vi hoje no Estadão a notícia de que três associações de frigoríficos e exportadores de carne solicitaram ao governo federal a cobrança de imposto de exportação sôbre as vendas de boi vivo ao exterior. Segundo a matéria a indústria pediu ao Ministério do Desenvolvimento a cobrança de 30% de imposto de exportação, pedido esse assinado pela UNIEC (União da Indústria e Empresas de Carne), ABRAFRIGO (Associação Brasileira dos Frigoríficos) e ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne).
Realmente é vergonhosa essa atitude e um desrespeito total a propalada ideia de integração da cadeia produtiva da carne. Um verdadeiro ato de traição aos demais elos de uma cadeia que só existe nos discursos. Note-se que esse absurdo gesto de tentativa de reserva de mercado ocorre num período em que as exportações de gado vivo estão caindo, de 654.964 cabeças em 2010 para 404.853 em 2011.
Por que não existem mais frigoríficos na Grande São Paulo? Por que o número de plantas no Estado de São Paulo está diminuindo? Por que está havendo um deslocamento dessas indústrias em direção ao norte, acompanhando o deslocamento da pecuária, acuada pela cana de açúcar e eucalipto?
A resposta é simples: chama-se custo de transporte. O transporte do boi vivo é muitas vezes mais caro que o transporte da carne. Este sim já representa um alto custo para a exportação de gado vivo, um verdadeiro imposto de exportação. Mas eles não estão satisfeitos: além das benesses dos financiamentos e aportes de capital barato pelo BNDES querem mais; querem imposto de exportação.
A cadeia quebrada ou a cadeia furada. Semana passada assisti a mais uma demonstração da incipiência da cadeia produtiva da carne. Nosso companheiro Miguel Cavalcanti do BeefPoint realizou um workshop sobre a classificação de carcaça, onde ilustres professores e pesquisadores, (inclusive o mestre Pedro Eduardo de Felício), expuseram toda tecnologia aplicada nos países de indústria mais evoluída para a produção de carne de qualidade superior, procurada pelo mercado.
Nesse encontro ficou patente a total dissociação do setor produtivo da pecuária com as demandas do mercado consumidor. Não existe diálogo entre os elos da cadeia. Os frigoríficos vendem melhor a carne de boa qualidade (exportam) e destinam as de menor valor para o mercado interno.
Se houvesse um jogo aberto, que refletisse um interesse comum de todo setor, poderíamos caminhar mais depressa para aumentar nossa exportação e nossa produção, pagando-se mais pelo boi de boa qualidade, em proporções equivalentes às alcançadas pelos preços de venda das carnes de diferentes qualidades. O burro vai sempre atrás da cenoura, se houver cenoura.
Fazem dois anos ou mais que a arroba chegou nos R$100,00 e hoje está abaixo disso. A dificuldade do frigorífico não está aí. O que quebra frigorífico é curral vazio. O setor precisa de uma política cambial que remunere adequadamente o exportador e todo setor produtivo. Estamos assistindo a queda das exportações da carne e do gado vivo porque nossa taxa cambial está desajustada da realidade e por isso enfrentamos superávits comerciais cada vez menores.
Louve-se o protesto da CNA na palavra de Antenor Nogueira, presidente da Comissão da Pecuária de Corte, prometendo acionar o Supremo Tribunal Federal.
Vamos preservar nossa galinha dos ovos de ouro, que no caso da pecuária brasileira é o boi de capim.
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Carlos Viacava
Criador de Nelore, conselheiro da ABCZ, ACNB e SIC. Ex- diretor da Cacex e secretário executivo do Concex (Conselho Interminesterial do Comércio Exterior).
37 Comments
Solidariedade total ao companheiro pecuarista,que muitíssimo bem pontuou situações do desmonte de um setor como um todo. Parabéns senhor Carlos Viacava!
Confesso que em outros momentos eu até poderia ser solidário a este pleito.
Mas,considerando a verticalização canibalisca do setor de abates bovinos,a verticalização de plantas de uma mesma empresa em estados chave na formação e sustentação dos preços nacionais das @s bovinas.
Considerando ainda que nossos frigoríficos (apenas frigorífico,desmontadores de carcaças) não abrem mão dos pragmatismos a dogmas do setor (que datam do século XIX e até mesmo há séculos anteriores),e desta forma não conseguem seguir adiante na necessária transformação destes desmontadores de carcaças em INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS.
Sou,neste momento,absolutamente contra ao pleito em questão.
Estou absolutamente solidário dos pecuaristas que se utilizam a pratica de exportações de animais vivos.
Se o setor de abates vive a falta de sustentação,pelo menos os pecuaristas precisam receber dignamente pelo que e como produzem,e não merecem tornaren-se currais de frigoríficos.
Saudações,
EVÁNDRO D. SÀMTOS.
Sr. Viacava Vou mais longe, com o avanço da cana, em minha região sudoeste goiano, que ja chegou a ter somente em Quirinopólis mais de 600.000 cab., esta ficando sem opção o pecusrista a naõ ser partir para produzir cana, pois o que acontece com este aporte que o sr. tão bem exemplifica, aqui é o achatamento do preço e o proprio icms de goias, o governo eleva a pauta pra ajudar os frigorificos aqui instalados. e quem produz esta a deriva. vamos chupar cana e comer acucar.
Temos 2 condições praticas de resolver esses problemas causadas por empresas de grande porte.
1 Parar de financiar frigorífico com venda a prazo.
2 Se for vender a prazo exigir peso de fazenda seguindo regras.
Enquanto isso não acontece vamos ficar brigando, uma hora preço outra peso.
Pense bem nisso senhores produtores de carne vamos profissionar a classe.
O alinhamento se faz necessário entre Indústria e Produtor.
1- Industria deve remunerar diferente quem oferece carcaça com menor idade e com acabamento.
2- o pecuarista deve investir em genética e nutrição (pecuaria de ciclo curto)
3- Governo deve financiar as indústrias que orientam o produtor …
Enfim, temos a faca e o queijo na mão… Só nao podemos é ter medo de cortar!
Ninguem neste espaço falou tanta Verdade como este Senhor, Parabéns, e digo mais se pegarem ele de jeito tem muito mais coisa para falar deste Frigoríficos Grandões que vem batendo de Reio em Pecuaristas.
Meus parabéns, Sr. Carlos Viacava.
A máfia dos frigoríficos não para de crescrer. Esse ato realizado por associações de frigoríficos é um verdadeira TRAIÇÃO a nós produtores de carne.
Atenção amigos produtores, o Friboi já detem mais de 33.000 bois/ dia de abate, atentem ao fechar seus negócios, do jeito que a coisa ta indo, daqui a alguns dias serão poucas opções para abater nossos animais.
Nos produtores para conseguir financiamento para melhorarem nossas pastagens, é um desafio, praticamente impossível de conseguir o crédito tamanha a burocracia. Agora p/ esses carteis de abate de bois é muito fácil. Nos temos q se unir e juntar forças p/ combater essa máfia do boi que já é muito forte!
Ats
Prezado Sr. Carlos Viacava.
Gostaria muito de agradecer e lhe parabenizar pelos comentários feitos no artigo acima.
As exportações de gado vivo são um nicho de mercado existente no mundo que gira em torno de 5 milhões de cabeças. Austrália, México, Canadá, Espanha, França são exemplos de exportadores de gado, o Brasil tem evoluído muito desde 2003 atingindo o ápice em 2010 e infelizmente caindo quase 38% em 2011.
Fomos pegos de surpresa por tal absurdo pleito proveniente de três associações frigorificas, que na realidade representam basicamente a idéia de 2 grupos industriais, com intuito de sobretaxar em 30 % o boi produzido já com tanto sacrifício, e conseqüentemente fechar mais essa opção lícita de venda do pecuarista.
Entendemos ser mais uma tentativa te concentrar ainda mais o poder de fogo desses grupos, seguindo a linha do que vem acontecendo no Goiás e Mato Grosso,nesses casos as escalas de abate se estendem por mais de 20 dias,no caso do estado do Pará que é o maior canal de escoamento, a situação seria bem pior se a exportações fossem suspensas, pois alem de concentração de um grupo frigorifico,o estado não esta liberado para exportar carne para os mercados que pagam mais.
É brincadeira afirmar que uma atividade que representa 0,97% do abate certificado do Brasil poderia comprometer a industria nacional.
Não podemos esquecer que a maior agregação de valor na cadeia acontece da porteira para dentro, pois se juntarmos os setores de insumos com 14,65 % e o da produção com 39,42% chegamos a um total de 54,07% na participação do PIB da pecuária(R$ 242,6 bilhões /2010 CEPEA/USP /CNA).
Não entendo como um grupo que depende do pecuarista quer cada vez mais achatar seu maior “parceiro”, está provado que nos anos de preços maiores ,os investimentos para tecnificar a pecuária também foram maiores. Encerro clamando pela união da classe contra esse absurdo. Sou Presidente da ABEG (Associação Brasileira dos Exportadores de Gado)
No momento em que os exportadores de gado em pé mais precisam, ou seja, estão com suas vendas em baixa, vem os mais beneficiados com a cadeia produtiva da carne e ficam a quererem dar o golpe de misericórdia para que o elo mais fraco desta cadeia se trancafie ainda mais a esse elo da ponta da pirâmide.
Relutei um pouco em escrever sobre este tema, normalmente mais analisado sob o lado emocional do que o racional. Mas, do bom debate não posso e não devo me furtar de fazer os meus comentários.
O Sr. Carlos Viacava é um brasileiro conhecido por seu belo trabalho no setor público. Discípulo de Delfim Netto, contribuiu em muito na formulação de políticas econômicas que ajudaram a fazer crescer o nosso país. Agora, na condição de pecuarista e líder rural, continua dando a sua cota de contribuição para o agronegócio brasileiro.
Concordo parcialmente com os seus comentários. Não posso aceitar a observação de que os frigoríficos, por intermédio de suas entidades, queiram fazer reserva de mercado e que o objetivo maior embutido na proposta ao MDIC/CAMEX seja pagar menos ao pecuarista. Esta é uma visão romântica e equivocada de se analisar o contexto no qual se inserem as exportações de boi em pé.
Qual dono de frigorífico, em sã consciência, deseja esmagar o produtor rural, sabendo que dele depende, assim como o ar que respira, para sobreviver ? Como se pode usar apenas este falso argumento, omitindo-se sobre as causas e consequências das razões que induziram as entidades representativas da indústria a pedir a taxação nas exportações de boi vivo ? Por que não considerar também os problemas e aflições da indústria frigorífica, como por exemplo, não poder remunerar melhor o produtor diante de um mercado consumidor que se baseia primordialmente pelo preço, mesmo com o sacríficio da qualidade ? Por que não contesta as absurdas margens de lucro dos supermercados que não dão espaço e que sugam o quanto podem dos seus fornecedores ?
Já tive a oportunidade de dizer anteriormente : a ABRAFRIGO e creio que também as demais entidades de representação da indústria frigorífica, não são e nunca serão contra os produtores. O que não podem é assistir passivas o desmoronamento de suas empresas quando fatores que ocorrem alheias a sua vontade contribuem para prejudicar os seus interesses e sua sobrevivência. No caso específico das exportações de boi em pé, reitero, este é um nicho de mercado que respeitamos e sabemos que não têm volta. O que se está pedindo é apenas igualdade de tratamento tributário, para fins de competição igual, entre aqueles que compram dentro do país e os importadores que abatem em seus países de destino. Exagerou-se na dose com os 30%, até posso concordar, mas algo precisa ser feito para que os dois lados possam encontrar um denominador comum de equilibrio. E aqui só vejo uma saída : conversar, dialogar, negociar e, finalmente, perseverar até que se encontre uma solução compartilhada. A solução não virá do governo, mas de nós mesmos. Espero que a ABRAFRIGO, ABIEC, UNIEC, ABEG e CNA sentem-se à mesa e iniciem um entendimento, não apenas sobre este tema, mas também sobre todos os outros que impedem o desenvolvimento da cadeia produtiva como um todo. Esta cadeia ainda existe, sim. Sem retóricas e mais racionalidade.
Parabéns sr. Viacava!
Use seu prestigio e reputação para levar esse protesto à outras mídias, os pecuaristas precisam de representantes como o sr.
Senhores, a união da classe tem que existir. E existe um aliado, dormindo por enquanto, a ser despertado: o consumidor dos centros urbanos. Aquele que paga um preço único por kg de carne, seja de boi ou de vaca, sempre como boi. Ora, não vendemos ao frigorífico a vaca 10% mais barato? Por que o consumidor paga a mesma coisa, ou melhor, compra vaca como boi?
Sr. Carlos Viacava parabéns pela pronta resposta diante da noticia ontem vinculada nos principais jornais do pais .
o Sr. leu e traduziu o pensamento de toda uma classe ” Indignação e Revolta ” , mais uma vez eles tomam uma atitude sem temer o que possa lhes acontecer, senhores do mercado que infelizmente ainda são .
Ainda quero ver todos nós pecuaristas vendendo bois através de alguns canais de venda e acuarmos esta gente que nem os cachorros caçadores de nossos ancestrais acuavam as onças pelos campos e cerrados do nosso Brasil
Rubens Cunha —Faz. Caxingui
A pergunta que faço é : onde anda a tão famosa ” bancada ruralista ” do Congresso Nacional ?
Acredito que estejam engajados na tarefa de tentar equacionar assuntos como este onde existe conflito de interesses ,em que setores diferentes da atividade econômica exploram a mesma matéria prima , ou seja a bovinocultura .
Carlos Viacava está de parabéns e chamando atenção para esta situação em tempo de ser resolvida com equilíbrio .
O Sr Péricles faz o seu papel em expor sua posição , ainda que eu não concorde com seus princípios , mas esta é mesmo a base da democracia .
Caro Carlos Viacava
Seu comentário irrepreeensível sobre a quebra da cadeia produtiva da pecuária é muito importante para amplificar a indignação de todos os pecuaristas,na maior parte das vezes,silenciosos e sem representação adequada.
É incrível que os frigoríficos e seus representantes ainda não saibam que “uma cadeia é tão forte quanto seu elo mais fraco”.O único objetivo destes senhores parece ser o de “arrancar o couro” do pecuarista.O elo representado pelo produtor vai se esticando cada vez mais e se enfraquecendo aos poucos com a migração para cana de açúcar,eucalipto,seringueira ou qualquer outra coisa.
O MAPA é uma formidável ausência na defesa dos produtores e o BNDES uma suspeita onipresença no financiamento de delírios empresariais de certo tipo de agronegócio.
Temos o consolo da participação ativa de CNA,de Antenor Nogueira e Katia Abreu e desta sua colaboração.
Aguardamos adesões.
Sem elas suspeito que a tal cadeia se quebre definitivamente.
Obrigado e um abraço
Concordo plenamente com o Carlos Viacava, realmente é uma atitude de desrespeito perante a cadeia produtiva da carne.
O que o setor precisa mesmo é de uma política cambial no Brasil para o setor de exportação. “Concordo com Péricles Pessoa quando fala nas dificuldades dos frigoríficos, mas acredito que a expressão” Exagerou-se na dose com os 30%” é que representa essa tendência na construção de uma cadeia da carne. Espero que esta tendência seja cada vez mais contida.
Peço licença ao senhor Vicava,para que possa respeitosamente me dirigir ao senhor Péricles Salazar.
Prezado senhor Péricles Salazar,
Antes de tudo,embora tenha tecido algumas críticas quando do retorno de determinada empresa a ABRFRIGO,desejo deixar claro aqui o respeito pela vossa liderança,que se faz não somente pela natureza de seu posto nesta entidade,mas também pelo fato do senhor levantar sua voz,permitindo que conheçamos melhor a idéias e intenções dos dirigentes das “indústrias” frigoríficas.
Quero concordar com o senhor quando fala das altíssimas margens de lucro dos supermercados,leia-se ai GRANDES REDES.Pode-se fazer também esta leitura,interpretação e conscientização que esta é uma ação coordenada entre as grandes empresas frigoríficas do país em flagrante conluio com as grandes redes.Caso não fosse o que e como hoje pode justificar os “ditos contratos financeiros” (RAPEL) que chegam a até (espantem) 22%.
Como são aplicados os tais descontos financeiros,vamos lá:
Tendo como preço negociado,por exemplo o contra filé negociado a,digamos,R$12,00 liquido para o frigorífico.A conta é feita da seguinte forma 12,00 : 0,78 = R$15,38 este é o valor que estará na nota fiscal,o valor do boleto será R$12,00 o quilo.Quando as redes e supermercados aplicam suas margens que podem chegar (pasmem) a 80% .
Então o preço do contra filé será formado assim: R$15,38 : 0,80 = R$19,23 este será o preço,ou não.Por que ainda é bem pior,os preços dos supermercados são modificados quando do pico dos preços das carnes,e assim permanecem ao longo do ano,diferenças fazen-se apenas em promoções pontuais,onde primeiro matam as empresa frigoríficas na compra,e nas semanas de menor demando,e depois matam outra vez quando nas semanas (que deveriam ser boas) o derrame das grandes redes de cortes fundamentais,demandados e formadores dos demais,são posto em promoções que podem ser com valores inferiores aos pagos (liquido) para os frigoríficos.
E porque ainda existe os tais descontos financeiros (RAPEL),se já não reputamos ICMS,PIS e CONFINS no produto carne bovina?
Simples,meramente porque são os grandes solidariamente se ajudando.Este modelo interessa somente a eles,desta forma os demais ficam cada vez mais restritos nos negócios juntos a estas grandes redes,quando frigorifico menor vai às vendas ofertando seus produtos as grandes redes,pode esperar a “sapatada”,é cada proposta,que o segundo “P” bem que poderia ser trocado pela letra “B”,de tão infames que são.
Relativo ao seu questionamento: ”Qual dono de frigorífico, em sã consciência, deseja esmagar o produtor rural, sabendo que dele depende, assim como o ar que respira, para sobreviver ?”
Tenho absoluta certeza que o senhor se refere AOS NORMAIS,porque aqueles que têm acesso a dinheiro absolutamente fácil,não se sabe bem ao certo com quais interesses,têm grandes projetos em andamento de confinamentos,e existem projetos muito maiores do que os que já estão em andamento ou em pleno funcionamento.
Por mais,quero crer que a ABRAFRIGO deve manter seus esforços na luta pela igualdade de direitos junto ao NOSSO BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E social,este é um direito de todos os demais frigoríficos,um dever destas entidades.
Cabe-me lembrar que todos nós como participes deste setor,não deveríamos aceitar tão facilmente o desmonte de todo um setor,afligindo todos os seus elos,fomentado pelo NOSSO BNDEs,e nossos digníssimos mandatários.Exercer a cidadania não é somente um direito,é sobre tudo uma obrigação,um dever para pessoas minimamente letradas,conscientes,responsáveis,e com espírito de auto preservação.
Outra situação mais que entendo que a ABRAFIGO poderia estar engajada;Promover a transformação de frigoríficos,meros,desmontadores de carcaças,em Indústrias de Alimentos,bem como trabalhar com forte orientação na necessária transformação de commodities em Marca (s).
Senhor Péricles Salazar,meus respeitos,minha consideração,e tenha certeza às eventuais discordâncias sobre temas pontuais,não nos põe em lados oposto,muito pelo contrario.
PS.: Sou solidário também ao senhor Silvio Moura.
Saudações,
EVÁNDRO D. SÀMTOS.
Muito lúcido o artigo em forma de manifesto do senhor Viacava. É por essa e por outras que a cadeia da carne é pontuada de altos e baixos. Esse fogo ‘amigo’ dos frigoríficos tem como único objetivo cercear a busca de alternativas por novos mercados da parte de produtores e pecuaristas, cansados de viverem reféns da indústria de processamento.
Lendo os comentários do sr Péricles Pessoa Salazar, em defesa da ABRAFRIGO, quero relembrar aqui o antigo dito popular: “em casa em que falta pão todo mundo briga e todos tem razão”. O nosso pão é a taxa cambial.
Brincadeiras a parte o sr Péricles fala em isonomia. Não podemos tratar a matéria prima ou os componentes na exportação de maneira diferente do que tratamos o produto final no mercado interno. É o que ele diz quando alega que a carne sofre tributação no mercado interno e o gado vivo é isento na exportação. Ora, se isso fosse correto, deveríamos taxar com 30% de imposto de exportação toda venda ao exterior de minério, auto peças, etc, já que os automóveis são taxados no mercado interno. E olha que não é só 30%.
Quando falamos em isonomia devemos comparar o tratamento fiscal que, no caso, se dá para a exportação da carne (produto acabado) e do boi em pé. Que no caso é identico.
Concordo plenamente com a afirmação de que os frigoríficos precisam do boi. E vice versa. Mas não é taxando a exportação do gado vivo que vamos ajudar a pecuária. Muito pelo contrário: sejamos coerentes pois.
Caro Viacava!
A problemática é mais simples, uma velha conhecida, a nefasta reserva de mercado!
A indústria pressionada hoje, principalmente pelo supermercado, lança mão de estratégias de efeito imediato e de consequencias futuras prejudicias a toda cadeia produtiva.
Recuperações judiciais, concentrações, e agora, reserva de mercado não estão sendo suficientes para entendermos que o modelo vigente na cadeia da carne esta ruindo.
Parabéns Sr Viacava! A ação dos frigoríficos neste episódio esta completamente equivocada. O incrível é que existam, ainda que de pequena monta, exportações de gado vivo para abate, afinal os custos do frete – sempre pesados quando falamos de animais vivos – atuam a favor das industrias frigoríficas nacionais. Tanto que estas exportações de animais vivos são pontuais, ocorrem em praças com algum tipo de desequilíbrio entre oferta e demanda de bois e nas infra-estruturas de abate e portuária. Não bastasse isto houve uma redução no volume de animais exportados ao longo de 2011. Por isto falar em “isonomia fiscal” para instituição de uma taxação de 30% na exportação de animais vivos é no mínimo uma brincadeira de muito mal gosto. Acho que não precisamos nem trazer o tratamento dado a outras matérias primas (soja, minério de ferro, etc) para o debate, basta perguntarmos se existe tal imposto de exportação sobre as carnes comercializadas com o exterior. A ideia dos frigoríficos é que carnes continuem não pagando imposto de exportação e animais vivos passem a pagar?
Muito bom o debate. Agradeço ao Sr. Evándro d.Sàmtos o seu comentário e as suas referências, bem como aos demais que a mim se referiram. Muito bom o seu raciocínio sobre o rappel praticado pelas redes de supermercados. Quanto a réplica do Sr. Carlos Viacava, credito-lhe razão em outras observações que ele fez. Notadamente no que se refere a questão cambial, bem como na expressão “o que quebra frigorífico é curral vazio”. Também sobre a falta de diálogo sua crítica faz absoluto sentido.
Para quem acompanha os meus comentários aqui no BeefPoint, pergunto quantas vezes já escrevi sobre a necessidade de construir um canal de comunicação entre os elos da cadeia produtiva. Foram várias as minhas ponderações a este respeito. Infelizmente, não vejo avanços senão manifestações de alguns dirigentes de entidades preconceituosos e incapazes de somar na construção de uma ponte que permita uma ação proativa para a nossa cadeia produtiva. Pela sua liderança e capacidade, convido o Sr. Carlos Viacava a ajudar-nos nesta empreitada
O argumento do minério e das auto-peças faz sentido. Entretanto, são duas estruturas mercadológicas diferentes, caracterizadas pelo monopólio e oligopólio. Não tem como comparar com a atomização verificada na setor industrial da bovinocultura de corte.
Todos temos as nossas razões, como bem afirmou o Sr. Viacava. O que falta, mais uma vez repito, é termos um fórum apropriado de discussão dos nossos problemas comuns, composto por pessoas que queiram somar, não subtrair, que multipliquem e não dividam e que ajam educadamente, respeitando o direito do contraditório.
Sr. Carlos Viacava parabéns pela pronta resposta diante da noticia ontem vinculada nos principais jornais do pais .
o Sr. leu e traduziu o pensamento de toda uma classe ” Indignação e Revolta ” , mais uma vez eles tomam uma atitude sem temer o que possa lhes acontecer, senhores do mercado que infelizmente ainda são .
Ainda quero ver todos nós pecuaristas vendendo bois através de alguns canais de venda e acuarmos esta gente que nem os cachorros caçadores de nossos ancestrais acuavam as onças pelos campos e cerrados do nosso Brasil
Rubens Cunha —Faz. Caxingui
Parabéns Sr. Carlos Viacava, mais uma vez vc faz ouvir suas bem elucidadas opiniões, sempre de forma clara, lógica e racional. Importantíssimo que pessoas como voce e outros formadores de opinião, pessoas que trabalham e sentem na pele a dureza de se produzir neste Pais, se juntem e faça-se ouvir a voz do PRODUTOR. Não temos ouvido nossa opinião na mídia, nos debates, com a força que deveriamos ter. Já o respeitava antes como importante elo da formação do gado nelore no Brasil, quer adquirindo seus produtos, quer nos diálogos rapidos que mantivemos durante Feiras e Exposições, agora, mais do que isso, peço encarecidamente que diga em alto e bom tom toda a nossa indignação com essa proposta de aumento de impostos, pois a situação praticamente está insustentável para o produtor. Nunca fomos exportadores de gado em pé, mas considero uma alternativa diante do estado calamitoso em que se encontra o nosso mercado interno, refém de duas plantas gigantescas, que desde há muito, cartelizaram o setor. Nunca fui, mas penso seriamente no assunto, pois malhar em ferro frio uma década a gente aguenta, mas insistir uma vida, quebra as mãos!!! grato. João Flávio – Fazenda Delta – MT
Uma prática atávica do empresariado da carne? Mesmo com todo esse financiamento público? A cobra já está engolindo o próprio rabo?
Quando o Brasil consegue entrar em um novo mercado, do “BOI em PÉ”, através do Pará (95% das exportações), pela região norte que paga o maior preço social (ONG´s+IBAMA+SEMA+MST´s+LAR+CAR,etc) com o menor I.D.H. do país (arquipélago marajoara), além de péssima logística e precárias condições de transporte, os frigoríficos que aqui não tem capacidade industrial para 40% de um rebanho de 18 milhões de cabeças resolvem sangrar até a última gota o tal pecuarista.
Estamos apenas descobrindo e viabilizando este mercado de africanos, libaneses, venezuelanos e do leste europeu principalmente. A Amazônia Rural, ligada a FAEPA tem trabalhado diariamente para romper barreiras (OIE, MAPA, ADEPARÁ, etc). Os zebuínos, que representam 98% das exportações de gado em pé até o momento também tem sido beneficiados através da divulgação de suas qualidades ainda desconhecidas em todo o planeta.
O frigorífico Minerva, considerado um dos pioneiros nesse mercado antes citava: “O Brasil, pelo potencial e tamanho do rebanho, tem condições de ingressar nesse mercado, que movimenta US$ 2,5 bilhões” ( Superintendente de Relações com investidores do frigorífico, Ronald Aitken).
A prática nefasta de reserva de mercado, que hoje propagam pelas filigranas os frigoríficos é tão danosa como o empréstimo de verbas públicas via BNDS para grandes indústrias competirem com outras de menors porte.
Com este imposto de 30% sobre a exportação do “BOI em PÉ” as indústrias frigoríficas conseguiram superar as idéias vizinhas da presidente Cristina Kirchner e de seu antecessor Nestor Kirchner, com o setor agropecuário argentino, que afetaram definitivamente a produção, o consumo e a exportação de carne bovina daquele país.
Amigos, concondo com o Sr. Carlos Viacava, e digo que, enquanto o governo financiar esse Oligopólio dos frigoríficos, ” Os Grandões”, o pecuarista vai ficar nessa sitiação. Um amigo já dizia: ” A pecuária brasileira está caminhando no mesmo rumo da avicultura, onde daqui algum tempo o pecuarista vai ser INTEGRADO, como acontece com a avicultura de corte”.
A culpa disso não é dos frigoríficos, pois não podemos esperar que eles sejam “bonzinhos”, pois nesse mundo temos pessoas que só pensam nos seus interesses. Então, devemos cobrar isso do governo, onde o Sr. Lula se dizia contra CARTEL, MONOPÓLIO e outros, e no seu próprio governo financiou e deu dinheiro a vontade para que os grandes engilissem os pequenos promovendo o que estamos vendo e discutindo aqui hoje. Isso também aconteceu com Usinas de açucar e álcool também.Já é hora de fazermos alguma coisa, mas nao contra os frigoríficos, mas sim contra esse tipo de governo!!!!!!!!!
Luiz Henrique L. Avante
Sr. Carlos Viacava e Sr. Daniel Freire, parabéns pela defesa.
Há necessidade de mobilização maciça de todos os envolvidos na exportação de bovinos vivos, atividade que, no contexto social e econômico, se apresenta como alternativa de diversificação de serviços e investimentos, e geradora de postos de trabalho diretos e indiretos, como é o caso de agências marítimas que tem nessa atividade o principal esteio de sua sobrevivência e desenvolvimento.
Conceição Verbicaro – colaboradora de Global Agência Marítima Ltda. – Belém (PA)
Amigos,
Todos diagnósticos dos problemas da cadeia produtiva de carne no Brasil estão bem definidos e claros e sua solução só se dará quando os fundamentos da rentabilidade da atividade prevaler. Para isso ocorrer quatro questões não podem ficar de fora das discussões: tributação, taxa de câmbio, renda interna e monopólios (frigoríficos e supermercados). Enquanto isso não for equacionado nossa excelente discussão nesse espaço (parabéns beef point) será mero exercício de democracia. Enquanto isso não ocorre o produtor deve seguir suas conveniências. Minha planta ficou obsoleta, minha pastagem deu cigarrinha, rentabilidade do gado é baixa mesmo com @ a R$100,00. Lógico, vou para o eucalipto. Obrigado a todos que emitiram opinião, inclusive ilustres lideranças, que ajudaram a me firmar no posicionamento de mudança de atividade. Muito boa esta discussão!
Marcos Simões
Faz. da Gratidão – MG
Parabéns Viacava…é desnecessário enfatizar a sua grande contribuiçao ao agronegócio mas, o que me preocupa e me decepciona é a visão miope do dirigente da ABRAFRIGO cujo comentário possuem pérolas que , no mínimo, retratam pensamentos e vontades extremamente autoritárias . Como exemplo, “……..causas e consequências das razões que induziram as entidades representativas da indústria a pedir a taxação nas exportações de boi vivo ?” ou “……….as absurdas margens de lucro dos supermercados que não dão espaço e que sugam o quanto podem dos seus fornecedores ? e ainda ” ………igualdade de tratamento tributário, para fins de competição igual, entre aqueles……”.
Diante a tudo isso eu, como pequeno pecuarista sofrido que sou, pediria em alto e bom som:
” FRIGORÍFICOS, sejam mais competentes , achem as razões e resolvam seus problemas como eu resolvo os meus e parem de mamar nas tetas do ESTADO ou ao contrário dos supermercados, diminua suas margens de lucro e parem de sugar seus fornecedores entre os quais, eu me incluo e ainda, se querem igualdade no tratamento tributário, ao invés de se satisfazerem com o aumento do imposto do seu concorrente, lutem para diminuir o próprio”.
Viacava continue…
Abraços
.
Desculpem-me os que pensam o contrário, mas concordo plenamente com o Dr. Viacava. O ponto de vista defendido por ele está absolutamente correto, sob todos os aspectos.
Estes 30,0% de impostos que as entidades estão pleiteando tem a finalidade única de promover um desajuste na atual curva de demanda de boi em pé, diminuindo a quantidade demandada de animais, em razão da elevação dos preços, como resultado da incidência da nova taxa de imposto cobrado. Esta movimentação cria um triângulo em torno do ponto original de equilíbrio, denominado de “welfare triangle”, o qual representa, como resultado da cobrança do novo tributo, a parte insignificante de ganho que caberá aos agentes do mercado.
Portanto, discordo totalmente do Sr. Péricles Salazar, pois esta é uma questão puramente conceitual e conceitos, muitas vezes, tal como nesse caso específico ocorre, são princípios regiamente consolidados, que não se abrem à possibilidade do direito ao contraditório.
Nestes casos, opiniões pessoais, muitas vezes, acabam expondo a falta de conhecimento técnico necessário para a condução de qualquer tipo de defesa que o assunto possa vir a exigir.
Parabens Carlos Viacava pois voce falou o que todo pecuarista está sentindo com o Futuro da atividade. Precisamos de industrias frigorificas que sejam realmente PARCEIRAS
Queremos deixar o nosso repúdio em relação à solicitação da taxação de impostos sobre a venda de boi vivo para o exterior.
O estado do Pará era considerado marginalizado pelos estados “ricos” do sul e sudeste.
Hoje com a diminuição de plantas frigoríficas nessas regiões todos se deslocaram para o norte, construindo frigoríficos ou investindo na pecuária.
Infelizmente o setor frigorífico paraense ainda não consegue exporta para algumas regiões.
Nós donos de transportadora perguntaria-mos a essas associações como ficaria-mos sem a exportação do boi vivo, visto que hoje temos no nosso quadro de associados transportadores de Goiás, São Paulo, Tocantins, Maranhão dentre outros, que por falta de serviço em suas regiões estão aqui no Pará trabalhando.
Geramos serviço e precisamos do crescimento da pecuária e de suas atividades afins
Caro Dr. Carlos, em primeiro lugar quero cumprimenta-lo pela grande contribuição que tem dado a pecuária brasileira e me recordo perfeitamente, quando eu era gerente de um confinamento do Sr. Geraldo Moacir Bordon em Goias e recebemos uma visita do senhor que na época estava formando seu precioso plantel, isso no ano de 1989.
Com respeito a taxação do boi vivo para exportação, apesar de ser um assunto polemico, faz tempo que é debatido e pelo que vejo, a unica objeção dos frigoríficos é que a carga tributaria deveria ser igual distribuída. Coloco abaixo carta cópia da carta que escrevi ao Beefpoint em 2008 e ja era questionando isso.
Leitor comenta problemas da exportação de gado em pé
Postado em 02/05/2008
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Renato Morbin, leitor do BeefPoint, de Imperatriz/MA, comentou a notícia “Minerva aposta no aumento do embarque de boi vivo“. Em sua carta ele expõe pontos de vista bastante interessante e ressalta que esta modalidade de exportação deve bem pensada para que futuramente não prejudique os frigoríficos brasileiros e toda a cadeia, confira abaixo suas colocações.
“Tenho acompanhado as vendas de “boi vivo” para exportação, pois trabalho na compra de gado no Maranhão e por aqui se fala muito em “vender boi vivo para navio”, inclusive de alguns clientes que temos e possuem propriedades no estado do Pará.
Na verdade o volume dessa venda como disse o artigo não é tão significativa, representando menos de 1% de todo o volume abatido no país. Acontece que hoje a exportação de boi vivo se dá em grande parte nos estados do Pará e Rio Grande do Sul, mas creio que em um número bem maior aqui no Pará. E ai sim, se formos analisar ela já se torna significativa em números representando o abate que dois grandes frigoríficos (abatendo 750 bois por dia durante todo o ano) realizariam.
Sempre fui a favor do livre comércio, da liberdade de negociação, mas temos que pensar que se de um lado foi bom para tornar o boi “mais concorrido” aumentando seu valor, do outro esses dois frigoríficos não existem e estamos deixando de empregar 1000 pessoas (o próprio artigo cita que a intenção do Sr. Presidente Hugo Chaves é gerar empregos na Venezuela) sem falar nos subprodutos, sebo, couro e miúdos que perdemos e não estão sendo processados aqui.
O que está acontecendo e que temos que observar, é que a carga tributária deveria ser a mesma, tanto para um frigorífico localizado no estado do Pará quanto para uma empresa que esta exportando o “boi vivo” e isto não está acontecendo, portanto é o mesmo que uma empresa frigorífica que paga vários tributos, encargos, despesas com pessoal (em torno de 500 pessoas em cada frigorífico desses), refeitório, lavanderia, controle ambiental etc. etc. concorra com um outro frigorífico totalmente subsidiado só que lá na Venezuela.
Mas tudo isto se ajusta, com o tempo o mercado coloca as coisas no lugar.
O que realmente preocupa é uma informação que recebi de um amigo, sobre a exportação para Angola de 500 mil fêmeas a ser iniciada nós próximos meses.
Demoramos muitos anos para chegar ao estágio em que estamos, a nossa evolução genética foi espetacular em todo nosso rebanho e tudo isso esta para ser repassado para os outros praticamente de graça, ou seja pelo módico preço de 500 reais por uma bezerra.
Temos que nós lembrar que isso tem valor e muito e também o suor de nossos avôs, de nossos pais e o nosso.
Quem sabe um dia ainda nós vamos nos valorizar mais (assim como muito bem sabem fazer os EUA e a Europa) e pensarmos que não deveríamos exportar um couro com um boi dentro, e sim um sapato fabricado aqui gerando em todo seu processo milhares de empregos.
Equipe BeefPoint
Pessoal… concordo plenamente com o Sr. Viacava, mas enquanto a maior industria da carne no mundo consegue admitir em seu quadro de colaboradores um ex presidente do Banco Central, visando facilitar mais ainda a sua abertura no mercado… nós produtores sequer conseguimos nos reunir e propor alguma mudança para a nossa comercialização… discutimos… discutimos e estamos sempre na mesma… Sequer passamos de meros clientes dos frigorificos… pq se fossemos fornecedores, conseguiriamos impor preços… vender o nosso produto com o nosso peso…mas não, nada disso temos a nosso favor. O que temos sim, são diversas associações que ao invês de nos ajudar… lá de vez em qdo aparecem sim… mas para complicar ainda mais a nossa sobrevivencia… já estamos quase chegando no periodo de inverno, o boi tem q ser vendido… já já acabam as pastagens, para que melhorar o preço justo agora? podemos segurar o boi no pasto… imagina… comendo o que?? por isto muitos estão mudando a atividade.. .e não sei não se não estão certissimos… pois a cana pode esperar alguns meses para se vender… o eucalipto até anos…. e o boi??? acho q está na hora de discutirmos…. mas tb de sentarmos e procurarmos uma solução.
O Sr: Carlos Viacava,esta coberto razão,infelizmente o produtor esta à deriva,´nós corremos os riscos de perda,de tempo,de mercado , ficamos à mercê dos frigorificos e as nossas autoridades não são capazes de tomarem uma atitude.Para os frigoríficos tem muito dinheiro a juro barato do BNDES,(principalmente para alguns frigoríficos grandes que querem monopolizar o mercado), com prazos longos e muitos deles ainda acabam ou dando o tombo no produtor ou pedindo recuperação judicial para prolongar um pouquinho mais o calote a ser dado no produtor,mas para o produtor isto é uma possibilidade praticamente remota,nós estamos sozinhos.e lutamos como podemos e a cada dia que passa mais produtores migram para outras culturas como a cana e o eucalipto.Estes ,se derem pouca renda ou muita renda,o que vem é livre.
Quero me referir aqui ao comentário do amigo Renato Morbin de Imperatriz MA.
Claro que é melhor exportar o sapato do que o couro com a carne dentro. Claro que é melhor agregar valor aqui no Brasil, gerando empregos e trazendo mais riquezas. Exportar empregos e não importar empregos, da China, da Índia e te tantos outros países como estamos hoje fazendo.
Só que não é taxando o gado vivo que vamos resolver o problema. Taxando o gado vivo vamos isto sim, desestimular ainda mais nosso pecuarista que vai produzir menos bois. E aí, como fica o frigorífico, com menos boi? Talvez resolva importar gado vivo do Uruguai, do Paraguai, da Argentina, etc.
Precisamos de uma política cambial mais agressiva e precisamos reduzir o “custo Brasil”. O Brasil precisa exportar mais, criando mais empregos e aumentando o nível de atividades. A pauta do dia nos jornais de hoje é a falência da indústria brasileira que sofre uma concorrência absurda do exterior e que não consegue nem mesmo manter a fatia no mercado interno, quanto mais nos mercados internacionais.
Precisamos valorizar nossa pecuária, remunerando melhor nosso pecuarista e assim combatendo essa venda aviltante da genética brasileira, representada pela venda de matrizes selecionadas a duras penas para um futuro concorrente no exterior, no caso, na África. Vamos exportar genética sim, mas a preços que nos incentive a continuar pesquisando e investindo na melhoria dos rebanhos.
Agradeço os comentários recebidos. Espero que este debate traga alguma contribuição ao nosso setor.
Meu amigo Guilherme Minssen foi muito feliz quando citou o que aconteceu na Argentina. O governo, numa atitude populista, aumentou os impostos para inibir a exportação e baratear a carne no mercado interno. O resultado disso foi que, com a queda nos preços do boi para abate, muitos pecuaristas deixaram a atividade e se tornaram agricultores. O pais estava correndo o risco de passar de exportador de carne para importador.
O JBS já tem mais da metade dos frigoríficos do sul do Pará. Na semana passada a arroba do boi estava à R$ 90,00 em Eldorado dos Carajás, onde os exportadores estavam comprando, e R$ 86,00 em Redenção, que fica à 250 Km de Edorado, onde os exportadores não chegavam para comprar. A diferença é muito grande. Se não fossem os exportadores, o preço do boi em toda a região seria R$ 86,00.
Não é só a industria que gera emprego e impostos, abaixo da pecuária empresarial, existe uma infinidade de trabalhadores, comércio, indústria e até a agricultura familiar da região, que vive basicamente do leite e fornece os bezerros para os invernistas. Se houver monopólio na compra de gado, toda essa cadeia vai perecer.