O preço do boi gordo brasileiro ultrapassou os US$60/@, três vezes o que era considerado o preço histórico brasileiro, pelo menos até 2005. Exportadores e traders estão preocupados com o alto preço do produto brasileiro e com a perda de competitividade da carne brasileira no exterior. Será que isso deve ser uma preocupação do produtor, dos frigoríficos e da cadeia produtiva como um todo?
O preço do boi gordo brasileiro ultrapassou os US$60/@, três vezes o que era considerado o preço histórico brasileiro, pelo menos até 2005. Exportadores e traders estão preocupados com o alto preço do produto brasileiro e com a perda de competitividade da carne brasileira no exterior. Será que isso deve ser uma preocupação do produtor, dos frigoríficos e da cadeia produtiva como um todo?
A demanda mundial está em alta. E não é só de carne bovina. A recuperação da crise de 2008-09 está sendo diferente. Primeiro os países emergentes, em desenvolvimento, se recuperaram. Os países ricos, como EUA, Japão e os da Europa seguem com dificuldades. Mas os emergentes são cada vez mais importantes. Segundo a revista The Economist, representavam 1/3 da economia mundial há 10 anos e vão representar 60% daqui 10 anos. Nesses países, a economia cresce, a população cresce. Mais do que isso, cresce a renda per capita e também a urbanização. Tudo isso leva a maior consumo de alimentos e de alimentos especiais como a carne bovina. O mundo quer carne.
Por outro lado, o mundo tem dificuldades em aumentar a produção de carne bovina. Seca na Austrália, alto preço do milho nos EUA (usada para produção etanol), auto-embargo na Argentina, queda da produção na Europa, tudo isso indica uma produção estável, com recuperação lenta.
No mundo inteiro produzir gado de corte é caro, díficil e demorado. E está provado que recuperar rebanho, reter matrizes, é demorado e difícil. A Argentina é um bom exemplo atual da dificuldade que é reconstruir um rebanho.
O cenário atual é comprador, não vendedor. Até por isso, a tendência é de aumento maior do consumo de carne suína e de aves, frente a bovina. No Brasil, ciclo de produção (abate de matrizes até 2007), indicação de preços pouco promissores ao confinamento no primeiro semestre e seca severa esse ano reduzem também a oferta de gado para abate.
Nesse cenário de mercado aquecido, com demanda sendo puxada por crescimento da população e renda dos países emergentes, e dificuldade dos países produtores em crescer a oferta no curto e médio prazo, a tendência é de preços altos.
A estratégia do boi barato não funciona mais. No passado, os frigoríficos tinham como principal estratégia a grande oferta de gado barato para abate. Até 2005, o preço do boi brasileiro era aproximadamente 1/3 do norte-americano. Hoje, não há mais essa oferta de boi barato. Nossa avaliação é que o podemos esquecer preços históricos do boi a US$20/@. O boi barato de US$20/@ não vai voltar. Por vários motivos: mercado mais globalizado, maior percentual da produção é exportado, maior demanda mundial e dólar perdendo valor como moeda de referência.
É interessante analisar que o preço do boi vem subindo até mesmo quando cotado em ouro, conforme indicado pelo pecuarista e analista de mercado Rogério Goulart. Mais um sinal de que a demanda está crescendo mais rápido que a oferta.
Com isso, os frigoríficos precisam descobrir novas fontes de lucro, além do boi barato. Avaliando esse cenário, agregar valor ao produto brasileiro é uma das saídas estratégicas para as empresas. Reforçar a marca Brasil, como o Uruguai vem fazendo com muito sucesso, pode ser a base de sustentação para iniciativas de marcas e marketing de carnes especiais, certificadas e linhas de produtos diferenciados de frigoríficos.
Com isso, podemos imaginar três possíveis cenários, frente a colocação de que o preço da carne brasileira está muito alto no mercado mundial e está perdendo competividade no mundo.
1- O preço internacional vai subir, se aproximando do preço brasileiro. Se o mercado é comprador, a oferta está reduzida e o maior exportador de carne bovina do mundo (Brasil) está com alto preço da matéria-prima, a tendência é que o preço mundial suba.
2- O preço brasileiro cai, se ajustando ao preço internacional. Os consumidores, no mundo, não tem renda que suporte esses altos preços da carne bovina, e diminuem o consumo. Com isso, o preço da carne bovina brasileira no mercado mundial cai, pois não há demanda com os atuais preços.
3- Mercado interno aquecido. A terceira hipótese é que o preço brasileiro não é “aceito” pelos compradores e consumidores internacionais, que diminuem suas compras. No entanto, com a economia brasileira e consumo das famílias aquecidos, essa menor venda ao exterior é compensada pela maior demanda interna e também pela oferta atual mais enxuta. Dessa forma, mesmo com menores vendas ao exterior, o mercado do boi segue firme, sustentado pelo mercado interno pujante.
Acredito que o mais provável é uma combinação das hipóteses 1 e 3. O mercado interno está muito aquecido e a valorização do real torna o Brasil um dos melhores lugares do mundo para se vender qualquer produto. Diversos estrangeiros que recentemente vêm ao Brasil me relatam que São Paulo é provavelmente a cidade mais cara do mundo. Ou seja, o brasileiro está com maior poder de compra que o europeu, inglês, japonês e americano. Esse maior poder de compra é confirmado pelo último índice BigMac divulgado há duas semanas. Mesmo que os maiores preços causem um menor consumo mundial, isso não parece ser um grande problema, visto que a produção não está avançando.
No mercado internacional, países que não competiam com o Brasil, começam a fazê-lo. Os EUA estão vendendo mais carne à Europa. Os irlandeses também tem conseguido colocar seus produtos. Na feira SIAL, em Paris, de 17 a 21 de outubro, temos informações que cortes argentinos “rump and loins” começaram a ser vendidos por US$15.000/ton e terminaram a quase US$17.000. Em quatro dias o mercado reagiu quase 20%. No mesmo período, os preços brasileiros no mercado interno também reagiam.
O Brasil é o maior exportador de carne do mundo, uma menor oferta momentânea de carne no mercado internacional não será facilmente compensada por outros países, que também estão com oferta reduzida. Nesse momento de real valorizado e extrema escassez de gado para abate (escrevo esse artigo com o indicador cotado a R$110,68/@ a vista), o Brasil pode não vender hoje, mas vai continuar vendendo. O mercado vai se ajustar.
A questão não é se o Brasil vai perder competividade, mas quão rápido o mercado internacional vai aumentar seus preços e se adequar ao Brasil. Não imagino que o preço do boi vai se manter na casa dos R$110/@, mas também não deve cair dos R$90-95 tão cedo. As recentes altas do preço da carne no atacado, mais do que acompanhando os aumentos da arroba do boi, me fazem confiar de que o mercado vai se ajustar ao Brasil e não o contrário.
Cada vez fica mais claro que o principal formador de preço do boi é a demanda interna, e não o dólar ou as exportações. O problema é que é difícil medir a demanda por carne bovina.
E você, qual a avaliação do mercado atual de preços do boi gordo, da carne e das exportações, nesse final de 2010 e primeiro semestre de 2011?
23 Comments
Atentem-se ao fato de que a seca prolongada com certeza afetara o ciclo reprodutivo,pois muitas vacas vão falhar mesmo.Sem falar do tanto de gado que morreu.Sendo assim,o proprio criador tendo menos bezerros para vender,abaterá mais vacas de um plantel já bem diminuido,aumentando ainda mais a falta de animais de reposição.O invernista pressionará o preço do bezerro para baixo,o que não vai adiantar.Logo,menos bezerro reposto,menos boi no futuro.Menos boi,preço melhor.
Grande tema. Estou curioso para saber a opinião dos diversos agentes do mercado.
Não acredito que o preço da arroba no Brasil possa se descolar do preço americano ou australiano de maneira sustentável. Não sei teremos que baixar nossos preços ou se eles é que poderão elevar os deles. Provavelmenteo ocorrerão ambos movimentos simultaneamente. Basta para mim que não sejamos mais os patinhos feios, vendendo nossos animais por fração do que recebem produtores de outros países.
E quero ver se a médio e longo prazo o apoio oficial para construção de grandes players no mercado internacional de proteínas animais (JBS, Marfrig E BRFoods) permitirá a manutenção de preços internos da arroba do boi pelo menos nos mesmos patamares de alguns de nossos principias concorrentes, como USA e Austrália. Simplesmente competitividade em cima de exploração de fornecedores não é sustentável.
Caro Miguél
Excelente tema para discussão entre os membros da cadeia produtiva. Penso que as hipóteses aventadas por você têm fundamentação técnica e econômica muito plausíveis. Neste contexto de análise dos mercados internacional e doméstico, são vários os fatores que interferem do lado da oferta e da procura, tanto no mercado do boi quanto no da carne. Entretanto, cada produto e sub-produto do boi tem um mercado específico, correlacionados mas diferentes entre si, já que são distintos os atores que neles atuam. Se pudéssemos utilizar a hipótese ceteris paribus no diagnóstico e projeção dos preços futuros, a análise se tornaria muito mais fácil. Porém, no mundo empírico dos negócios todas as variáveis econômicas se interrelacionam automáticamente e ao mesmo tempo, fato que reduz significativamente a capacidade de projeção por parte dos analistas e mesmo daqueles que atuam diretamente na cadeia produtiva.
Isto não significa, porém, que não devamos simular tentativas de perspectivas futuras. Estas são extremamente válidas e ajudam, sem nenhuma dúvida, os agentes econômicos tomarem as suas decisões individuais. Ou seja, sem o diagnóstico e a análise econômica, todos nos sentiremos como se estivéssemos num grande ambiente escuro, sem saber para onde andar. O trabalho dos analistas é como se fosse a lanterna que precisamos para nos orientarmos neste ambiente.
Parabéns pelo texto e sugiro que realizemos seminários ( com periodicidade semestral), com a participação de membros da cadeia produtiva, da academia e analistas que conhecem com profundidade a nossa cadeia produtiva. Com certeza, todos sairemos ganhando com esta iniciativa. A ABRAFRIGO se coloca, desde já, à disposição para ajudar no que estiver ao seu alcance.
Prezado Miguel,
Acredito que podemos lançar inúmeras hipóteses no que se refere ao tema que você lançou para o debate neste interessante editorial. Pondero, contudo, a necessidade de ler o artigo do Valor Econômico, reproduzido pelo BeefPoint, para entender que além das questões que giram em torno do preço do boi estão os temas que tenho tocado nas teclas sempre que tenho a oportunidade e que, infelizmente, já foram introduzidas no recente relatório do Parlamento Europeu que define as “normas fundamentais” para o comércio da União Europeia (UE) com a América Latina.
O PE exige regras ambientais para lutar contra a mudança climática, desmatamento e emissões de gases de efeito estufa, além de rastreabilidade e segurança alimentar para os produtos importados no âmbito de acordos comerciais, além de outras medidas (e.g – bem estar animal).
Ao considerar que ultrapassamos os 60 dólares por arroba teremos obrigatoriamente que lutar para produzir com padrões elevados de exigência sanitária, ambiental e social para que não seja somente o preço da arroba uma barreira comercial.
Acredito ter escrito inúmeros comentários a respeito das barreira não tarifárias que ainda podem afetar as nossas exportações de proteina animal não somente na UE, mas em terceiros mercados também. Atualmente o comércio internacional exige “inteligência” institucional no setor privado também.
Segue a introdução do debate que espero tenha um nível técnico e profissional suficientemente alto para evitar as “derrapagens” dos comentários inseridos no teu editorial precedente e que os amigos e colegas profissionais do setor possam responder a altura a tua pergunta mencionada intencionalmente no fim do editorial.
Um abraço,
Jogi
Jogi Humberto Oshiai
Director for Latin America Trade to the European Union
O´Connor and Company
European Lawyers
Rue de Spa 30
B-1000 Brussels
SKYPE: jogioshiai
E-mail: j.oshiai@oconnor.be
Mobile Belgium: + 32 (0) 475 – 604782
Mobile Netherlands: + 31 (0) 6 – 23971002
Diletos amigos do BeefPoint
O Miguel abordou muito bem este tema do aumento de custo de nossa carne e citou corretamente os cenários possíveis de futuro próximo para o setor. Na minha opinião, a elevação atual dos preços da arroba são uma somatória de fatores, puxados pelo menor número de bezerros nascidos e elevação automática dos preços de revenda dos mesmos. A seca deste ano foi a gota d´água que catapultou os preços. Creio que a combinação de hipóteses 1 e 3 (1- O preço internacional vai subir, se aproximando do preço brasileiro; 3- o mercado interno aquecido vai manter o preço da arroba alto) indicadas pelo Miguel neste artigo funcionarão por no mínimo 1,5 anos, porém a partir daí os preços tenderão a declinar pelas seguintes condições: 1- Ocorrerá uma reposição gradual de fêmeas para reprodução e 2- A Bonança econômica brasileira que elevou e mantém alto a renda do brasileiros das classes econômicas mais baixas tende a se reduzir substancialmente nos próximos dois anos, segundo a maioria dos economistas de “plantão”. Mas só o tempo dirá, pois não somos magos nem pitonisas.
Um coisa é certa, a tremenda repressão que os frigoríficos submeteram a pecuária de corte nacional e os pecuaristas por meio de preços vis pagos a carne nos anos de 2006 a parte de 2008, financiando o grande acúmulo de capital nestas Empresas e o avanço delas no mercado internacional, levou ao abate predador de nossas matrizes para a sobrevivência da classe, culminando com os preços atuais da arroba nas alturas. Foi um verdadeiro “tiro no pé” por parte dos grandes frigoríficos que terão agora que fazer manobras e piruetas para manter o status quo dos fartos lucros de um passado recente.
Mais uma vez cumprimento o Miguel pelo excelente artigo e aproveito para mandar um forte abraço a classe pecuária !!!
Enrico L. Ortolani
Tem um outro fator que parece estar esquecido neste tema. O fator governo PT.
Acho que vai acontecer alguma coisa para reverter o preço. O PT não admite comida cara.
Assim como aconteceu com leite e o governo admitiu a importação deste via Paraguai.
É só passar as eleições e vamos ver, mas neste país os únicos que não perdem quando se trata de produção são os atravessadores. Produtores que se preparem.
prezado Miguel Cavalcanti e Enrico Ortolani, Sou um GRANDE admirador de suas falas/escritas e + uma vez voces foram MUITO felizes nessas suas esplanaçoes, mas se esqueceram de frizar um ditado bastante popular ” com a lei da oferta e procura nao se brinca”.
e, infelizmente ao longo dos ultimos anos o mercado bateu, bateu, bateu no pecuárista + a estiagem desse ano, contribuiu p/ os recentes acontecimentos.
hoje no MT temos negócios a R$ 100,00 a @ p/ bois da lista treice e ACREDITEM, cabe mais, pois nomomento ainda tem alguns bois de confinamento, semi-confinamento, bois de travamento etc.etc. dai pergunto e a hora que isso acabar, considerando que o bois de pasto só a após 15/01/2011 ou talvez fevereiro/2011, como é que vai ficar este mercado?
abraços a todos,
Prezado Miguel -eh realmente uma questao bastante complexa ,por envolver muitos fatores distintos – mas gostaria de comentar alguns items de seu artigo como :
1-Sim sem duvida deveria ser uma seria preocupacao dos produtores ,frigorificos e da cadeia produtiva como um todo o alto preco da carne bovina brasileira e da significativa perda de competitividade no exterior – pelo fato de o Brasil ter um excedente exportavel em especial de dianteiros ,os quais sendo todos colocados no mercado local tornam o mercado superofertado com a consequente queda de precos prejudicando a toda a cadeia.
2-Nao concordo que a demanda mundial esteja em alta (pelo menos para carne bovina!) -pode estar em alta sim para outras proteinas animais,mas a reducao da demanda por carne bovina eh sensivel em todos os paises importadores (em especial na Uniao Europeia) , principal razao sao os precos muito altos – carne bovina entendam nao é absolutamente um alimento indispensavel podendo ser facilmente substituido por outras proteinas animais mais baratas como frango suino bufalo e outros – a atual demanda existente está ocorrendo muito mais pela pouca oferta de carne bovina no mercado do que por um improvavel aumento de consumo.
3-Concordo que boi barato nao existe mais e provavelmente nunca mais vai existir – quem afirmou no congresso na Argentina de que a carne bovina passa a ser um artigo de luxo nunca esteve nao certo!
4-Realmente frigorificos vao ter que descobrir novas fontes de lucro alem do boi barato que nao existe mais – agregar valor – tudo muito bonito mas na pratica muito dificil de se conseguir!0 que temos que fazer ( o que tambem nao e´facil) é abrir os mercados que ainda estao fechados para a nossa carne!
5-Tambem acredito que a combinacao das hipoteses 1 e 3 que voce menciona devem ser as mais provaveis.
6-A verdade é que o Brasil já perdeu sua competitividade (exportamos 30% a menos em 2010 do que em 2007) – e perdeu os principais mercados conquistados a custa dos nossos precos competitivos que ja nao mais o sao!Minha avaliacao é a de que a) esta queda na participacao do mercado internacional vai continuar e b) um eventual aumento de oferta de boi vai derrubar o preco do carne no mercado brasileiro, que sem duvida hoje em dia estah forte, mas já comeca a dar sinais de que nao vai conseguir pagar os precos atuais. E caindo o preco da carne vai sobrar para o boi que tambem vai ter que recuar –
So resta saber quando isto vai acontecer.-nada se pode fazer por enquanto a nao ser aguardar que o mercado se auto regule – esta auto regulacao deve vir com uma ainda reducao da capacidade de abate (menos plantas frigorificas em operacao!) menos exportacao, queda de precos da carne no mercado brasileiro e queda nos precos dos animais pelo aumento de oferta que vira cedo ou tarde –
Minha opiniao vamos ver o que acontece – grato pela oportunidade de me expressar neste valioso e democratico espaco!
Hoje já não podemos mais pensar em carne brasileira, aquela que o brasileirinho chegava e implorava, com u´a mão na frente e outra atrás, que o amigo trader “encaixasse” onde pudesse.
A carne não é mais “brasileira”. É carne JBS, Marfrig, BRFoods, carne comercializada por corporações mutinacionais. O papel do trader, do savant, do punho-de-renda ficou bem diminuído e tende ao ocaso, uma vez que estas empresas possuem departamentos financeiros, jurídicos, comerciais e financeiros com expertise internacional. Negociaçoes internacionais, lobbies dentro e fora do governo, hedge cambial são hoje atividades corriqueiras e por eles praticadas com maestria crescente.
A carne de alta qualidade sanitária, com apelo ecológico da produção ao ar livre, em altos volumes e com garantia de cumprimento de contratos levou ao que hoje constatamos. Alto poder de barganha, preços em consonância com os mercados top. E tudo isso num cenário cambial altamente desfavorável para o exportador brasileiro. Imaginem quando o dólar e o yuan se fortalecerem perante o real e nossas exportações para a China passem a patamares importantes…
A par disso tudo um mercado interno vigoroso, crescente, em processo de contínua sofisticação. Contingentes de vacas com tendência de queda, graças ao avanço das lavouras sobre terras de pecuária. Terras estas que não estão sendo repostas porque desmatamento hoje virou anátema, e portanto o cenário futuro é de escassez de terras de pecuária, de animais de corte e de excedentes de carne para exportação. A persistirem estes sinais, o Brasil caminha para em poucos anos tornar-se importador líquido de carne bovina.
Os raciocínios são embasados todos nos mesmos fundamentos,os de sempre,commodities.
Este é mesmo raciocínio que levou a recuperação judicial de vários frigorífico,e que provavelmente deixou,senão todos os demais,mas pelo menos boa parte deles em situações dificílimas,é que só sabemos depois que explode.
Tudo feito até aqui,nos trouxe a isto que estamos vivenciando.Foi bom,muito bom!Mas é necessário mudar para existir,água estaguinada,todos sabem no que dá.
Todas as propostas de recuperação estão embasadas no mesmo modelo,o existente,quem vai alavancar,quem vai dar crédito a estas empresas,para que elas possam deixar de ser pré falimentares?
Se o boi (@) vai subir,se vai ter boi suficiente,se o dólar cai ou sobe,ou o euro,ou ainda o Yuan….ou se o real será depreciado,que diferença faz?!
Mas do que não ter bois suficientes,importante é observar,que não foram frigoríficos que quebraram,quebrou o MODELO de gestão.Modelo administrativo,financeiro e comercial da COISA chamada frigorífico.
Como já bem disseram,o valor da @ não deve baixar de R$90,00,talvez este seja o piso,daqui para frente,pelo menos nos próximos dois anos.
Apenas um selo para ajudar exportação é muito pouco,ajuda,mais esta longe de ser o suficiente.
No mercado interno,comprar coxão duro pedaço a R$18,00 o quilo,alcatra e contra filé a R$26,00 o quilo bifado nas grandes redes de supermercados em São Paulo,é coisa de rico esbanjador.O consumidor troca de proteína,uma vez na semana põem um corte bovino de promoção à mesa e esta feita a festa.
Porque o consumidor tem pagar tão caro por uma carne que sempre a mesma,ou seja “bica corrida”,onde:boi,vaca,novilhas,novilhos,vacas salameiras,de descarte são rigorosamente a mesma coisa,e onde se ostenta em suas etiquetas,que apenas diz quem produziu,a classificação “MACHO”.Carne depois de desossada,qualquer carne é de macho.Alias no Brasil, só morre boi macho,de saco roxo,as fêmeas morrem de morte natural e é feito um belo funeral para elas,mães de tantos bois lindos,de olhos azuis,completamente nórdicos.
Saudações,
EVÁNDRO D. SÀMTOS.
A VERDADE É UMA SÓ, É SÓ COMEÇAR COM ESCALAS DE 12 A 15 DIAS QUE OS PREÇOS DESPENCAM, E NÃO DUVIDO NADA DE VOLTAR AOS R$80, 00/ R$85,00.
ACREDITO QUE ESTÁ SE APROXIMANDO DA ÉPOCA EM QUE O BOI VAI REMUNERAR O FAZENDEIRO/PRODUTOR DE CARNE NAS MESMAS PROPORÇÕES DA CANA, SOJA, EUCALIPITO E OUTRAS LAVOURAS. É BOM SABER QUE A CARNE BRASILEIRA AGORA VAI FAZER O MERCADO INTERNACIONAL SE ADEQUAR A ELA E NÃO O CONTRÁRIO, COMO SEMPRE ACONTECEU.
Parabenizamos o autor e os debatedores pelas colocacoes expostas.Gostaria de acrescentar outro aspecto importante que, no meu entender,vem colocar o pecuarista em outro patamar.que havia perdido a muito tempo.Quando a arroba do boi era cotada, historicamente ,entre 16 e 20 dolares a arroba,o pecuarista conseguia lucratividade ou recompunha seu capital com a inflacao ,que desvalorizava o antigo cruzeiro e valorizava o dolar.Assim sendo o pecuarista ganhava na produtividade e na valorizacao do dolar(recompunha o seu capital).Com a estabilidade infalacionaria o pecuarista passou a sobreviver da produtividade,ja que o dolar se estabilizou e ate se desvalorizou frenta ao real.Agora me parece que a arroba,ao atingir esse novo patamar de 50 a 60 dolares,vem de novo colocar o pecuarista em condicoes de ter a rentabidade perdida nos ultimos anos de real valorizado e ver seutrabalho recompensado. Cordiais saudacoes/
Parabens pela materia Miguel.
Este tipo de informação e´muito util ao nosso produtor rural,concordo com as tuas colocações ,seca no sudeste e centro oeste,refoma de pastagens com um custo superior,milho em disparada,derivados de soja em alta,custo da terra em alta,taxas de prenhes muito baixas.
No Rio Grande do Sul estamos entrando na estação de monta e já estamos no inicio de uma estiagem,os navios levando terneiros para o Libano e outros paises,a procura de terras para implantaçõa de florestas de acácia negra e eucalipto devido a disparada do preço da celulose,grande abate de novilhas,entrada do verão onde o consumo de carne de gado aumenta,estimativa de aumento do salario minimo já para o inicio do ano,todos estes fatores contribuem para a estabilidade do preço do boi gordo em torno de R$ 3,00 o kilo vivo,sem falar no cambio que na minha opinião só esta com este valor por causa da taxa de juros que o governo remunerando o capital externo.
sem mais no momento um abraço.
Não existe nada demais.
É a velha lei da oferta e demanda.
A única mudança é que a reposição de fêmeas demora de 3 a 4 anos.
Por enquanto os preços vão ficar satisfatórios ao produtor.
OBS: os estoques de milho no mundo estão caindo.
NO MOMENTO: seca prolongada provocando lápso de oferta (confinamento x pastagem); crescimento de renda do brasileiro e também nos países emergentes; um bom trabalho dos exportadores nos últimos tempos (aumento de quantidades e diversificação de destino). Câmbio apreciado tornando a @ em US$ um preço agradável de ver.
NOVA SITUAÇÃO: Substituição de pastagens por lavouras temporárias e perenes (cana e madeira); as segundas podendo ser implantadas em climas e solos variados (textura, topografia e fertilidade) o que as torna competidoras diretas com pastagens. Desmatamento zero. Confinamentos acentuado a redução da idade de abate (o que reduz o estoque de bois magros).
DESÁFIO: Cria. Sem essa não existe debate sobre preço, mercado e demais sobre @ e nem sobre mercado de reposição. Naturalmente tema de importância básica, e no debate da cadeia de produção parece servir apenas de referência, relegada ao pecuarista. E felizmente é.
GESTÃO: Este é o presente e futuro da pecuária.
Meus parabens ao colega Liodeir de Jatai , concordo com sua explicaçao . A anlize é simples : o gado sempre foi o sistema economico de abertura de novas areas no centro-oeste e norte , beneficiando-se de terras novas e ferteis , com a degradaçao das pastagens as pastagens sao substituidas por agricultlra . Concluimos com isto que a produçao pecuaria sempre foi semi- extrativista . Agora com desmatamento zero nao temos novas areas para abrir , e as pastagens terao que ser recuperadas com uso de fertilizantes ou substituidas por lavouras , nao temos mais semi-extrativismo pecuario .Com a inauguraçao das ferrovias norte-sul e leste-oeste teremos uma area nas regioes centro-oeste e norte com preços de logistica extremamente competitivos para agricultura e cana viabilizando cada vez mais seus preços de exportaçao e tomando lugar da pecuaria . Portanto a combinaçao de terras mais caras , preçao dea agricultura e cana , fertilizantes caros ,combinado com mercado mundial mudando os patamades de preços das comoditis em dolar ,mostra sem duvidas que o preços da @ sera em outro patamar muito longe dos 20 ou 30 dolares .Mas o importante nao e a mudança de preços da @ , o importante é se havera lucro ao produtor , Carlos Herique R. do Prado GOIANIA .
O kg de carne e a arroba do boi gordo sempre estiveram intimamente ligados. Acho que para avançarmos mais na discussão precisamos saber quais são as atuais correlações entre um kilo de file nos supermercados e uma arroba de carne nas fazendas do Brasil, USA, Australia e Irlanda? E quais são as correlações nestes paises entre o preço do filet no frigorífico versus supermercados?
Apenas para ajudar no debate seguem cotações do informe Scott do dia 9/11/2010:
Preços da arroba de boi gordo em difentes mercados
9/11/2010 há um ano
Brasil USD 66,67 USD 43,80
Argentina USD 67,35 USD 30,35
Uruguai USD 48,60 USD 34,50
Paraguai USD 52,50 USD 36,00
Australia USD 45,90 USD 39,30
Irlanda USD 63,30 USD 62,25
USA USD 57,48 USD 51,19
Como podemos reparar a alta de preços, apesar das diferenças, é generalizada.
Att,
Maravilha de debate,e assim que se constroi uma consciencia produtiva,uma pitada de pimenta ,boa dose de pesquisa e muita informaçao,colocada as claras,decifrando mitos,abrindo um satisfatorio debate a partir de um leque de informaçoes,todos os meses transito no eixo sul goiano ate o nortao do mato grosso,vejo com muita atençao a mais de quinze anos a fantastica revoluçao nas relaçoes produtivas,vejo isso da cidade ao campo,vejo a tecnologia entrando mato dentro,em uma velocidade assustadora em termos arqueologicos,apesar de nao ser muito velho venho do tempo dos bois prontos com 15/16 @ aos cinco anos de idade,gir de goela fina,chifre de berrante,indubrasil com orelhas de metro,movido a capim de campo,buscavam em carro de boi sal branco a mais de cem leguas,hoje caminhamos a passos largos rumo ao precoce,super precoçe,falamos naturalmente em angus e muitos outros excelentes cruzamentos industriais,fecundamos uma novilha aos 14 meses.estamos tratatando nao mais micro elementos e sim de oligoelementos,bacana nao?Claro que sim ,nao somos todos, mas logo o seremos; fortemente tecnificados .falamos em comodites e assim deve ser.
no tema proposto tomem todas as informaçoes colocadas e as coloque no liquidificador,depois deem uma boa misturada e consumam o coquetel .Por um bom tempo revoltou me a pressao das ONG`S sobre nossas questoes ambientais,mas agora agrada me o resultado.A graça do desmatento zero,exelente para o meio ambiente,melhor ainda para a pecuaria,esta sim fortemente afetada.Lavousier decretara a muito tempo a impossibilidade da criaçao das massas no ambiente natural.pois sim este eh o ponto,nao mais tranformamos biomassa diretamente em carne,se nao podemos desmatar,façamos milhoes de toneladas de frango de soja,suinos de milho,peixes,é isso mesmo peixes agora nao comem so plancton,comem raçoes balanceadas ,vamos a fazenda em nossa flexpower de 150cv.so nao temos uma insegurança alimentar ainda, graças aos nossos abnegados pesquisadores e suas fantasticas descobertas gerando aumentos importantes na produtividade,pude pesquisar e em um breve levantamento exerguei nos parcos dados encontrados,a forte pressao sobre a pecuaria,pouco gado disponivel,avanço acelerado da agricultura,soja,milho,cana e ate o mst, este sim entra em areas supostamente pouco produtivas e as transformam em nada.nao adianta buscar explicaçao em separado,o contexto e complexo,e o debate amplo mesmo.mas va ao campo,veja de perto,nao temos mais aqueles admiraveis rebanhos estrada afora.sao estradas vazias das boiadas,la se foram os tropeiros que ,mesmo tranportando a um custo infinitamente menor que os caminhoes,ja nao tem mais demanda,aposentaram os velhos berrantes,tentem uma reposiçao cata cata como fazia meu velho pai,especializam os criadores,ciclo completo agora eh moda ,grandes confinamentos com pensamento de banco,um mega enpreendimento,para remunerar minimamente um grande capital.eh assim que sera,ESTE EH O UNICO CAMINHO, ACOSTUMEM COM FIM DA RECRIA
Olá Naves, obrigado pelo comentário e por essa contextualização de que estamos andando muito rápido, as coisas mudaram muito na pecuária. Esse contexto histórico é muito importante. Abraços e obrigado por enriquecer nosso debate. Miguel
Quando o boi estava a $5400 a@ cinco anos atraz, tive oportunidade de dizer a uns do dono , JBS, para nao baixar o preco do boi. Falei deixa o pecuarista ganhar um pouco a mais , nos trabalhamos para voces. Nosso poder aquesitivo esta baixo. Abaixaram para $48,00 uma super oferta de bois. Nao tiveram a menor consideracao com o produtor. E isso que nao pode acontecer.
Com o preço da @ em alta, agora é hora do pecuaria ganhar, porque nos ultimos anos a pecuária brasileira ficou em baixa meia esquecida, quem ganhava era os frigorificos, mas com o mercado consumidor crescendo a cada dia principalmente o mercado mundial esta precisando da carne bovina brasileira, a hora é agora, como o Brasil no meu ponto de vista é altamente sustentável, o pecuarista não pode perder essa oportunidade de negocio,,, vender, vender, obter a lucratividade que tanto almejou…