As tendências econômicas influenciam de forma marcante o perfil do consumidor. Manter o consumo, o monitoramento sociológico e cultural para desenvolver conhecimentos, traçar perfis, definir novos conceitos, criar vantagens competitivas e, sobretudo, antecipar tendências para o posicionamento do Brasil nestes momentos de crise é fundamental.
As tendências econômicas influenciam de forma marcante o perfil do consumidor. Manter o consumo, o monitoramento sociológico e cultural para desenvolver conhecimentos, traçar perfis, definir novos conceitos, criar vantagens competitivas e, sobretudo, antecipar tendências para o posicionamento do Brasil nestes momentos de crise é fundamental.
As seqüências de eventos sobre crises de segurança alimentar não foram esquecidas e continuam influenciando a percepção do consumidor sobre qualidade na qual o aspecto sanitário continua sendo o item número um a ser considerado pelos consumidores de carnes vermelhas, no mundo em crise, no mundo global. Hoje os cenários econômicos, as preferências dos consumidores e a percepção de qualidade sanitária são conceitos interativos que precisam também ser encarados de forma global.
Faith Popcorn, consultor da BrainReserve, apontou dez tendências econômicas que continuam sendo uma base sólida de análise do consumidor:
1. Retorno às origens: Há um retorno nostálgico aos nossos valores da infância, das pequenas cidades, a natureza a segurança.
2.Encasulamento: O aumento da criminalidade tem levado a busca pela vida interiorizada na procura da auto-preservação, onde as compras via internet, televisão e círculos restritos de amizade são dominantes.
3.Retardamento do envelhecimento: As pessoas estão propensas a um estilo diferente da sua faixa etária. Cirurgias plásticas e tratamentos faciais, roupas jovens e um estilo de vida light dita os padrões de consumo.
4.Egotismo: O desejo das pessoas serem individualizadas e tratadas de forma diferente. As empresas passam a desenvolver produtos, serviços e experiências personalizadas.
5.Fuga da rotina: O fim de semana traz a fuga da rotina diária e neste momento passam a ser consumidores totalmente diferentes que no dia-a-dia.
6.99 Vidas: a super-mãe, a empresária, que têm que resumir suas vidas na internet ou no celular, encontram nos centros de consumo múltiplo a melhor maneira de sintetizar as necessidades simultâneas.
7.Guardiões da sociedade: As pessoas começaram a ter uma preocupação com meio ambiente, comportamento ético e conseqüências sociais. As grandes empresas começaram todas elas a praticar marketing social e associar a imagem da empresa a projetos desta natureza.
8.Busca de pequenas indulgências: Levar uma vida regrada e no fim de semana consumir uma picanha Bassi e um sorvete Haagen-Dazs. A empresa tem que estar pronta para oferecer os pequenos mimos como compensação emocional.
9.Manter-se vivo: Sabemos que os velhos hábitos matam. Comer alimentos errados, fumar e respirar ar poluído estão na contramão do consumidor moderno.
10.O consumidor vigilante: Não tolera produtos de má qualidade, serviços inadequados e menos ainda levar para à família riscos de contaminação.
Estas tendências mostram a preocupação do consumidor pela sua saúde e pela segurança dos alimentos. De outra forma já foram descritas por Gary Smith, ao colocar as perguntas que se faz o consumidor por ordem seqüencial de prioridades: Não me fará mal, é bom para mim, posso pagar, como preparar, tenho tempo, ficará saboroso. Estas perguntas estão relacionadas com: segurança, saúde, custo, preparação, conveniência e preferência. É inegável e contundente que os mercados que se abrem para a carne brasileira estão preocupados com sanidade animal e estes mercados exigem da cadeia produtiva da carne bovina: compromisso, coerência, respeito, honestidade, clareza, confiança e, sobretudo, segurança animal, onde o sistema de rastreabilidade da carne bovina é fundamental.
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Caro amigo Nelson Pineda, seu artigo é oportuno.
Se existe uma crise, então temos que usar bem o tempo para pensar em soluções criativas e fazer um planejamento estratégico para o dia em que sairmos dela.
Destaco do seu texto a sentença: “É inegável e contundente que os mercados que se abrem para a carne brasileira estão preocupados com sanidade animal e estes mercados exigem da cadeia produtiva da carne bovina: compromisso, coerência, respeito, honestidade, clareza, confiança (…)”.
Esta idéia deve estar na mente de todos que têm alguma influência no agronegócio brasileiro quando participarem de debates e decisões.
Por volta de 1996, teve início, na Austrália, um movimento pela garantia de qualidade organoléptica das carnes bovina e ovina que está dando ótimos resultados.
O investimento nas pesquisas teve um custo muito elevado porque entidades assistenciais recebiam dinheiro do projeto para recrutarem consumidores. Eles eram levados ao laboratório para degustar amostras de carne e atribuir notas de zero a cem para maciez, sabor, suculência e aceitação global. Até onde se sabe o retorno tem sido muito bom em termos de credibilidade do sistema desenvolvido.
Aqui no Brasil está difícil de aprovar um projeto dessa natureza; nos dizem que já se sabe tudo que há para saber sobre carne.
Abraços
PEdeFelício
Prezado Roberto Mesquita,
Eu não discordo do que você disse, o que você propõe já seria um grande avanço e daria início a um movimento pela qualidade. Não seria suficiente para assegurar a qualidade organoléptica. Para dar garantia é preciso fazer uma série de experimentos combinando estimulação elétrica de alta voltagem com maturação por 7 a 14 dias, ou baixa voltagem com pendura pela pélve e maturação por 7 dias. Isto para os principais cortes de carne.
Tudo isso já foi pesquisado e os resultados são conhecidos, de cada fator isoladamente ou até combinados, mas temos casos em que o resultado do laboratório são muito melhores do que na indústria, é o caso da estimulação de baixa voltagem, por exemplo. Então, para agregar valor e poder anunciar qualidade organoolética em mercados exigentes, domésticos ou de exportação, seria mesmo necessário aprofundar bastante a análise de pontos críticos de controle de qualidade sensorial.
Ingleses e escocêses fizeram um estudo muito amplo em 2004, do qual publicaram um relatório na internet. Eles analisaram alguns grupos genéticos, manejo pré-abate, e certos fatores pós-abate nas condições usuais, pesquisa bem realista. Não encontraram efeitos do manejo, que já estava bem resolvido, nem da genética, toda ela Bos taurus, mas tiveram efeitos importantes do processamento post mortem que varia de uma indústria a outra.
Aqui no Brasil as empresas ainda não se interessaram nem por mandar medir o comprimento de sarcômero, que afeta bastante a maciez e é altamente influenciado pela velocidade de resfriamento.
Bom, é sobre tudo isso que irei falar no congresso Zootec 2009, em Águas de Lindóia, em maio.
Apareça por lá.
PEdeFelício