Durante as reuniões de implantação de programas de gestão empresarial com os colaboradores de empresas (funcionários e empresário) de determinado empreendimento, procura-se deixar a conversa fluir para exemplos do cotidiano das pessoas envolvidas.
A idéia é deixar que as pessoas, geralmente carentes de informação e estudo, tirem suas conclusões com base em exemplos de fácil visualização. Quando conseguem visualizar a importância dos resultados, fica mais fácil de se quebrar a barreira relativa à participação e ao comprometimento.
Participação é a forma mais comum de atuar do funcionário brasileiro, enquanto que comprometimento só ocorre quando se tem pessoas sensibilizadas, buscando trabalhar por resultados.
Gerar comprometimento não é tão fácil quanto se pensa. Muitos acreditam que palestras e leituras motivacionais, exercícios dinâmicos, fitas de vídeo, sessões de relaxamento e outras ferramentas são suficientes para obtê-lo. Consegue-se alguns resultados, porém não serão duradouros e acabam desaparecendo com o tempo. Quantas pessoas assistem palestras de consultores famosos, viram “leões” organizados durante alguns meses e depois voltam à sua boa e velha mania de “praguejar” contra a sua má sorte na rotina do trabalho?
As palestras, fitas, artigos e outros, listados anteriormente, são extremamente importantes para o processo, porém não são suficientes. O envolvido precisa ter motivos para se comprometer e só terá motivo se conseguir visualizar os objetivos. Precisa acreditar.
Quando se fala em objetivos, deve-se lembrar que os principais, em qualquer empresa, são: sobreviver, gerar riqueza e crescer. Em nossa sociedade, dificilmente aceitamos a idéia de lucro. A maioria dos brasileiros foi criada com a idéia de que lucro é coisa ruim. Pecado para os religiosos e desumano para os “intelectualizados”, com uma visão socialista totalmente parcial e equivocada. Sem lucro, a empresa é inviável.
O empresário sabe disso, mas na maioria das vezes tem receio ou não consegue transmitir aos seus funcionários a necessidade do lucro para a empresa. Realmente é difícil e é comum empresários terem vergonha de que seus funcionários, ou mesmo clientes, saibam que suas operações registram lucros.
A percepção de objetivos de curto, médio e longo prazo, além da visão estratégica da empresa, é fundamental para que se obtenha o comprometimento real e eficaz de todos os envolvidos.
A melhor forma de transmitir a necessidade de resultados é permitir que as pessoas descubram através de exemplos claros. O desemprego é, na maior parte, fruto de maus resultados na atividade empresarial. Não havendo lucro, as empresas encolhem e com ela, encolhe o número de trabalhadores ocupados.
Pergunte, descontraídamente aos seus funcionários, o que eles fariam caso ganhassem milhões na Mega Sena acumulada. A resposta invariavelmente será a de que parariam de trabalhar e curtiriam a vida na maior folga, pescando, deitado numa rede, aquelas coisas que brasileiro adora sonhar em fazer quando ficar rico. Poucos falariam: seria o seu vizinho e trabalharia de sol a sol na fazenda.
A idéia desta pergunta, desta simulação, é mostrar às pessoas a importância do montante de capital investido na produção. Se não há lucro, reduzem-se os investimentos e o dinheiro flui para setores especulativos, outros lugares, regiões, e levam consigo milhares de empregos.
Imagine se grande parte dos produtores rurais resolvesse vender seu patrimônio e viver de renda? O que aconteceria?
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Certa vez fui convidado a gravar uma fita de vídeo sobre manejo de rebanhos leiteiros e o primeiro questionamento levantado por mim nessa fita foi justamente o fato da falta de objetivos e metas na exploração leiteira (entenda-se aqui exploração pecuária) em uma grande parte das fazendas existentes no País.
É justamente essa falta de metas e planejamento que faz com que o leite suba e desça de preço, a carne não tenha um mercado firme e até o mercado de grãos sofra flutuações de um ano para o outro.
Cada produtor vai onde esta o lucro naquele momento. Ele só esquece que para ele mudar de meios de produção ou de produto, ele vai ter que investir um pouco de capital em alguns materiais que ele não possui. Por vezes ocorrem algumas adaptações na propriedade, e quando ele for colher os frutos daquele investimento, todos aqueles que como ele, acharam que um certo produto seria um bom negócio, estarão colocando suas produções no mercado, que responde de imediato com queda de preços devido a alta oferta.
Acontece no mercado de bezerros desmamados, fêmeas matrizes, leite, milho, soja, algodão, etc. No caso do leite, na minha opinião , que já foi externada aqui outras vezes, a melhor saída seria o sistema canadense de cotas de produção. Para entrar no mercado o produtor teria que adquiri a cota de outro que estivesse saindo. Só assim teríamos equilíbrio entre produção e demanda e consequentemente, preços estáveis, e objetivos nos meios produtivos, e não no “vai da valsa” como é hoje.
Névio.