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A disputa entre frigoríficos e produtores também na certificação

Finalmente foram divulgadas as primeiras quatro empresas aprovadas para atuarem na certificação de bovinos rastreados. Os produtores precisam analisar com muito cuidado o conteúdo dos contratos de cada uma das empresas antes de tomar decisão sobre qual empresa contratar. Além do custo, qualidade do serviço prestado, facilidade de aproveitamento dos dados já disponíveis na propriedade, entre outros fatores, um ponto muito importante nesse primeiro momento se refere às condições previstas para o caso de quebra de contrato por parte dos produtores. Como todo mundo é marinheiro de primeira viagem tanto em rastreamento como em certificação, muitos equívocos e muitas falhas serão cometidos.

Além disso, o pequeno número de empresas e a necessidade de se ter animais certificados de imediato para atender às exportações para a Europa, pode levar produtores a assinarem e a ficarem presos a contratos que em futuro próximo não sejam de sua conveniência. Para evitar esses dissabores, os produtores não devem assinar contratos que contenham cláusulas que penalizem tanto financeiramente como tecnicamente uma eventual desistência ou mudança de empresa.

Além dos problemas enfrentados pelos produtores em se adaptar a essa nova realidade que é a certificação e o rastreamento, os responsáveis pelos frigoríficos exportadores parecem que combinaram em fazer a ridícula proposta de pagar dois reais a mais por cabeça de bovino certificado, portanto apto para fornecer os cortes para exportação para a Europa.

Mesmo considerando as empresas que estão cobrando menos pelo serviço de certificação, esse diferencial oferecido parece mais uma formalidade do que realmente bonificação ou prêmio, tanto para cobrir as despesas adicionais que os produtores terão como principalmente para estimular o mais rapidamente possível a adoção da certificação e a disponibilização de um maior contingente de animais aptos para exportação para a Europa.

Parece que existe um consenso que os frigoríficos credenciados a exportar, em especial para a Europa, tem vantagens tanto operacionais como de crédito sobre os frigoríficos não credenciados. Uma vez que para atender esse mercado reservado e tão defendido, que exige agora a certificação, não seria lógico esperar que aqueles que participam desse mercado tivessem pelo menos uma atitude condizente tanto em remunerar justamente, como em estimular a adoção da certificação?

Duas opções estão disponíveis aos produtores de gado, e as duas passam tanto pelo contrato de certificação como pela união muito forte da classe. A primeira é a negociação com os frigoríficos exportadores sobre um preço justo. A maneira de fazer pressão é o boicote de fornecimento de animais para abate com documentos de certificação. A segunda é a constituição de empresas para abate e exportação, usando frigoríficos disponíveis como prestadores de serviço.

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