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A era Roberto Rodrigues

Três anos, cinco meses e vinte e oito dias após assumir a pasta de um dos mais importantes e cobiçados Ministérios da Esplanada, o Ministro Roberto Rodrigues deixa o cargo.

Durante sua gestão enfrentou diversas crises como a estiagem que se abateu em grande parte do território nacional, o desgastante surto de febre aftosa nos Estados do Mato Grosso do Sul e Paraná, tratoraços e, entre outras, as seguidas greves dos funcionários do seu Ministério. Porém nenhuma dificuldade se assemelha a que ele enfrentou ao se deparar com o então Ministro do Planejamento, Guido Mantega, – atual titular do Ministério da Fazenda e o aparelhamento petista no Governo Federal.

No campo institucional – atualmente – não vejo um Governo baseado em uma política segura e consistente, que de forma cada vez mais vocal promova a tão perseguida harmonia entre a equipe econômica e o agronegócio nacional. A fragmentação de poder, hoje evidenciada no Governo, representa, acima de tudo, um desafio ao crescimento sustentado do setor agrícola como um todo.

A agricultura brasileira vem sofrendo fortemente os reflexos das vaidades e das inconsistências governamentais do Partido dos Trabalhadores, bem como da falta de um programa claro e definido de desenvolvimento e poder. O descaso com o agronegócio – e com todo o setor exportador brasileiro – pode ser verificado na condução da presente política econômica.

As elevadas taxas de juros aplicadas no país reduzem a taxa de crescimento econômico e de investimento no setor, aumentam o desemprego e estimulam – de forma escancarada – a entrada promiscua de capital especulativo na economia brasileira.

Além disso, o agronegócio brasileiro sofreu o revés da redução dos preços das commodities no mercado internacional, a elevação nos custos de produção e dos insumos básicos, a seca que afetou fortemente a colheita da Região Sul do País, a desvalorização do dólar – que provoca a queda da nossa competitividade externa – e finalmente, mas não menos importante, o sucateamento do parque logístico brasileiro.

Deve-se notar, todavia, que este cenário negativo registrado no setor agropecuário bate à porta não só do Ministério da Agricultura, mas de toda a sociedade, e reflete simplesmente o descaso político e econômico que o Governo petista impõe ao setor que mais gera renda, emprego e saldo na balança comercial.

Reflete, ainda, a completa e total desarticulação de um Governo que não sabe governar e gerenciar projetos que levem ao desenvolvimento do Brasil.

Há um velho ditado que diz o seguinte: “quando a agricultura vai bem o responsável é o clima”, no entanto, “quando a agricultura vai mal, a culpa é do Ministro da Agricultura”. Nesse caso, o ditado não é aplicável ao Ministro Roberto Rodrigues, mas à equipe econômica que perdeu seu valor.

O Ministro Roberto Rodrigues, homem de bem, trabalhador e reconhecidamente competente foi refém de um Governo que não tem como prioridade o agronegócio nacional. Seguramente, ele não merece ser comparado, confundido ou até mesmo levar a pecha da incompetência exclusiva da “supremacia” petista.

O histórico do Ministro Roberto Rodrigues, na inserção e na construção do agronegócio nacional me deixa convencido de que as dificuldades do setor continuarão a ser enfrentadas, sem o comprometimento do interesse nacional.

Muito se falou sobre a baixa credibilidade do Ministro Roberto Rodrigues, antes e depois do anúncio da sua saída do Governo. Na verdade, a baixa credibilidade e popularidade são distúrbios funcionais inerentes ao Governo petista, e não ao Ministro, que sai com o “dever cumprido”.

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  1. vilmar primão disse:

    Oportuno, consciente e esclarecedor o seu artigo. Aproveitando também um ditado popular e mais antigo: “Diga-me com quem tu andas, que eu direi quem tu és”. Sem querer entrar na questão da competência ou não do Sr. Roberto Rodrigues, convenhamos, dar murro em ponta de faca por 3,5 anos deve ter um outro significado. Mas,…que país é este?

    Vilmar Primão