A associação do Novilho Precoce foi fundada em 1998 por alguns pecuaristas que produziam animais jovens, com uma carcaça de boa qualidade e que não se contentavam em vender esse produto pelo mesmo preço de outros animais. O objetivo da associação é de buscar alianças mercadológicas para melhor remunerar um produto de qualidade. Além de trabalharem buscando essas alianças, auxiliam o produtor a trazer qualidade ao seus animais.
A associação do Novilho Precoce foi fundada em 1998 por alguns pecuaristas que produziam animais jovens, com uma carcaça de boa qualidade e que não se contentavam em vender esse produto pelo mesmo preço de outros animais.
O objetivo da associação é de buscar alianças mercadológicas para melhor remunerar um produto de qualidade. Além de trabalharem buscando essas alianças, auxiliam o produtor a trazer qualidade ao seus animais. Atualmente, a Associação possui 210 associados e exige um padrão para que os produtores possam se associar.
A primeira parceria ocorreu em 2000, com o grupo Carrefour que buscava um novo conceito de qualidade, que abrangia além de uma carcaça de qualidade, alguns critérios de controle e de informações da produção dessa carne. A proposta foi de um programa de Garantia de Origem, cuja idéia veio da França, e é já existia para verduras e frutas.
O Carrefour exigia o cumprimento de um protocolo para participar do programa, consistindo em:
• Produzir respeitando o meio ambiente
• Obedecer a legislação trabalhista (CTPS, contratos)
• Que os produtores fossem socialmente justos (boas habitações, cuidados com funcionários, acesso a escola)
• garantia de bem estar animal e manejo racional (no início 10% das carcaças eram desclassificadas por contusão e o pecuarista não recebia o bônus. Para resolver o problema, os produtores, funcionários e caminhoneiros, se reuniram com o Prof. Matheus Paranhos para cursos de manejo racional e bem estar animal, derrubando esse índice para menos de 1%).
• Rastreabilidade (apesar de ser antes do MAPA falar sobre rastreabilidade, todos os animais tinham que ter brincos de identificação com numeração da fazenda, que seguia até a gôndola do supermercado.)
• Sanidade (controle de resíduos)
• Auditorias nas propriedades
Um técnico do Carrefour e um da associação visitavam todas as propriedades para auditar todos esses itens. A partir de 2005, devido a confiança do trabalho, passou a ser exigido apenas a vistoria do técnico da associação. Uma vez por ano, o Carrefour envia representantes de uma empresa de auditoria que avalia algumas propriedades por amostragem.
Há 10 anos isso causava certo desconforto para os pecuaristas que não queriam ninguém observando e criticando os pontos errados da fazenda. Hoje, tudo isso é obrigação para quem quer estar em acordo com a sustentabilidade.
O pecuarista que deseja participar da associação recebe, primeiramente, um material explicativo sobre como deve ser a propriedade. Um técnico da associação visita a fazenda e avalia se ela está apta ou não para entrar no programa, ou se precisa de algumas melhorias para conseguir entrar.
É uma forma de garantir a qualidade e de acessar os mercados com o produto que eles ofertam hoje.
Além das obrigações do protocolo, a associação tem que entregar um animal jovem, com boa carcaça e bom acabamento de gordura, que é classificado individualmente. Tudo isso para que o produto seja oferecido na gôndola do supermercado com a garantia da qualidade.
Essa parceria já dura 10 anos, sendo considerada a parceria mercadológica mais duradoura do país. Mesmo assim, eles consideram que toda parceria deve evoluir.
Para isso, O Carrefour lançando uma nova marca de carne, chamada Seleção Novilho Precoce. As vendas estão em fase de adaptação, sendo implantada gradualmente nos supermercados, trocando as bandejas de carne porcionada, por esse novo produto.
Outra parceria, com início em julho de 2009, foi com o grupo Bertin/JBS, com um contrato para a entrega de 65 mil cabeças em um ano, com previsão de aumento para 100 mil se houver renovação do contrato.
A Associação de Novilho Precoce do MS considera alguns fatores fundamentais para que uma aliança mercadológica tenha sucesso. São três pilares igualmente importantes formados por: quantidade, qualidade e regularidade. No início, eles pensavam só na qualidade, mas perceberam que quantidade também era importante “Não adiantava ter qualidade, e abater uma vez por mês”. E com o dinamismo do mercado, a regularidade é fundamental. Esse três fatores devem estar em equilíbrio para o sucesso da parceria.
Em 2006 o índice de animais que atingiam a classificação exigida pelo Carrefour era de 81%. A partir de 2007, esse índice subiu para 92% devido a um grande trabalho do departamento técnico para melhorar a qualidade das carcaças.
Após tantos anos de parceria, é possível notar mais respeito dos outros elos da cadeia. Primeiro os diretores da Associação não conseguiam ser recebidos por diretores dos frigoríficos e do varejo, “não existia dialogo”. Hoje o respeito aumentou muito, é possível ter dialogo, apesar de ainda existirem gargalos.
Quando perguntado sobre a diferença entre negociar com o frigorífico e com o varejo, Nedson respondeu que é mais fácil com varejo. “O varejo precisava de qualidade e de regularidade e a associação conseguiu suprir isso, passando a ser importante para eles”.
Para exemplificar que é possível ter diálogo entre as partes da cadeia, ele contou uma história que aconteceu em 2008. “Com o início da crise dos frigoríficos, a empresa que abatia nossos bois me ligou dizendo que não iria mais abater nenhum animal, e não conseguiria pagar os animais abatidos a prazo. Os produtores ficaram revoltados, mas mesmo assim conseguimos reuní-los, juntamente com o frigorífico e decidir o que seria melhor para todos. A maioria dos produtores confiou a decisão à Associação, que decidiu que o frigorífico iria voltar a abater, e iria pagar R$ 100,00 a mais por cabeça, valor que iria sendo abatido da dívida que eles tinham com aquele produtor. Resultado: em nove meses todos tiveram suas dívidas pagas”.
“Visão de futuro é investimento no produtor”. Até ano passado A Associação estava mais preocupada com novas alianças mercadológicas, mas esse ano resolveram crescer de forma equilibrada, com qualidade e estrutura, investindo nas fazendas para que o produtor produza com eficiência e qualidade. Então foram criados planos de ação, com parcerias com empresas de consultoria, disponibilizando ao produtor suporte para as mais diversas necessidades. “Se o produtor quiser melhorar a genética do rebanho dele ou aprender a fazer conta, ele procura a Associação, que nós iremos ajudá-lo”.
A associação também está adotando o programa BPA – Boas Práticas Agropecuárias – da Embrapa. Devido às exigências do programa do Carrefour, as fazendas já estão pré-preparadas para implantar o BPA. Algumas fazendas estão quase prontas para serem certificadas, faltando apenas alguns detalhes. Nedson informou que no momento não existe nenhum diferencial pago pelo parceiro pela adoção deste programa. “Primeiro vamos cumprir o dever, sem garantir nada para o produtor. É sempre bom se preparar, pois a exigência aumenta a cada dia. E no futuro podem buscar mercados melhores para isso”.
A associação acredita que devem ser realizadas feitas ações para união e comprometimento dos produtores. É preciso mostrar para eles que é bom e vantajoso fazer parte da associação, além de ser uma estratégia muito importante, devido o crescimento dos frigoríficos, do varejo e das indústrias de insumo. “É preciso se unir para ter a mesma força, para negociação”.
Esse artigo é baseado na palestra A experiência da Associação de Novilho Precoce do MS: produção e comercialização de carne de qualidade, apresentada por Nedson Rodrigues, presidente da ASPNP, no Workshop Associações de Pecuaristas, realizado pela AgriPoint em maio 2010.
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