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A importância econômica do Bem-Estar em animais de produção

Bem-estar animal não são barreiras sanitárias e sim diretivas e ou normas que são impostas por países importadores, visando atender tanto as exigências do mercado consumidor no quesito qualidade, quanto para equilibrar questões econômicas entre produtores internos e externos. A literatura especializada já consagrou a importância das boas práticas pecuárias, em especial o bem-estar animal. Além do aspecto moral de não maltratar o ser vivo que futuramente servirá de alimento, o trato dispensado ao rebanho, pode ter sérias implicações financeiras.

Bem-estar animal não são barreiras sanitárias e sim diretivas e ou normas que são impostas por países importadores, visando atender tanto as exigências do mercado consumidor no quesito qualidade, quanto para equilibrar questões econômicas entre produtores internos e externos.

Citações sobre Bem-Estar animal já existem desde a antiguidade, sendo, no entanto resgatado após acontecimentos mais recentes, principalmente na Inglaterra, que alertou o consumidor para a qualidade do alimento e sua forma de produção. O serviço de assistência ao cidadão europeu recebeu, em 2005, mais de 112 mil questões, cerca de 32 mil a mais, que no ano anterior. Uma fatia significativa das dúvidas relacionava-se com segurança alimentar e bem-estar animal.

O Brasil dá pouca atenção às práticas racionais de manejo, possivelmente pela falta de discussão aprofundada nos cursos de produção animal. As grandes preocupações são com a saúde e a eficiência produtiva, tendo como pano de fundo a qualidade nutricional e a sanidade do alimento destinado ao consumo humano.

A literatura especializada já consagrou a importância das boas práticas pecuárias, em especial o bem-estar animal. Além do aspecto moral de não maltratar o ser vivo que futuramente servirá de alimento, o trato dispensado ao rebanho, pode ter sérias implicações financeiras. O conceito qualidade, cada vez mais, é definido por consumidores, criando a necessidade de maior disseminação de tecnologia – leia-se também treinamento da mão-de-obra – como forma de sanar os problemas relacionados.

Superar o problema do bem-estar animal atinge tanto a eficiência da produção quanto às exigências de mercado, quesito cada vez mais importante à medida que o Brasil consolida sua posição de maior produtor de carne bovina, mas ainda sem receber o que países como Austrália e EUA ganham nas suas vendas externas (Marques 2006).

Brambell (1965), Conselho de Bem-Estar de Animais de Produção (1979), As Cinco Liberdades (1993), Gonyou (1994), Glaser (2003), Paranhos, nos posicionam quanto às questões éticas, morais e econômicas, da necessidade de cumprimento de diretivas e a conceituação de Bem-Estar Animal, direcionadas para Animais de Produção.

A importância do Bem-Estar animal não está em apenas tratar melhor os animais, mas, sim aplicar conhecimentos produzidos pela pesquisa no manejo dos animais, com a intenção de minimizar perdas que ocorrem, por agressões desnecessárias ou instalações inadequadas. Perdas já quantificada acima de R$ 8,00 por cabeça abatida.

Treinamento da mão de obra é a mola mestra para uma melhoria da matéria prima fornecida as indústrias frigoríficas. Seminários em grandes centros, em universidades e Associações devem continuar existindo para conscientizar o produtor, mas, todo este conhecimento só será aproveitado quando chegar à fazenda, chegar aos peões, que tem sede de aprender sobre boi e com certeza querem participar da cadeia produtiva da carne. São eles que precisam enxergar o valor do Bem-Estar nos Animais de Produção, já que 39,6% das lesões encontradas nas carcaças, foram produzidas na fazenda.

7 Comments

  1. Thiago Dias de Mendonça disse:

    Muito bom Renato.

    Pois este é um tema muito discutido atualmente, alguns produtores ainda dão prioridade à rapidez e/ou agilidade nos trabalhos com o rebanho, sem pensar no bem estar animal e nem tampouco com os prejuízos futuros que acarretará.

  2. ALFREDO FILHO RIBEIRO DE ASSUNÇÃO disse:

    Sem dúvida alguma, o manejo racional “Bem-Estar Animal” é uma ferramenta de suma importância para se obter sucesso na produção animal, pois, um bom manejo, minimiza e/ou evita perdas econôminas (hematomas, contusões), consequentemente, o produtor terá um melhor lucro efetivo. Sabendo-se, que ainda é muito precária as condições das estradas em muitas regiões do país, dessa forma, uma boa técnica de transportes de animais vivos, mesmo nas condições adversas, os animais poderão apresentar uma carcaça de qualidade “Sem contusões”. Isso desmonstra, a grande necessidade de um bom racional, desde a propriedade até o pré – abate dos animais.

  3. renato dos Santos disse:

    Prezado Thiago Dias Mendonça, trabalho na área de Bem-Estar para Animais de Produção desde 1.996, e tenho a certeza do quanto isto traz de prejuizo para propriedades com manejo agressivo, com animais muito reativos devido ao comportamento humano, te dizendo que a notícia pior é o prejuizo de credibilidade quanto a carne brasileira.

    Convoco você para fazer parte de um grupo, ainda de poucos, que enxerga e pode fazer algo para melhorar a qualidade da matéria prima carne.

    Obrigado
    Abraço

  4. renato dos Santos disse:

    Prezado Alfredo Filho Ribeiro de Assunção, é um prazer saber de você.

    Acredito que se as fazendas não produzem animais com baixa reatividade, o transporte e o curral do frigorífico ficam com muita dificuldade para evitar lesões.

    Fica a sugestão para que leitores busquem conhecimento quanto ao manejo, quanto a quantidade de Kg/m. quadrado de carroceria para se diminuir lesões no transporte, etc.

  5. Thiago Dias de Mendonça disse:

    Com prazer Renato. Como faço para participar?

    Grato!

  6. Osvaldo Chibiaque de Lima disse:

    Muito bom Dr.Renato

    Aqui no Alegrete, municipio com aproximados 600.000 cabeças, gado de corte, há um trabalho muito bom, iniciado pelo Frigorifico Mercosul, onde são ministradas palestras não só para compradores, motoristas, equipe de apoio, mas tambem aos produtores, capatazes, peões, tratadores, emfim a todos que se envolvem com o manejo de animais. Os resultados obtidos são animadores, pois já estão ocorrendo convites para que as palestras sejam proferidas nas propriedades e o indice de lesão diminuio significativamente. Além disso, já existe uma tomada de conciencia, na maioria da propriedades,onde não só –

    os produtores,veterinários mas também capatazes e campeiros, não mais utilizam cachorros, madeira com ponta, cuidados especiais com listões, porta de balanças, etc.

    Sigamos adiante é preciso mais divulgação, trabalho em parcerias, pois é imperativo que o alimneto produzido seja de qualidade, pois no mundo algo sem qualidade não tem valor, nem mesmo a carne.

  7. Flávio Abel disse:

    Bom dia:
    Assunto muito interessante. Podemos agregar valor com praticamente custo zero. Sugiro ao Ministério da Agricultura que produza o protocolo de bem estar animal, com adesão voluntária. Podemos produzir reses com baixa reatividade sim.
    Daremos o primeiro passo efetivo na direção desta qualificação à carne brasileira.