A vitrine de gado de elite da América do Sul ganha uma nova fachada este ano. Desde 1993, quando o Parque de Exposições Assis Brasil abriu pela primeira vez as porteiras para o gado rústico, nunca a presença dos bovinos criados a campo foi tão expressiva na Expointer, no Rio Grande do Sul. Dispostos a ampliar os negócios na feira, os pecuaristas de diversas raças de corte pretendem, com essa estratégia, ocupar um nicho de mercado e antecipar a venda dos touros rústicos, que tradicionalmente ocorre na primavera.
Na relação dos 6.312 animais inscritos para a mostra, que será aberta ao público amanhã, figuram 600 exemplares rústicos. Ou seja, um número mais de 10 vezes superior ao registrado em anos anteriores, quando no máximo 40 animais criados no pasto entravam nas pistas de remate do Assis Brasil. Para o presidente do Sindicato dos Leiloeiros Rurais do Estado (Sindiler), Marcelo Silva, a realização de pregões de rústicos garantirá um aporte superior a R$ 1 milhão ao faturamento da Expointer 2002. “Esteio está assumindo de vez uma filosofia comercial ao oferecer animais com a mesma genética dos exemplares de argola, mas com custo mais barato”, explica.
A outra novidade é a Bolsa do Novilho, que vai ofertar dois mil bovinos para abate no dia 26 de agosto, em um leilão virtual transmitido ao vivo pelo Canal Rural, a partir das 8h30min, diretamente do auditório da administração do parque de Esteio. Trata-se de uma modalidade inédita de negócios com gado gordo no Brasil e também deve impulsionar as vendas. O presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Raças (Febrac), José Paulo Cairoli, acredita que os negócios cheguem a R$ 1,6 milhão. A venda de rústicos e de novilhos pode atingir, então, R$ 2,6 milhões, superando a receita total da Expointer 2001 (R$ 2,280 milhões). “Podemos alcançar um faturamento total de R$ 5 milhões com a venda de animais, dobrando o resultado de 2001”, acredita Silva.
Movimento intenso
Depois de dois dias de chuva e movimento fraco no desembarcadouro do parque Assis Brasil, ontem (22) houve engarrafamento de caminhões na chegada de animais. A cada minuto, desciam dos caminhões carregados bovinos, ovinos e eqüinos para a Expointer 2002, gerando confusão no meio do barro.
Até às 21h, 2.534 animais dos 5.712 exemplares a galpão inscritos já estavam no parque. O prazo final para a entrada está previsto para hoje, às 24h. Por isso, a Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul (SAA) prevê um movimento ainda mais forte nesta sexta-feira, especialmente porque as previsões indicam tempo bom. Os 600 rústicos só chegarão na próxima semana.
Uma boa notícia também movimentou o parque nesta quinta-feira. Os nove bovinos Charolês impedidos de entrar na quarta-feira retornaram ao complexo e foram instalados em suas baias. O proprietário havia levado os exemplares para uma propriedade próxima de Esteio, onde foi feito o exame de raspagem para identificação de uma possível enfermidade. O teste resultou negativo. Até agora, 10 animais retornaram à propriedade de origem depois de comprovação pelos técnicos de que apresentavam papilomatose (verruga) e fungo.
Fonte: Zero Hora/RS (por Jorge Correa), adaptado por Equipe BeefPoint