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A nova fase do Wagyu: símbolo da “carne premium” quer conquistar novos clientes

“A carne do Wagyu puro é uma experiência gastronômica! É um espetáculo!”, assim define Celeste Molitor, secretária executiva da Associação Brasileira dos Criadores Bovinos das Raças Wagyu. 

Os cortes com muito marmoreio — a gordura entremeada que garante maciez e sabor inigualáveis — fizeram a carne do gado japonês conquistar a fama de mais cara do mundo. Características essas que criadores brasileiros, de diferentes raças, trabalham para alcançar. 

“Através do programa de cruzamentos vamos disseminar a genética do Wagyu, sua carne, seu sabor e novos cortes para mais brasileiros”, destaca Celeste. Um dos desafios da associação dos criadores de Wagyu, porém, é quebrar o estigma de carne mais cara do mundo e ampliar o leque de consumidores. 

A médica veterinária, criadora e especialista em Wagyu desde 2014, Tatiana Caruso, diz que para alcançar esse objetivo o caminho é mostrar que o boi inteiro é marmorizado e existem outros cortes com preços bem acessíveis. “Não queremos ficar focados só em ancho, chorizo ou picanha… cortes do dianteiro são tidos como carne de segunda no gado comercial, mas, no Wagyu entregam uma experiência premium com o custo bem menor”. 

Hoje, praticamente toda a produção brasileira de carne Wagyu fica no mercado interno (99,9%) mesmo com o varejo aplicando valores distantes ao que é pago ao produtor. “Como o consumidor sabe que a carne é cara às vezes ele fica sem parâmetros e acaba aceitando preços, na minha opinião, até abusivos”, salienta Tatiana, que se tornou disseminadora das qualidades do Wagyu.

Exportações

Ao mercado exterior, um pequeno volume de carne, de animais puros e também cruzados, é exportado para o Oriente Médio — um mercado exigente —, o que mostra a competitividade da produção brasileira que compete diretamente com o Wagyu Australiano — hoje o maior fornecedor mundial. “O que falta é volume para gente conseguir exportar mais”, pontua Caruso.

Hoje, dos mais de 15 mil animais registrados na Associação Brasileira dos Criadores Bovinos das Raças Wagyu, metade é puro, ou seja, sem nenhum cruzamento com outras raças.

Para registro na associação, existem duas modalidades: os animais puros, registrados no nascimento; e os cruzados, que podem ser registrados tanto no nascimento quanto no abate. 

As carcaças são avaliadas no frigorífico por técnicos habilitados da associação e precisam apresentar marmoreio 02, no mínimo. No Wagyu puro esse grau de marmoreio pode chegar a escala 12.

No entanto, cruzamentos com animais Angus e Jersey também têm mostrado bons resultados na entrega do marmoreio. “Avaliando a venda de material genético, acreditamos que o rebanho de cruzados possa ultrapassar 30 mil cabeças”, ressalta a secretária executiva da Associação Brasileira dos Criadores Bovinos das Raças Wagyu. 

Oportunidade no Japão

Atualmente, o Japão, berço do Wagyu, precisa importar 70% da carne bovina que consome — principalmente dos Estados Unidos e da Austrália, parceiros históricos. Um mercado que, segundo o governo brasileiro, movimenta US$ 4 bilhões por ano.

Com o novo status sanitário de “livre de aftosa sem vacinação”, o Brasil poderá destravar, enfim, as negociações para acessar esse mercado. “Apesar de ser o país de origem do Wagyu, o Japão precisa de proteínas mais acessíveis para abastecer o chamado food service — restaurantes, bares, lanchonetes”, explicou Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), ao Agro Estadão.

A expectativa da entidade é que o Japão compre, principalmente:

  • miúdos bovinos: que têm forte apelo na culinária japonesa;
  • cortes do dianteiro: de menor valor agregado e alto giro em redes de alimentação;
  • carne com osso: conforme avanço das habilitações.

Para isso, uma missão técnica japonesa chegou ao Brasil nesta semana para inspecionar o sistema de controle sanitário e unidades com Serviço de Inspeção Federal (SIF) na região Sul, além de postos de fronteira. Após essa auditoria, o Japão poderá habilitar o Brasil no sistema de pré-listing, ou seja, permitindo que o Ministério da Agricultura e Pecuária certifique os frigoríficos aptos à exportação.

“Com o reconhecimento da OMSA [Organização Mundial de Saúde Animal], a expectativa é de destrave imediato e possíveis habilitações já em 2025”, destacou Perosa.

Fonte: Estadão.

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