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A pecuária e as novas demandas dos consumidores

Por Donário Lopes de Almeida1

A pecuária de corte brasileira vem apresentando uma grande evolução nas últimas décadas, com aumento significativo das taxas de desmame e desfrute de nosso rebanho. Isso aconteceu a partir do uso de adequadas práticas de manejo nutricional e sanitário, e de programas continuados de melhoramento genético.

Originalmente concentrado nas regiões sul e sudeste, o rebanho bovino brasileiro acompanhou o desenvolvimento e a expansão agrícola pelo centro-oeste e, recentemente, na região norte do país. A correção da fertilidade destes solos e a introdução de novas espécies gramíneas abriu uma imensa nova fronteira para a pecuária, oportunizando a produção em um ambiente extensivo e natural, sem a necessidade de avanço sobre a floresta tropical.

Importante mencionar que estas mudanças aconteceram em um curto espaço de tempo, sendo talvez uma das mais rápidas mudanças de cenário em pecuária de corte que se tem notícia no mundo. Podemos dizer que, paralelamente a tão comentada revolução verde da agricultura, estamos vivendo uma verdadeira revolução vermelha, com aumentos de produtividade e qualidade da carne bovina produzida no país, e tudo isso reforça a tese de que seremos o grande celeiro do mundo.

Em termos de consumo, atualmente o mercado interno absorve 80% de nossa produção e, apesar de ser a parcela mais significativa, apresenta limitação de expansão. O consumo per capita tem estado estagnado, ao redor de 36 kg/ano, sendo seriamente afetado pela limitação do nível de renda de nossa população e, sendo mantido o cenário atual, não parece haver perspectiva de mudar tão cedo. Portanto, a oportunidade concreta que vislumbramos é a expansão da exportação, que já vem crescendo e ainda apresenta grande potencial, tanto nos países onde já atuamos como em mercados que poderão ser abertos nos próximos anos.

Ao avaliar os potenciais mercados mundiais, rapidamente lembramos da Comunidade Européia, destino atual dos cortes mais nobres e caros de nossa pauta de exportação e, futuramente, com a erradicação da febre aftosa, poderemos vislumbrar os Estados Unidos e alguns países do Oriente. Certamente são os mercados mais exigentes, mas são e continuarão sendo os destinos mais atraentes em termos de rentabilidade, portanto, estes são os mercados que devemos focar, e já antecipar garantias de que nossa carne atenda as demandas destes consumidores.

Nos últimos anos a consciência de direitos do consumidor, aliada a uma variedade de riscos detectados nos alimentos, fez aumentar a pressão das autoridades pela implantação de novos conceitos de alimento seguro. Novas legislações foram e ainda estão sendo implementadas, incluindo demandas de identificação, rastreabilidade e certificação nos produtos alimentícios. Esta é a tendência.

No caso da carne, não vai bastar apenas a produção de carcaças pesadas e bem acabadas, pois os consumidores começam a exigir outros atributos e características até agora impensadas. Além do rigoroso controle sanitário, adicionam-se demandas em relação ao bem estar animal e dos trabalhadores envolvidos na produção e, em breve, uma maior preocupação com o impacto da atividade produtiva no meio ambiente.

Neste sentido, é imperativo que nossa cadeia da carne, setor público e privado, entendam estas novas demandas e estejam preparados para oferecer as garantias exigidas por estes consumidores globais, com visão de futuro e responsabilidade de quem realmente tem condições e quer ser o celeiro do mundo.

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1Donário Lopes de Almeida, Agrônomo pela UFRGS, MBA pela Business School São Paulo, diretor comercial da Planejar Certificação.

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