Colocar o cocho de sal longe da água, em locais pouco freqüentados pelos animais, não ajuda a reduzir a desuniformidade de pastejo. Esta é uma das conclusões do trabalho desenvolvido por pesquisadores do Depto. de Zootecnia da ESALQ/USP na Estação Experimental "Hildegard Georgina von Pritzelwitz", em Londrina - PR.
Colocar o cocho de sal longe da água, em locais pouco freqüentados pelos animais, não ajuda a reduzir a desuniformidade de pastejo. Esta é uma das conclusões do trabalho desenvolvido por pesquisadores do Depto. de Zootecnia da ESALQ/USP na Estação Experimental “Hildegard Georgina von Pritzelwitz”, em Londrina – PR.
O objetivo do trabalho desenvolvido por Goulart (2006) foi estudar os fatores que interferem na escolha do local de pastejo pelos animais e propor alternativas para reduzir a desuniformidade de pastejo em áreas extensas. O autor observou o comportamento dos animais em duas áreas, uma com 25 e outra com 42 ha (Figura 1).
Apenas para efeito de observação, foram consideradas subunidades de 1ha em cada área (não havia cercas, as subunidades serviram apenas de referência para as observações e foram demarcadas com GPS.). As características de cada área são apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1. Características das áreas onde o comportamento de pastejo de bovinos de corte foi avaliado
No primeiro e terceiro períodos, o cocho de sal foi colocado na mesma sub-unidade da água na Invernada 1 (“Oncinha”) e distante da água na Invernada 2 (“Caixa Seca”); já nos períodos dois e quatro, a posição dos cochos foi invertida de forma que ficassem longe da água na Invernada 1 (“Oncinha”) e na mesma sub-unidade da água na Invernada 2 (“Caixa Seca”).
Goulart (2006) observou maior uso pelos animais das subunidades mais próximas da água (distância horizontal) e onde a diferença de nível em relação à subunidade da aguada também fosse menor (menor declividade; distância vertical). Além disso, os animais mostraram preferência por locais onde a forragem se apresentava com maior proporção de folhas.
As alterações na altura do pasto indicam que os animais avançaram para áreas mais distantes à medida que a quantidade de forragem disponível próximo da água foi reduzida. A Figura 2 mostra as variações na altura do capim-colonião na invernada 2 (“Caixa Seca”) ao longo dos quatro períodos de observação. Nos dois primeiros períodos, foi observada redução na altura apenas das subunidades localizadas até 506m da aguada; somente a partir do terceiro período, quando a massa de forragem disponível nos locais mais próximos da água ficou menor, foi observada redução na altura do capim-colonião das áreas mais distantes.
Figura 2. Variação da altura do capim-colonião na invernada 2 (“Caixa Seca”) ao longo dos períodos de avaliação em função da distância da aguada (próxima, intermediária e distante)
Comentário: O pastejo desuniforme, além de reduzir a eficiência de colheita da forragem, representa uma situação de risco para a sustentabilidade da pastagem. Nos sistemas tradicionais de manejo, onde o ajuste da taxa de lotação é feito com base na produção de inverno, a prática mostra que os animais inicialmente pastejam nas áreas de mais fácil acesso e/ou próximas às fontes de água.
Como a taxa de crescimento do capim é maior que o ritmo de consumo dos animais, antes dos animais precisarem ir para as áreas mais distantes, a rebrota do capim nas primeiras áreas utilizadas já é grande o suficiente para serem pastejadas novamente. Com o tempo, o pasto passa a apresentar áreas superpastejadas, áreas subpastejadas e áreas intermediárias.
Na parte superpastejada, a rebrota do pasto fica cada vez mais longa, favorecendo o estabelecimento de plantas invasoras. Em pouco tempo, essa área se degrada e os animais passam a superpastejar em outro local. Dessa forma, a cada ano a percentagem de área degradada aumenta, até que seja necessária a reforma do pasto.
O trabalho desenvolvido por Goulart (2006) confirma esta observação prática e mostra a importância do planejamento das divisões das pastagens e da alocação das aguadas para garantir o uso mais eficiente e sustentável do pasto.
Referências bibliográficas:
GOULART, R.C.D. Mecanismos envolvidos na escolha de locais de pastejo por bovinos de corte. Dissertação (Mestrado). Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. 2006. 73p.