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A pujante agricultura goiana

Após breve recesso em meus artigos ao BeefPoint, é com prazer que retomo minhas atividades, em especial para tratar de dados agropecuários do estado, muito pouco conhecidos pela população goiana e que, de certa forma, também me surpreenderam positivamente.

Em recente estudo realizado pela MGRS – Assessoria e Consultoria sobre as potencialidades do Estado de Goiás no agronegócio, foi possível verificar dados relevantes que me levaram a conclusões muito interessantes, se compararmos o Estados de Goiás com os demais, do ponto de vista das exportações deste segmento.

Dessa forma, faz-se de todo importante analisarmos, inicialmente, alguns dados levantados, sobre o comportamento agrícola interno do Estado: entre as safras 1990/1991 e 2005/2006, houve uma evolução de 31,5% na produtividade agrícola no Estado de Goiás. Na safra 1990/1991, a produtividade média era de 2.293 kg/ha. Já em 2005/2006, a previsão é de que se chegue a 3.004 kg/ha.

No que se refere à área plantada, Goiás superou vários estados da federação ao registrar uma evolução na sua área plantada em 64,5% no mesmo período acima indicado. A área plantada no Estado saltou de 2,25 milhões de hectares em 1990/1991 para 4,01 milhões, em 2004/2005, e uma expectativa de queda para 3,71 milhões na safra atual, de 2005/2006.

As principais razões que justificam esta queda são as altas taxas internas de juros, a desvalorização do dólar frente a moeda nacional, a ligeira quebra de safra no Estado e, finalmente, a piora nas condições de trocas no mercado internacional.

Além dos dados já apresentados, considero importante registrar outros da mesma forma importantes, que poderão ser melhor explorados nos meus próximos artigos: o Estado de Goiás registrou um incremento da ordem de 116,7% na evolução da sua produção de grãos 5.147,8 milhões de toneladas em 1990 para 11.157,2 milhões de toneladas na atual safra de 2005/2006.

A agricultura goiana está distribuída da seguinte forma, tomando por base seus principais produtos (grãos): a soja representa 54% de toda a produção agrícola do Estado, milho 31%, sorgo 7%, algodão 3%, arroz e feijão 2% cada e 1% outras culturas. Vales ressaltar, que Goiás se situa como o maior produtor de sorgo do Brasil.

Algumas estimativas futuras foram apontadas para os principais produtos da atual safra agrícola do Estado na pesquisa realizada pela MGRS – Assessoria e Consultoria, a saber: queda de 4,2% na safra de soja, aumento de 10% na produção de milho, incremento de 16,4% na produção de sorgo, queda de 48% na produção de algodão, queda de 41,4% na produção de arroz e, aumento de 4,5% na produção de feijão.

Um dos dados mais relevantes levantados pela MGRS foi o de que 89,5% do total exportado pelos Estado de Goiás é proveniente do agronegócio e que esse mesmo agronegócio é responsável por 70% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual, que no ano passado chegou ao montante de US$ 16.015.000.000. Ou seja, pode-se afirmar que o agronegócio goiano é a atividade econômica que segura a “peteca” da economia do Estado.

Os principais mercados consumidores de produtos goianos são, União Européia, com 54,2% de participação, seguido pela República Popular da China, com 22,01%, Federação russa com 5,85%, Mercosul, com 2,35% e os Estados Unidos da América com 1,13%.

Finalmente, em seu levantamento, a MGRS pode constatar dados que considero relevantes citar, de forma bem sucinta, mas que será objeto de melhor análise nos meus futuros artigos, conforme segue:

Do ano 2000 a 2005, o Estado de Goiás obteve resultados impressionantes em suas trocas internacionais com incrementos em quase todas as suas cadeias produtivas.

No período, 585% de crescimento nas exportações de carne bovina, 1.629% em carne de aves, 299,5% em carne suína, 207,82 em soja, 3.165,4 em algodão, 2.135% em açúcar 2.139% em café e 4,72% nas exportações de arroz. A única queda verificada foi a das exportações de sorgo entre o período de 2003 e 2005 da ordem 98,7%, que voltou sua comercialização para o mercado interno, onde encontrou melhores condições de receita.

Diante de toda essa invejável numerologia levantada pela MGRS, deve-se concluir que Goiás é um Estado que não pode se comportar com atitudes simplistas, amadoras ou hiperdimensionadas. Por isso, faz-se de todo necessário considerar que o agronegócio goiano necessita, cada vez mais, de se profissionalizar, modernizar, racionalizar e planejar suas atividades.

Para que tudo isso se concretize com competência e que gere resultados de longo prazo, considero indispensável agregar a todo o trabalho a ser desenvolvido os seguintes pontos: i) pesquisa tecnológica; ii) instituições com lideranças e articulação entre os atores; iii) investimento em capital e qualificação; iv) prioridade na defesa e inspeção animal e vegetal.

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