A reposição tem espaço para subir mais?

De maneira geral, o mercado de reposição ainda trabalha em ritmo lento, mas muitos criadores estão tentando negociar seus lotes a preços mais altos, conforme comentou Roberto Barcellos. Como está o mercado de bezerros na sua região?

Roberto Barcellos publicou a seguinte foto no Twitter e comentou: “Tá todo mundo loco! Me pediram nessa desmama R$ 950,00 nos machos e R$ 900,00 nas fêmeas”. Mas ele aposta que nos próximos meses a oferta de animais desmamados deve aumentar.

Eduardo Lund, de Pelotas/RS, comentou que por enquanto o mercado de gado magro segue trabalhando em ritmo lento, “ninguém compra e ninguém vende”. “Aqui no RS só falam que vai valer R$ 4,00 o quilo do terneiro nas feiras”.

Especialistas comentam que nas feiras de terneiros do outono deste ano, no Rio Grande do Sul, os animais devem estar pelo menos 20% mais valorizados. O leitor do BeefPoint, Fernando Dariano Ferreira da Costa, informou que em Alegrete/RS já se fala em R$ 4,00 a R$ 4,50 o quilo vivo do terneiro.

Como está o mercado na sua região? Utilize o formulário para troca de informações sobre o mercado de reposição informando preços e o que está acontecendo no mercado de sua região ou utilize o espaço para cartas do leitor, abaixo, para nos enviar seus comentários e opiniões.

0 Comments

  1. José Roberto Puoli disse:

    Bom dia André,
    Acredito muito nas coisas que têm alguma referência sólida e não somente acho isso ou acho aquilo.
    O que tenho seguido sempre, e a pecuária dos países desenvolvidos também fazem , é observar o ágio que o preço do bezerro tem sobre o preço do boi gordo. Obviamente, este valor é por kg ou @, e não valor absoluto do animal. p.e. no Estados Unidos, o valor do kg do bezerro sempre foi 15 a 25 % acima do boi gordo. E isso varia muito conforme oferta e demanda. Como acredito que nossa pecuária está caminhando para ter uma estrutura de rebanho razoavelmente estável, com crescimentos bem moderados, poderíamos fazer o seguinte exercício, p.e. se o boi está R$95/@, um ágio de 25%, significaria a @ do bezerro de R$118,75; se o bezerro for híbrido (como os da foto) e pesar pelo menos 8 @, ele valerá R$950,00. Está aí a referência para o preço que pediram nos bezerros da foto.
    Pode ser que eu esteja desinformado, mas seria muito bom se vc fizesse esta estatística, ou seja, ver historicamente como fica este ágio do bezerro sobre o boi.
    Abração
    limão

  2. José Roberto Puoli disse:

    Eu de novo André,
    Seguindo o outro comentário que fiz:
    Agora meu caro é que é importante saber qual a margem bruta entre o bezerro e o boi gordo, para poder responder tua pergunta. Ela é fundamental para o negócio e segue sendo menosprezada. Vejo que vc só a publica de vez enquando, talvez pudesse faze-lo com mais freqüência. Água mole em pedra dura………….
    Abração outra vez
    limão

  3. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    O RS é um mercado bem diferente do CO e não sei avalia-lo. No CO os animais de reposição ainda não acompanharam as altas da arroba do boi gordo do final do ano passado e a reposição melhorou para os invernistas. Creio que com o inicio de atividade dos confinamentos, em abril / maio, veremos elevação nod preçod do boi magro. Falar em preço de bezerro nesta época é até dificil. A oferta de bezerros desmamados é pequena; o grosso da desmama ocorre de abril à julho.

  4. Renato da Rosa disse:

    Na região de Canarana -MT, a reposição está estável à muitos meses, pouca procura, principalmente pela lentidão dos abates, todo como consequencia das péssimas condiçoes das pastagens. Os preços variam pela oportunidade e pela qualidade, entre R$ 600,00 e 680,00.

  5. Rogério Baptista disse:

    Nossa pecuária é a mais diferente do país, o gado é livre de aftosa sem vacinação, é complicado fazer melhoria do rebanho porque não se pode comprar gado melhorador fora(touros).
    Aqui na região o boi gordo está sendo vendido a R$3,50/kg.
    Boi magro não tem porque todo mundo tem pasto, já que chove muito e o tempo é muito quente.
    Bezerros na balança ninguém quer botar, só querem vender por unidade, mas os lotes não são parelhos e sempre querem botar uns 30% de bezerros de raças leiteiras(predomina o Jersey) e os negócios estão muito parados. Tenho uns amigos que vivem de frete de gado e estão sem trabalho.
    Bezerras 50%Red Angus e 50% Nelore ou Simental pesando 250kg é R$4,00/kg.
    O mesmo gado, se macho é R$4,20/kg, mas já pesam 300kg.
    Mas para vender mesmo, só se acha “cruzados” com raças leiteiras e assim é possível comprar em torno de R$3,00 o macho com 200kg, mas a pasto vai levar um bom tempo para virar boi e ainda vai ser dicícil de vender.

  6. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Dois ótimos comentários do Puoli, concordo plenamente.

    Bezerro bom sempre teve ágio no passsado. Está barato demais, e isso é corroborado pela margem bruta na reposição. Há tempos cantei a bola do bezerro bom a R$ 1.000,00, que é o que veremos este ano a menos que haja surto de aftosa (difícil) ou crescimento incontrolável de protestos na China (difícil).

    Também não entendo o motivo de as consultorias não usarem a MBR, para mim um conceito tão óbvio e tão útil.

    Full disclosure: Fui eu quem sugeriu ao BeefPoint o cálculo e a apresentação da MBR.

  7. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Vejam a minha proposição nos idos de 2004:

    https://beefpoint.com.br/relacoes-de-troca-recordes_noticia_19501_15_119_.aspx#carta7461

  8. GUILHERME FERREIRA RIBEIRO disse:

    No centro oeste de mato grosso segue como nosso amigo, renato da rosa de canarana -mt nos disse..
    o valor da reposiçao variam pela oportunidade e pela qualidade, isto podendo chegar um bezerro comercial desmamado á r$700,00.
    temos sempre que levar em consideraçao oque queremos para nosso rebanho “qualidade em gentica onde podemos ter um custo beneficio otimo” ou “investir sem muita pressa em ter o retorno desejado”

    fiquem com deus!!
    obrigado

  9. Ricardo Guimarães Pereira disse:

    Concordo com os calculos e ponto de vista do Puoli, e vou alem na questao do cruzado: quem conhece o produto sabe que vale muito mais pagar os R$ 950,00 num bezerro desses do que R$ 1.100 num boi magro qualquer!!

  10. Cleber Ramos disse:

    Caros pecuaristas, as colocações do colega Jose Roberto Puoli, não é novidade, é fato. Os preços de reposição do bezerro, realmente gira em torno de R$ 120,00/@. É simples entender o que digo, comecem a pesar a bezerrada comprada que vocês chegaram a mesma conclusão. E devido a isso, atualmente tenho comprado bezerro somente no peso, mas, a R$ 100/@.

  11. José Manuel de Mesquita disse:

    Pois é… não é surpresa pra ninguém

    Todos fingem não ver… prá ver se a verdade não se estabelece…mas a realidade se mostra mais presente a cada dia…

    Sugestão, leitura em meu Blog BeefPoint, de 06/01/2007, e dos comentários nele postados… infelizmente, a cadeia é predatória, e cada um exerce a “lei do Gerson” no momento que lhe pode ser favorável… infelizmente, o criador até hoje não teve chance de fumar o tal “Vila Rica” inteiro…

    “O futuro de quem tem o seu negócio alicerçado em compra de Bezerros”

    https://beefpoint.com.br/mypoint/jmm/p_o_futuro_de_quem_tem_o_seu_negocio_alicercado_em_compra_de_bezerros_154.aspx

    Não adianta fingir que o problema não existe… vai continuar faltando animais desmamados para quem vive de recria/engorda… Na falta de bois gordos, vão as novilhas e vacas… afinal o preço compensa o descarte… e o problema irá se agravando, pois as fêmeas abatidas, não produzirão os futuros bezerros, que o recriadores e invernistas acreditam estar muito caro…

    Não será necessário mais esperar prá ver… já está acontecendo…

  12. Humberto de Freitas Tavares disse:

    O gráfico a seguir


    http://www.4shared.com/photo/RzRdkFXQ/Suporte_MBR_2.html

    mostra um processamento da MBR que havia sido calculada pelo André Camargo em

    https://beefpoint.com.br/fevereiro-se-foi-e-nada-da-safra-dar-as-caras_noticia_70225_15_119_.aspx

    Vemos claramente a MBR numa tendência de alta, com “higher highs and higher lows”, ou seja, cada novo máximo e cada novo mínimo são maiores que os anteriores, todos eles marcados com círculos.

    Meu palpite é que o preço da reposição subirá enquanto a reta de suporte da MBR estiver sendo respeitada, ou seja, enquanto comprador e vendedor de bezerro estiverem aumentando seus ganhos.

    Com um pouco de abstração, vemos que a curva da MBR sobe segundo “dentes de serra”. A subida corresponde à fase em que o boi está remunerando bem, ou seja, o invernista consegue vencer a luta contra o frigorífico e contra o vendedor de bezerro. A descida corresponde ao contrário. Os picos, portanto, como na atualidade, mostram a fase ideal para compra da reposição.

  13. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Também concordo com os Sr Puoli e Sr Tavares que exista historicamente ágio no kg de carne de animais de reposição em relação ao kg de carne do boi gordo. E o ágio reduz quanto mais próximo do acabamento se encontra o animal. Em outras palavras o agio é maior no bezerro que no garrote. E é maior no garrote que no boi magro. E zera quando o animal esta acabado. Em condições especiais – especialmente em situações de seca severa, já vi bois magros serem comprados pelo preço do kg de carne do boi gordo; mas certamente não é a regra. A razão é simples: é mais caro produzir um bezerro desmamado de 200 kg que colocar 200 kg nele após a desmama. O percentual do ágio oscila de acordo com a conjuntura (oferta e demanda), mas não me lembro nos últimos 30 anos de vender bezerro ao preço do kg de carne de boi gordo. Por isto não acho surpreendente pedirem R$ 950,00 em um bezerro de 250 kg.

  14. André Camargo disse:

    Boa tarde José Roberto e Humberto concordo com vocês que estes dados são extremamente importantes e devem ser monitorados sempre, vou publicá-los com mais frequência.

    Abaixo coloco os gráficos que você sugeriu, ambos corrigidos pelo IGP-DI:

    Ágio da @ do bezerro sobre a @ do boi gordo

    Margem bruta na reposição

    PS: Humberto obrigado pelas sugestões, que sempre engrandecem e melhoram as informações e análises divulgadas pelo BeefPoint.

  15. Rodrigo Belintani Swain disse:

    Caro amigos, vcs estao olhando so para o umbigo de quem recria e engorda, mas se analisar custos de producao, o bezerro com boa genetica, bem alimentado, esta barato, ter uma vacada, fazer inseminacao, esperar 17 meses, 9 na barriga e oito para desmamar, medicamentos, creep, funcionarios, nao esta facil, e digo quem faz tudo isto e vende o bezerro é louco, só vai sobreviver quem faz o ciclo completo.

  16. José Roberto Puoli disse:

    Valeu André,
    Obrigado.
    Abraço a todos que participam dos debates. Quem sabe um dia nos reunimos formalmente e iniciamos uma MLA brasileiro.
    Limão

  17. Josmar Almeida Junior disse:

    Prezados.

    Acredito que tem espaço sim, e para não cairmos na Lei do Gerson, citada pelo Sr. Manuel, devemos respeitar e entender a sistematização da pecuária, lembrando que a origem de tudo é a CRIA.
    O sistema de produção da cria é predominantemente em pastagens, sendo assim, devemos considerar o quanto de @/ha a cria pode proporcionar a recria e engorda.

    Exemplificando:

    A conta individual.

    -considere uma novilha anelorada BOA que tenha o primeiro parto aos 35 meses;
    -considerando a vida útil reprodutiva desta novilha de 10 anos (120 meses);
    -esta novilha PODE proporcionar em sua vida útil, com um intervalo entre partos “BOM D +” de 14 meses, 7 bezerros (as).
    -sendo assim esta BOA novilha e futura vaca, produzirá 39 @ em sua vida útil de 10 anos (média de 5,6 @/bezerro x 7).
    -dividindo as 39@ em 10 anos, teremos 3,9 @/ano.

    A conta por área.

    -lembrando que o peso médio de um rebanho de cria gira em torno de 450 kg de PV, podemos considerar a lotação animal predominante nestes sistemas em torno de 1 cabeça de vaca/ha, e desta forma a produção será de 3,9 @/ha/ano.
    -considerando o peso médio de uma recria engorda de machos em torno de 340 kg (500+180= 680 kg. / 2= 340 kg), podemos considerar uma relação entre CRIA X RECRIA ENGORDA DE MACHOS em torno de 1,32, ou seja, aonde em tenho 100 vacas, posso ter 132 machos em recria engorda.
    -deste forma a produção de @/ha no sistema de recria engorda de machos será de 5,6 @/ha/ano (0,35 kg/dia x 1,32 x 365 dias)

    Relação @/ha/recria e engorda x @/ha/cria:

    5,6 @/ha/ano / 3,9 @/ha/ano = 1,43

    – analisando esta relação verifica-se uma janela de 43% entre produção de @/ha em sistemas de produção de recria e engorda sobre a produção de @/ha em sistemas de produção de cria.
    -lembrando que o desempenho médio diário utilizado no sistema de produção de recria engorda é considerado baixo, sendo em torno de 0,35 kg/an/dia.
    -então, o ágio na @ do bezerro de 20% ainda não é tão alto, se considerarmos que sua mãe deixa de produzir por ha. algo em torno de 43%.

    Para refletir:

    Imaginem em nível de Brasil qual será a REAL produção de @/ha na CRIA, se utilizarmos os VERDADEIROS índices reprodutivos comumente encontrados.

    Existe sim uma retenção de fêmeas desde do final do último ciclo, entretanto com os preços de @ de fêmeas estão atrativos, tornando assim a venda de novilhas e vacas descarte e/ou selecionadas, uma importante fonte de receita, ou seja, não podemos contar com ovo antes da galinha para o próximo ciclos.

    Já foi até capa da revista Veja, entretanto sinceramente não percebo redução no consumo, mas é sempre bom analisar até onde o elástico do preço da carne será esticado.

    Abraços a todos, e Parabéns André pela iniciativa.

    Obrigado.

  18. francisco abrao disse:

    boa tarde andrè !,a pecuaria esta retendo femeas desde 2006, sera que nao esta na hora de comecar a aparecer estes bezerros ?,no mes de marco ainda è cedo para saber se teremos mais bezzerros,somente em maio è que teremos uma real situacao do mercado de reposicao na minha opiniao este ano ja è para aparecer mais bezzerros, abraco francisco abrao

  19. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Josmar, do ganho em arrobas na recria, para transformá-lo em dinheiro, temos que subtrair o ágio que pagamos pela arroba do bezerro.

    No sistema de cria, temos também um subproduto que é a vaca-descarte. Precisamos inclui-lo na conta. Mas também o custo do touro, e o seu consumo de pasto, que vai na direção contrária.

    O recriador médio encontra o comprador médio em abril/maio (data em que este último vende boi gordo e tem dinheiro na mão). Mas esta é a pior época do ano para vender. Já a vaca-descarte vazia gorda está pronta em dezembro-janeiro-fevereiro, época tradicional de ótimos preços.

    Nas minhas simulações também concluí que a recria tende a ser o melhor negócio. Mas aí entra o imponderável. O recriador tem que ser ótimo comerciante. Gira todo o seu estoque frequentemente, portanto sua posição é de muito maior risco. Uma bobeada, e lá se vai o capital acumulado em uma vida. Conheço muito recriador quebrado, mas não conheço criador falido.

    Resumindo: não são poucos os que preferem ganhar talvez menos (há controvérsias) mas de maneira mais segura. Além disso, não seria pequeno o valor do conforto psíquico, se fosse possível medi-lo em R$/ha-ano.

  20. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Nos gráficos traçados pelo André, notem a coincidência dos picos na MBR com os mínimos da curva do ágio.

  21. Josmar Almeida Junior disse:

    Boa tarde Humberto.

    Em relação ao meu comentário, sobre o potencial do preço da reposição em subir, a análise proposta tem o objetivo de demonstrar a produção de arrobas por área gerada pela cria em relação a recria engorda, de uma forma nacional.

    Se pensarmos o Brasil como uma fazenda, e sabendo que as tecnologias ligadas ao aumento em desempenho (suplementação e/ou pastagens melhoradas) e aumento em lotação geralmente são destinadas a etapa de recria-engorda, a "fome" de @ geradas pela recria-engorda será sempre maior em relação a @ geradas nos sistemas de produção praticados pela cria.

    Desta forma entendo que sempre há espaço, distorcidos ou não, para o aumento nos valores da @ do bezerro ou boi magro, enquanto não entendermos e unirmos os elos da pecuária dentro da porteira de forma sinérgica.

    Obrigado pelo retorno em minhas considerações e desculpe-me pela demora.

    Gostaria também de parabenizá-lo por suas participações e textos editados no portal, os quais compactuo de longo data.

    Abraço.

Mercado Físico da Vaca – 09/03/11
9 de março de 2011
Mercados Futuros – 10/03/11
11 de março de 2011