Fechamento – 12:15 – 06/12/01
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10 de dezembro de 2001

A segurança alimentar e o codex alimentarius

Marina Hojaij Carvalho1

Dando continuidade ao assunto segurança alimentar, existem diversos fatores que ainda são de grande preocupação, tanto para os profissionais da área, como também para os consumidores.

A produção de alimentos tem sido motivo de grandes interrogações, principalmente quando não se tem domínio completo das tecnologias empregadas na sua obtenção.

Na Europa, a BSE e as dioxinas abalaram os alicerces da política da sanidade alimentar da União Européia, colocando em dúvida a qualidade dos alimentos a serem consumidos pela população. No Brasil, o aparecimento de focos de doenças como a febre aftosa, também causou um certo impacto na população, fazendo com que esta começasse a temer o consumo dos alimentos de origem animal.

Foi então, diante da dúvida que se instalou no consumidor, que surgiram as iniciativas com visão global, para que estes problemas pudessem ser sanados, e ainda, satisfizessem os interesses divergentes, frutos de uma economia globalizada. A alteração da estrutura da Comissão Européia, com a criação da Direção Geral dos Consumidores, não proporcionou uma resposta às questões e problemas existentes. Após a publicação do livro verde, quase dois anos depois, ocorreu a apresentação do livro branco sobre segurança alimentar.

Passos decisivos vêm sendo tomados em relação a estas ocorrências, mas o simples fato de criar embargos e classificar países e estados, com relação às doenças, não significa que os alimentos serão seguros ao consumidor, criando-se então a necessidade dos princípios da precaução para que se possa ter, realmente, a absoluta certeza em relação à inocuidade do alimento, resgatando e garantindo assim, a confiança dos consumidores.

Hoje, mais do que em qualquer outra ocasião, a questão está mais em conseguir vender e ganhar mercado para os produtos alimentícios do que em sua produção propriamente dita.

Mundialmente conhecido e utilizado para os diversos ramos dos produtos alimentares, o Codex Alimentarius é o primeiro sistema oficial de regras para estas produções.

Na década de 70, o Brasil tornou-se membro deste Programa, havendo alguma participação nos trabalhos, mas foi a partir de 1980 que se conseguiu uma articulação mais representativa do setor alimentício, com a criação do Comitê do Codex Alimentarius do Brasil (CCAB), através das Resoluções 01/80 e 07/88 do CONMETRO. O CCAB tem como principais finalidades a participação, em representação do País, nos Comitês internacionais do Codex Alimentarius e a defesa dos interesses nacionais, bem como a utilização das Normas Codex como referência para a elaboração e atualização da legislação e regulamentação nacional de alimentos.

O CCAB, visando representar todos os segmentos da área de alimentos, é composto por 14 membros de órgãos do governo, das indústrias e de órgãos de defesa do consumidor, a saber: INMETRO, MRE, MS, MA, MF, MCT, MJ/DPC, MICT/SECEX, ABIA, ABNT, CNI, CNA, CNC e IDEC. Possui, ainda, uma estrutura de Grupos Técnicos para acompanhamento de cada Comitê Codex que são coordenados pelos membros do CCAB e abertos à participação da sociedade. As coordenações dos grupos técnicos (GT’s) do CCAB são estabelecidas de uma maneira que cada grupo seja responsável por um tipo de alimento. O GT – 4, no caso, é o responsável pelo setor de produtos cárneos processados.

A Coordenação e a Secretaria Executiva do CCAB são exercidas pelo INMETRO, sendo o Ministério das Relações Exteriores o Ponto de Contato do Comitê Brasileiro com a Comissão do Codex Alimentarius (CAC).

Para um funcionamento adequado do Comitê, frente à diversidade dos temas tratados em seu âmbito, foram criados, à semelhança da estruturação do programa, grupos técnicos específicos, coordenados por representantes dos membros do CCAB, cuja função básica é identificar os segmentos interessados nos vários temas e que possam fornecer subsídios ou pareceres sobre os documentos específicos, frutos dos trabalhos do Codex.

Em suas reuniões, o CCAB discute e elabora o posicionamento da delegação brasileira referente aos documentos a serem analisados nas reuniões internacionais dos diversos comitês técnicos do Codex.

O CCAB realizou, até hoje, 165 Reuniões Ordinárias e mais de 32 Extraordinárias, com o objetivo principal de fazer um acompanhamento daqueles Comitês do Codex de maior interesse para o País. O Brasil é um dos países da América Latina que tem maior tradição de participação nos trabalhos do Codex Alimentarius. Tal participação permitiu a sua indicação para ser o Coordenador do Comitê Regional do Codex para a América Latina e o Caribe, no período de 1991 a 1995 e, em seguida, ter sido eleito para ocupar um posto no Comitê Executivo da Comissão do Codex Alimentarius, como Representante Geográfico para a América Latina e o Caribe, no período de 1995 a 2003.

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1Médica Veterinária, Mestranda em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ/USP, Piracicaba.

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