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Angus: polêmica sobre controle de sêmen importado

Atualização em 02 de janeiro, 12:35hs: acompanhe os comentários abaixo, que é a melhor parte.

A raça Angus deve comercializar mais de 3 milhões de doses de sêmen em 2012 no país, prevê a Associação Brasileira de Angus (ABA). Deste total, cerca de 2 milhões são importadas, especialmente dos Estados Unidos.

Parte deste material genético consumido pelo Brasil é o que se classifica como “restolho”, sêmen que sobra em propriedades norte-americanas. Segundo o pecuarista Fábio Gomes, da Cabanha Catanduva, de Cachoeira do Sul, hoje inexistem critérios de qualidade para a importação de sêmen.

A preocupação com material genético adequado ao meio cresce à medida que especialistas preveem falta de sêmen Angus à disposição em 2013, devido ao consumo ascendente no Brasil.

No Brasil, o Ministério da Agricultura é responsável por monitorar as importações. Para Gomes, o governo não está fazendo a sua parte. O vice-presidente da ABA, José Pires Weber, diz que o produtor brasileiro está refém do mercado e que a situação piorou desde a venda da Central Bela Vista.

O fiscal federal agropecuário Luiz Felipe Ramos Carvalho, da Coordenação de Produção Integrada da Cadeia Pecuária do Mapa, diz que o termo “avaliação da qualidade” do sêmen é subjetiva e pode ser feita por meio de três controles hoje desenvolvidos pelo Mapa. O primeiro deles, sanitário, dá garantia de que o sêmen não veicula patógenos; o de identificação e fertilidade, em cima da manufatura; e o zootécnico, que considera o desempenho do doador. “Os touros devem ser submetidos a provas zootécnicas e serem superiores à média da raça no país de origem.”

Participe do debate, comentando abaixo:

Na sua opinião, o que deve ser feito para melhorar a qualidade genética do sêmen Angus no Brasil?

Você concorda que há problemas com o sêmen importado dos EUA?

O que precisa ser feito para termos mais opções de sêmen Angus brasileiro?

Fonte: Jornal Correio do Povo, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

26 Comments

  1. Fernando Furtado Velloso disse:

    Vejo como uma disputa por mercado… a entidade quer apertar nos requisitos técnicos (provas), mas temos que oferecer também mais touros provados ao mercado…. Se um campeão de exposição é suficiente aqui (só com CDP), temos que aceitar o mesmo de fora (ou não)….
    Na minha ótica temos que ampliar o uso de touros nacionais com a devida valorização e promoção da genética nacional e intensificando o uso da avaliação genética (Promebo, Programa de Melhoramento)….

    Fernando Furtado Velloso
    (www.assessoriaagropecuaria.com.br)

    • Miguel da Rocha Cavalcanti disse:

      Obrigado Velloso, vamos discutir esse tema em alto nível e procurar sugestões, melhorias e soluções.
      Feliz 2013 !

  2. Marcelo Valente Selistre disse:

    O produtor quer genética provada, com alto desempenho e resultado a campo, este é o verdadeiro consumidor de sêmen Angus no Brasil e responsável pelo merecido crescimento de vendas na inseminação artificial. Dos Estados Unidos temos esta genética provada e aprovada no Brasil, de outras origens é difícil ter esta garantia. Prezo muito o trabalho da genética nacional e faço força que os programas de melhoramento evoluam a fim de de disponibilizar touros melhoradores, mas quem deve dar esta força são os criadores da raça, fazendo avaliação em vários rebanhos com bastante filhos, aí temos genética provada. Discordo 100% do termo “restolho” de sêmen dos Estados Unidos, daquilo que a ABS Pecplan importa, estou certo de que não é verdade. Ainda mais, o uso de genética nacional está muito relacionada a preços baixos, onde produtores alegam que no mesmo preço, optam pela genética provada americana, se não fosse assim, os números do sêmen nacional seriam piores. Vamos provar touros! Isto é que vende e é valorizado.
    Marcelo Selistre – Gerente Europeu Corte ABS Pecplan

  3. Luiz Felipe Ramos Carvalho disse:

    Prezados Marcelo, Miguel e Fernando,

    Existem no mínimo 2 decretos, 2 portarias e 3 Instruções Normativas referentes à importação de material genético. As legislações existentes tratam desde as questões sanitárias até a avaliação zootécnica dos doadores. Não é possível dizer que os material importado não é submetido a avaliações zootécnicas e inclusive houve um problema de interpretação da repórter do Correio do Povo, porque não há nada subjetivo nas importações de material genético, atualmente os critérios zootécnicos para importação são regidos pela Portaria nº 10 de 1995 e Norma Operacional nº 01 de 2011 e não existe mais nenhuma liberação da avaliação para importação “para uso próprio” e a importação de sêmen dos países do MERCOSUL também passaram a ser avaliadas. Pelo menos das informações que recebemos no MAPA, as maiores reclamaçoes são quanto ao excesso de regulamentação das importações. De qualquer forma estamos à disposição para questionamentos no correio eletrônico: luiz.carvalho@agricultura.gov.br

  4. Juliano Severo Leon - Estância Pedra Só disse:

    Muito Bem Colocado colegas Velloso e Selister!
    Os critérios devem ser iguais, tanto para nacionais como para os importados, desde que ambos os programas de avaliação sejam “confiaveis”.
    A disputa de mercado é saudável mas deve ser feita em alto nivel e não desclassificando o concorrente. Para vencer esta disputa, o produtor de genética brasileiro deve fazer um bom trabalho, diferenciado(investimento, avaliação, comercial), que futuramente o mercado irá reconhece-lo.

  5. Glauco Pereira Saporiti disse:

    Prezados,
    Quando li a reportagem, achei que a crítica ao material importado referia-se a aspectos sanitários ou de fertilidade, o que já restou acima esclarecido (os controles/normas existem), observado que o chamado “restolho” foi usado na formação e melhoramento dos plantéis de todas as cabanhas do Rio Grande do Sul (quem não usou, por exemplo, a linhagem Leachman ?). Concordo com os comentários de que “a disputa de mercado deve ser feita em alto nível e não desclassificando o concorrente.”

  6. Humberto Tavares disse:

    Pontos a considerar:
    1) O sêmen estrangeiro pode não ter accountability. Pode ser bom e quando se constatar isso o animal já morreu, ou foi sacrificado, ou acabaram as partidas. O bom pode ser muito caro lá fora, inviabilizando a importação e incentivando a busca da “segunda linha”. Quanto mais amplo o número de características avaliadas mais fácil vender gato por lebre, sempre brandindo as tais “avaliações” de baixa acurácia.

    2) A avaliação pelo Modelo Animal é fortemente viesada pelo pedigree. Filho de pai top sai avaliado top. Animal bom mas sem “padrinho” sai com avaliação fraca e não se lhe permite continuar sendo usado até que o desempenho dos filhos eventualmente corrija a fraca avaliação provisória inicial. Isso é péssimo para a variabilidade genética. Solução? Provas zootécnicas com amplo número de animais de grande número de rebanhos e seleção direta de reprodutores jovens por índice de seleção simples, sem Modelo Animal, nos rebanhos top.

    3) Falta de opções é um problema para o Angus? Sim, mas o mar parece ser de Almirante. Daqui a no máximo 3 anos Angus vende mais sêmen que Nelore no Brasil. Um ano depois o Angus preto repete a façanha. Não vejo a ABCZ se movimentando para ensinar a usar sêmen Nelore nas primeiras inseminações, a admitir que o bom é o F1 e ensinar que cruzamentos posteriores ensejam diversos problemas (aumento do tamanho da vaca, inadaptação de mae e filho), a dizer que o repasse tem que ser com touro Nelore terminal , a ensinar a usar sêmen de Nelore maternal naqueles primeiros lotes que vão gerar a reposição. Preocupante…

  7. JEAN PIERRE MARTINS MACHADO disse:

    Conforme bem citado pelo Dr. Luiz Felipe, o MAPA tem suas exigências, e são bem restritas, pois estou importando sêmen e embriões estrangeiros e muitos animais foram desqualificados por não atender o fator DEP positiva.
    Mas me parece que este tema é mais uma tentativa de aumentar a venda de sêmen nacional. Como houve a tentativa de impor altos valores para a nacionalização de sêmen de touros importados. O que só vai ocorrer quando os animais nacionais disponíveis tiverem apelo visual igual aos estrangeiros.
    Quanto as DEP serem realmente o que mostram ser, isso é outra história, pois é sabido que nos USA ocorre uma pré-seleção dos animais para as avaliações genéticas, sendo o mesmo que ocorre aqui no Brasil.
    Como Glauco citou, o restolho foi bem útil na formação de rebanhos, onde alguns touros foram endeusados ao extremo, e nem eram tudo isso. Sendo ainda hoje citados ativamente em vários remates de alguns envolvidos no tema.
    Mas as conveniências mudam, assim como muda o mercado.
    Como criador digo, me deem opções e deixe que eu escolho a minha conta e risco.
    Boi com bola tem em centrais estrangeiras e nacionais, restolho há bastante. Você usa se quiser!

  8. Marcio Nery Magalhães Junior disse:

    Prezado Juliano, perfeita sua colocação! Vamos elevar o nível do debate e deixar que o mercado soberano faça sua escolha.
    O sêmen importado tem sim a responsabilidade de Centrais de IA, tem sim a fiscalização séria do MAPA, tem sim qualidade industrial e fertilidade. Temos 70 anos de história e de respeito pelo nosso mercado.
    A genética de angus importada tem contribuído fortemente para o melhoramento da raça no Brasil, pela qualidade do cruzamento industrial, pelo aumento da eficiência alimentar e por índices cada vez melhores na IATF.
    Nossa equipe seleciona touros diretamente nas fazendas americanas produtoras da genética angus, o que vem para o Brasil é o que queremos e necessitamos.
    Quem pode falar mais sobre isso é o Gerente Mundial de Corte de nossa empresa, Vasco Neto, brasileiro.

    Marcio Nery – Diretor Geral ABS Pecplan

  9. Vera Ondei disse:

    É realmente uma boa discussão. Há cerca de três anos, ainda quando estava na DBO, tentei fazer uma reportagem sobre isso e depois de muita conversa desisti por falta de dados quem confirmassem a história. Generalizações são sempre perigosas. Há empresas sérias que vendem sêmen no País e antes de mais nada é preciso ouvi-las. Mas, cadê o outro lado?

    Vera Ondei – Editora Revista Dinheiro

  10. Julio Cesar Pinto Uchoa disse:

    Gostei do comentario do Humberto Tavares principalmente com referencia no tocante do uso indiscriminado de Angus. Angus é muito bom mas só no F1 com Nelore.
    Acorda ABCZ senao podemos piorar nosso gado em geral.

  11. gustavo quevedo disse:

    Como cabañero y productor creo que no solo tendria que haber si no debe haber opciones geneticas tanto del estranjero com tambien nacional cuanto mas opciones tengamos mas eficiente va ser el trabajo del GENETISTA HACIA LA CABAÑA que van hacer los toros para repercutir tanto en las centrales de venta de semen como en los productores de ganado comercial
    No creo en lineas cerradas de sangres hay que buscar el toro donde este en el pais que fuese Brasil Canada Estados unidos Uruguay etc
    Lo que tambien tenemos que entender es que toros baratos buenos no hay y menos en estados unidos lo bueno vale pero rinde
    Acuerdense el papel de EXT TRAVELER 6807 CANYON STRIKER LIDER BRIGADIER COPER ROB QUEBRACHO ZORZAL ZHAURI ETC.
    Me faltan muchos toros y muchos brasileros que por ser uruguayo se me pasan pero mis 14 años andando en cabañas remates expocisiones y centrales de rio grande do sul me hacen pensar que cada toro tiene su virtud hay que saber elegir el toro
    yo personalmente nunca use quebracho pero eso no quiere decir que es un mal toro
    o use brigadier y hay gente que no le sirve
    saludos
    gustavo quevedo — Cabaña Bella Vista (uruguay)

  12. Mauricio Amorim disse:

    Muito boa esta discussão.
    Como Zootecnista tenho como visão geral que toda gama genetica deve estar disponivel para formção da base dos rebanhos, porém com a maturidade dos rebanhos, e aparecimento de bons touros, provados e adaptados para cada região ou sistema de produção, devemos sim dar preferencia a touros locais (Nacionais) gerando assim boas linhagens.(por exemplo linhagem gaucha, do MS adaptadas a cada região).
    O Brasil porém nescessita democratizar mais os sistemas de avalição genetica dos rebanhos que hoje ainda são pouco usados no pais, se não sempre seremos importadores de genetica, e isso vale para todas as raças, notem que em raças como Holandes, Angus entre outras nunca tivemos um touro expoente no mundo.

    Mauricio Amorim – NZBrasil Genetics

  13. Ricardo de Macedo Chaves disse:

    É importante valorizar o produto nacional, mas convenhamos, se temos que importar genética é porque os nossos produtores ainda não acordaram para o vasto mercado que tem a sua disposição e ainda não divulgam seus produtos.
    Também convém lembrar como bem comentou Humberto Tavares, é importante termos maior foco naquilo que fazemos. Utilizar tanto a genética angus tem sido um caminho de muitos dos nossos pecuaristas.
    Bem colocado pelo Marcio Nery, o sêmen importado tem qualidade e sabemos que o MAPA faz a parte que lhe cabe, mas cabe a nós utilizarmos de maneira inteligente esta genética.

  14. Vasco Beheregaray Neto disse:

    Prezados,
    Há um movimento muito claro da Associação Brasileira de Angus (ABA) em valorizar a genética nacional. Não vejo nada de errado nisso porém a postura que vem sendo adotada é o que causa indignação pelas inverdades que são mencionadas em mídias importantes. O Sr. Paulo Marques, cliente da nossa empresa, escreveu um artigo na Folha de SP (Março 2012) e fez algumas críticas ao MAPA como se este não tivesse regras claras para importação de material genético. O Dr. Fábio Gomes seguiu a mesma linha e usou um termo “restolho” para caracterizar o material importado, especialmente dos Estados Unidos. Ao falar com a imprensa, é sempre bom saber de quem veio a ideia de usar este termo pois muito do que se fala em uma hora de entrevista pode ser distorcido em algumas linhas.
    Ao contrário do que foi declarado, existem sim regras muito claras para importação de genética. Há empresas sérias neste mercado e, sobretudo responsáveis pelos resultados de seus clientes. Estes por sua vez têm seus próprios critérios e cobram resultados de seus fornecedores. O mercado tem ser livre e será regulado pela competência da empresa em disponibilizar o melhor para seu cliente.
    Há 11 anos tenho a função de selecionar touros para a bateria da ABS Pecplan posso afirmar que não usamos “sobra” de sêmen. Temos orçamento para aquisição de reprodutores no Brasil e nos EUA para atender a demanda que temos no América do Sul. Temos touros há 7 anos consecutivos produzindo sêmen exclusivamente para o nosso mercado. Temos um programa de corte e seleção de touros nos EUA e além de uma forte presença neste país. Isto cria relacionamento com produtores de genética e facilita acesso aos bons touros e matrizes para garantir uma boa oferta de touros. É verdade quem nem todas as empresas que atuam no Brasil desenvolvem um trabalho assim e algumas talvez tenham maior dificuldade em encontrar bons reprodutores provados.
    Desde 2005 levo clientes do Brasil para conhecer os rebanhos americanos que produzem os nossos touros e desta forma mostrar a eles como é o nosso trabalho e compromisso na oferta de material genético.
    Lá por 2003 já cheguei acreditar que faltaria sêmen de Angus, mas acho isso muito pouco provável diante de tudo que aprendi nos últimos anos e, sobretudo pelo fato de estar diretamente ligado ao processo de produção de sêmen, logística e importação. Soma-se ainda o fato da tecnologia incorporada pelas centrais de inseminação americanas quem tem alto nível de eficiência, produtividade e qualidade de sêmen que outrora também já foi questionado e provou-se ser mais uma inverdade atribuída ao sêmen importado. É importante dizer quem nem todas as empresas importadoras de sêmen tem a sua central de tecnologia nos EUA e por conta disso talvez encontrem maior desafio em termos logísticos, produção e padrão de qualidade.
    Para mim não ficou claro o termo “refém” utilizado pelo Sr. José Pires Weber e menos claro como isto esta relacionado com a da venda da central Bela Vista. Talvez seja oportuno questioná-lo para deixar mais claro sua opinião.
    Vejo um mercado de inseminação crescente com novos fornecedores e oportunidade de escolha para o produtor brasileiro. Acho que a pecuária nacional teve uma grande evolução nos últimos anos e já passamos a fase onde tudo se sustenta pelo “marketing” ou pelo “da moda”. Muitas raças que já tiveram o seu momento hoje tem sua participação reduzida e perderam espaço por não atender as expectativas do seu cliente. Não penso que a demanda de material genético importado de touros provados irá diminuir e vejo que muito mais se pode fazer pela genética nacional ser valorizada.
    Várias ideias e exemplos foram discutidos recentemente em Dezembro no primeiro Seminário Brasileiro da Raça Angus, algo que deveria ter acontecido há pelo menos 7 anos atrás e que talvez pudesse ter colocado a genética nacional em outro patamar nos dias de hoje.

    É natural que cada um defenda o seu negócio. Isto tem ser feito com bom embasamento e argumentos sólidos sem a necessidade de diminuir o negócio do outro.

    Vasco

  15. Vasco Beheregaray Neto disse:

    Sr. Humberto,
    Na Feicorte de 2012 conversamos sobre alguns pontos que mencionas no teu comentário.
    Há onze anos no gerenciamento de Europeu Corte da ABS Pecplan posso dizer que temos vários touros que continuam sendo ofertados no Brasil, pois fazem parte de um programa de seleção de touros para atender a demanda da América do Sul. Temos um projeto bem definido e estratégias muito claras para Europeu Corte pois este segmento sempre foi muito relevante para nossa empresa. Há uma consistência na oferta dos nossos touros ao longo dos anos e vários clientes que optaram adquirir material genético da nossa empresa lá por 2003 ou 2004 continuam acessando o mesmo produto, com disponibilidade ao longo deste tempo.
    Tenho em lista hoje touros que são comprados a 25 dólares nos EUA e no Brasil o mesmo material genético é disponibilizado a 9 dólares. Como bem comentaste, o touro é caro lá fora e acessível em nosso mercado. Isto é possível, pois somos proprietários deste animal que muitas vezes tem um potencial de produção de 60 mil doses por ano e o mercado de 25 dólares absorve metade deste volume sendo que a outra parte destas doses pode ser comercializada no mercado de 9 dólares sem que este animal seja “de segunda linha”.
    Touros de baixa acurácia hoje serão os touros provados de amanhã. Em nossa empresa, eles sempre farão parte do catálogo, mas não serão nunca 100% da oferta. Avalie nosso catálogo e confira as várias opções comerciais de reprodutores provados que não se encaixam na categoria de touros jovens. Lead on, Alliance, Impression, Foresight.. para citar alguns.
    O excesso de DEPs pode ser confuso é uma realidade para vários programas de melhoramento, incluindo os brasileiros. Com a nossa equipe, sempre procurei destacar 4 ou 5 características que sejam relevante em nosso sistema de produção. Eu diria que o excesso de DEPs é fator mais complicador do que uma instrumento para “vender gato por lebre”.
    Tenho o modelo animal como método mais eficiente para comparar diferenças genéticas entre animais. Este modelo foi provado na indústria de aves, suínos e por último em bovinos. Na própria sigla em inglês, BLUP, a letra U informa que não tem viés (unbiased). A predição genética inicial bom base na média aritmética dos pais foi melhorada com a incorporação da genômica (adotada em poucos programas) e a segregação mendeliana não considera mais somente os 50% de cada genitor. O viés em programas de seleção é proveniente de pré- seleção na fazenda, má formação de grupos contemporâneos e má qualidade de dados. Enfim, não sou geneticista para comentar sobre a sua proposta/solução e deixo isto para os especialistas da área.
    Angus é uma raça maternal, porém no Brasil central é usado de forma “terminal”, pois as fêmeas, às vezes, tem a chance de parir uma única vez e com esta rápida passagem pela propriedade ainda conseguem produzir um bom terneiro e serem abatidas em idade jovem.

  16. Vasco Beheregaray Neto disse:

    A reposição do rebanho zebuíno é de vital importância e entendo que esta seja uma obrigação do pecuarista e do seu técnico ao invés da ABCZ.

    Vasco Beheregaray Neto
    Global Beef Product Manager
    Genus/ABS

  17. José da Rocha Cavalcanti disse:

    Pra que esse açodamento com cruzamentos? Com a qualidade e “variabilidade” genética existente atualmente na raça nelore, já poderíamos estar produzindo um nelore puro de alta qualidade de carcaça com carne de sabor e maciez diferenciada. Mas infelizmente a falta de informações técnicas ainda deixam alguns neloristas indecisos entre o que denominam “nelore pista” “nelore elite” “linhagem materna para cruzamento”. O nelore na sua caracterização racial traz a nobreza de uma raça com potencial para produzir a carne que o mundo quer: saudável, saborosa e em sistemas de produção sustentável, natural, a pasto.

  18. José Roberto Pires Weber disse:

    Caros debatedores:
    Não tenho nenhuma ressalva a fazer quanto ao uso de sêmen de touros estrangeiros, pois entendo que cada criador deve optar pelo que entende mais adequado ao seu sistema de criação ou aos seus critérios de seleção. Particularmente utilizo material genético americano e argentino e, em menor escala, brasileiro de touros próprios ou de terceiros. Porém, como Vice-Presidente da Angus, questionado por jornalista sobre o pouco uso de material nacional em relação ao total de sêmen vendido, referi que o produtor acaba ficando ¨refém¨ da bateria de touros mais comentada e melhor avaliada, que é a estrangeira, por óbvias razões, inclusive pelos resultados de exposições, abandonando os touros nacionais com avaliações menos consistentes, com menor acurácia. Referi também que não haveria, no meu modesto entendimento, quantidade de sêmen nacional para suportar a demanda em percentual maior até porque após a venda da Central Bela Vista, a capacidade de coleta por particulares tinha ficado mais restrita. De qualquer sorte, e considerando que o MAPA está vigilante à respeito da importação de material genético, não vejo razões para a Angus posicionar-se sobre o tema. Tomei conhecimento até agora da opinião individual de criadores que, como tal, devem ser respeitadas. Talvez uma maior utilização de material genético nacional passe por um incremento na avaliação dos touros brasileiros e, quem sabe, por uma maior aposta das centrais nos touros nacionais ainda que, sublinho, a opção final seja sempre do criador.Esclareço, finalmente, para evitar quaisquer problemas e outros questionamentos, que esta manifestação é pessoal, de um criador de Angus, nada tendo a ver com eventual posição da nossa entidade.

  19. Juliano Severo Leon – Estância Pedra Só disse:

    Boa Tarde Pessoal, a discussão está ficando boa!!!!!
    Concordo contigo Vasco!
    Discordo de Jean Pierre e Mauricio quanto a disponibilizar qualquer genética para o mercado, deixando a cargo da escolha do produtor, para isso existe o órgão fiscalizador-regulamentadores, (no caso MAPA).
    Mais algumas considerações:
    – Primeiramente gostaria de interpretar o termo RESTOLHO, utilizado pelo “produtor” entrevistado (com infelicidade ou mal interpretado). Restolho é derivado de resto, sobra, ou seja, O que fica ou sobra de um todo ou de uma quantidade.
    Existem touros que são utilizados durante muitos anos no exterior, por planteis e rebanhos comercias, geram provas muito boas, com acurácia elevadíssima pela grande quantidade de filhos testados. Em determinado momento, não podem ser mais utilizados em quase nenhum rebanho no seu país de origem, pois suas filhas estão entrando na reprodução e tem sua contribuição em praticamente 100% dos rebanhos. Neste mesmo momento, o touro ainda tem ótima saúde, ampla capacidade de ser coletado, como muitos exemplos que temos por aí….. O que fazer? Vender para quem ainda tem rebanho apto a receber este touro, não acham? Esse tipo de RESTOLHO é bom!!!! Touro provado, estabelecido no mercado e com preço bom, quem não quer?
    Durante muitos anos tive como critério em nosso plantel de Angus, utilizar em 50% das fêmeas esse tipo de touro, nacional e importado (provado e comprovado a preço comercial) e não me arrependo, alias, sempre foram os melhores acasalamentos e muito contribuíram para nossas conquistas, principalmente o Concurso de Carcaça da Associação Brasileira de Angus 2012 com novilhos dente de leite com 295 kg de carcaça.
    Atualmente, utilizo somente esse tipo de RESTOLHO e para o meu sistema de produção cumpre sua função com maestria…..
    Sou a favor da utilização de touros nacionais, como já faço.
    Temos que melhorar nossos sistemas de avaliação, começando pelo produtor de genética que primeiramente não deve fazer pré- seleção na propriedade, formar grupos contemporâneos e passar dados fieis dos animais avaliados. A partir daí podemos dar o segundo passo dentro dos programas de seleção e conquistar o nosso mercado com consistência e resultado
    Na raça Angus especificamente, percebo que pelo aquecimento do mercado de maneira geral, no caso de reprodutores para monta natural, encontramos grande oferta de animais “inferiores” em praticamente todos os leilões de primavera. Entendo que em longo prazo, isso é péssimo para a raça, estamos comercializando animais inferiores ao mercado. Portanto os membros da Associação da raça devem se preocupar com isso e mesmo que em um primeiro momento haja uma diminuição na oferta de reprodutores, a seleção deve ser mais apertada !!!!
    Juliano Severo Leon – Estância Pedra Só

  20. Fernando C Gonçalves disse:

    A ABA, por tradição e tradição dos criadores de Angus, sempre teve o seu marketing voltado para os campeonatos quer sejam de pista (Esteio, Londrina, Feicorte, etc) ou Rústicos (que seriam, na maioria dos casos, representados pelos animais do “segundo time” das cabanhas que levam animais a pista). Essa tradição é antiga e não vejo problema nela. O que está acontecendo hoje, é que a produção de gado comercial se profissionaliza, começa a querer buscar meios de sustentar um mercado de carnes e no caso específico da Angus, uma carne de qualidade indiscutível.
    A roda já está girando! A ABA fez até agora, um trabalho fantástico para vender a melhor carne e mostrou isso para o consumidor. O Consumidor quer a Carne Angus. Agora nos resta, como produtores de gado Angus, MELHORAR o que temos e SEGURAR O MERCADO, fazendo com que o consumidor busque cada vez mais a Carne Angus. Isso não se faz apenas com gado de pista. Aqui é que temos que EVOLUIR como grupo de produtores de Angus. Nós temos que acompanhar a exigência do mercado e melhorar o que está sendo vendido nas gôndulas.
    Quem não acredita em DEPs, ou quem não as entende, pode achar que são características excessívas, mas o processo de seleção é como uma escadaria, sobe-se um degrau por vez e uma vez que alcançou determinado estágio jamais se dá volta. E toda a característica tem seu ótimo! Nem sempre o máximo é a melhor opção. No momento em que em uma determinada característica você chegou a um patamar aceitável, parte-se para a seleção de uma segunda característica. E a rapidez do progresso do seu rebanho será proporcional a taxa de desmame. Em um rebanho que produz 50% de terneiros, JAMAIS haverá evolução rápida. Haverá apenas a reposição de fêmeas e a evolução só se dará se o touro pais ou os touros pais forem melhoradores.
    Digo isso tudo apenas para justificar a necessidade da criação de um projeto de avaliação de touros jovens, que o PROMEBO tem condições de indicar, touros que poderiam produzir uma quantidade razoável de semem em um primeiro ano, este sêmen seria utilizado em produtores dispostos a participar do programa com a obrigação de retornarem as avaliações dos terneiros, filhos da bateria de touros jovens, para avaliação e comprovação de produção e aí sim nós brasileiros poderemos INICIAR a oferta de touros PROVADOS.
    É uma questão importante que a nossa ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS precisa discutir melhor.
    É o que penso.

  21. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS disse:

    COMUNICADO OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS

    Tendo em vista a reportagem “ABA quer controle sobre sêmen” publicada no domingo, 30.12, no jornal Correio do Povo (Porto Alegre, RS), a diretoria executiva da Associação Brasileira de Angus esclarece que:

    1. É contra toda e qualquer reserva de mercado relacionada a genética bovina, particularmente da raça Angus

    2. Da mesma forma, defende com ênfase a reciprocidade nos processos de comercialização de genética bovina, especialmente no que tange a raça Angus

    3. Defende, como sempre defendeu, necessidades de melhoria nos critérios para liberação de material genético importado da raça Angus

    4. Reconhece e é parceira das centrais de genéticas estabelecidas no Brasil no seu incansável trabalho em prol da melhoria continua da qualidade da genética Angus oferecida ao mercado brasileiro bem como do aumento da oferta de genética, visando atender a crescente demanda interna

    5. É favorável, como sempre foi, da importação de sêmen Angus de qualidade genética comprovada

    A entidade entende também, haver mais rigor na produção da genética interna do que, muitas vezes, na importada, o que não significa que não aceitamos a genética de qualidade vinda de fora.

    A historia da pecuária brasileira e, no caso especifico, da raça Angus, é marcada pelo uso de genética de varias fontes, o que resultou em um rebanho crescente em quantidade e em qualidade genética.

    Finalmente, a associação se posiciona sobre as barreiras pseudosanitárias que pesam sobre varias atividades do agronegócio brasileiro, inclusive a genética bovina, que muitas vezes impedem que material genético de alta qualidade produzido internamente não receba autorização para exportação.

    Paulo de Castro Marques
    Presidente da Associação Brasileira de Angus

  22. Marcelo Valente Selistre disse:

    Fico muito satisfeito com a posição da ABA.
    Reforço, novamente, que o mais importante é “provar” touros, com programas confiáveis e de alta acurácia. Todo o criador é um selecionador, aqueles que trabalham com seriedade são reconhecidos e conquistam o progresso genético. Independentemente da origem de seu rebanho. Temos vários exemplos de touros renomados de todas as origens, brasileiros, americanos, argentinos, entre outros que colaboraram muito para a pecuária brasileira.
    O caminho é este, genética provada!
    Marcelo Valente Selistre
    Gerente de Produto Europeu Corte

  23. JEAN PIERRE MARTINS MACHADO disse:

    Imagino que o Juliano tenha interpretado errado minha colocação. O MAPA tem suas regulamentações e, bem sei, nada entra no país que não esteja de acordo com as normativas federais. Visto que, tal touro/sêmen cumpra o que as normativas exigem (DNA, Pedigree e performance positiva), tudo entra sim no Brasil. E cabe ao criador o critério de usar ou não conforme sua orientação técnica ou objetivo de seleção.
    Portanto, se o MAPA acata a importação desta genética, cabe sim, ao criador, usar ou não este material.

  24. Fernando Furtado Vellos disse:

    Prezados, detalhei bem minha opinião em um artigo publicado aqui no Beefpoint.

    ANGUS, a polêmica do sêmen importado e alguns pontos nos “is”

    https://beefpoint.com.br/cadeia-produtiva/espaco-aberto/angus-polemica-semen-importado-fernando-velloso/

    Conto a leitura e considerações dos envolvidos neste setor.
    Abraço,

    Fernando Furtado Velloso

  25. CRV Lagoa disse:

    COMUNICADO DO GRUPO CRV

    O Grupo CRV, uma das maiores organizações de genética animal do mundo, esclarece ao mercado pecuário nacional que as atribuições da CRV Bela Vista, empresa especializada na prestação de serviços em genética bovina adquirida em 2011, são as mesmas que sempre a caracterizaram desde o início de suas atividades, ou seja: prestação de serviços de alta qualidade para a coleta de sêmen a pecuaristas e ao mercado em geral.

    Adicionalmente, o Grupo CRV informa que desde a aquisição da CRV Bela Vista já investiu mais de R$ 1 milhão em novos equipamentos laboratoriais, novos softwares e treinamento de pessoal para garantir aos seus clientes os mesmos padrões de qualidade de sêmen produzido em qualquer outra unidade da CRV no mundo, como Holanda, Alemanha, República Tcheca, Nova Zelândia, Estados Unidos, África do Sul e Brasil.

    O Grupo CRV Lagoa garante a qualidade do sêmen que comercializa. Essa comprovação do alto padrão das unidades brasileiras (CRV Lagoa e CRV Bela Vista) é dada pela certificação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), além da ISO 9001 e ISO 14001.

    Grupo CRV