Ontem, quinta-feira feira, 30 de setembro, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou os dados referentes no segundo trimestre do ano. No que tange a produção pecuária, chamam a atenção os números a respeito do abate de fêmeas.
Foram para o gancho em junho último, 808.155 cabeças, maior número de fêmeas abatidas em um único mês dentro do banco de dados do IBGE, que disponibiliza informações a partir de janeiro de 1997. Este valor é 42,33% superior ao registrado em junho de 2003 e 116,50% acima ao apurado em 2002, como se pode observar na tabela abaixo.
Em 2003, a porcentagem de fêmeas abatidas deu um salto, iniciando o ano acima de 30%, e a média anual fechou em 31,14%.
O fôlego da oferta de fêmeas prosseguiu em 2004, e com mais força. A porcentagem de fêmeas levadas ao abate nos primeiros 6 meses atingiu 35,50% de média. Veja no quadro abaixo como se comportou a oferta de fêmeas para o abate mês a mês, a partir de janeiro de 2002.
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A proliferação do sistema de produção de leite onde está sendo feito o cruzamento terminal com raças de corte como, por exemplo, touro Nelore em Vaca meio sangue Holandes/Zebú, pode ser colocado como um fator que contribui para o aumento do abate de fêmeas, uma vez que neste sistema, todas as fêmeas são destinadas para o abate.
Como são animais relativamente precoces, pois carregam ainda uma boa heterose, rapidamente estas novilhas chegam ao abate, aumentando o índice levantado.
Acrescente-se que este tipo de animal normalmente é abatido em sistemas que possuem fiscalização pelo SIF, sendo assim, a contabilização pelos sistemas estatísticos é mais efetiva.
Devemos lembrar que muitos pecuaristas seduzidos pelos altos preços pagos pela soja liquidaram seus planteis para partir para essa cultura, o que também contribuiu para o aumento acentuado no abate de matrizes!
O cenário desta situação se acentua ainda mais aqui no Estado do Mato Grosso. Com a tendência baixista da arroba e com o crescimento das lavouras de soja no Estado, muitos produtores se desfazem de suas matrizes para cumprir com compromissos ou, desestimulados a produzirem bezerros, que mal pagam seus custos de produção quando vendidos resolvem arrendar suas terras para o plantio de soja, convencidos que pode ser uma boa saída, até “a poeira baixar”.
Valorizando suas terras com um aumento da fertilidade destas e recebendo o arrendamento sem se preocupar se a arroba ou o bezerro subiram ou baixaram no mercado. Bem, como os produtores participam de emoções fortes, toda uma reviravolta do mercado mundial da soja com queda de preços frente a uma provável supersafra americana está causando uma preocupação no setor frente, principalmente, ao grande aumento de custos da lavoura para a safra 2004-2005.
Para os produtores ou ex-produtores que arrendaram suas terras de pastagens a lavoura de soja fica a expectativa de que o recebimento dos contratos irá ocorrer na íntegra ou não, correndo-se o risco de entrar na famosa “sinuca de bico”.
Certamente não há só um fator para induzir o abate de fêmeas. A onda da soja é um deles. A onda da cana é uma outra.
O estudo sobre retorno de capital investido e capital circulante também vai nesta direção, só que neste caso muito mais por razoes indiretas (a venda da propriedade para agricultura diminui o numero de invernistas). A valorização das terras é também outro fator.
Eu poderia enunciar muitos outros e, embora ache que o preço do bezerro neste momento é desencorajador e como negócio a pecuária neste momento não é um grande segmento, há considerações de ordem estratégica que se deve levar em conta.
Já ouvi muita gente dizer ” vendi gado para pagar lavoura” mas nunca ouvi ninguém dizer “vendi lavoura para pagar gado”.
Nao acredito que isto venha a acontecer agora..
sds
hugo varela
Preocupante para o mercado futuro, haverá pouco machos para reposição, fazendo que invernistas tenha dificuldades e com isso terão que pagar mais, vai ser um leilão um bom negocio para quem hoje não está vendendo fêmeas e enfrentando as dificuldades atuais do mercado para vender mais caro amanhã.