De acordo com pesquisa trimestral de abates de bovinas do IBGE, em 2005 os abates de matrizes aumentaram 14,78% em relação a 2004. No ano passado, foram abatidas 10.250.522 matrizes. No total, foram abatidos 28.021.425 animais.
A porcentagem de fêmeas abatidas em relação ao total de abates vem crescendo desde 2001. Em 2005, 36,58% do total de abates foram matrizes, enquanto em 2001 este número foi de 22,70%. A participação desde aquele ano aumentou 13,88 pontos percentuais.
Principais estados
Entre os principais estados produtores de carne bovina, o Tocantins foi destaque para abates de matrizes. No total, o estado abateu 465.341 matrizes, 59,22% a mais que 2004. No ano passado, 49,74% do total de abates foram matrizes, aumento de 37,14 pontos percentuais em relação a 2001.
No Pará, foram abatidas 742.390 matrizes em 2005, 37,60% a mais que 2004. A participação das matrizes nos abates totais foi de 39,26%, crescimento de 15,5 pontos percentuais em relação a 2001.
No Mato Grosso, foram abatidas 1.796.160 matrizes em 2005, aumento de 18,24% em relação a 2004. A participação das matrizes nos abates foi de 44,01% em 2005, aumento de 23,93 pontos percentuais em relação a 2001.
As tabelas abaixo representam os abates de matrizes totais por estado e no Brasil e o crescimento em 2005 (tabela 1) e a participação de matrizes nos abates totais por estado e no Brasil e o aumento em relação a 2001 (tabela 2).
Tabela 1: total de matrizes abatidas
O gráfico abaixo representa os preços relativos de boi gordo e bezerro deflacionados pelo IGP-DI frente às médias móveis (12 meses) da participação das matrizes nos abates totais. Pode-se observar que, coincidentemente com uma tendência de queda nos preços, passa a ser crescente a participação de matrizes nos abates totais.
Gráfico 1: preços relativos do boi gordo e bezerro deflacionados pelo IGP-DI (jan/2001=100) e participação de matrizes nos abates totais (média móvel 12 meses)
Esta tendência crescente nos abates de matrizes pode ser determinante para uma redução na oferta de gado de reposição, que pode conduzir ao esperado ajuste de mercado na pecuária. Entretanto, é importante considerar a elevação nos níveis de produtividade (que são difíceis de se mensurar no Brasil como um todo), que tem efeito contrário sobre a oferta, mantendo-a elevada. Nos últimos meses, os preços do bezerro têm se valorizado em relação aos preços do boi gordo, como pode ser observado no gráfico abaixo.
Gráfico 2: evolução da relação de troca Bezerro/Boi Gordo
Otavio Negrelli, Equipe BeefPoint
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Segundo o Indea/MT, em fevereiro de 2006 existiam no estado 5.497.525 bovinos abaixo de 1 ano de idade. Considerando 50 % de fêmeas, seriam em torno de 2.700.000, com o abate de 1.796.160 seria um aumento de quase um milhão de fêmeas no rebanho.
Com a melhora genética do rebanho, uso de áreas de agricultura com pecuária, uso de grãos na alimentação etc, acredito que vai ocasionar um aumento de produtividade. Ou seja, vamos ter mais produção com o mesmo rebanho.
Acredito que deve piorar muito a situação de quem não tem cria, pois só irá consequir comprar reposição cara e de baixa genética, pois quem esta criando bem também irá fazer engorda, que é a fase mais lucrativa.
A tendência é estabilizar o rebanho, então a quantia que nascer no ano também deve ser abatido.
É muito importante que se dê o crescente aumento de abate de matrizes, pois só assim conseguiremos uma melhor remuneração. A lei da oferta da procura, só esta conseguirá trazer uma remuneração para o produtor e desestabilizar os cartéis.
Lamentavelmente, vejo como única forma de voltarmos a ter remuneração na atividade, pois hoje todas as políticas que tiveram como foco minimizar ou atenuar a crise não tiveram êxito. Assim sendo, vejo a redução da oferta como única saída.
José Abadio