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ABC apresenta novas opções de rastreamento de animais e amplia o Fórum de Discussão sobre Rastreabilidade Bovina

A Mesa Redonda sobre Rastreabilidade Bovina, que aconteceu dia 24 de Maio, na sede da ABC, em São Paulo, contou com a participação de cerca de 70 pessoas, entre elas o Delegado Federal Francisco Sergio Ferreira Jardim, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que agradeceu a contribuição da ABC, “fundamental para o momento em que a comunidade pecuária quer – e precisa – discutir a rastreabilidade bovina”. Levando em conta a enorme quantidade de pecuaristas que ainda procura orientação sobre as diferentes metodologias, Jardim disse que “debater é buscar a eficiência”, ressaltando a importância de se abrir o tema com diferentes entidades, e obter “um resultado de excelente nível, que apresenta métodos e sistemas acima dos interesses comerciais ou da preocupação de se vender este ou aquele produto”. Disse que a ABC mais uma vez deu mostras de eficiência, idoneidade e de respeito à comunidade e a sua própria história.”

Preocupados com o custo, ou melhor, com “quem vai pagar a conta da rastreabilidade” os pecuaristas presentes gostaram da explanação de Maria Aparecida Cassiano Lara, do Instituto de Zootecnia de Nova Odessa, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, pertencente à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. “Foi uma boa surpresa saber que o teste de paternidade depende apenas do custo de um freezer para guardar amostras biológicas do animal (sêmen, sangue ou pêlos), coletadas logo após seu nascimento e guardadas no freezer durante toda a vida útil do animal”, comentou Caio Bueno Ferreira, pecuarista, interessado no barateamento do custo deste processo.

“A amostra biológica, é suficiente para garantir a origem, o tratamento recebido e o controle sanitário do animal”, disse Maria Aparecida, lembrando que o método é imune à falhas, como lapsos na marcação a ferro, perda de etiqueta ou brincos ou outros erros corriqueiros e involuntários de identificação do animal, vivo ou morto”, explicou a bióloga, ao garantir que “qualquer dúvida com relação aos produtos finais poderá ser esclarecida a partir da análise do padrão de DNA correspondente à amostra original, guardada e congelada”.

A confiabilidade desta metodologia de aplicação genética, bem como seu baixo custo, levou o secretário de Agricultura João Carlos Meirelles a encomendar esta pesquisa ao Instituto de Zootecnia e, tão logo o trabalho esteja concluído, ainda este mês, o próprio Secretário fará o anúncio oficial do método e disponibilizará o Laboratório do Instituto para quem tiver interesse no sistema.

O esclarecimento dado pelo zootecnista Fábio Penna Firme Curto, doutor pela Unicamp em Engenharia Agrícola, para a identificação eletrônica de animais a partir da integração de sistemas de informação, constitui-se numa técnica moderna e avançada, capaz de colocar a pecuária brasileira à frente da de outros países. “Só mesmo comparável à implantação do SPB (Sistema de Pagamentos Brasileiro) para o Brasil”, revelou, referindo-se ao avanço tecnológico do sistema bancário, que acaba de ser implantado no Brasil, elevando o País ao time do 1º mundo.

Fábio Penna Firme Curto, focou sua “conversa informal”, muito aplaudida pelos presentes, na grande responsabilidade que as certificadoras deverão assumir, bem como seus funcionários: “A ética e a responsabilidade, bem como a formação do profissional é fundamental”, disse ele ao diferenciar o que é norma, instrução normativa, lei municipal, estadual e federal. Também explicou os processos de identificação, certificação e rastreabilidade, ainda muito confusos entre a população, assim como a constituição do Sisbov que exige ações, medidas e adaptações de todos os componentes da cadeia produtiva da carne. Projetou o futuro da indústria de alimentos, ressaltando a importância do controle da segurança alimentar de forma sistemática. Através de parâmetros e modelos de registros já existentes, apresentou os objetivos e as vantagens de se dominar o universo tecnológico hoje para, em poucos anos, obter a identificação eletrônica a custos baixos. Para mostrar a importância da tecnologia de informação, lembrou, por exemplo, que os ingleses monitoram os ventos para saber se transportam vírus do território francês para a Inglaterra. E discorreu sobre as fontes de informação, o manejo, administração e gerenciamento dessas fontes, o fluxo, o processamento e a saída de dados para controle das informações através de associações, ou preferivelmente através de uma única associação com um enorme banco de dados.

Mostrou como o Estado pode auxiliar os produtores a criar, com metodologia e padronização, o contexto para abrigar informações sobre os animais, fornecer segurança através de criptografia, padronizar e patentear ações de forma semelhante às normas ISO, tão difundidas em todo o mundo e, finalmente, dispor de um grande laboratório acessível a todos os interessados. Defendeu a zootecnia de precisão para alcançar objetivos comuns a todos os criadores, que em última instância pretendem redução de custos e aumento de rentabilidade nos seus negócios, além da preservação do meio ambiente.

Enio Marques, presidente da ABIEC – Associação Brasileira das Indústrias de Carnes Industrializadas, enfatizou a necessidade de se criar defesas para a estratégia que os compradores europeus estão usando de desmerecer a carne brasileira, por ainda não estar rastreada. “Não podemos esquecer que o Brasil detém o maior rebanho comercial do mundo e precisamos desenvolver um trabalho junto aos produtores para dizer que a rastreabilidade não é tragédia, nem vai endividá-los da noite para o dia. Afinal, não são só os europeus que estão pedindo carne rastreada, mas também o consumidor brasileiro, que está cada dia mais exigente. “Devemos ser práticos e objetivos para implantar logo o sistema”, concluiu Marques.

José Levi Pereira Montebelo, presidente da AEAESP – Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo, criador de gado no Tocantins e conselheiro do CREA-SP, lembrou que o processo de certificação de propriedade também é importante para a rastreabilidade. E que o processo é tão antigo quanto o Código de Hamurabi, que indicava de quem, de qual propriedade eram as reses. “Daí a necessidade de se rastrear com responsabilidade”.

Alain Moreau, advogado e pecuarista, membro do ICAR – International Commitee for Animal Registration, da FAO (ONU) e um dos redatores das normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, disse que está aberto o diálogo a nível mundial para a redação de normas específicas para a rastreabilidade bovina, lembrando que esse é um trabalho necessário e voluntário, como o das normas ISO.

René Dubois, presidente da Sociedade Brasileira de Veterinária, que congrega 65 mil médicos veterinários, disse que o assunto “Rastreamento” é milenar, mas tomou novas proporções a partir do ano 2.000, quando a imprensa européia assustou o mundo questionando as formas de transmissão da ‘doença da vaca louca’, que atingiu dezenas de pessoas e dizimou centenas de rebanhos europeus. Por isso, “cuidado!”, disse o médico. “Nada de se promover cursinhos para certificadoras, e começar a rastrear o gado de qualquer jeito. O assunto é sério e veio para ficar!”

Como a União Européia está exigindo a certificação de rastreabilidade da carne brasileira que importa, o assunto tornou-se urgente entre todos os criadores de bovinos e bubalinos e dezenas de empresas estão se candidatando a certificadoras além de estarem empenhadas em apresentar soluções para os produtores. Entre elas, a OMATEC, de Octávio Moura Andrade, teve espaço para fazer a apresentação de seu sistema de rastreabilidade com bolus; a comercial da BRTechID, de Ernesto Tadeu Bronhara, também, assim como a empresária Margareth Schimidt, detentora do Sistema Brasilis Telecomunicações, que representa uma empresa alemã de softwares para identificação de animais.

Ao final destas apresentações de sistemas desenvolvidos especificamente para a rastreabilidade, todos com demanda de custos extras para os produtores, o fazendeiro Carlos Alves de Souza, do sul de Minas Gerais, perguntou da platéia ao Delegado Federal Francisco Jardim o que ele achava do Ministério subsidiar os custos do produtor, por exemplo, pagando uma porcentagem por arroba de carne rastreada, e ouviu a seguinte resposta: “a curto prazo, a adesão não é obrigatória. O importante é a conscientização de todos os envolvidos na cadeia produtiva da carne”.

Fonte: Indústria do Texto Assessoria em Comunicação (por Anna Elvira Zauli), adaptado por Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. José Antônio Garbino disse:

    É preciso avançarmos, mas, como ficou claro no final do artigo, quem sempre paga o pato somos nós, os produtores. O Frigorífico fica com o filé, o couro e miúdos, o Governo fica com o imposto gordo e nós continuamos investindo. Deve haver uma maneira de baratear isso gente!!