Enquanto os governos do Brasil e Austrália não finalizam as negociações para abertura do comércio bilateral de animais vivos e de material genético bovino, produtores rurais e empresas do setor pecuário já estão estudando o mercado australiano de olho em futuros negócios. O consórcio de exportação Brazilian Cattle Genetics (BCG) começa uma série de ações na Austrália para conhecer o sistema local de produção de carne e para divulgar as raças zebuínas brasileira.
Formado por 20 empresas privadas de vários segmentos da pecuária e por associações de criadores, o primeiro compromisso do BCG foi no MLA (Meat and Livestock Austrália), na cidade de Sidney. O gerente do BCG Gerson Simão foi recebido pelo gerente geral do MLA, Allan Bloxsom. Criado em 1998, O MLA é responsável pelo marketing, pesquisa e desenvolvimento de atividades promocionais das carnes bovina, caprina e ovina nos principais mercados consumidores do mundo.
“A entidade conta com 165 mil produtores cadastrados e tem um orçamento de 120 milhões de dólares anuais para as suas diversas atividades. Ela investe desde o desenvolvimento de novos equipamentos para a indústria até a promoção da carne australiana nos mercados alvo”, explica Simão, que também é assessor de Relações Internacionais da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu), entidade fundadora do BCG.
“Enquanto ainda discutimos rastreabilidade bovina e erradicação da febre aftosa no Brasil, aqui toda a cadeia produtiva já está integrada. Desde o sal mineral até os produtos veterinários, tudo está integrado em uma imensa rede de informações coordenada pelo MLA. O objetivo deles é bem simples: garantir a qualidade e a biossegurança do que é produzido lá, já que além dos principais países compradores a Austrália também fornece carne para cadeias de fast food, como Mc Donalds e Burger King”, alerta o assessor de Relações Internacionais da ABCZ.
O gerente geral do MLA, Allan Bloxsom, explicou durante o encontro que de cada animal abatido é descontado um percentual, revertido posteriormente para um fundo controlado pelo MLA e auditado por empresas independentes. Questionado sobre como se deu o processo de união entre indústria frigorífica e produtores (no Brasil a relação tem sido marcada por divergências), Bloxsom disse que a relação era tensa entre os dois segmentos há alguns anos. Segundo ele, a situação só mudou depois de ficar claro que só o trabalho conjunto poderia garantir a competitividade do setor a longo prazo.
Fonte: ABCZ