Foto: Mapa/Divulgação
Com direito à Torre Eiffel nas cores da bandeira brasileira, a visita à França do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, tem servido para empresários do agronegócio colocarem seus pedidos. Nesta sexta-feira, 6, Lula e a comitiva brasileira participaram de uma cerimônia para a entrega oficial do certificado da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) que reconhece o país como livre da febre aftosa sem vacinação.
Além do presidente, representantes do setor agropecuário participaram do evento. Foi o caso do presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa. Ele foi um dos que discursaram durante a cerimônia, que classificou como “momento histórico”.
“O principal mercado da carne bovina brasileira é o Brasil. Nós deixamos no Brasil 70% da nossa produção e exportamos os excedentes. Com essa certificação, vai ser possível que a gente aumente os mercados. Nós vamos poder vender carne com osso, miúdos, acessar mercados mais exigentes, como Japão, aumentar a exportação para a Europa. Vai ser um novo momento da pecuária brasileira, um novo momento da indústria. Com certeza, trazendo renda para o interior do país. A pecuária se faz no interior do país”, destacou.
Aproveitando a presença do presidente da República, do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, além de membros do setor de relações internacionais, tanto do ministério como do governo, Perosa fez a entrega de uma carta (veja íntegra abaixo). O documento aponta medidas e sugestões de por quais países e mercados o Brasil pode começar a buscar depois do reconhecimento da OMSA.
A carta traz oito países e mais a União Europeia (composta por 27 países) como possibilidades para avançar em negociações. Na avaliação da entidade, as exportações de carne com osso e miúdos bovinos podem ter o maior número de aberturas. Mas aponta o Japão, a Coreia do Sul e a Turquia como países que “passam a enxergar [o Brasil] sob uma perspectiva sanitária mais favorável”. Estes mercados, atualmente, não compram carne bovina brasileira devido a essa exigência técnica relacionada à febre aftosa.
Quanto à Europa, a Abiec afirma que o reconhecimento europeu do Brasil livre da doença sem vacinação pode trazer avanços importantes em pelo menos cinco temas que estão em negociação. Um deles trata da Cota 481. Essa é uma cota de importação de carne de alta qualidade, por isso, os valores negociados nesse nicho são mais elevados do que no mercado tradicional. O Brasil ainda não figura na lista dos países que têm acesso a essa cota.
Além desses países e do bloco europeu, a associação aponta oportunidades na China, México, Indonésia, Canadá e Filipinas. Vale lembrar que o reconhecimento da OMSA não modifica o status brasileiro nos países, já que isso é feito em negociações país a país.
Durante o discurso na cerimônia de recebimento do certificado da OMSA, o presidente da República destacou o papel da agropecuária para a economia brasileira. Lula disse ainda que já pediu ao primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, para liberar as exportações de carne bovina do Brasil. As tratativas já foram iniciadas, com equipes técnicas fazendo uma primeira visita ao país para tratar do roteiro das visitas de inspeção.
“Tenho certeza do que aconteceu no Japão, do que aconteceu no Vietnã, é o que vai acontecer na Coreia [do Sul] e é o que vai acontecer com todos os países que ainda não compram nossa carne”, lembrou Lula ao falar do Vietnã, que abriu mercado de carne bovina em março.
A jornalistas, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, falou dos próximos passos que o Brasil pretende adotar após o reconhecimento. Mas, na opinião dele, essa mudança de status nos países deveria ser automática.
“Se tem uma entidade global que os países são adeptos a ela, para que ela cuide da sanidade animal, ao ela fazer o reconhecimento, deveria ser automático que todos os países o fizessem também. Mas não é assim na prática que acontece. O que nós vamos fazer é, gradativamente, com todos os países que temos relações comerciais, apresentar o certificado e pedir a eles que façam também o seu reconhecimento do Brasil livre da febre aftosa e sem vacinação”, comentou.
Fonte: Estadão.